José Anselmo dos Santos, mais conhecido como Cabo Anselmo,
protagonista de alguns episódios emblemáticos durante a Ditadura Militar, teve
seu pedido de indenização negado pela Comissão de Anistia. O cabo Anselmo é um velho
conhecido dos leitores do Blog do Jolugue. Num determinado momento, tivemos a
oportunidade de relatar acontecimentos nos quais ele esteve envolvido, como o “Massacre
da Granja São Bento", ocorrido na cidade de Abreu e Lima, onde vários “companheiros” de militância foram
assassinados, delatados por Anselmo. Havia no grupo, inclusive, uma jovem com a qual ele
mantinha um relacionamento amoroso, que estava grávida de um filho seu. Comenta-se que,
neste momento, já não havia mais nenhuma dúvida sobre a sua condição de agente da
ditadura infiltrado nos aparelhos da luta armada. Circula a versão de que ele
seria “justiçado” pelos “companheiros”. Em uma de suas últimas entrevistas,
concedida ao programa Roda Viva, da TV Cultura, Anselmo afirma que não tinha
conhecimento sobre a gravidez de Soledad Barrett, na versão do Cabo, uma agitadora comunista profisisonal, o que não minimiza sua
responsabilidade direta pelo massacre. Os militares chegaram a afirmar que
teria havido um conflito, mas logo essa versão cairia por terra. Os corpos
foram encontrados com sinais de tortura e, em sua maioria, foram mortos
com tiro na nuca. Questionado pelos entrevistadores sobre como
sobrevive, Anselmo afirmou que ainda hoje recebe a ajuda de alguns “amigos”,
possivelmente aqueles que contribuíam para as famosas “caixinhas” da repressão
à luta armada. Há muitas evidências de que o cabo Anselmo, desde os
levantes dos marinheiros, sempre atuou com o objetivo de infiltrar-se entre os
guerrilheiros. É basicamente essa a justificativa para que ele não faça jus a
qualquer indenização. Aliás, nós não sabemos se ele, de fato, se chama Anselmo.
quarta-feira, 23 de maio de 2012
terça-feira, 22 de maio de 2012
Eduardo Campos fecha alianças com Lula.Projeto presidencial apenas em 2018.
A imprensa noticia que o governador Eduardo Campos teria
fechado alianças amplas com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Essas
alianças envolvem o apoio do PT em diversas quadras, sob a contrapartida do
apoio do PSB à candidatura de Fernando Haddad, em São Paulo, e o apoio ao
projeto de reeleição de Dilma Rousseff. Neste caso, se tudo sair conforme o
figurino traçado, Eduardo estaria adiando seu projeto nacional para
2018, como previam os observadores mais sensatos, inclusive o editor do Blog do
Jolugue.Em São Paulo, a urucubaca em torno da candidatura do ex-Ministro da Educação
permanece inalterada. Ele não descola dos 3% das intenções de voto, disputando
espaço com ilustres desconhecidos, e bem distante dos principais concorrentes.
Como aquele “bêbado” de Brasília Teimosa que antecipou a vitória de João da
Costa, ainda no sábado, pelo Blog do Jolugue, a candidatura de Haddad em São Paulo é a crônica de uma morte anunciada.
Vitória de João da Costa aprofunda a crise no PT
Seja qual for a decisão tomada pela Direção Nacional do PT na
próxima quinta-feira, as nuvens negras deverão continuar rondando a agremiação
pelos próximos anos. O partido chegou a um estágio de desagregação onde não
haverá mais retorno. Fala-se inclusive, na expulsão de João da Costa. A arrogância dos partidários da candidatura do Secretário
de Governo, Maurício Rands, e a decepção dos apoiadores do prefeito João da
Costa dimensionam a gravidade do problema. Pelo microblog Twitter, o Secretário
de Turismo da Prefeitura do Recife, André Campos, declara-se decepcionado com o
rumo que esse processo está tomando. Fernando Ferro, um dos apoiadores do
prefeito João da Costa, em suas últimas declarações, não poupa críticas à
postura de Maurício Rands, classificando as manobras do grupo como golpistas. A
“tríplice aliança” não aceita o nome de João da Costa de “jeito nenhum”. O
senador Humberto Costa já esteve com Eduardo Campos e, conforme advertimos, vem
chumbo-grosso contra o vencedor das prévias, um instrumento democrático
absurdamente solapado pela aristocracia partidária do PT. Ontem começaram
a surgir explicações sobre quem poderia assumir a condição de ponto de
equilíbrio, mesmo que instável, na
quadra partidária petista no Estado. Nesses momentos, o nome do deputado
federal João Paulo sempre volta a ser lembrado. Pelo humor da Executiva Nacional, no entanto, João Paulo parece ser mais uma carta fora do baralho. Há
um consenso entre eles de que João Paulo é o principal responsável por essa enrascada em
que o PT se meteu. Não há solução milagrosa para o partido. Vai cindido e
irremediavelmente comprometido para as eleições de 2012, numa quadra onde, não
fosse a fragilidade da oposição, as chances de êxito nas urnas seriam bastante
remotas. As principais lideranças da Frente Popular, contingenciadas pelos fatos, já estão se pronunciando, como é o caso do Senador Armando Monteiro. Eduardo aguarda a decisão da Executiva Nacional, de posse de alguns "dispositivos" que podem ser acionados a qualquer momento.
Audiência com Mantega discute medidas para consolidação da queda de juros no país.
Após afirmar que o Brasil está mais preparado
para enfrentar a crise internacional do que em 2008, o ministro da Fazenda Guido
Mantega respondeu a um conjunto de questionamentos dos parlamentares, na
audiência pública desta terça-feira (22), promovida pela Comissão de Assuntos
Econômicos (CAE) do Senado Federal.
O senador Armando Monteiro, membro titular da
CAE, elogiou as medidas que o governo federal vem adotando na redução dos
spreads bancários. “O governo vem avançando e colocando essa questão (a redução
da taxa de juros) no centro da agenda econômica do país”, destacou.
O ministro afirmou que os spreads bancários
continuarão diminuindo. “O Brasil é hoje um país mais seguro, e por essa razão
nos permite adotar novas medidas de redução das taxas de juros”, reforçou
Mantega.
Questionado pelo senador Armando Monteiro
sobre a regulamentação do Cadastro Positivo, o ministro esclareceu que a lei de
criação do cadastro “apresenta pequenas imperfeições jurídicas, o que
inviabiliza a implantação da medida”. Para Mantega, é fundamental a aprovação do
Projeto de Lei nº 331/2011, de autoria de Armando Monteiro, para a correção
destas imperfeições e, com isso, o governo evoluir no processo de regulamentação
do Cadastro Positivo. “Faço votos que o projeto de Vossa Excelência seja
aprovado em breve”, afirmou o ministro.
Outro aspecto destacado por Armando Monteiro
foi a defesa da concorrência no sistema financeiro. Para o senador, existe um
vácuo regulatório nesta questão. Segundo ele, é necessário criar uma estrutura
que zele pelos mecanismos competitivos. “O CADE nunca exerceu esse papel, por
dizer que esta função é do Banco Central, e este, por sua vez, a exerce de forma
insuficiente”.
Mesmo concordando com o senador, o ministro
não vê espaço no curto prazo para entrada de novas instituições no país. “No
momento, não vejo essa possibilidade, mas em um futuro próximo, a ampliação
deste mercado é possível”, comentou o Mantega.
Assessoria de imprensa.
segunda-feira, 21 de maio de 2012
Armando Monteiro: Frente Popular tem obrigação de procurar alternativas
“O PT perde as condições de
oferecer à Frente Popular, e ao Recife, um candidatura”. Esta é a constatação do
presidente estadual do PTB, senador Armando Monteiro, após os rumos que tomaram
as prévias no PT do Recife. Em entrevista a Geraldo Freire, na Rádio Jornal, o
senador afirmou que a crise no PT fortalece ainda mais a tese de candidatura
alternativa, defendida por partidos que compõem a Frente Popular de Pernambuco
(PTB, PDT, PP, PSC e PV).
Para Armando, sob a liderança do
governador Campos, a Frente tem agora a responsabilidade de construir as
condições para oferecer uma alternativa ao Recife. O líder trabalhista também
não vê mais condições políticas de João da Costa e Maurício Rands se colocarem
perante a Frente, por não terem sido capazes de construir uma unidade dentro do
próprio PT.
Leia entrevista abaixo:
Que condições terá o PT de
promover a harmonização da Frente?
Armando Monteiro –
“É lamentável
verificar que esta novela termina de forma tão traumática, ou seja, um partido
que expõe as suas fraturas, mas mais do que isto, um partido que não pode sequer
aceitar o resultado das prévias, judicializando o processo.
Pergunto: que condições terá o PT
de promover a harmonização interna? Então eu acho que há de se
lamentar tudo isto, mas a Frente Popular – e eu tenho dito sempre isto – é maior
do que o PT.
E se infelizmente o PT, apesar de
todas as oportunidades que foram oferecidas, não é capaz de se entender
minimamente, e mais do que isto, expor de maneira tão lamentável estas fraturas
internas, eu acho que agora a Frente Popular tem a obrigação de buscar
alternativas.
Veja que pra mim isto termina por
consagrar a tese da candidatura alternativa, ou seja, o PT perde as condições de
oferecer a toda a Frente Popular, e ao Recife, uma candidatura”.
Temos a responsabilidade de
apresentar uma candidatura alternativa
Armando Monteiro –
“Eu acho que
agora nós temos todos a responsabilidade, sobretudo o governador Eduardo Campos,
que é o líder maior desta aliança, de promover um esforço e construir as
condições para nós oferecermos uma alternativa à Frente Popular e ao
Recife.
Isto se impõe, e nós vamos
promover – eu digo nós, porque há um grupo de partidos que integram a Frente
Popular, e que defendem esta tese há muito tempo – um grande esforço para
construirmos isto. Porque eu acho que depois que tudo o que aconteceu, mais do
que nunca é necessário buscar esta alternativa”.
Costa e Rands perderam as
condições políticas
Armando Monteiro –
“Eu não quero
dizer que não aceito (a vitória de João da Costa), mas eu já havia dito que o
que justificava a tese da candidatura alternativa era a constatação de que o
prefeito João da Costa, independente de qualquer avaliação de ordem pessoal, não
tinha conseguido reunir as condições políticas para poder receber o apoio da
Frente. E por quê? Porque ele não tinha sequer o apoio de seu partido. E agora,
infelizmente estas prévias descambam para um processo amplo de contestação e de
impugnação do próprio partido. A legitimidade deste processo está questionada
pelo próprio partido.
Então eu acho que seja o prefeito
João da Costa, seja o próprio companheiro Maurício Rands, há claramente uma
percepção de que eles perdem as condições políticas de se colocar perante a
própria Frente. Se não foram capazes sequer de construir uma unidade, ou um
entendimento em seu partido, como é que poderão agora oferecer à frente a
confiança, a autoridade, e as condições de legitimidade para poderem representar
a própria Frente na sucessão do Recife?”
Crédito da foto: Alexandre
Albuquerque/divulgação
domingo, 20 de maio de 2012
Hoje é o dia "D" para o Partido dos Trabalhadores no Recife.
Hoje estarão sendo realizadas no Recife, através de um
processo de consulta interna, a escolha do nome que deverá
representar o PT nas próximas eleições municipais de 2012. Já houve um tempo em
que podíamos falar de uma “festa da democracia”. Hoje, infelizmente, como
afirmamos num artigo recente, não é mais possível medir o pulso da democracia
interna do PT através das prévias. Naturalmente, como afirmamos no mesmo
artigo, a experiência de democracia interna do PT é única no Brasil e, em
nenhuma hipótese, pode ser posta no lixo da história. Por outro lado, essas
escolha internas passaram a ser indicadores do grau de tensionamento e divisões
internas da agremiação, controlada por uma aristocracia partidária muito mais
preocupado em preservar seus espaços de poder e bastante deslocada da organicidade de
antes. Essa organicidade juntos aos movimentos sociais, inclsuive, constituia-se num dos fatores que diferenciavam o PT dos demais partidos do sistema
partidário brasileiro, conferindo-lhes o status de verdadeiro partido político
de massa. Embora seus dirigentes afirmem isso insistentemente, não há
possibilidade da construção de consensos depois dessas prévias. As declarações recentes de João Paulo evidenciam isso. O prefeito
João da Costa, por sua vez, é um poço até aqui de mágoas. Vencendo ou perdendo as prévias,
João da Costa cria um cenário bastante delicado para o Partido dos
Trabalhadores e para a Frente Popular no Recife. Em respeito a ambos os candidatos, não
gostaria de apresentar um prognóstico, mas essa viagem de João Paulo no dia do
esforço final é bastante sintomática. Outro elemento que não pode deixar de ser
considerado é aquele bêbado de Brasília Teimosa que, durante a visita de
Maurício Rands, como numa crônica de Nelson Rodrigues, impertinentemente,
insistia em afirmar: “o João vai ser campeão!!! O João vai ser campeão!!! Ninguém quis perguntar sobre qual o "João" ele se referia.
sábado, 19 de maio de 2012
PMDB se queixa do socorro de Dilma a Fernando Haddad
A cúpula do PMDB está aborrecida com Dilma Rousseff. O desgosto é maior entre os integrantes do grupo mais fiel a Michel Temer. Nesse núcleo, a presidente é acusada de descumprir um compromisso que assumira com seu vice.
No início do ano, Dilma dissera a Temer que não se envolveria na campanha para prefeito de São Paulo. Candidato do PMDB à prefeitura da capital paulista, o deputado Gabriel Chalita soltara fogos.
Para a turma de Temer, ficara entendido que, onde houvesse mais de um candidato governista, a presidente não se meteria na disputa. De repente, Dilma pôs-se a servir de alavanca para Fernando Haddad, o candidato do PT.
No início da semana, foram ao ar insenções publicitárias do PT. Nas peças, Dilma apareceu ao lado de Lula e Haddad. Uma tentativa de inocular na campanha, por meio de dupla transfusão de prestígio, ânimo capaz de arrancar Haddad dos 3% em que se encontra estacionado nas pesquisas.
Nesta sexta (18), para desassossego de Temer, Chalita e Cia., Dilma voltou a emprestar seus bons índices de popularidade à causa de Haddad. Junto com Lula, desfilou ao lado do candidato petista na exposição dos painéis “Guerra e Paz”, de Cândido Portinari.
Antes, participaram de um almoço com lideranças do PT, num restaurante próximo ao Memorial da América Latina, local onde Portinari está sendo exposto. Submetido às evidências, o PMDB está mais para a guerra do que para a paz.
Blog do jornalista Josias de Souza, Portal UOL notícias.
Crédito da foto: Ricardo Stuckert, Instituto Lula.
Armando destaca política econômica para redução dos spreads
Em discurso proferido no plenário
do Senado Federal, o senador Armando Monteiro (PTB) destacou como “medida
acertada” a ofensiva deflagrada pelo Governo Federal a respeito da redução dos
spreads bancários. Spread é a diferença entre o custo de captação dos bancos e
os juros dos empréstimos aos clientes, seja pessoa física ou
jurídica.
A medida anunciada em março deste
ano começou com a redução dos spreads pelo Banco do Brasil (BB) e a Caixa
Econômica Federal (CEF). A proposta do governo de reduzir a taxa de juros do
país foi ganhando musculatura com a adoção de mudanças também na caderneta de
poupança, que entrará em vigor após aprovação da Medida Provisória 567.
“Conhecemos bem o efeito perverso
da combinação de spread elevado, juros altos e carga tributária pesada. Essa
realidade – que nos distancia do patamar e padrão internacionais de custo do
capital – penaliza a sociedade de modo geral, mas prejudica especialmente o
setor produtivo, fonte de geração de emprego e renda, e distancia cada vez mais
o país da rota do crescimento sustentável. É hora de desmontar os entraves ao
nosso desenvolvimento”, disse Armando Monteiro.
Para o senador, a audiência
pública marcada para a próxima semana, na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE),
com a presença do ministro da Fazenda, Guido Mantega, do presidente da FEBRABAN,
Murilo Portugal, e demais especialistas do setor, será uma grande oportunidade
para se discutir esse conjunto de iniciativas voltadas para a redução da taxa de
juros.
“Esse debate é oportuno para
analisarmos essa anomalia, essa distorção que são os spreads praticados no
Brasil. Não se pode admitir que um país que tem hoje as condições
macroeconômicas do Brasil, inclusive, na percepção da comunidade internacional,
que tem prêmios de risco que são cada vez mais baixos, um país que é credor
externo líquido, que tem reservas maiores do que a sua dívida, que tem uma taxa
básica de juros hoje que caminha para patamares de economias estabilizadas,
mantenha elevado o spread praticado no país”, ponderou Armando.
Estudo recente do Dieese,
mencionado pelo senador, aponta que o Brasil detém a maior taxa de spread
quando comparado às nações desenvolvidas. Em janeiro, a taxa média paga para
aplicações financeiras no Brasil, estava em 38% ao ano e a taxa média de
captação em 10,2%, resultando daí um spread de 27,8% no mesmo período. “No mesmo
mês, o spread da Argentina era de 3,4% ao ano, o do Chile, 4,5%, e o do México,
3,8% só para citar alguns exemplos. Perdemos também para os demais integrantes
do Brics - o spread da China foi de 3,1%, na Rússia, 3% e na África do Sul,
3,5%”, apresentou.
O Dieese cita também como causa
dos spreads altos, a estrutura oligopolista do segmento bancário, com poucas
instituições no controle, com grande capacidade de determinação dos juros
cobrados nas operações de crédito e do valor das tarifas. “Os cinco maiores
bancos (três privados, mais BB e CEF) concentram mais de 80% dos ativos totais e
das operações de crédito do sistema bancário brasileiro”, apontou Armando. Para
ele, a ausência da atuação de um órgão em prol da defesa da concorrência no
mercado financeiro prejudica o consumidor.
Em audiência promovida pelo
Senado, Armando Monteiro já havia questionado enfaticamente o presidente do
Banco Central, Alexandre Tombini, sobre essa ausência de controle. “É inegável
que o Banco Central vem conduzindo bem as questões macroprudenciais, tendo
acertado ao iniciar, em agosto de 2011, o ciclo de redução da taxa de juros,
mesmo quando o mercado financeiro defendia uma posição mais conservadora. Mas
sua atuação sempre foi tímida no que se refere à defesa da concorrência”,
afirmou o senador, destacando que existe um vácuo regulatório nesta
questão.
O senador também reconhece que a
agenda dos spreads é densa e complexa. “O Brasil é um dos países que tributa de
modo severo a intermediação financeira. Diferente do que muitos ingenuamente
supõem, ao tributar fortemente a intermediação financeira, nós não tributamos os
bancos, tributamos o tomador do crédito, porque todo esse custo é repassado para
ele”, ressaltou.
Depósitos compulsórios e
insegurança jurídica - Outro fator que contribui para a
permanência de elevados spreads no Brasil são os depósitos compulsórios, que
segundo o parlamentar, não tem paralelo com o cenário internacional. “O Brasil
tem um nível de recolhimentos compulsórios altíssimos, inclusive até sobre
depósitos a prazo, e isso tem, efetivamente, um custo na medida em que as
instituições são obrigadas a recolher uma parcela expressiva de recursos”,
explicou.
Além disso, outro fator adicional
é a insegurança jurídica. “O Brasil é um país em que o sistema judicial tem um
viés pró-devedor. Quando se questionam juros, adquire-se o direito de deixar de
pagar o principal. Então, isso é algo que também não existe. E essa insegurança
termina sendo levada para a taxa de juros; é uma espécie de um prêmio de risco
que vai também ser incorporada a taxa de juros praticada no mercado”,
avaliou.
Segundo o senador, a hora não é
para a adoção de atitudes imprudentes e sim o momento de canalizar esforços na
redução continuada da taxa de juros do país, com foco no estímulo da
concorrência. ‘Defendo um debate aberto, franco e responsável sobre essa
questão. Não temos, evidentemente, propósito algum de querer demonizar o sistema
financeiro. O Brasil tem um sistema financeiro eficiente, saudável e que
representa um ativo valioso para o País. Temos o dever de encontrar padrões de
spread que possam convergir para os níveis internacionais”, concluiu.
Crédito da foto: Waldemir
Barreto/Agência Senado
Senado aprova vantagens para quitação antecipada de contratos de operações de crédito.
Clientes de instituições
financeiras (bancos, corretoras, cooperativas de créditos e outras) terão o
direito de quitação antecipada de contratos de operações de crédito e de
arrendamento mercantil, esse último também conhecido como
leasing.
A medida é consequência da
aprovação, por unanimidade, do parecer do senador Armando Monteiro ao Projeto de
Lei do Senado – PLS 636/2011, na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), nesta
terça-feira (15).
O projeto assegura diversos
benefícios aos clientes (consumidores de modo geral) que queiram amortizar ou
liquidar suas dívidas antecipadamente. O PLS determina, por exemplo, que os
valores a serem pagos sejam calculados com redução proporcional de juros e
outros acréscimos, sendo possível também a negociação entre as partes
envolvidas. Além disso, veda a cobrança de qualquer penalidade em virtude da
liquidação antecipada.
Com o intuito de aprimorar o
projeto, de autoria da senadora Lídice da Mata (PSB/BA), Armando Monteiro
apresentou uma emenda de forma a garantir um menor custo para o cliente que
deseja quitar sua dívida. Portanto, o cliente agora pode negociar uma taxa de
desconto, que não seja menor que a taxa pactuada no contrato, a ser aplicada na
amortização de sua dívida. “Essa emenda tem a intenção de coadunar com a
senadora Lídice da Mata, na defesa do consumidor”, comentou Armando
Monteiro.
Segundo o senador, a aprovação do
projeto resguarda o consumidor, pois disciplina a contento um direito já
previsto no Código de Defesa do Consumidor (CDC – Lei nº 8.078, de 1990), o que
na prática, vem sendo aplicado de forma desfavorável ao cliente. “O projeto
consolida e elimina a ambiguidade da legislação sobre o tema do direito do
consumidor de serviços financeiros, à amortização ou liquidação antecipada de
operações de crédito e de arrendamento mercantil. Hoje tal arcabouço encontra-se
disperso em dispositivos do Código de Defesa do Consumidor e em resoluções do
Conselho Monetário Nacional”, analisou Armando Monteiro.
Crédito da foto: André
Oliveira/divulgação
Assessoria de imprensa.
Domingueira do Jolugue: Uma cronica de Luiz Fernando Verissimo
Vivemos cercados pelas nossas alternativas, pelo que podíamos ter sido.
Ah, se apenas tivéssemos acertado aquele número (unzinho e eu ganhava a sena acumulada), topado aquele emprego, completado aquele curso, chegado antes, chegado depois, dito sim, dito não, ido para Londrina, casado com a Doralice, feito aquele teste…
Agora mesmo neste bar imaginário em que estou bebendo para esquecer o que não fiz – aliás, o nome do bar é Imaginário – sentou um cara do meu lado direito e se apresentou:
- Eu sou você, se tivesse feito aquele teste no Botafogo
E ele tem mesmo a minha idade e a minha cara. E o mesmo desconsolo.
- Por que? Sua vida não foi melhor do que a minha?
- Durante um certo tempo, foi. Cheguei a titular. Cheguei a seleção. Fiz um grande contrato. Levava uma grande vida. Até que um dia..
- Eu sei, eu sei… disse alguém sentado ao lado dele.
Olhamos para o intrometido… Tinha a nossa idade e a nossa cara e não parecia mais feliz do que nós. Ele continuou:
- Você hesitou entre sair e não sair do gol. Não saiu, levou o único gol do jogo, caiu em desgraça, largou o futebol e foi ser um medíocre propagandista.
- Como é que você sabe?
- Eu sou você, se tivesse saído do gol. Não só peguei a bola como me mandei para o ataque com tanta perfeição que fizemos o gol da vitória. Fui considerado o herói do jogo. No jogo seguinte, hesitei entre me atirar nos pés de um atacante e não me atirar. Como era um herói, me tirei… Levei um chute na cabeça. Não pude ser mais nada. Nem propagandista. Ganho uma miséria do INSS e só faço isto: bebo e me queixo da vida. Se não tivesse ido nos pés do atacante…
Ele chutaria para fora. Quem falou foi o outro sósia nosso, ao lado dele, que em seguida se apresentou.
- Eu sou você se não tivesse ido naquela bola. Não faria diferença. Não seria gol. Minha carreira continuou. Fiquei cada vez mais famoso, e agora com fama de sortudo também. Fui vendido para o futebol europeu, por uma fábula. O primeiro goleiro brasileiro a ir jogar na Europa. Embarquei com festa no Rio…
- E o que aconteceu? perguntamos os três em uníssono.
- Lembra aquele avião da VARIG que caiu na chegada em Paris?
- Você…
- Morri com 28 anos.
- Bem que tínhamos notado sua palidez.
- Pensando bem, foi melhor não fazer aquele teste no Botafogo…
- E ter levado o chute na cabeça…
- Foi melhor, continuou, ter ido fazer o concurso para o serviço público naquele dia. Ah, se eu tivesse passado…
- Você deve estar brincando.
Disse alguém sentado a minha esquerda. Tinha a minha cara, mas parecia mais velho e desanimado.
- Quem é você?
- Eu sou você, se tivesse entrado para o serviço público.
Vi que todas as banquetas do bar à esquerda dele estavam ocupadas por versões de mim no serviço público, uma mais desiludida do que a outra. As conseqüências de anos de decisões erradas, alianças fracassadas, pequenas traições, promoções negadas e frustração. Olhei em volta. Eu lotava o bar. Todas as mesas estavam ocupadas por minhas alternativas e nenhuma parecia estar contente. Comentei com o barman que, no fim, quem estava com o melhor aspecto, ali, era eu mesmo. O barman fez que sim com a cabeça, tristemente. Só então notei que ele também tinha a minha cara, só com mais rugas.
- Quem é você?perguntei.
- Eu sou você, se tivesse casado com a Doralice.
- E..?
Ele não respondeu. Só fez um sinal, com o dedão virado para baixo…
Creio que a vida não é feita das decisões que você não toma, ou as atitudes que você não teve, mas sim, aquilo que foi feito!
Se bom ou não, penso, é melhor viver do futuro que do passado!
Ah, se apenas tivéssemos acertado aquele número (unzinho e eu ganhava a sena acumulada), topado aquele emprego, completado aquele curso, chegado antes, chegado depois, dito sim, dito não, ido para Londrina, casado com a Doralice, feito aquele teste…
Agora mesmo neste bar imaginário em que estou bebendo para esquecer o que não fiz – aliás, o nome do bar é Imaginário – sentou um cara do meu lado direito e se apresentou:
- Eu sou você, se tivesse feito aquele teste no Botafogo
E ele tem mesmo a minha idade e a minha cara. E o mesmo desconsolo.
- Por que? Sua vida não foi melhor do que a minha?
- Durante um certo tempo, foi. Cheguei a titular. Cheguei a seleção. Fiz um grande contrato. Levava uma grande vida. Até que um dia..
- Eu sei, eu sei… disse alguém sentado ao lado dele.
Olhamos para o intrometido… Tinha a nossa idade e a nossa cara e não parecia mais feliz do que nós. Ele continuou:
- Você hesitou entre sair e não sair do gol. Não saiu, levou o único gol do jogo, caiu em desgraça, largou o futebol e foi ser um medíocre propagandista.
- Como é que você sabe?
- Eu sou você, se tivesse saído do gol. Não só peguei a bola como me mandei para o ataque com tanta perfeição que fizemos o gol da vitória. Fui considerado o herói do jogo. No jogo seguinte, hesitei entre me atirar nos pés de um atacante e não me atirar. Como era um herói, me tirei… Levei um chute na cabeça. Não pude ser mais nada. Nem propagandista. Ganho uma miséria do INSS e só faço isto: bebo e me queixo da vida. Se não tivesse ido nos pés do atacante…
Ele chutaria para fora. Quem falou foi o outro sósia nosso, ao lado dele, que em seguida se apresentou.
- Eu sou você se não tivesse ido naquela bola. Não faria diferença. Não seria gol. Minha carreira continuou. Fiquei cada vez mais famoso, e agora com fama de sortudo também. Fui vendido para o futebol europeu, por uma fábula. O primeiro goleiro brasileiro a ir jogar na Europa. Embarquei com festa no Rio…
- E o que aconteceu? perguntamos os três em uníssono.
- Lembra aquele avião da VARIG que caiu na chegada em Paris?
- Você…
- Morri com 28 anos.
- Bem que tínhamos notado sua palidez.
- Pensando bem, foi melhor não fazer aquele teste no Botafogo…
- E ter levado o chute na cabeça…
- Foi melhor, continuou, ter ido fazer o concurso para o serviço público naquele dia. Ah, se eu tivesse passado…
- Você deve estar brincando.
Disse alguém sentado a minha esquerda. Tinha a minha cara, mas parecia mais velho e desanimado.
- Quem é você?
- Eu sou você, se tivesse entrado para o serviço público.
Vi que todas as banquetas do bar à esquerda dele estavam ocupadas por versões de mim no serviço público, uma mais desiludida do que a outra. As conseqüências de anos de decisões erradas, alianças fracassadas, pequenas traições, promoções negadas e frustração. Olhei em volta. Eu lotava o bar. Todas as mesas estavam ocupadas por minhas alternativas e nenhuma parecia estar contente. Comentei com o barman que, no fim, quem estava com o melhor aspecto, ali, era eu mesmo. O barman fez que sim com a cabeça, tristemente. Só então notei que ele também tinha a minha cara, só com mais rugas.
- Quem é você?perguntei.
- Eu sou você, se tivesse casado com a Doralice.
- E..?
Ele não respondeu. Só fez um sinal, com o dedão virado para baixo…
Creio que a vida não é feita das decisões que você não toma, ou as atitudes que você não teve, mas sim, aquilo que foi feito!
Se bom ou não, penso, é melhor viver do futuro que do passado!
The Economist: Facebook goes public
Not top of the pops
May 19th 2012, 2:01 by M.G. | SAN FRANCISCO
INVESTORS have gotten used to a swift run-up, or “pop”, in the share price of tech firms that stage an initial public offering (IPO). But doubts swirling around Facebook’s business model meant that the giant social network’s stock failed to take off as some had expected on its first day as a public company on May 18th. Instead the IPO’s underwriters were forced to step in to prevent the shares slipping below their offer price of $38 as trading progressed on America's NASDAQ stockmarket. At the market’s close they were swapping hands at $38.23, giving the company a market capitalisation of $105 billion.
That is still an absolutely breathtaking valuation, propelling Facebook ahead of the likes of Amazon and other high-tech behemoths such as Dell and Hewlett-Packard (which is rumoured to be about to lay off some 30,000 staff). Facebulls argued that the closing price was proof that Facebook and its advisers had pitched the offering perfectly. They also pointed out that early trading in the stock, whose price initially soared, was disrupted by unfortunate glitches in NASDAQ’s system, which temporarily caused confusion amongst investors who were not clear if their orders had been processed.
True, but the firm’s share price would almost certainly have dipped anyway without support from Facebook’s investment-banking friends. Some analysts reckon it will now fall to around $30 as the euphoria surrounding the world’s largest internet IPO fades. (The Economist argued before the flotation that a valuation towards the lower end of the $28-35 price range that Facebook initially set for its shares was reasonable for a company whose long-term money-making prospects are still so uncertain.)
Facebook’s IPO has already caused some investors to reassess their holdings in other publicly listed internet firms. On the same day that the social network staged its flotation, Zynga, a social-gaming company that relies heavily on Facebook to generate customers for its games, and Groupon, which touts online coupons, were among several internet firms who saw their share prices plummet. Trading in Zynga’s stock on the NASDAQ was briefly halted on a couple of occasions because the price of its shares had fallen so sharply. By the time the market closed, the company’s stock price had dropped around 13%, to $7.16.
There are a number of theories as to why these firms' shares tumbled. One is that when Facebook’s share price fizzled instead of popped on its debut, investors began to reappraise the prospect of other high-profile web outfits. Another, more plausible explanation is that some investment firms dumped other holdings in web companies in order to switch the cash into the shares of the social-networking world’s 800-pound gorilla. This would explain the especially steep fall in the share price of Zynga, whose stock had been seen as a proxy for Facebook’s because of the firm’s close ties to the social network. (Zynga accounts for some 15% of Facebook’s total revenues.)
The heads of these firms will have to deal with this new headache. Facebook’s hoodie-toting boss, Mark Zuckerberg, whose stake in the company is now worth $19 billion, also has some challenges to deal with. For one thing, he and his team need to show they can increase revenues fast enough to justify a stockmarket valuation that is more than 100 times Facebook’s 2011 profit. For another, they will have to deal with ongoing concerns about the network’s approach to data privacy, including a recently revised legal challenge brought by some aggrieved Facebook users.
A further challenge will be to hang on to Facebook’s brightest computer engineers once the lock-up period on their shares expires. On the eve of its IPO, the firm staged an all-night “hackathon”, in which programmers coded into the wee hours, as a signal that it intends to stay true to its start-up roots. But that may not be enough to motivate newly minted gazillionaires to stick around. And the lofty valuation applied to Facebook’s shares in the IPO could limit any upside in their price, making it harder for the firm to use stock options to lure bright engineers to it. In Silicon Valley hoodies and hackathons may be cool, but the prospect of Croesus-like riches is even cooler.
Revista Veja: Segredos de Cavendish preocupam PT e seus aliados.
Acusada de irregularidades e pagamento de propina, a construtora Delta, uma das maiores do país, agoniza. Nos bastidores, seu dono ameaça revelar segredos que comprometeriam políticos e outras grandes empreiteiras
Otávio cabral e Daniel Pereira
Blefe? - Fernando Cavendish, proprietário da Delta, tem enviado recados a grandes empreiteiros e políticos sobre o risco de surgirem revelações envolvendo caixa dois e dinheiro para campanhas eleitorais (Cristiano Mariz e Oscar Cabral)
É absolutamente previsível a explosão que pode emergir de uma apuração minuciosa envolvendo as relações de uma grande construtora, no caso a Delta Construções, e seus laços financeiros com políticos influentes. A empreiteira assumiu o posto de líder entre as fornecedoras da União depois de contratar como consultor o deputado cassado José Dirceu, petista que responde a processo no Supremo Tribunal Federal (STF) no papel de "chefe da organização criminosa" do mensalão. Além disso, consolidou-se como a principal parceira do Ministério dos Transportes na esteira de uma amizade entre seu controlador, Fernando Cavendish, e o deputado Valdemar Costa Neto, réu no mesmo processo do mensalão e mandachuva do PR, partido que comandou um esquema de cobrança de propina que floresceu na gestão Lula e só foi desmantelado no ano passado pela presidente Dilma Rousseff. A empreiteira de Cavendish é dona da maior fatia das obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e tem contratos avaliados em cerca de 4 bilhões de reais com 23 dos 27 governos estaduais. Todo esse império começou a ruir desde que a Delta foi pilhada no epicentro do escândalo envolvendo o contraventor Carlos Cachoeira. Se os segredos de Cachoeira são dinamite pura, os de Cavendish equivalem a uma bomba atômica. Fala, Cavendish!
Na semana passada, a CPI do Cachoeira aprovou a convocação de 51 pessoas e 36 quebras de sigilo bancário, fiscal e telefônico. Os números foram festejados pela cúpula da comissão como prova inconteste da disposição dos parlamentares para investigar os tentáculos da máfia da jogatina nos partidos políticos, na seara das empreiteiras e na administração pública. Sob essas dezenas de votações, no entanto, esconde-se a operação patrocinada pelo ex-presidente Lula e alguns políticos para impedir que a bomba atômica de Cavendish seja detonada. A estratégia é enaltecer as convocações e quebras de sigilo relativas a empresas e personagens já fartamente investigados pela Polícia Federal. Assim fica mais fácil despistar as manobras para evitar que Cavendish conte tudo — mas tudo mesmo — o que sabe sobre como obter obras públicas pagando propinas a pessoas com poder de decisão nos governos. Investigar a Delta, aliás, foi considerada a tarefa prioritária pelos próprios delegados da Polícia Federal que prestaram depoimento à CPI. Eles disseram que desvendar os mecanismos subterrâneos de concessão de obras públicas no Brasil seria o maior legado da CPI. Fala, Cavendish!
Deflagradas pela Polícia Federal, as operações Vegas e Monte Carlo revelaram o envolvimento do contraventor Carlos Cachoeira com políticos como o senador Demóstenes Torres (ex-DEM) e Cláudio Abreu, ex-diretor da Delta na Região Centro-Oeste. Entre outras atividades, o trio agia para abrir os cofres dos governos estaduais e federal à empresa. Para tanto, ofereceria propina em troca de contratos. A PF colheu indícios desse tipo de oferta criminosa, por exemplo, em Goiás e no Distrito Federal. Foi com base nessa delimitação geográfica que os petistas defenderam uma investigação sobre a atuação da empreiteira apenas na Região Centro-Oeste — tese que saiu vitoriosa na semana passada. "Não há conversa gravada do Cachoeira com o Fernando Cavendish. A CPI não pode se transformar numa casa de espetáculo", bradou o deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP). "A generalização beira a uma devassa", reforçou Paulo Teixeira (PT-SP). Os petistas cumpriram à risca as ordens dadas por Lula um dia antes, quando ele esteve em Brasília para a cerimônia de instalação da Comissão da Verdade. A ordem foi calar Cavendish. Mas o correto é o contrário. Fala, Cavendish!
O ex-presidente sabe do potencial de dano ao PT e a seus aliados caso Fernando Cavendish conte como a sua Delta conseguia seus contratos de obras e, em troca, pagava políticos. Numa conversa gravada com ex-sócios, Cavendish os incentivou a cortar caminho para o sucesso comprando políticos. Na tabela da corrupção da Delta, um senador, por exemplo, custaria 6 milhões de reais. A Delta tem obras contratadas por governadores pertencentes aos maiores partidos do país — PT, PSDB e PMDB. Será que essa onipresença da Delta explica as razões pelas quais a CPI decidiu não chamar para depor os governadores Agnelo Queiroz (PT-DF), Marconi Perillo (PSDB-GO) e Sérgio Cabral (PMDB-RJ)? O deputado Vaccarezza deu a resposta. "A relação do PMDB com o PT vai azedar na CPI. Mas não se preocupe, você é nosso e nós somos teu", escreveu em idioma parecido com o português o deputado Vaccarezza numa mensagem de celular destinada ao governador Sérgio Cabral. Captada pelas câmeras de televisão do SBT, a mensagem revela de forma inequívoca o grande arranjo para calar o dono da Delta, amigo íntimo de Cabral. Portanto, é bom repetir a palavra de ordem que pode salvar a CPI do fracasso. Fala, Cavendish!
Nos bastidores, Cavendish tem falado. E muito. Ele usou interlocutores de sua confiança para divulgar suas mensagens. Uma delas foi endereçada aos políticos. Seus soldados espalharam a versão de que a empreiteira destinou cerca de 100 milhões de reais nos últimos anos para o financiamento de campanhas eleitorais — e que o dinheiro, obviamente, percorreu o bom e velho escaninho dos "recursos não contabilizados". Uma informação preciosa dessas deveria excitar o ânimo investigativo da CPI do Cachoeira. Os mensageiros de Cavendish também procuraram solidariedade na iniciativa privada. A arma foi ressaltar que o caixa dois da Delta, que serviu para financiar campanhas, segue um modelo idêntico ao de outras empreiteiras, inclusive usando os mesmos parceiros para forjar serviços e notas fiscais frias. A mensagem é: se atingida de morte, a Delta reagiria alvejando gente graúda. Como o navio nazista Bismarck, a Delta afundaria atirando. Faria, assim, um bem enorme ao interesse coletivo, mas seria mortal aos interesses privados. Os mensageiros de Cavendish têm espalhado que a mesma empresa fornecedora de notas frias da qual sua construtora se servia abastecia outras duas grandes empreiteiras. São essas ameaças, somadas à coloração suprapartidária dos contratos firmados, que azeitam a blindagem da Delta. Como saber se Cavendish está apenas blefando em uma clássica operação de controle de danos? Levando-o à CPI. Fala, Cavendish!
Desde a eclosão do escândalo, a Delta foi forçada a deixar as obras do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), encomendadas pela Petrobras, e da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol), sob responsabilidade do Ministério dos Transportes. A polêmica sobre o destino da empreiteira pôs a presidente e o antecessor em rota de colisão pela segunda vez em menos de dois meses. Lula patrocinou a criação da CPI do Cachoeira ao considerá-la uma oportunidade de desqualificar instituições que descobriram, divulgaram e investigaram o esquema do mensalão, como a imprensa, o Ministério Público, o Judiciário e a oposição. Logo após a abertura da CPI, Fernando Cavendish passou a negociar a empresa com o grupo J&F, cujos donos eram parceiros preferenciais do governo Lula. A venda foi orquestrada pelo ex-presidente. O papel de Henrique Meirelles, presidente do Banco Central nos oito anos de mandato do petista e atual CEO do J&F, na manobra ainda não está claro. Meirelles não comenta, mas sabe-se que ele, desde os tempos de BC, não assina nada que não tenha a chancela de seus advogados particulares.
Desde a eclosão do escândalo, a Delta foi forçada a deixar as obras do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), encomendadas pela Petrobras, e da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol), sob responsabilidade do Ministério dos Transportes. A polêmica sobre o destino da empreiteira pôs a presidente e o antecessor em rota de colisão pela segunda vez em menos de dois meses. Lula patrocinou a criação da CPI do Cachoeira ao considerá-la uma oportunidade de desqualificar instituições que descobriram, divulgaram e investigaram o esquema do mensalão, como a imprensa, o Ministério Público, o Judiciário e a oposição. Logo após a abertura da CPI, Fernando Cavendish passou a negociar a empresa com o grupo J&F, cujos donos eram parceiros preferenciais do governo Lula. A venda foi orquestrada pelo ex-presidente. O papel de Henrique Meirelles, presidente do Banco Central nos oito anos de mandato do petista e atual CEO do J&F, na manobra ainda não está claro. Meirelles não comenta, mas sabe-se que ele, desde os tempos de BC, não assina nada que não tenha a chancela de seus advogados particulares.
Cristiano Mariz
Vergonha nacional - Collor e o petista Cândido Vaccarezza: constrangimento à imprensa e troca de gentilezas com o governador Sérgio Cabral
O J&F tem 35% de suas ações nas mãos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Mais que isso. Tomou emprestados mais de 6 bilhões de reais no banco. É, portanto, uma empresa semiestatal. Por meio de assessores, a presidente Dilma Rousseff deixou claro que seu governo não apoia a encampação da Delta pelo grupo J&F. A contrariedade de Dilma foi explicitada pela decisão das estatais de tirar a Delta de obras do Dnit e da Petrobras. Dilma determinou à Controladoria-Geral da União (CGU) que declare a empreiteira inidônea e, portanto, proibida de fechar contratos com a União. "O governo fará tudo o que estiver a seu alcance para esse negócio não sair", diz um auxiliar da presidente. Quem conhece Fernando Cavendish mais de perto garante que ele nem de longe vestiria o traje de homem-bomba. Mas como ter certeza de que tem potencial explosivo ou apenas quer minimizar os ataques a ele e a sua empresa? Levando-o à CPI. Vamos lá, coragem. Fala, Cavendish!
Revista CartaCapital: "A cultura como campo de combate", artigo de Vladimir Safatle.
A cultura como campo de combate
Um dos fenômenos sociais mais importantes dos últimos anos é a transformação da cultura e da modernização dos costumes em setor fundamental do embate político. Durante os anos 1970 e 1980, a cultura fora um campo hegemônico das esquerdas. Este não é mais o caso. Há de se perguntar o que ocorreu para encontrarmos atualmente um processo de politização da cultura por parte, principalmente, de representantes da direita.
Poderíamos dizer que a direita do espectro político teria compreendido que a população, em especial as classes populares, é naturalmente conservadora nos costumes, pois avessa a questões como aborto, casamento homossexual e políticas de discriminação positiva. Da mesma maneira, ela seria conservadora em cultura, pois mais sensível ao peso dos valores religiosos na definição de nossas identidades e de nossos “valores ocidentais”. É possível, porém, que o movimento em questão seja de outra natureza.
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Em um astuto livro chamado O Que Há de Errado com o Kansas?, o ensaísta norte-americano Tom Frank lembra como o pensamento conservador soube se aproveitar do sentimento de abandono social das classes populares. Frank serve-se do Kansas para perguntar: como um dos estados politicamente mais combativos dos EUA nas primeiras décadas do século XX tornou-se um bastião conservador? Sua resposta é: sentindo-se abandonado pelas elites intelectuais esquerdistas cosmopolitas que, à sua maneira, não foram completamente prejudicadas pelos desmontes neoliberais, as classe populares deixaram que um conflito de classe se transformasse em um conflito cultural.
Em vez de se voltarem contra os agentes econômicos responsáveis por tais desmontes, elas se voltaram contra o modo de vida que representaria as elites liberais. Neste deslocamento, os responsáveis pelo empobrecimento dos setores mais vulneráveis da população apareceram como os portadores dos “verdadeiros valores de nosso povo”. Desta forma, a direita pode falar menos sobre economia e mais sobre hábitos e cultura. Ela pode, inclusive, tentar instrumentalizar o anti-intelectualismo, como vimos nas reações caninas contra a Universidade de São Paulo e seus departamentos de Ciências Humanas à ocasião dos conflitos com a Polícia Militar.
Mesmo a discussão europeia sobre a imigração deve ser lida nesta chave. Qualquer pessoa séria sabe que a discussão sobre imigração nada tem a ver com economia. Quem quebrou a Europa não foram os imigrantes pobres que servem de mão de obra espoliada e desprovida de direitos trabalhistas. Na verdade, quem a quebrou foi o sistema financeiro e seus executivos “brancos e de olhos azuis”. A discussão sobre imigração é um problema estritamente cultural. Maneira de deslocar conflitos de classe para um plano cultural.
Este é um fenômeno parecido ao ocorrido em países como a Tunísia após a Primavera Árabe. Feita por jovens esquerdistas diplomados e filhos da classe média tunisiana, a revolução permitiu a vitória de um partido islâmico (Ennahda) porque, entre outras coisas, eles souberam captar a lassidão das classes populares em relação à classe média europeizada de cidades como Túnis e Sfax. Os islâmicos souberam dizer: “O desprezo a que vocês foram vítimas durante todos esses anos é, no fundo, desprezo aos valores que vocês representam, desprezo ao nosso modo de vida de alta retidão moral contra a lassidão dos mais ricos”. Mudam-se os agentes, mas a estrutura do discurso é a mesma.
Contra isso, a esquerda não deve temer entrar no embate cultural e dos costumes. Devemos quebrar as tentativas de nos fazer acreditar que as classes populares são naturalmente conservadoras e mostrar como a cultura virou uma forma de o capitalismo absorver o descontentamento com o próprio capitalismo. A melhor maneira é mostrar como o modo de vida baseado na modernização dos costumes e da cultura tem forte capacidade de acolher as demandas populares.
Por exemplo, boa parte dos absurdos falados contra o casamento de homossexuais vem do medo de desagregação das famílias em ambientes onde elas aparecem como núcleos importantes de defesa social. Talvez seja o caso de lembrar que nenhum estudo demonstra que famílias homoparentais são mais problemáticas do que famílias tradicionais. Famílias tradicionais também são bons núcleos produtores de neuroses. Ou seja, os impasses e dificuldades da família continuarão, com ou sem famílias homoparentais. Mostrar a fragilidade de nossos “valores” e “formas de vida” é uma maneira de quebrar a fixação a um estado de coisas que não entrega o que promete.
Revista IstoÉ: Kassab e a máfia dos imóveis.
Investigação do MP revela o envolvimento do prefeito de São Paulo com o esquema de aprovação de licenças para edificações. Para os procuradores, Gilberto Kassab (PSD) sabia das irregularidades há pelo menos quatro anos e pode ter se beneficiado delas
Alan Rodrigues
Há pelo menos uma década, o Ministério Público de São Paulo vem recebendo informações e documentos sobre a existência de uma máfia que atua no setor imobiliário de São Paulo e a ligação dessa organização com funcionários da própria prefeitura da capital. Agora, depois de anos de denúncias, veio a público a suspeita de que um dos líderes dessa possível quadrilha é Hussain Aref Saab, ex-diretor responsável pela aprovação de edificações de médio e grande porte da cidade. Trata-se de um funcionário público que ascendeu na administração municipal pelas mãos do atual prefeito, Gilberto Kassab (PSD), e que chegou ao ponto alto da carreira nomeado pelo ex-governador e ex-prefeito José Serra (PSDB). Aref, como é conhecido nos gabinetes paulistanos, foi flagrado depois que a Corregedoria-Geral do Município (CGP) identificou 106 imóveis (apartamentos, casas, terrenos, salas comerciais e vagas de garagem) em seu nome. Um patrimônio de mais de R$ 50 milhões adquiridos nos últimos sete anos.
106 é o número de imóveis que Hussain Aref comprou nos últimos
sete anos, depois que foi nomeado diretor por José Serra
Fortalece as suspeitas de corrupção o fato de toda essa riqueza ser amealhada por um funcionário público que vivia com R$ 20 mil mensais – salário e aposentadoria que somam R$ 9.400 e os outros R$ 10.600 creditados das retiradas financeiras de um estacionamento da família, conforme revela sua declaração de renda. Segundo a Controladoria, as fraudes causaram um rombo de mais de R$ 70 milhões aos cofres municipais. De acordo com o MP, a máfia chegou a ponto de criar uma tabela de propina. “A quadrilha cobrava de R$ 40 mil a R$ 400 mil para que fosse autorizada a liberação de áreas para construção na cidade”, diz um dos promotores. O funcionário pediu demissão no dia 15 de abril. O problema para Kassab é que documentos em poder do MP e da Câmara dos Vereadores, aos quais ISTOÉ teve acesso, comprovam que o prefeito sabia de tudo há pelo menos quatro anos. Mais do que isso. Kassab pode ter sido um dos beneficiários do esquema criminoso, assim como familiares do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, uma rede de empresários e dezenas de servidores públicos. “Estamos diante do maior escândalo já visto dentro da máquina pública paulista”, avalia o vereador Aurélio Miguel (PR), autor de um pedido de CPI para apurar o caso, que até a tarde da quinta-feira 15 já colecionava 18 das 28 assinaturas necessárias.
As suspeitas sobre as ações irregulares de Aref durante a aprovação de licenças de edificações começaram em 2006, depois que o teto de uma igreja evangélica desabou sobre os fiéis no centro de São Paulo. Na época, uma Comissão da Câmara de Vereadores identificou várias irregularidades na concessão dos alvarás de funcionamento de prédios na cidade. Diante disso, tanto o Ministério Público quanto a Corregedoria da prefeitura foram alertados sobre a possível existência de uma máfia no setor imobiliário paulista. O envolvimento de Aref ficou mais evidente durante as investigações da CPI do IPTU, em 2008, que apurou falsificação de carnês do imposto e desvios de verbas. Segundo a CPI, mais de três milhões de metros quadrados tiveram sua licença aprovada irregularmente. Nesse período, o responsável pelas liberações das construções era Aref. De acordo com integrantes da Comissão de Inquérito, a Prefeitura de São Paulo foi reiteradamente comunicada. “Pedimos apurações e nada aconteceu”, alerta Aurélio Miguel. Uma das mais contundentes provas de que Kassab sabia do esquema está na correspondência encaminhada em novembro do ano passado à prefeitura pelo presidente da Câmara, José Pólice Neto (PSD). No ofício, Neto comunica o prefeito sobre a convocação de Aref e outros quatros funcionários. Só que Aref e os demais subordinados do prefeito ignoraram os convites para o depoimento. Na mesma carta, Kassab foi informado de que a ausência dos funcionários atentava contra o regimento do servidor público e que o não comparecimento deles implicava na suspensão de seus vencimentos.
O comportamento do prefeito pode ser explicado por outra denúncia do MP. Em 2008, o próprio Kassab, segundo o Ministério Público, foi beneficiado pelo esquema. As irregularidades constam do processo 0163622/10 encaminhado aos promotores em 2010. A peça jurídica detalha que, em 2003, Kassab, em sociedade com o deputado estadual Rodrigo Garcia (DEM), pleiteava a aplicação da Lei da Anistia para regularizar a reforma de um prédio de propriedade da empresa R&K Engenharia, pertencente na época à dupla. No entanto, em 8 de março de 2006 o pedido de regularização do imóvel foi indeferido. Chama a atenção nesse processo que, mesmo passado o prazo de apresentação de recursos – 60 dias –, a Secretaria de Habitação, onde estava lotado Aref, tenha decidido reconsiderar o caso. Um ano depois, o processo foi revisto e Kassab conseguiu aprovar a anistia. Outro detalhe surpreendente dessa história é que a revisão só foi possível porque várias páginas do processo desapareceram. Em agosto de 2008, a prefeitura reconstituiu a documentação e deu o sinal verde para a regularização do imóvel do prefeito. Kassab nega que tenha sido favorecido, mas o processo está sendo analisado pelo MP. O prefeito também diz que irregularidades são comuns na administração pública e que sua gestão está pronta para puni-las. “Nós descobrimos e estamos punindo.” Nas declarações, Kassab se mostra cioso no trato com a coisa pública e na investigação de eventuais malfeitos. Mas só em 2012 é que a prefeitura pediu que a Corregedoria apurasse o caso, depois de seis anos de recorrentes alertas tanto por parte do MP quanto pela Câmara de Vereadores.
Funcionário de carreira, Aref é tido como parceiro de Kassab desde a administração Celso Pitta, quando o atual prefeito comandava a Secretaria de Planejamento e ele ocupava um cargo de diretoria na mesma pasta. Mas foi José Serra quem guindou o servidor ao principal cargo na área de aprovação de edificações. Em janeiro de 2005, Serra o transformou no responsável pela liberação de qualquer área construída acima de 500 m² na cidade. Desde então, o MP e a Corregedoria passaram a colecionar denúncias de cobrança de propina por funcionários da pasta comandada por Aref. Os procuradores também começaram a identificar uma meteórica evolução patrimonial. De 2005 até julho de 2008, Aref registrou 58 imóveis em seu nome, boa parte deles de alto luxo, como seis apartamentos em um prédio com vista para o Parque do Ibirapuera, o maior de São Paulo, imóveis orçados em R$ 4 milhões cada. Os investimentos de Aref não pararam. Três anos depois de assumir o posto, ele constituiu a SB4 Patrimonial, uma empresa de capital social de R$ 10 mil, que conta como sócios a mulher e dois filhos, na qual registrou outros 46 imóveis. O advogado de Aref contesta as acusações. Segundo ele, o aumento do patrimônio é fruto de investimentos imobiliários iniciados na década de 1960.
Funcionário de carreira, Aref é tido como parceiro de Kassab desde a administração Celso Pitta, quando o atual prefeito comandava a Secretaria de Planejamento e ele ocupava um cargo de diretoria na mesma pasta. Mas foi José Serra quem guindou o servidor ao principal cargo na área de aprovação de edificações. Em janeiro de 2005, Serra o transformou no responsável pela liberação de qualquer área construída acima de 500 m² na cidade. Desde então, o MP e a Corregedoria passaram a colecionar denúncias de cobrança de propina por funcionários da pasta comandada por Aref. Os procuradores também começaram a identificar uma meteórica evolução patrimonial. De 2005 até julho de 2008, Aref registrou 58 imóveis em seu nome, boa parte deles de alto luxo, como seis apartamentos em um prédio com vista para o Parque do Ibirapuera, o maior de São Paulo, imóveis orçados em R$ 4 milhões cada. Os investimentos de Aref não pararam. Três anos depois de assumir o posto, ele constituiu a SB4 Patrimonial, uma empresa de capital social de R$ 10 mil, que conta como sócios a mulher e dois filhos, na qual registrou outros 46 imóveis. O advogado de Aref contesta as acusações. Segundo ele, o aumento do patrimônio é fruto de investimentos imobiliários iniciados na década de 1960.
“Estamos diante do maior escândalo já visto
dentro da máquina pública paulista”
Segundo apurações do MP, Aref não está sozinho nessa grande teia de corrupção. Os promotores do caso querem ouvir nos próximos dias o secretário especial de Controle Urbano da prefeitura, Orlando de Almeida Filho, antigo chefe de Aref, que aparece nas denúncias como possível beneficiário do esquema. Orlando é corretor de imóveis, ex-presidente do Creci (Conselho dos Corretores de Imóveis) e ex-conselheiro do Secovi, sindicato do setor imobiliário em São Paulo. Em 2005, José Serra o nomeou secretário de Habitação e ele passou a chefiar Aref. Para os procuradores, Orlando de Almeida tinha conhecimento das irregularidades nos processos de anistias. No período em que Orlando comandou a secretaria (2005-2008), surgiram denúncias que envolviam a família do governador Geraldo Alckmin (PSDB). A querela tratava da regularização do prédio da Wall Street Empreendimentos, empresa do cunhado de Alckmin, Adhemar Ribeiro. O prédio foi construído em 1975, mas passou por uma ampliação na metade da década de 1990. Para efetuar a ampliação da área, a empresa deveria ter pago títulos de outorga onerosa, um recurso que possibilita ao proprietário do imóvel o pagamento para erguer edificações acima do permitido pela lei de zoneamento. As denúncias acusavam a empresa do cunhado de Alckmin de forjar o pagamento de taxas, já que a Wall Stret alterou o tamanho do prédio no carnê do IPTU, com o objetivo de diminuir o cálculo das tarifas. A firma foi acusada de deixar de pagar R$ 4 milhões em taxas relativas ao edifício. O Sistema de Processos da Prefeitura mostra que o documento no qual consta a “irregularidade grave” no pedido de regularização do prédio da Wall Street feito em 1994 foi enviado para o gabinete do secretário de Habitação no dia 29 de setembro de 2005. À época, o titular da pasta era Orlando de Almeida, que nada fez.
Dilma Rouseff faz recomendações a Brizola Neto.
Fã de carteirinha de Brizola e ex-militante do PDT, a
presidente Dilma Rousseff deu carta-branca a Brizola Neto no Ministério do
Trabalho. Brizola Neto teria uma autonomia invejável naquele Ministério. Recomendou, entretanto, que ele não usasse essa autonomia para
aparelhar o órgão e honrasse o nome da família, nas pessoas de Leonel
Brizola e João Goulart. Já comentamos aqui sobre as enormes dificuldades que
deverão ser enfrentadas por Brizola Neto naquele pasta, convivendo com
inimigos por todos os lados. Desafeto de Carlos Lupi, o ex-chefe da pasta, e
sem o apoio de parte da bancada do PDT, Brizola Neto não terá vida fácil no órgão. É bom que se diga que Brizola Neto jamais terá a estatura política de um Leonel de Moura Brizola. Se ele conseguir moralizar o órgão e impor uma conduta republicana em suas ações já terá sido de bom tamanho.
Pernambuco recebe Caravana Nordeste contra o Trabalho Infantil.
No período de 24 a 1º de junho, Pernambuco receberá a Caranava Nordeste contra o Trabalho Infantil. À frente dos trabalhos, está o Fórum Estadual de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil de Pernambuco (Fepetipe), que coordena programação em todo o Estado. Com diversas ações e estratégias, a Caravana é uma mobilização para chamar a atenção da sociedade para a necessidade de enfrentamento do problema.
O objetivo da iniciativa é contribuir para o fortalecimento das ações locais de prevenção e eliminação do trabalho infantil nos estados do Nordeste.
Desde abril, a Caravana está acontecendo em toda a região, sendo uma iniciativa do Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil (FNPETI), com o apoio da Organização Internacional do Trabalho (OIT) Brasil e Fundação Telefônica.
A programação em Pernambuco começa no dia 24 de maio, a partir das 9h, com o lançamento da Caravana, durante audiência pública na Assembleia Legislativa de Pernambuco. Na oportunidade, será reforçada a importância para o cumprimento das metas estabelecidas pelo Plano para Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil e Proteção do Adolescente Trabalhador de Pernambuco, aprovado no ano passado, pelo Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente (CEDCA-PE). Na ocasião também, em parceria com os Correios, será lançado selo comemorativo à iniciativa.
Calendário da Caravana em Pernambuco
Dentro do calendário da Caravana, a programação em Pernambuco contará com Seminários Regionais nos dias 28 de maio, no Município de Salgueiro (Sertão), 29 de maio, no Município de Garanhuns (Agreste) e 30 de maio, no Município de Goiana (Mata/Litoral). Neles, serão reunidos representantes dos governos Municipais, da Sociedade Civil, operadores de direitos da criança e do adolescente de todo o estado. Paralelamente aos seminários, serão realizadas atividades educativas com crianças e adolescentes de programas sociais.
Nos dias dos eventos nas cidades, a Caravana contará com o apoio dos Correios na divulgação. É que os carteiros – literalmente - vestirão a camisa da campanha, reforçando o grande mote da Caranava, que é o combate ao trabalho infantil, junto à população.
A Caravana em Pernambuco será finalizada com audiência com o governador do Estado, Eduardo Campos, no dia 31 de maio. No encontro, o Fepetipe apresentará os resultados colhidos durante a Caravana e solicitará o compromisso do Governo para o cumprimento das ações do Plano Estadual para Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil e Proteção do Adolescente Trabalhador.
Confira abaixo o calendário da Caravana
Nordeste
9 a 13 de abril - Ceará
16 a 20 de abril - Maranhão / Piauí
23 a 27 de abril - Rio Grande do Norte
7 a 12 de maio - Paraíba
21 a 25 de maio - Sergipe / Alagoas
28 maio a 1º junho -
Pernambuco
4 a 6 de junho - Bahia
Confira abaixo o calendário da Caravana em
Pernambuco
24 de amio - Lançamento da Caravana
9h - Assembleia Legislativa do Estado de
Pernambuco
Auditório do Anexo 2 - 6º andar - Recife
(PE)
28 de maio - Município de Salgueiro (Sertão)
8h às 13h – Seminário e Atividades educativas
Local: Instituto Federal
Endereço: BR-232 – km 508 – Zona Rural
29 de maio - Município de Garanhuns (Agreste)
8h às 13h - Seminário e Atividades educativas
Local: Autarquia de Ensino de Garanhuns
(AESGA)
Endereço: Av. Caruaru, 508 – Bairro de São
José
30 de maio - Município de Goiana
(Mata/Litoral)
8h às 13h - Seminário e Atividades educativas
Local: Av. Marechal Deodoro da Fonseca, s/n -
Centro
Dados relacionados ao Trabalho Infantil
Pesquisa Fundação Telefônica
Em Pernambuco, há 81.472 crianças e jovens em
situação de trabalho irregular no estado.
A pesquisa, feita pelo Ibope, à pedido da Fundação
Telefônica Vivo e com base de dados da Pesquisa Nacional por Amostragem de
Domicílios, PNAD, de 2009, tem índices alarmantes, embora menores que o que foi
verificado nas edições de 2002 e 2006.
No Nordeste, a Bahia e o Ceará ocupam os primeiro
e segundo lugares, com 192.710 e 110.404 jovens respectivamente. Em todo o
Nordeste, a pesquisa detectou 680.896 crianças e adolescentes, das quais 68% são
meninos e 32% meninas.
A área urbana concentra 51% do contingente e a
rural 49%. O estudo levou em consideração apenas adolescentes até 14 anos.
Dados PNAD-IBGE
Dados da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios), divulgada em 2010 pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística), apontavam 1.068.568 crianças de 5 a 13 anos “empregadas” no país.
Delas, 396.338 estão no Nordeste.
Em Pernambuco, das 835.520 crianças, 56.878
encontram-se em situação vulnerável, o que em termos percentuais equivale a
6,81% do total.
O que diz a lei
Até os 13 anos de idade, segundo a Constituição
Federal, a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e o Estatuto da Criança e do
Adolescente (ECA), o trabalho é totalmente proibido no País. Já entre 14 e 15
anos, é permitido apenas na condição de aprendiz. Dos 16 aos 17 anos, é
permitido, desde que não seja em atividade insalubre, perigosa, penosa ou em
horário noturno (a partir das 22 horas).
Constituição Federal:
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social
XXXIII - proibição de trabalho, noturno, perigoso ou insalubre aos menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de 14 anos.
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social
XXXIII - proibição de trabalho, noturno, perigoso ou insalubre aos menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de 14 anos.
Consolidação das Leis do Trabalho
Art. 403. É proibido qualquer trabalho a menores de dezesseis anos de idade, salvo na condição de aprendiz, a partir dos quatorze anos.
Art. 403. É proibido qualquer trabalho a menores de dezesseis anos de idade, salvo na condição de aprendiz, a partir dos quatorze anos.
Estatuto da Criança e do Adolescente
Art. 60. É proibido qualquer trabalho a menores de dezesseis anos de idade, salvo na condição de aprendiz.
Art. 60. É proibido qualquer trabalho a menores de dezesseis anos de idade, salvo na condição de aprendiz.
Comissão Pernambuco da Caravana Nordeste contra
o Trabalho Infantil
Ana Azevedo - Secretaria Estadual da Criança e da
Juventude
Janine Rego de Miranda – Ministério Público do
Trabalho
Mabel de Carvalho – Sindicato da Indústria do
Açúcar e do Álcool em Pernambuco
Paulo Lago – Centro Dom Helder Camara
(Cendhec)
Simone Brasil – SRTE/PE - Ministério do Trabalho e
Emprego
João Paulo viaja no dia "D" do PT.
Depois de esquentar o ambiente político com declarações
contundentes no sentido de que não subiria no palanque de João da
Costa de “jeito nenhum”, o Deputado Federal João Paulo está de viagem agendada
para África do Sul, no domingo, dia das prévias. Especula-se muito sobre essa
viagem de João, exatamente nesse momento crucial para o projeto de Maurício
Rands. Todas as especulações giram em torno dos prognósticos sobre o vencedor
das prévias. Há quem afirme, por exemplo, que Eduardo Maia, seu astrólogo, já o teria avisado
sobre a possível vitória do seu desafeto, João da Costa. Se João da Costa ganhar as prévias, além das mudanças na correlação de forças políticas dentro do PT - mas com reflexo no contexto da política local - apesar de ser um militante disciplinadíssimo, João Paulo não teria como continuar nesse projeto, especulando-se sobre qual seria o seu rumo. Ontem a impresna nacional comentou que o próprio governador, caso João da Costa vença as prévias, cogita retirar o Coelho da cartola. Por outro lado, o grupo alternativo liderado pelo senador Armando Monteiro apresentaria um candidato mesmo sem o sinal verde do Campo das Princesas. De qualquer forma, parece-nos estranho essa saída de João Paulo no momento do "impulso final". Mais tarde publicaremos uma crônica sobre o assunto.
DEM e PSDB: Política do café com acarajé.
O DEM e o PSDB estão traçando a política do café com acarajé,
conforme bem lembrou o jornalista Josias de Souza do portal UOL. Na Bahia,
apesar dos protestos, o PSDB deve apoiar ACM Neto, enquanto em São Paulo o DEM
empresta seu apoio à candidatura do tucano José Serra. Os caciques dos
Democratas ainda insistem em indicar o vice, mas a disputa está acirrada com o
prefeito Gilberto Kassab, que deseja indicar para o cargo o seu secretário de
Educação, Alexandre Schneider, um serrista de carteirinha. Diante do impasse da candidatura de José Serra, o DEM chegou a
cogitar lançar, inclusive, um candidato próprio àquele pleito, apenas para
fazer “beicinho”. Na Bahia, o deputado federal Antonio Embassahy, que foi preterido do projeto de disputar a Prefeitura de Salvador em razão das
negociações em São Paulo, não perdoa a atitude do PSDB. No início dessas negociações entre o DEM e o PSDB, também comentou-se que os Democratas desejavam que o PSDB local apoiassem a candidatura de Mendonça Filho à Prefeitura da Cidade do Recife, mas Daniel Coelho, por enquanto, continua no páreo, inclsuive se movimentando mais do que o candidato dos Democratas.
Caruaru: Brigas entre Queiroz e Lyra favorecem candidatura do DEM.
As brigas entre o atual prefeito de Caruaru, José Queiroz, e o
vice-governador, João Lyra, estão contribuindo para o surgimento de um novo
prato no cardápio dos caruaruenses: Miriam Lacerda, a candidata do DEM já
lidera as primeiras sondagens de opinião para as eleições de 2012. Uma raposa
do xadrez político da Princesa do Agreste chegou a afirmar que ali só havia
espaço para charque ou carne de sol, numa referência à polarização da política
local, capitaneadas por duas famílias tradicionais. A eleição de Tony Gel, que
não resiste ao filé de bode servido do Alto do Moura, teria contribuído para distensionar um
pouco essa atmosfera de polarização políitca. Queiroz e Lyra não se entendem e isso vem contribuindo para a
ascendência da candidatura do DEM na capital do forró. Os estrategistas da candidata Miriam Lacerda já teriam aconselhado-a a não se envolver no imbróglio. Caruaru é um dos poucos redutos onde o DEM ainda é forte em Pernambuco, mas é certo que o Campo das Princesas jogará pesado para reeleger José Queiroz. Queiroz é um aliado de primeira linha do governador Eduardo Campos.
Comisão da Verdade. As tensas relações entre civis e militares no Brasil.
A relação entre civis e militares no Brasil continua num
grau de tensionamento ainda bastante preocupante para um país que caminha para
consolidar sua democracia. Por diversas vezes comentamos este assunto
aqui no Blog do Jolugue. Essas relações conflituosas, inclusive, subsidiam estudos
conjunturais - alguns com aval da academia - no sentido de sustentar a
tese de que vivemos numa semidemocracia. Agora mesmo, por ocasião da
instituição da Comissão da Verdade, comenta-se que os comandantes militares
mantiveram um silêncio profundo durante o discurso da presidente Dilma
Rousseff, enquanto a platéia a aplaudia insistentemente. Conforme comentamos
anteriormente, há uma grande insatisfação na caserna sobre essa Comissão.
Antes, essas insatisfações se resumiam aos chamados clubes do pijama, que reúne oficiais aposentados, mas acredita-se
que setores da ativas também estão torcendo a cara para o trabalho da Comissão, que
deverá investigar violações dos direitos humanos ocorridas no Brasil no período de 1946 a 1988,
sobretudo os crimes cometidos pela ditadura militar. Embora Dilma tenha feito
um discurso de “ex-guerrilheira”, afirmando que não há perdão para crimes de
tortura e de ocultação de cadáveres, todos sabem que trata-se, infelizmente,
apenas de retórica. Ademais, como se reportou o Ministro da Defesa, Celso Amorim,
outro dia, uma boa parte dessa nova geração de militares não estiveram
envolvidos com aqueles acontecimentos. Portanto, não há o que temer. A Comissão cumprirá o excepcional papel
de trazer à luz a verdade histórica, minimizando o sofrimento de parentes, como
a mãe do pernambucano Fernando Santa Cruz, Dona Elzira, que, a julgar pelas
declarações recentes de um ex-delegado do Dops, teria sido incinerado num forno de
uma usina de açúcar, no interior do Rio de Janeiro. Dilma, aliás, pediu que os membros da Comissão priorizassem os esforços nesse sentido.
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