A relação entre civis e militares no Brasil continua num
grau de tensionamento ainda bastante preocupante para um país que caminha para
consolidar sua democracia. Por diversas vezes comentamos este assunto
aqui no Blog do Jolugue. Essas relações conflituosas, inclusive, subsidiam estudos
conjunturais - alguns com aval da academia - no sentido de sustentar a
tese de que vivemos numa semidemocracia. Agora mesmo, por ocasião da
instituição da Comissão da Verdade, comenta-se que os comandantes militares
mantiveram um silêncio profundo durante o discurso da presidente Dilma
Rousseff, enquanto a platéia a aplaudia insistentemente. Conforme comentamos
anteriormente, há uma grande insatisfação na caserna sobre essa Comissão.
Antes, essas insatisfações se resumiam aos chamados clubes do pijama, que reúne oficiais aposentados, mas acredita-se
que setores da ativas também estão torcendo a cara para o trabalho da Comissão, que
deverá investigar violações dos direitos humanos ocorridas no Brasil no período de 1946 a 1988,
sobretudo os crimes cometidos pela ditadura militar. Embora Dilma tenha feito
um discurso de “ex-guerrilheira”, afirmando que não há perdão para crimes de
tortura e de ocultação de cadáveres, todos sabem que trata-se, infelizmente,
apenas de retórica. Ademais, como se reportou o Ministro da Defesa, Celso Amorim,
outro dia, uma boa parte dessa nova geração de militares não estiveram
envolvidos com aqueles acontecimentos. Portanto, não há o que temer. A Comissão cumprirá o excepcional papel
de trazer à luz a verdade histórica, minimizando o sofrimento de parentes, como
a mãe do pernambucano Fernando Santa Cruz, Dona Elzira, que, a julgar pelas
declarações recentes de um ex-delegado do Dops, teria sido incinerado num forno de
uma usina de açúcar, no interior do Rio de Janeiro. Dilma, aliás, pediu que os membros da Comissão priorizassem os esforços nesse sentido.
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