pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO: Editorial: Educação e relações étnico-raciais no Brasil
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sábado, 25 de novembro de 2017

Editorial: Educação e relações étnico-raciais no Brasil





Fazia algum tempo que não lia a revista Veja. Esta semana, no entanto, a publicação trouxe uma longa matéria sobre o racismo no país, instigando-nos a procura-la em banca, em razão de nos dedicarmos ao estudo do tema. Trata-se de uma matéria bem documentada, acompanhada de dados, entrevistas e artigos sobre o tema, tudo muito inserido no contexto das comemorações alusivas à Semana da Consciência Negra. Não há muitas ressalvas a fazer à matéria, exceto num ponto, onde, apesar de reconhecer que, nas últimas décadas, o único aspecto em que pode se falar numa melhoria dos  indicadores sociais em relação à etnia negra  está relacionado à educação superior - onde verificou-se um aumento expressivo de contingentes negros, possivelmente em razão dos programa de cotas, tão criticado pelos brancos, quando de sua implantação - a publicação da família Civita parece desconhecer o Governo onde este fato se deu, pois não traz qualquer referência ao assunto. 
Os dados apresentados pela matéria se referem exatamente ao final do Governo Fernando Henrique Cardoso(PSDB) - que escreve um dos artigos da reportagem - e o  início do Governo Luiz Inácio Lula da Silva(PT). Isso não é pouca coisa num país como o nosso, mas a linha editorial da revista optou por não entrar no "mérito" de dar o crédito ao petista. Como já informamos por aqui, o Governo Lula promoveu uma verdadeira "revolução" no ingresso de alunos empobrecidos ao ensino superior, através dos programas desenvolvidos pelo MEC, na gestão de Fernando Haddad. O componente da origem social foi identificado por uma pesquisa realizada pela Fundação Joaquim Nabuco, conduzido por sua diretoria de pesquisas, onde, no final, ficou evidenciado que nada menos do que 83% dos pais daqueles alunos não tiveram acesso a um curso superior. Um divisor de águas, portanto. Agora temos mais um dado a ser trabalhado: o componente racial.
Já no final do Governo de Fernando Henrique Cardoso, várias entidades representativas da etnia negra foram até Brasília, apresentar uma série de reivindicações  ao Governo. O uspiano, discípulo de Florestan Fernandes e crítico de Gilberto Freyre, reconheceu existir no Brasil uma espécie de racismo institucional, ou seja, filtrado pelas próprias instituições do Estado. Um racismo com este caráter, portanto, não se combateria sem políticas públicas específicas, daí se entender a necessidade das ações afirmativas, onde a política de cotas foi uma de suas faces mais reluzentes. Apesar desse reconhecimento, encilhado pelas políticas de corte neoliberais do seu Governo, não se observa grandes avanços da Era FHC neste tocante. Apenas o Governo Lula é que vai criar políticas e "dispositivos" de Estado para enfrentar o problema, empoderando atores e entidades comprometidas com a causa. Como, no Brasil, de acordo com o novo livro do sociólogo Jessé de Souza, A Elite do Atraso, não é a cultura patrimonialista, mas a herança escravista a razão maior de nossas profundas desigualdades, registramos aqui, o que a revista não fez, ou seja, apontar mais um êxito do Governo Petista.

P.S.: Contexto Político: Na foto acima, o editor do blog, em pesquisa institucional, na cidade de Alcântara, no Maranhão, sobre o impacto da implantação da Base de Lançamento de Foguetes naquela cidade, que significou um exílio forçado das comunidades quilombolas de suas terras originais. Realizamos entrevistas com esses líderes quilombolas que aparecem na foto.  

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