O campo político exige muita civilidade dos seus atores. É necessário, no entanto, manter a cautela necessária para saber qual é o limite imposto por essa tal atitude respeitosa e civilizada, contingência determinada pelas boas regras de convivência democrática. Até recentemente, Lula, que faz um governo de ampla conciliação nacional, exigiu dos seus subordinados a imediata retirada de servidores, ligados ao bolsonarismo, de suas funções. Naturalmente, que estamos tratando aqui dos cargos de confiança bolsonaristas que, estariam, segundo ele, deliberadamente, emperrando o andamento do seu governo.
O ritmo do Governo Lula, aliás, está de bom tamanho, a julgar pelas avaliações de jornalistas insuspeitas, como a Miriam Leitão, que se disse surpresa com tantas realizações em tão pouco tempo. Mais ele tem pressa, contas a ajustar com os seus eleitores, sabe que o país esteve, até bem pouco tempo sob trevas, e vamos respeitar sua capacidade de trabalho. As bolsas de pesquisa de mestrado e doutorado da CAPES e CNPq, que já estavam há dez anos sem reajustes, tiveram suas recomposições. Algumas categorias de servidores do executivo estão há sete anos sem qualquer recomposição, um massacre que já corroeu mais de 40% dos seus proventos.
Para esse pessoal, nem um aumento substantivo resolve - posto que é impossível repor isso de uma única vez - mas se faz necessário estabelecer uma "política" de aumentos escalonados e graduais, até que a granada do Paulo Guedes seja desativada. Lula tem pressa, perdão por ser repetitivo, mas são mais de 14 mil obras paradas em todo o Brasil. Segundo informações que circulam na imprensa - não é apenas nas redes sociais, o que exige cautela - 98% dessas casas entregues por Lula estavam completamente concluídas, restando, tão somente, uma mão de cal. O "descaso" é a marca indelével do governo anterior.
Como disse no início, as alianças políticas celebradas por Lula atingiram amplos espectros ideológicos - talvez bem acima do que gostaríamos - mas isso faz parte de um jogo determinado pelas correlações de força. Em todo caso, senhor deputado Washington Quaquá, com todo o nosso respeito, convém manter uma distância regulamentar do bolsonarismo raiz. Ele não faz bem, tampouco é isso que se pode depreender das contingências impostas a Luiz Inácio Lula da Silva, que precisa engolir alguns sapos, menos os tóxicos.
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