José Anselmo dos Santos, mais conhecido como Cabo Anselmo,
protagonista de alguns episódios emblemáticos durante a Ditadura Militar, teve
seu pedido de indenização negado pela Comissão de Anistia. O cabo Anselmo é um velho
conhecido dos leitores do Blog do Jolugue. Num determinado momento, tivemos a
oportunidade de relatar acontecimentos nos quais ele esteve envolvido, como o “Massacre
da Granja São Bento", ocorrido na cidade de Abreu e Lima, onde vários “companheiros” de militância foram
assassinados, delatados por Anselmo. Havia no grupo, inclusive, uma jovem com a qual ele
mantinha um relacionamento amoroso, que estava grávida de um filho seu. Comenta-se que,
neste momento, já não havia mais nenhuma dúvida sobre a sua condição de agente da
ditadura infiltrado nos aparelhos da luta armada. Circula a versão de que ele
seria “justiçado” pelos “companheiros”. Em uma de suas últimas entrevistas,
concedida ao programa Roda Viva, da TV Cultura, Anselmo afirma que não tinha
conhecimento sobre a gravidez de Soledad Barrett, na versão do Cabo, uma agitadora comunista profisisonal, o que não minimiza sua
responsabilidade direta pelo massacre. Os militares chegaram a afirmar que
teria havido um conflito, mas logo essa versão cairia por terra. Os corpos
foram encontrados com sinais de tortura e, em sua maioria, foram mortos
com tiro na nuca. Questionado pelos entrevistadores sobre como
sobrevive, Anselmo afirmou que ainda hoje recebe a ajuda de alguns “amigos”,
possivelmente aqueles que contribuíam para as famosas “caixinhas” da repressão
à luta armada. Há muitas evidências de que o cabo Anselmo, desde os
levantes dos marinheiros, sempre atuou com o objetivo de infiltrar-se entre os
guerrilheiros. É basicamente essa a justificativa para que ele não faça jus a
qualquer indenização. Aliás, nós não sabemos se ele, de fato, se chama Anselmo.
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