pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO: O xadrez político das eleições estaduais de 2018, em Pernambuco: O custo político da "Operação Torrentes".
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sábado, 11 de novembro de 2017

O xadrez político das eleições estaduais de 2018, em Pernambuco: O custo político da "Operação Torrentes".

 
 
 


José Luiz Gomes da Silva

Cientista Político


Na última quinta-feira, dia 09, O Estado de Pernambuco foi sacudido por uma grande operação da Polícia Federal, com o objetivo de cumprir mandados de prisão, apreensão de documentos e aquele "cardápio" já rotineiro realizado pelos seus agentes, quando de operações para apurar desvios de recursos na máquina pública. É certo que a operação tinha como alvos empresários ou agentes privados que celebraram licitações, possivelmente fraudulentas, com os agentes públicos, mas, o surpreendente nessa história é que a operação foi realizada também no Palácio do Campo das Princesas, onde 14 integrantes da Casa Militar foram postos em prisão temporária, acusados de auferirem vantagens pessoais nas licitações que ocorreram para  atender os desabrigados das enchentes ocorridas na Mata Sul, no ano de 2010. As irregularidades envolveriam 15 licitações realizadas entre os anos de 2010 e 2015, de acordo com a Controladoria-Geral da União.
 
A grande questão que se coloca agora é o custo político da Operação Torrentes. Como se sabe, o prestígio dos políticos e dos partidos está mais baixo do que poleiro de pato. É impressionante observar a reação do público em relação à publicação desses artigos de monitoramento das eleições estaduais nas redes sociais. A descrença é generalizada. Não deve ser por acaso que nada menos do que 50% dos eleitores não tem a menor ideia sobre quem deverá apoiar no próximo pleito presidencial. Se tivermos as eleições de 2018 - para salvar as aparências da democracia representativa - não se surpreendam com o grande número de abstenções, votos nulos ou brancos, numa demonstração da insatisfação da população com o nosso sistema político, comprometido até a medula em malversações de recursos públicos. Trata-se de um sistema necrosado e apodrecido, capaz de livrar a cara dos mais próceres gatunos do erário. E o povo assistindo a tudo isso. Não espanta a absoluta descrença.
 
As queixas contra a possível espetacularização nessas operações da Polícia Federal fazem algum sentido e, aqui e ali, não é improvável que equívocos possam ser cometidos, como no caso famoso do reitor da Universidade de Santa Catarina, que não resistiu às humilhações e cometeu suicídio. Antes do direito de defesa e do julgamento, em algumas situações, os indivíduos podem ser condenados e expostos à execração pública. Na edição desta semana, a Revista Veja traz uma matéria sobre as falhas cometidas neste caso, quem sabe, a revista faça  uma mea-culpa do papel da mídia nesses achincalhes e linchamentos públicos. Embora tudo isso seja possível, compete aos gestores públicos, nestes casos, apurar os fatos, punir severamente os culpados e, tanto quanto possível, impedir que fatos dessa natureza voltem a ocorrer. Apenas criticar as ações da Polícia Federal e não fazer o "dever de casa" não é um atitude que se espera de um governante. 
 
Sabe-se que há aqui uma herança maldita herdada pelo atual ocupante do Palácio do Campo das Princesas. As pessoas minimamente informadas sobre a política pernambucana nas últimas décadas sabe do que estamos falando. Há uma rotina de corte nada republicano na condução dos negócios públicos. A oposição, naturalmente, irá tirar dividendos políticos dessa situação nas próximas eleições estaduais. O sinais são claros mesmo antes dessa Operação Torrentes. E, por falar em oposição, suas principais lideranças se reuniram secretamente na semana passada para tratarem do próximo pleito. Lá estavam Armando Monteiro(PTB), Mendonça Filho(DEM), Bruno Araújo(PSDB), Fernando Bezerra Coelho(PMDB) e o ministro das Minas e Energias do Governo Temer, Fernando Filho. Não marcou presença o ministro da Defesa, Raul Jungmann(PPS), cujas relações com o Governo Paulo Câmara estavam estremecidas. Havia a possibilidade de o PPS vir a compor com este grupo, mas hoje paira a dúvida a esse respeito, uma vez que o senhor Raul Jungmann, no passado, foi bastante agraciado pelo Campo das Princesas, que puxou muita gente para o Governo, permitindo que ele assumisse o mandato.  
 
Os movimentos políticos da oposição continuam sendo intensificados e isso envolve, até mesmo, a atuação em redutos tradicionais dos socialistas. Com a aparência de ações "pontuais", de interesse apartidário, na realidade, pavimenta-se o caminho que poderá leva-los a ocupar o Campo das Princesas depois das eleições de 2018. É a velha máxima de que o mingau quente se come pelas beiradas. Não sei como eles vão se arranjar em ralação ao fato de estarem coligados com um presidente que ostenta altos índices de rejeição junto à população. Isso realmente importa para aquele prefeito do interior que recebeu uma quadra poliesportiva em sua cidade? É a velha política brasileira.   
 
  

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