pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO. : Editorial: Quem matou Pablo Neruda?
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quarta-feira, 15 de fevereiro de 2023

Editorial: Quem matou Pablo Neruda?




O poeta Pablo Neruda, Prêmio Nobel de Literatura, era filiado ao Partido Comunista Chileno e um grande aliado do presidente Salvador Allende, morto durante o golpe militar ocorrido no Chile em 1973. Allende morreu lutando, no Palácio de Lá Moneda - sede da presidência do país -, quando tropas leais aos golpistas, comandados pelo general Augusto Pinochet, avançacam em seus objetivos. A versão de que ele teria se suicidado, ao longo dos anos, ficou completamente desmoralizada pelos fatos que vieram à tona envolvendo aqueles eventos sombrios, caracterizado por um golpe "tradicional", com o apoio logístico dos Estados Unidos e tudo. 

Segundo analistas, o Golpe Chileno foi o ponta pé inicial para a adoção do receituário neoliberal em todo o continente latino-americano. A Ditatura Chilena, como se sabe, se tornaria uma das mais sangrentas do continente, ceifando a vida de milhares de civis opositores do regime. Um dos principais assessores de Salvador Allende, Orlando Letelier, foi assassinado, imaginem, praticamente nos jardins da Casa Branca, num crime que se insere no script de execuções da Operação Condor. Havia sido Ministro da Defesa e atuava como embaixador do Chile nos Estados Unidos. Uma bomba foi colocada em seu carro.  

No Brasil, hoje, parece não existir mais dúvidas sobre um eventual assassinato de nomes como o dos ex-presidentes João Goulart, Juscelino Kubitschec e do educador Anísio Teixeira, que, supostamente, teria caído num poço de elevador, em condições técnicas absolutamente insustentáveis do ponto de vista de uma morte acidental. O agente encarregado de vigiar Jango, por outro lado, depois admitiria que ele havia tomado o remédio "errado" para o coração. A lista é grande e incluiria, também, o poeta chileno Pablo Neruda. 

Outro dia, na produção de um novo romance, lembramos das tórridas e emocionantes cenas de alumbramento do poeta chileno contidas no livro Confesso Que Vivi, uma espécie da autobiografia. A suspeita sobre uma eventual morte provocada pela Ditadura Chilena ao poeta permanceu em dúvida durante décadas. As suspeitas eram muitas. A exumação do corpo dissipou-as. Foram encontradas a presença de toxinas no seu corpo, indicando o assassinato por envenenamento. Resta saber quem, no escopo da Ditadura Chilena, ordenou a morte do grande poeta. 

Há um outro fato que este editor ficou sabendo. Antes de ele receber esta injeção suspeita, houve uma transferência emergencial do poeta de um hospital para outro. Esse outro era uma espécie de "morredouro" - como diria o filósofo Michel Foucault - dos opositores da Ditatura Chilenia. Sobre essas questões revisionistas, o Chile tem, pelo menos, uma vantagem sobre nós. Eles não se intimidam em exumar o passado... e punir aqueles que cometeram crimess hediondos contra a humanidade.  

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