Em Pernambuco existe uma conhecida raposa política que optou por se recolher aos seus aposentos depois de sofrer uma grande refrega nas urnas. Imagino que não deve ter abandonado a política completamente, um ofício ao qual se dedicava 24 horas por dia. Dormia pouco, comia sanduíche de mortadela, mas garantia seus feudos nas principais repartições públicas federais do Estado, sobretudo nos Governos de Fernando Henrique Cardoso. Publicamente, sua assessoria informa que hoje ele se dedica às orações e à leitura dos jornais. Sim, ele é católico fervoroso e esteve entre os civis que apoiaram o golpe militar de 1964. Essas raposas sempre nos deixam algumas "lições" de política, para o bem ou para o mal. Getúlio, Agamenon, Magalhães Pinto. Este último costumava dizer que política era como as nuvens. Mudava constantemente. A raposa pernambucana à qual nos referimos, tinha o hábito de afirmar que política é a arte do possível. Talvez a expressão que melhor se configure para definir o quadro da conjuntura política nacional, onde o Governo de Dilma Rousseff se vê contingenciado a fazer uma série de concessões aos setores "derrotados" nas urnas, inclusive aceitando a indicação de nomes vinculados aos setores conservadores e reacionários da política brasileira. No limite, há quem informe que esses setores ganharam o "terceiro turno". Já observávamos algumas coisas "estranhas" pela província, como alun@s da primeira fila dessa tal raposa estarem ocupando cargos de relevância nas repartições públicas federais no Estado. Mas, afinal, como informava os petistas mais autênticos, não havia muitas ilusões. O Governo Dilma é de centro-esquerda. O que mata é sairmos às ruas, travarmos uma batalha diária pelas redes sociais, e nos depararmos com essas "Dianas de Pastoril", certamente, rindo de nossa cara. Independentemente da cor da manta, eles vão estar lá. Alguns deles fizeram abertamente campanha para Aécio Neves. Pode um negócio desses? Por incrível que possa parecer, no plano interno do PT, Dilma parece querer fortalecer suas alianças mais à esquerda, favorecendo tendências como "Mensagem ao Partido" e "Democracia Socialista". Assim como em todo o Brasil, os petistas pernambucanos estão com a orelha em pé, sobretudo a turma da Articulação Unidade na Luta, tendência majoritária no Estado, cujos principais expoentes não conseguiram se reeleger nas últimas eleições. Pelo andar da carruagem política, não nos surpreendamos se Dilma nomear mais gente do "PRI" do que do "PAN", a exemplo do que ocorreu com Vicente Fox, um ex-executivo da Coca-Cola, quando foi eleito presidente do México, "desbancando" uma hegemonia de 70 anos do Partido Revolucionário Institucional, cujos tentáculos haviam se espalhado por todas as instituições mexicanas. É a política, meu filho. Só não nos peçam para compactuar com isso.
Com o retorno ao Senado Federal, Aécio Neves (PSDB) vai travar uma batalha diária para marcar território e tentar se firmar como líder da oposição. Enquanto governadores eleitos pelo partido tucano tentam se reaproximar da presidenta Dilma Rousseff, o tucano ainda precisará disputar espaço com o senador eleito por São Paulo e antigo desafeto José Serra.
A tentativa de reabertura de diálogo por parte do PSDB com a presidenta reeleita começou logo após o fim das eleições. Os governadores Geraldo Alckmin, de São Paulo, Beto Richa, do Paraná, e Marconi Perillo, de Goiás, sinalizaram ser preciso ampliar o relacionamento com o governo federal, apesar do resultado do pleito.
Além disso, o papel de bom articulador político não foi mostrado por Aécio nos quatro primeiros anos de mandato no Senado Federal. O senador não conseguiu aprovar nenhum projeto e não votou sequer a proposta para redução de maioridade penal. O tema, defendido durante campanha eleitoral, é de autoria de Aloysio Nunes (PSDB), candidato a vice na chapa dos tucanos.
Aécio retornou ao Congresso Nacional nesta terça-feira (05), onde foi recebido por uma claque convocada pelas redes sociais do partido. No primeiro pronunciamento, manteve o mesmo discurso utilizado enquanto era candidato à Presidência e afirmou ser a “voz de 51 milhões de brasileiros na oposição”.
Para o cientista político Michel Zaidan, Aécio ainda não “acordou” da campanha e não absorveu a derrota. “Estão querendo prolongar a disputa no âmbito parlamentar. Querem transformar uma oposição construtiva em algo obstrucionista, com ânimos de combate e não de colaboração”, explica Zaidan.
De acordo com o cientista político, a chegada de José Serra ao Senado poderá mexer com a oposição e com os ânimos de Aécio. Zaidan avalia que o senador recém-eleito por São Paulo é mais bem preparado e ameaça o protagonismo de Aécio por ser um concorrente natural à liderança do PSDB no Congresso Nacional.
“Aécio é um político de palanque. Serra pode empalmar o brilho dele no Senado, pois eles são concorrentes desde sempre”, afirma.
Vitória – O líder do PT no Senado, Humberto Costa, respondeu ao pronunciamento de Aécio Neves no Senado e disse ser preciso desmontar os palanques. O senador defendeu o resultado das eleições presidenciais e criticou aqueles que não sabem perder.
“A oposição precisa ter a visão clara de que há muitas coisas que nós temos que trabalhar, inclusive em conjunto”, disse Costa.
Para a presidenta Dilma, o ressentimento por parte de quem perde as eleições é fruto de incompreensão do processo democrático.
“Qualquer tentativa de retaliação por parte de quem ganhou ou ressentimento por parte de quem perdeu é uma incompreensão do processo democrático. Criaria no Brasil um quadro caótico, por exemplo, o fato do presidente eleito por um lado não conversar com o governador eleito do outro”, afirmou Dilma nesta quarta-feira (5), após reunião com lideranças do PSD, em Brasília.
Por Mariana Zoccoli, da Agência PT de Notícias









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