Infelizmente, vamos conviver com isto durante um bom tempo. Aliás, para ser mais preciso, o país sempre conviveu com esta violência, desde os tempos mais remotos.Violência contra os povos originários, contra os negros, contra os gays, contra as mulheres. Somos uma sociedade forjada na violência, no não reconhecimento do outro. O ódio, o genocídio sempre esteve em nosso DNA histórico. O sociólogo Gilbeto Freyre afirmava que a democracia entre nós seria inviável, sobretudo por sermos uma nação de perfil sadomasoquista.Quem sabe ele não tinha razão.
De fato, somos dados ao golpismo e às quarteladas, como se isso fosse a coisa mais natural do mundo. Até recentemente milhares de pessoas insandecidas saíram às ruas para pedir uma intervenção militar, atacando violentamente as nossas instituições democráticas, sem medir as consequências. Irresponsavelmente. Democracia entre nós é coisa frágil e, possivelmente, sempre será. Basta aparecer um louco de vez em quando, com uma "receita" pronta para despertar o monstro das trevas e do obscurantismo e ele ressurge com uma facilidade incomum.
A receita é simples: Escolhe-se os inimigos - o PT e, em particular, o atual presidente Lula; dissemina-se uma campanha sistemática de ódio e de mentiras, hoje enormemente facilitada pelos aparatos tecnológicos modernos disponíveis; adota-se políticas públicas deliberadas de "suporte" a essas insanidades, como a facilitação na aquisição de armas pela população. E, aí, o resultado são essas tragédias que, como disse, estão se tornando recorrentes. A equação é simples: campnha de disseminação do ódio + facilidade na aquisição de armas: chacinas como esta que ocorreu recentemente em Sinop, no Mato Grosso do Sul.
Pedimos perdão aos leitores se esquecemos de algum outro ingrediente nefasto. O bolsonarismo despertou o que há de pior na sociedade brasileira. Entende-se as preocupações e a repulsa da sociedade em relação à tragédia que ocorreu recentemente em Sinop, no Mato Grosso do Sul, onde dois bandidos mataram sete pessoas, inclusive uma criança de apenas sete anos de idade. Entende-se a indignação, mas, na realidade, os crimes de ódio já se tornaram recorrentes no país já faz algum tempo.
A eleição de Lula se constituiu num antítodo ao avanço dessa engrenagem perversa, abjeta mas eles continuam ativos, dispostos a retomarem o poder a qualquer momento, de preferência por caminhos tortuosos, não pelas vias normais, previstas o escopo de uma democracia representativa, mesmo que frágil. É preciso ficarmos atentos e não voltarmos a dormir o sono político que produziu o monstro.
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