O presidente Lula e seus assessores mais ortodoxos andam às turras com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, filho do economista Roberto Campos, autor de uma expressão que ficaria conhecida no jargão político brasileiro: A parte mais sensível do do ser humano é o bolso. A julgar pela temperatura política entre o Palácio do Planalto e a instituição bancária, a questão das taxas de juros nunca foi tão sensível como nestes primeiros meses de governo. O motivo são as altas taxas de juros praticadas por aquela instituição bancária, tidas como as maiores do mundo.
O cabo de guerra está cada vez mais esticado porque, além das questões de caráter estritamente econômica, agora entraram em cena as questões de outra ordem, como a ideológica. Campos Neto tem sido apresentado como uma espécie de herança maldita do bolsonarismo, mantida ali para prejudicar o Governo do PT. Pelas redes sociais, há referências recorrentes ao seu suposto passado bolsonarista, traduzido pela sua proximidade com a família e por vestir a camisa do bolsonarismo - literalmente - como por ocasião de uma dessas eleições recentes.
Nesses momentos, como se trata de um assunto que não dominamos - a economia - sempre recorremos aos universitários. E o que eles dizem é que a prerrogativa de autonomia do Banco Central se trata de uma medida correta, salutar, indispensável para manter a inflação sob controle e, em última análise, proteger os mais os pobres e não a Faria Lima. Não existe consenso, entretanto, nem mesmo entre o capital sobre o assunto. É preciso separar a banda do capital que se beneficia desses juros altos - os tubarões do sistema bancário - e uma leva do empresariado de outros setores, sensivelmente prejudicados por essas altas taxas de juros, notadamente os dos setores produtivos.
Em artigo na revista Veja, o economista paraibano, Mailson da Nóbrega, faz todo um retrospecto histórico sobre a construção de um consenso em relação à fundamentação da autonomia dessas instituições bancárias pela mundo, evidenciando que a mesma tornou-se uma "credencial" importante dos países no contexto da economia global. Entende-se as preocupações do petista, mas, o diálogo seria a maneira mais correta para se enfrentar esse dilema. A radicalização não ajudaria muito. Próceres atores político da base aliada já se movimentam - muito mais orientados pelo ideologia do que pela economia - para pedir a cabeça do presidente Campos Neto ou mesmo rever essa autonomia da instituição.
Ainda bem que existem aqueles que consideram que esta autonomia do Banco Central não pode entrar em discussão neste momento. Entre esses dois grupos, vamos ver quem seria o mais convincente junto ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Há quem encampe as ideias de Lula, mas, por outro lado, há quem advogue que ele tem se exaltado demais em suas exposições sobre o assunto, sendo prudente estabelecer uma relação menos belicosa com aquela insitutição bancária.
Nenhum comentário:
Postar um comentário