Domingo é bom dia para lembrar do escritor Sérgio Porto, que assinava como Stanislaw Ponte Preta. Febeapá - ou o Festival de Besteiras que Assola o País - é uma de suas obras mais conhecidas. Desde o dia de ontem que começo a observar algumas cenas inusitadas no cenário político, de certo, similares às abordagens dos textos do Sérgio Porto, de quem admiramos muito o estilo. O golpe institucional de 2016 tem produzido algumas reações estranhas nos brasileiros, algo próximo a uma histeria coletiva ou impulsos inconsequentes, como um fato observado pelo historiador Durval Muniz, em seu artigo de hoje, aqui publicado, como uma grande faixa estendida em artéria principal de Natal, entre dois dos seus principais shoppings, no Rio Grande do Norte, pedindo uma intervenção militar. O ato, segundo Durval, contou com a adesão de muitas pessoas, que buzinavam e aplaudiam a iniciativa. Na realidade, uma intervenção militar explícita, porque os militares continuam ativos nos subterrâneos desse arremedo de democracia representativa que experimentamos no país. No mesmo artigo, observa o historiador, uma outra manifestação pró-Jair Bolsonaro, reuniu 12 mil pessoas, todos imbuídos do mesmo propósito.
As pessoas que ainda conservam algum bom-senso sabem que Jair Bolsonaro é uma aventura inconsequente, de resultados imprevisíveis. Até bem pouco tempo, a banca financeira - aquela que esteve diretamente envolvida nas tessituras que culminaram com o afastamento da presidente Dilma Rousseff(PT) da Presidência da República - pensava assim. Talvez fosse realmente ariscado investir numa candidatura tão imprevisível, apoiada por uma trupe enfurecida, capaz de fazer apologia ao estupro, pregar o ódio aos homossexuais, e idolatrar torturadores do regime militar. Que medidas esse cidadão poderia tomar no comando do país? Até o insuspeito MBL não endossaria o apoio ao seu nome. Em princípio, outro candidato estaria sendo apoiado pelo grupo, com o propósito de concorrer à Presidência da República. O engomadinho paulista seria mais previsível. Para nossa surpresa, a Folha de São Paulo de hoje traz uma matéria indicando que o empresariado já estaria "assimilando" a candidatura do ex-militar, como uma espécie de se contrapor a uma eventual candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva.
Por seu turno, mesmo diante de uma candidatura ainda improvável, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva estabelece a mesma estratégia da conciliação de classes que o conduziu ao poder no passado, aliando-se às velhas e tradicionais oligarquias nordestinas. Se voltar ao poder, será dentro daqueles "constrangimentos" bem conhecidos dos brasileiros, onde reformas importantes deixarão de ser feitas e, pior, as conduções temerárias do negócios públicos permanecerão, em nome da fatídica governabilidade, nos parâmetros do presidencialismo de coalizão. Ou seja, temos o diagnóstico da doença, mas ela não será tratada. É mais confortável jogar a radiografia na lata do lixo. Há quem aposte que, mesmo eleito, Lula seria logo em seguida apeado do poder por essas mesmas forças que agora o apoiariam. Não seria improvável, afinal, o PMDB esteve no epicentro das articulações em torno da derrubada da ex-presidente Dilma Rousseff.
E o festival de besteiras que assola o país continua, como esta discussão interna no PPS sobre as próximas eleições presidenciais, onde se apresentam como postulantes o apresentador Luciano Huck e o senador Cristovam Buarque. Já pensaram? Deve ser mesmo um páreo difícil essa escolha. Onde foi parar o nosso intelectual e acadêmico respeitado! Próceres lideres do PPS já teriam conversado com o apresentador. Até o ex-ministro do STF, Joaquim Barbosa, esteve com Luciano Huck, que manifestou o desejo de, se eleito, contar com ele no seu governo. O PSDB, por sua vez, insiste em conservar em formol um defunto político, cujo odor tem provocado forte dores estomacais naquelas aves emplumadas. Há seis meses que eles discutem o desembarque do governo Temer e não chegam a uma decisão. O dirigente partidário ao qual nos referimos, afirmou recentemente que o partido sairia pela porta da frente. Ah, não seria a porta dos fundos uma melhor saída?
P.S.:Contexto Político: Na realidade, apesar das brincadeiras, estamos vivendo no país um clima bastante pesado, que inclui alguns ingredientes perigosos. Corrupção e mediocridade no campo político; um retrocesso inimaginável nos direitos civis e constitucionais dos cidadãos brasileiros; o aumento sensível do quadro de insegurança e violência; nuvens negras no tocante às conquistas sociais, com uma agenda regressiva que cogitou até mesmo a volta do trabalho escravo; o afrouxamento das medidas que objetivavam preservar o meio-ambiente, permitindo a farra do agronegócio até mesmo em reservas indígenas; a venda, a preço de banana podre, do patrimônio nacional, uma medida que atenta frontalmente contra a nossa soberania e autossuficiência, como observou o professor Michel Zaidan Filho em artigo aqui publicado.
Por seu turno, mesmo diante de uma candidatura ainda improvável, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva estabelece a mesma estratégia da conciliação de classes que o conduziu ao poder no passado, aliando-se às velhas e tradicionais oligarquias nordestinas. Se voltar ao poder, será dentro daqueles "constrangimentos" bem conhecidos dos brasileiros, onde reformas importantes deixarão de ser feitas e, pior, as conduções temerárias do negócios públicos permanecerão, em nome da fatídica governabilidade, nos parâmetros do presidencialismo de coalizão. Ou seja, temos o diagnóstico da doença, mas ela não será tratada. É mais confortável jogar a radiografia na lata do lixo. Há quem aposte que, mesmo eleito, Lula seria logo em seguida apeado do poder por essas mesmas forças que agora o apoiariam. Não seria improvável, afinal, o PMDB esteve no epicentro das articulações em torno da derrubada da ex-presidente Dilma Rousseff.
E o festival de besteiras que assola o país continua, como esta discussão interna no PPS sobre as próximas eleições presidenciais, onde se apresentam como postulantes o apresentador Luciano Huck e o senador Cristovam Buarque. Já pensaram? Deve ser mesmo um páreo difícil essa escolha. Onde foi parar o nosso intelectual e acadêmico respeitado! Próceres lideres do PPS já teriam conversado com o apresentador. Até o ex-ministro do STF, Joaquim Barbosa, esteve com Luciano Huck, que manifestou o desejo de, se eleito, contar com ele no seu governo. O PSDB, por sua vez, insiste em conservar em formol um defunto político, cujo odor tem provocado forte dores estomacais naquelas aves emplumadas. Há seis meses que eles discutem o desembarque do governo Temer e não chegam a uma decisão. O dirigente partidário ao qual nos referimos, afirmou recentemente que o partido sairia pela porta da frente. Ah, não seria a porta dos fundos uma melhor saída?
P.S.:Contexto Político: Na realidade, apesar das brincadeiras, estamos vivendo no país um clima bastante pesado, que inclui alguns ingredientes perigosos. Corrupção e mediocridade no campo político; um retrocesso inimaginável nos direitos civis e constitucionais dos cidadãos brasileiros; o aumento sensível do quadro de insegurança e violência; nuvens negras no tocante às conquistas sociais, com uma agenda regressiva que cogitou até mesmo a volta do trabalho escravo; o afrouxamento das medidas que objetivavam preservar o meio-ambiente, permitindo a farra do agronegócio até mesmo em reservas indígenas; a venda, a preço de banana podre, do patrimônio nacional, uma medida que atenta frontalmente contra a nossa soberania e autossuficiência, como observou o professor Michel Zaidan Filho em artigo aqui publicado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário