pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO.
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terça-feira, 15 de julho de 2025

Editorial: As duras alegações finais da PGR sobre o núcleo crucial da tentativa de golpe.



O procurador-geral da PGR, Paulo Gonet, se manteve impávido durante o julgamento dos implicados do chamado núcleo crucial da tentativa de golpe de Estado. Praticamente apenas se pronunciou quando foi solicitado pelo condutor dos trabalhos da Primeira Turma do STF, o Ministro Cristiano Zanin. Um olhar mais atento sobre o seu semblante, no entanto, pode indicar a quantas andam o seu cérebro, estabelecendo conexões entre os fatos, identificando contradições, manhas e artimanhas engendradas pelos advogados de defesa dos envolvidos. Suas intervenções foram bastante pontuais, exceto no início dos trabalhos, quando tinha que expor as conclusões da PGR.  

Suas alegações finais sobre o núcleo crucial da tentativa de golpe de Estado é um bom exemplo do que estamos falando. Em 512 páginas, Gonet expõe as vísceras de mais uma tentativa de solapar as instituições democráticas no país, impondo-nos um regime de exceção de consequências sensivelmente danosas para o nosso tecido social. Como o teor dessas informações acabam chegando à imprensa de alguma forma, sabe-se por exemplo, do pedido de condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro e dos demais envolvidos neste grupo, além da minimização dos benefícios da delação premiada concedida ao ex-Ajudante de Ordem da Presidência da República, o tenente-coronel Mauro Cid. 

Se tal raciocínio prevalecer, isso pode significar um grande problema para o militar. Salvo melhor juízo, se ele for preso por mais de dois anos, poderá ter problema com a sua carreira militar, abrindo-se as condições para uma eventual expulsão das Forças Armadas. Ao longo do tempo, essa delação premiada do coronel Mauro Cid foi marcada por problemas em série, que a expuseram ao crivo da Polícia Federal e do próprio STF, depois de constatadas eventuais contradições do seu teor. 

Editorial: O inferno astral de Jair Bolsonaro.


No dia de ontem, 14, numa situação que já seria esperada, a Procuradoria-Geral da República, através do procurador Paulo Gonet, pediu a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro, assim como a de outros integrantes acusados na trama golpista. Durante audiência recente, o tenente-coronel Mauro Cid, confirmou informações já prestadas anteriormente, onde se conclui que o ex-presidente tinha conhecimento da minuta do golpe. O tarifaço de 50% imposto pelo Estados Unidos para os produtos de exportação brasileiros já começam a produzir seus efeitos dantescos, com toneladas de produtos de exportação retidos no porto de SUAPE. Os empresários brasileiros estão enfurecidos com esta situação. 

Há rumores de que esse mau humor já teria chegado aos emissários do Centrão, com o argumento de que eles teriam perdido a paciência com o ex-presidente Jair Bolsonaro, o pivô de todos esses embaraços, uma vez que tais índices foram aplicados como retaliação do Governo Americano contra o Governo Brasileiro, em razão das encrenca jurídicas que enfrentam o ex-presidente. Não se trata de uma questão econômica, mas política. Essencialmente política.  Essas tarifas se constituem hoje como um arsenal utilizado para pressionar outros países a aceitarem as cláusulas impostas pelos Estados Unidos. Sabe-se, mais recentemente, que Donald Trump também fez pressão, utilizando-se do mesmo expediente, à Rússia, que respondeu lançando mais mísseis contra a Ucrânia.

É curiosa essa engenharia política montada por esta operação desastrosa do Governo dos Estados Unidos. Internamente, Lula melhora seus índices de aprovação junto a uma camada social que já esboçava indícios de que o estaria abandonando, os mais pobres, quando se propõe a cobrar mais impostos dos mais aquinhoados. Estamos nos referindo aqui à contenda do IOF. Por outro lado, nesta briga tarifária com o Governo Americano, o petista começa a amealhar a simpatia do um grupo social antes refratário, o empresariado, desesperado com os reflexos sobre os seus negócios. 

segunda-feira, 14 de julho de 2025

Editorial: Lula great again?

 


As derrapadas dos seus adversários podem fazer ressurgir um Lula great again. São os caminhos tortuosos da política. Num vídeo postado por sua esposa, Rosângela da Silva, o presidente Lula aparece saboreando as jabuticabas de sua residência em Brasília, assegurando que deverá presenteá-las ao presidente americano Donald Trump, quando de sua visita. Certamente o presidente Trump deverá gostar da fruta, muito apreciada entre os brasileiros. A jabuticaba é uma fruta brasileira, salvo melhor juízo, do bioma da Mata Atlântica. Esta tudo errado com esta medida americana de estipular uma exorbitante tarifa de 50% para os produtos de exportação brasileiros. Portanto é difícil assegurar se as mesas de negociações no campo diplomático poderão resolver este problema. 

O que Trump deseja é impossível de ser concedido pelo Governo Brasileiro. Onde já se viu estipular uma tarifa de importação tão absurda somente para que o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro seja revertido. A situação é tão absurda que demoramos a chegar este raciocínio, mas sugere-se que seja isto mesmo, quando se considera o teor da carta e a reação de um dos membros do clã bolsonaro quando o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, sugeriu acionar a Embaixada dos Estados Unidos no país para as negociações. Trump deseja que o seu amigo brasileiro seja anistiado. Hoje, Paulo Gonet, da PGR deve apresentar as alegações finais e o julgamento procegue, sendo muito pouco provável que o ex-presidente Jair Bolsonaro escape de uma condenação. 

Já estão surgindo vários problema com esta medida, como o envio de toneladas de pescados brasileiros que estão precisando voltar ao país. Os americanos são grandes importadores de nosso pescado, principalmente de produtos como camarão e lagostas. Enquanto essa sandice continuar, os marqueteiros do Planalto reelaboram suas estratégias de comunicação institucional, desta vez surfando em boas ondas. Aguarda-se para os próximos dias uma grande pesquisa de um instituto sobre a popularidade do Governo Lula 3. Não se surpreendam se tivermos uma Fênix surgida das cinzas.  

domingo, 13 de julho de 2025

Charge! Dálcio Machado via Facebook.

 


Editorial: Até tu, Estadão?


Certamente, um dos textos que mais repercutiram neste domingo, 13, foi o editorial do jornal O Estado de São Paulo, com título Aprendizes de Bolsonaro, onde o jornal paulista faz ponderações críticas aos governadores de oposição ao Governo Lula 3, em particular ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, de Minas Gerais, Romeu Zema, e de Goiás, Ronaldo Caiado. Na esteira da campanha presidencial de 2026, onde esses governadores são apontados como eventuais postulantes, todos eles tentaram obter alguma vantagens em perfilarem ao lado do presidente americano, Donaldo Trump, tentando responsabilizar Lula pelo ocorrido, abdicando da defesa de princípios que estão acima das ideologias e das conveniências políticas de ocasião, como nesta caso da proposta indecente de estipular tarifa de 50% para os produtos de exportação brasileiros.  

A defesa dos interesses nacionais, das unidades federativas sob o comando desses governadores, a defesa da democracia, da soberania nacional é o que está em jogo. Na realidade, cada um ao seu modo, o editorialista do jornal aponta que todos eles embarcaram numa espécie de canoa furada, de colorações antidemocráticas, ou seja, o espólio do bolsonarismo mais radical. Precisamos, na realidade, de uma direita com um outro perfil, mais responsável, responsiva, intransigente na  defesa dos interesses nacionais, de compromissos velados com os princípios republicanos e democráticos. O jorna da família Mesquita, segundo as críticas à esquerda ao editorial, teria desembarcado do bolsonarismo. No final do texto, o jornal considera Jair Bolsonaro alguém com um perfil não assimilável a um sistema democrático. 

Naquele encontro consigo mesmo, antes do sono sagrado chegar, o governador Tarcísio de Freitas deve ter chegado à conclusão sobre os enormes erros de avaliação que cometeu durante este episódio. Até com membros do clã bolsonaro que ele tentou defender andou se estranhando. Soubemos recentemente que além do PSOL, o PT também pretende acionar a justiça contra o governador paulista, alegando obstrução da ação penal que envolve os indiciados na tentativa de golpe no país. A justiça aqui poderá considerar que houve uma espécie de açodamento ou uma tempestade num copo d'água e desconsiderar as alegações do PT e do PSOL. A bronca mesmo é que a Faria Lima já havia ungido o governador como um ator político confiável ao status quo conservador para as eleições presidenciais de 2026. 

Editorial: O Brasil é dos brasileiros.


Apesar dos inegáveis esforços, o consenso era de que as mudanças na comunicação institucional do Governo Lula ainda não havia superado a tendência de queda livre de popularidade. O próprio Lula, em alguns momentos, foi acusado de não seguir rigidamente as recomendações do marqueteiro Sidônio Palmeira, que entrou na Secom com uma missão espinhosa, a de superar os percalços de popularidade do Governo Lula3, quando se sabia que o problema era estrutural, generalizado e não poderia ser resumido ou creditado apenas a uma questão de comunicação institucional. A rigor, o Governo Lula 3 não consertou tais problemas estruturais, como as enormes de dificuldades de lidar com o controle das contas públicas.  

Seus opositores, dentro e fora do país, na realidade, deram o mote que Lula estava esperando para voltar a surfar em índices de popularidade confortáveis e credenciar-se a uma nova candidatura, algo que, até então, parecia fadado ao esquecimento. A oposição bolsonarista aqui e seus apoiadores alhures deram a Lula uma sobrevida e salvaram o marqueteiro Sidônio Palmeira de uma grande encrenca, pois, sem tais ingredientes novos, possivelmente os índices de popularidade não seriam revertidos, a despeito de uma série de programas que estão sendo implementados ou previstos, todos com o objetivo de conquistar a simpatia de determinados segmentos do eleitorado. As colheitas e reconstrução do passado hoje abrem espaço para os pobres contra ricos e, sobretudo em defesa do nacionalismo, traduzidos em slogan do tipo O Brasil é dos Brasileiros, que, segundo fontes, poderá ser usado por todos os ministros do Governo a partir de então. 

Uma colunista de um grande jornal criticou o fato de o Ministro da Comunicação Institucional, Sidônio Palmeira, priorizar seus esforços nas redes sociais. Hoje, no entanto, a batalha nas redes sugere-se que esteja mais equilibrada, impulsionada com o combustível fornecido pela direita e pela extrema direita. Até governadores de estado de oposição, que embarcaram na sandice das taxas de 50% apenas porque estava sendo proposta por um aliado, hoje se arrependem quando precisam lidar com realidade de exportação do entes federativos governados por eles, como é o caso de São Paulo. Até o agronegócio, um segmento do eleitorado refratário a Lula desde sempre, hoje está contingenciado a apoiar a defesa do interesse nacional. 

Charge! Thiago via Jornal do Commércio.

 


Editorial: O Brasil não atinge a meta de alfabetização infantil.



O sociólogo Gilberto Freyre enfrentou algumas dificuldades em seu processo de alfabetização. Foi alfabetizado primeiro em inglês, através de um professor particular contratado pela família, e, somente depois, inteirou-se sobre a língua de Camões. Isso não o impediu de se tornar, ao longo dos anos, ao lado do poeta João Cabral de Melo Neto, seu primo, um dos maiores expoentes da língua portuguesa no mundo. Quando instigado a escreve em inglês, durante sua temporada de estudos nos Estados Unidos, afirmava sempre que não sabia dançar em inglês, o que fazia tão bem em língua portuguesa. Escreveu um dos mais emblemáticos textos sobre a interpretação do Brasil, praticamente inaugurando os estudos sobre a escravidão no país, ainda na década de 30, numa linguagem mais literária do que científica. 

Curioso que essa forma de abordagem de temas crucias para o país numa linguagem literária é merecedora de rasgados elogios, de um lado, o lado dos seus admiradores, e apontada pelos seus críticos como um dos pontos fracos quando cotejada com outros trabalhos de perfil mais "científicos" sobre a interpretação do país, a partir de uma matriz teórica do marxismo, a exemplo de Jacob Gorender. Gilberto, no entanto, é uma exceção à regra. Quando o aluno comum deixa de ser alfabetizado entre a idade de 6 e 7 anos, o que corresponderia ao primeiro e segundo anos do fundamental, a coisa quebra na emenda, comprometendo os próximos ciclos de estudos. Trata-se da pedra angular da educação básica. Quem chega a essa fase e não for devidamente alfabetizado terá problemas pelo resto de sua formação. 

Há alguns meses, percebíamos que o MEC parecia que não queria dialogar com este assunto espinhoso, principalmente no que concerne ao segundo ano do fundamental, recorrendo a outros indicadores, que não o SAEB, o Sistema de Avaliação da Educação Básica, para divulgar outros dados. O jornalismo do jornal O Estado de São Paulo, que publicou duas matérias longas tratando deste assunto, e o próprios servidores do INEP alegaram a necessidade de que os números do SAEB fossem divulgados. O resultado é que o MEC foi reprovado neste quesito. Não atingimos a meta de alfabetização na idade certa. O problema alegado foi a catástrofe no Rio Grande do Sul.  

sábado, 12 de julho de 2025

Editorial: O boné de Tarcísio.

 



Ninguém, com o mínimo de bom senso, poderia embarcar na defesa de uma tarifa de 50% para exportação de produtos. Passado o calor das emoções iniciais, quando a atitude do presidente norte-americano acendeu o entusiasmo dos bolsonaristas locais, o que deve ter se seguido foi uma reflexão mais consequente acerca deste fato, antevendo-se suas consequências para o conjunto das exportações brasileiras para aquele país. O governador Tarcísio de Freitas tirou o boné, apagou uma postagem numa de suas redes sociais e, como se não fosse ainda suficiente, teria procurado a Embaixada Americana no Brasil no sentido de propor uma solução negociada em relação à essas tarifas absurdas impostas pelo governo americano aos produtos de exportação brasileiro. 

Num único equívoco de avaliação política, o governador Tarcísio de Freitas forneceu uma carrada de munição a seus adversários e até aos aliados, a exemplo da família Bolsonaro que ficou profundamente insatisfeita com a sua procura à Embaixada American. O presidente Lula, numa entrevista logo em seguida, cobrou a retirada do boné do governador das redes sociais, alegando que, apesar da retirada, a população sabe qual é o lado do governador. Por outro lado, o deputado federal do PSOL, Guilherme Boulos, está solicitando a abertura de uma investigação contra o governador, argumentando que ele poderia está tentando facilitar uma eventual fuga do ex-presidente Jair Bolsonaro, quando solicitou ao STF a liberação do seu passaporte para que o ex-presidente pudesse negociar pessoalmente com o presidente Trump a redução dos índices dessas tarifas de exportação dos nossos produtos. 

Erros de avaliação tem suas consequências. A direita brasileira e o governo norte-americano forneceram as condições ideais para uma sobrevida das forças do campo progressista brasileiro, que tomaram um impulso surpreendente, embaladas pela defesa dos pobres contra os ricos e pelo nacionalismo.   O danado é que Trump vai precisar ceder; não muda nada em relação ao andamento do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, que deverá ser condenado; e, talvez ainda pior - para eles, claro - tirou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva das cordas. 

sexta-feira, 11 de julho de 2025

Editorial: O uso das tarifas para proteger ditadores.


Antes mesmo que ele fosse contemplado com o prêmio Nobel de Economia, já acompanhávamos o trabalho do economista americano Paul Krugman, discutindo algumas de suas teses em sala de aula. Sabíamos que era apenas uma questão de tempo para que o seu trabalho fosse reconhecido ou legitimado, como preferia o sociólogo francês, Pierre Bourdieu. Não se fala noutro assunto, desde que o presidente Donald Trump resolveu comunicar ao Governo Brasileiro que estava estipulando uma tarifa de 50% para os produtos de importação brasileiros. O Jornal do Commércio de hoje, 11, traz uma importante matéria, ouvindo produtores nordestinos, que calculam que isso representaria um prejuízo de 16 bilhões mensais para os nossos produtos de exportação. 

O mesmo jornal traz uma série de pronunciamentos de homens públicos, políticos, economistas, empresários, todos enfatizando a sandice de uma medida como esta. Uma loucura que nem vale a pena comentar. O Governo Lula3, juntamente com o Judiciário, ajustam a resposta ao Governo Norte Americano em relação ao assunto. Comenta-se que o Governo brasileiro poderia recorrer à Organização Mundial do Comércio, mas sabe-se, de antemão, como encontram-se fragilizados os mecanismos de arbitragem desses organismos internacionais nesses tempos bicudos que o planeta enfrenta. Este ajuste de resposta faz sentido na medida em que os assédios começaram pelo Judiciário, com a adoção de medidas contra membros de nossa Suprema Corte. 

Há algumas brigas paroquiais entre membros do Executivo e governadores de oposição que resolveram encontrar algum expediente de defesa dessa proposta estapafúrdia e indecente,  quando não defendendo os índices estipulados pelo governo americano, responsabilizando atitudes tomadas por Lula pelo ocorrido. É mais ou menos como se eles afirmassem: Quem mandou não ser bonzinho ou contrariar o governo americano? Agora arque com as consequências, como se isso não afetasse a todos os brasileiros. O economista pernambucano Sérgio Buarque, afirma que isso não se sustenta - também consideramos que não - e o Paul Krugman, matou a charada: trata de uma chantagem tarifária com o propósito de defender ditadores pelo mundo afora. Há que se acrescentar por aqui que, mesmo do ponto de vista das chantagens políticas, tais expedientes não deram certo. Aqui, na realidade, tem favorecido o apoio da população ao presidente Lula e tirado Sidônio Palmeira da enrascada de encontrar um mote que vingasse pelas redes sociais. Este pegou!

quinta-feira, 10 de julho de 2025

Charge! Dálcio Machado via Facebook.

 Pode ser uma imagem de texto

Charge! Renato Aroeira via Brasil 247

 Pode ser uma arte pop de texto que diz "BANANINHA BANANINHAEBANANÃO E BANANÃO MAK6 GREAT GUMATAOA HAMERIC AMERIC AGAIN E1R2225 ARO BRASILZ47"

Conde garante aprovação e representação para a 5ª Conferência Estadual de Igualdade Racial.


Nesta quarta-feira (10), durante a abertura da plenária de atualização da 5ª Conferência Estadual de Promoção da Igualdade Racial da Paraíba, realizada na Acadepol, o município do Conde conquistou a aprovação das quatro propostas encaminhadas para a etapa nacional. O evento, marcado por democracia, diálogo e reparação histórica, reuniu delegadas, delegados, representantes de órgãos estaduais, municipais e da sociedade civil, além de povos quilombolas, de religiões de matriz africana e representantes do movimento negro.

“É simbólico, porque é muito difícil aprovar todas as propostas enviadas. Além disso, conseguimos eleger cinco delegados: um da gestão estadual, um da gestão municipal, um de representatividade do povo negro, um quilombola e um das religiões de matriz africana. Isso mostra a força e o engajamento do Conde na luta por igualdade racial”, destacou José Serpa, secretário de Articulação Política do município. Durante a conferência, também foram debatidas políticas públicas prioritárias para enfrentamento ao racismo, promoção da igualdade e reparação histórica.

“Este momento é muito importante porque reúne governo e sociedade civil para definir prioridades e construir um processo de memória e reparação. A diáspora africana construiu este país, e é essencial garantir direitos e cidadania plena para a população negra, sendo a maioria”, ressaltou Lídia Moura, secretária de Estado da Mulher e da Diversidade Humana.

Charge! Thiago via Jornal do Commercio.

 Charge do dia por Thiago Lucas

Editorial: A crise das universidades públicas brasileiras.

UFPE se mantém entre as 10 melhores universidades do Brasil | Tribuna  Online | Seu portal de Notícias


Há poucos dias foi publicado um ranking sobre o desempenho das universidades públicas brasileira. As notícias não são boas, uma vez que os indicadores apontam para a queda de desempenho dessas instituições de ensino superior. Neste quesito, a UFPE sempre esteve bem posicionada, colocando-se entre as melhores do país. Há poucos meses, o Governo Lula 3 anunciou, com grande estardalhaço, a liberação de R$ 9 bilhões para as universidades públicas e institutos de pesquisa. Lá atrás, porém, estima-se que tenha ocorrido cortes da ordem 33 bilhões do orçamento destinada àquelas instituições, o que indicava, de imediato, que a conta não fechava. No dia de ontem estávamos acompanhando, com tristeza, um vídeo do reitor da Universidade Federal de Pernambuco, Alfredo Gomes, onde ele informa sobre a necessidade de cortar gastos, encerrar contratos e interromper novos editais de pesquisa, tudo isso imposto por um déficit de 23,9 milhões no orçamento da Instituição. 

A UFPE, para manter suas atividades plenamente, precisaria de um orçamento da ordem de 202,3 milhões, e hoje só conta com 178,8 milhões. Devo toda a minha formação àquela Instituição de ensino superior. Da graduação à pós-graduação. Bons momentos de minha vida foram passados ali, acompanhando aulas no CAC, no CFCH, no CE, apresentando trabalhos, pesquisando, almoçando no antigo Restaurante Universitário, saboreando o Tropical, da Cantina do Daniel, acompanhando as performances do almirante Guimarães no Bar da Tripa, às sextas-feiras, namorando naquela pracinha que fica nas proximidades do Departamento de Ciências Sociais Aplicadas. Batendo uma pelada nos campos do Departamento de Educação Física, onde, numa manhã, em disputa da turma de Humanas com a turma de Exatas, fizemos um gol épico, driblando três adversários e atirando do meio de campo um chute certeiro, que caiu como uma folha seca, sem defesa para o goleiro adversário, recordando dos bons tempos do Monte Castelo Futebol Clube. Portanto, é com imenso pesar que acompanhamos esta situação. 

Pelo que conseguimos observar nos grupos sociais que acompanhamos, a crise parece ser generalizada entre as IFES e os Institutos Federais. Há comentários neste sentido envolvendo outras IFES. Aqui em Pernambuco, quando ocorreram seminários para tratar desses problemas, salvo melhor juízo, todas as universidades federais do estado estavam juntas. Por outro lado, os maus exemplos com o uso dos recursos públicos, seja pelo desvio de finalidades, seja pela criação de novas despesas, como a ampliação do número de parlamentares e cargos, contrastam com esta situação enfrentada pelas nossas universidades públicas brasileiras.  O momento é muito difícil, principalmente quando se sabe que o Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, aponta para as dificuldades das contas públicos nos próximos anos, inclusive em áreas estratégicas como educação e saúde. O que estamos observando neste momento pode ser apenas a ponta do iceberg. 

quarta-feira, 9 de julho de 2025

Resenha do romance Nas Marés de Malunguinho.

 



Há alguns anos, quando ainda estávamos no batente de sala de aula, fomos conhecer uma experiência inovadora em educação pública municipal  desenvolvida numa cidade do litoral cearense. Fomos com um grupo de quarenta alunos, num programa de uma disciplina da universidade, sob nossa coordenação. A proposta surgiu em sala de aula, quando discutíamos exatamente tal experiência, algo que motivou grande interesse da turma. Fizemos o contato com o prefeito da cidade e a recepção da proposta foi a melhor possível, com a prefeitura local se propondo a atender todas as nossas necessidades de logística, alimentação e acomodação. Sair um pouco do conforto da sala de aula para expor o alunado a situações reais enfrentadas no cotidiano de experiências concretas fora sempre uma tônica do nosso trabalho. 

Nem sempre nos deparávamos com situações agradáveis, mas sempre era algo que agregava valor à formação do alunado. Nessas pesquisas, encontramos algumas experiências curiosas, como um projeto desenvolvido no município de Jaboatão dos Guararapes, por um prefeito do MDB, na década de 80, surpreendentemente inspirado no modelo de educação implantado em Cuba após a Revolução. Ao longo das décadas seguintes, percebemos existir ali no município um ambiente favorável às políticas educacionais inovadoras, independentemente das questiúnculas políticas ou ideológicas, o que se traduz em algo alvissareiro. Em outros momentos, por exemplo, conhecemos a realidade menos turística da cidade de Gravatá, que, em sua periferia, concentra localidades habitadas por pessoas empobrecidas que enfrentam grandes dificuldades sociais, assistidas por ONGs, cujos membros eram nossos alunos. 

À exceção de experiências positivas como a desta cidade do Ceará, nos deparávamos com alguns contextos preocupantes, como o caso de uma cidade do interior do estado de Pernambuco, onde havia uma grande exploração da mão de obra infantil e as crianças da cidade, ao invés de brincarem e atenderem às exigências da frequência à escola, eram submetidas ao trabalho de descascar as castanhas de caju, atividades que corrompiam sua digitais físicas e humanas. A seiva da castanha apagava as digitais dos seus dedos. Hoje, já não acompanhamos o que ocorre em termos de políticas educacionais na cidade do Ceará, Aracati, mas  aquela experiência passada nos deixaram boas lembranças até hoje. Ainda somos daqueles que ficam felizes com a felicidade dos outros, e neste, caso, os nossos alunos e alunas ficaram muito felizes com a experiência. Para completar esta felicidade, que também ninguém é de ferro, ainda existia o atrativo da antiga  Vila de Pescadores de Canoa Quebrada, uma das praias mais belas do litoral brasileiro. 

Desde então, estabelecer este link entre a teoria de sala de aula com as experiências reais desenvolvidas nas comunidades tornou-se um marca de nosso trabalho. Quando líamos uma matéria, publicada por uma revista de circulação nacional aqui em Pernambuco, mas precisamente na cidade de Goiana, cidade da Zona da Mata Norte do Estado, não tivemos qualquer dúvida de que estávamos diante de uma realidade que precisávamos conhecer. O que deu ensejo à matéria, realizada por duas abnegadas jornalistas, foi o relançamento das obras do sociólogo Pernambucano, Josué de Castro, por ocasião do primeiro Governo Lula. A motivação da matéria era a de identificar quem seriam esses homens caranguejos da atualidade, como eles viviam, em que condições se encontravam tantos anos depois da publicação dos textos do sociólogo.  

Ali encontraram o Seu Jipe, ou José do Nascimento, um cidadão dedicado à captura do caranguejo Uçá. As repórteres fizeram uma verdadeira imersão na comunidade, onde passaram uma semana, relatando aquela realidade, de homens e mulheres sofridas, numa cadeia produtiva mantida exclusivamente pela pesca, captura de crustáceos e retirada de  mariscos, esta última atividade mais afeita às mulheres. A conclusão da matéria é que, passados tantos anos da publicação da obra Geografia da Fome, os problemas enfrentados pelos moradores da Comunidade Quilombola de São Lourenço não eram distintos daqueles descritos pelo sociólogo pernambucano.  Outro dia discutíamos aqui um elenco de livros que todos os brasileiros precisavam ler, independentemente de sua formação acadêmica. A Geografia da Fome é um deles, pois diz muito sobre as nossas seculares desigualdades sociais, principalmente sobre o seu componente político subjacente, víscera exposta no livro, conforme apontava o professor Manuel Correia de Andrade.   

Desde então, nossas frequências à comunidade se tornaram recorrentes, a cada semestre letivo. Criava-se uma grande expectativa sobre essa aula entre os alunos novatos da Instituição. Até mesmo alunos e alunas de outros cursos demonstravam interesse em acompanharmos no nosso trabalho. Fazíamos uma campanha de donativos para a comunidade, de crianças criadas com leite de caranguejo, nos mesmos moldes descritos pelo poema Homens e Caranguejos, concebido por Josué de Castro, ao observar as precárias condições de vida das comunidades ribeirinhas dos bairros alagados do Recife. Outro dia, curiosamente, encontramos uma dissertação de mestrado acerca da experiência do sociólogo com a literatura. Preferimos o sociólogo. 

Fizemos grandes amigos na comunidade, a exemplo da professora Carminha, Serginho da Burra, o seu Jipe, ou José do Nascimento, Dona Sebastiana, Dona Lourdes, entre outros tantos. A lista é enorme. Os problemas da comunidade quilombola ainda permanecem. Mesmo obtendo o reconhecimento como uma comunidade quilombola, ainda se mantém os problemas relativos à inserção produtiva dos moradores locais, os problemas ambientais - em razão dos projetos de criação de camarão em cativeiro - problemas relativos à intolerância religiosa entre evangélicos e praticantes de religiões de matriz africana -, organização e empoderamento das marisqueiras locais. Consideramos pertinentes deixar essas questões registradas em algum local, até mesmo como homenagem aos moradores da comunidade. 

Passamos a estudar a formação daquela comunidade e descobrimos coisas interessantes. Num passado remoto, ali ficava o epicentro do Quilombo do Catucá, que foi um dos maiores quilombos do Brasil, ficando abaixo apenas do localizado na Serra da Barriga, em Alagoas, que recebia o nome de Palmares. Era um quilombo gigantesco, seja em número de pessoas, seja no que concerne à extensão geográfica, pois incorporava parte do Recife, e algumas cidades da Região Metropolitana, como Paulista, Abreu e Lima, Itamaracá e Goiana. Segundo os estudos do historiador Marcus Carvalho, o Quilombo do Catucá era um quilombo móvel e tinha a sua origem numa região conhecida hoje como Cova da Onça, no Curado III. Na cidade de Goiana, o quilombo ficaria localizado entre os distritos de São Lourenço e Tejucupapo. Como se tratava de um quilombo móvel, conforme assinala o professor, não surpreende o fato de encontrarmos três localizações distintas, inclusive uma delas no Engenho Pitanga, no município de Abreu e Lima, onde, inclusive, as homenagens mais efetivas ao líder quilombola são realizadas, numa festividade conhecida como Kipupa Malunguinho.  

O quilombo foi liderado por Malunguinho, que se tornou uma entidade dos cultos de Jurema Sagrada, sempre muito festejado numa determinada época do ano, nas Matas do Catucá, na cidade e Abreu e Lima. Na realidade, Malunguinho, como afirmamos no romance, na mata é Rei. Trata-se de uma entidade venerada por todos os cultos de religiões de matriz africana e ameríndia da localidade. É o grande protetor daquelas matas. Há um fato curioso de ancestralidade, ou seja, como essa entidade sagrada interferiu diretamente sobre um grande problema que a comunidade enfrentou, quando da instalação de uma fazenda de criação de camarão em cativeiro nos manguezais locais, mas deixamos tal desfecho para a leitura dos nossos leitores. Segundo o professor Marcus Carvalho, haveria controvérsias sobre o próprio nome ou a entidade Malunguinho. O nome poderia ter origem na forma como os negros que vinham do continente africano para serem escravizados no país tratavam os companheiros, todos conhecidos como malungos. Por outro lado, existem registros, passíveis de comprovação, de recompensas oferecidas pela sua captura no estado. Imagina-se, igualmente, tratamos aqui de uma hipótese, que o quilombo poderia ser dirigido por um colegiado de líderes, todos conhecidos como Maluguinhos. 

Escritos nos estertores da experiência autoritária que o país quase sucumbiu recentemente, com seus reflexos nas instituições públicas, resolvemos emprestar ao romance este ambiente institucionalmente turvo, conferindo ao texto - com o perdão do leitores pela pretensão -  um espírito kafkiano, marcado pelos assédios institucionais, pela aplicação dos torniquetes que se tornaram rotineiros entre as instituições públicas brasileiras que se dedicavam ao trabalho, às investigações e ao desenvolvimento de políticas públicas  que não se coadunavam com as perspectivas políticas que se tentou imprimir ao país naquele momento, a exemplo das comunidades quilombolas, indígenas, minorias LGBTQIA+, além de uma tendência misógina observada na gestão pública desde 2016.  O país vive, desde o processo de colonização portuguesa, tão admirado por aquele sociólogo, sob um encilhamento caracterizado pelo racismo estrutural, pele desigualdade social e pelo flerte autoritário. Há uma grande permeabilidade a essas práticas no país. O livro já está disponível em nosso perfil da plataforma da Amazon, podendo ser acessado pelo link que aparece na foto. 


Editorial: 3,7 bilhões em emendas pagas nesses seis primeiros meses do ano.

Após crise do IOF, Gleisi e Haddad se reúnem com Hugo Motta


O Governo Lula 3 já pagou em emendas parlamentares, apenas neste primeiro semestre, o montante de R$ 3,7 bilhões, de acordo com levantamento divulgado na coluna do jornalista Cláudio Humberto. Estima-se que horas antes da votação do IOF, quando o Governo sofreu uma dura derrota no Congresso, as liberações atingiram quase um bilhão de reais. Difícil estabelecer por aqui a parte deste montante que está sendo desviado de suas finalidades republicanos, através de escabrosos expedientes, algo que vem sendo recorrentemente apontado pelas investigações da Polícia Federal, como no caso do parlamentar cearense, fato ocorrido no dia de ontem, 08, onde suspeita-se de uma quadrilha organizada, envolvendo agentes públicos e privados, atuando de forma mancomunada para se locupletar de recursos públicos, através de emendas e licitações fraudulentas.  

A Policia Federal realizou buscas no gabinete do deputado, em Brasília, e em sua residência, no Ceará, em mais um daqueles casos rumorosos que reacendem as indisposições entre os Três Poderes da República. Os parlamentares, mesmo os da fluida base de sustentação do Governo, exigem o pagamento dessas emendas e, simplesmente, não se comprometem em votar em pautas do interesse do Planalto. São emendas, cargos, ministérios que não adiantam de nada quando se está em jogo a dinâmica da governabilidade. Como afirmou o senador Veneziano Vital, durante uma entrevista concedida no dia de ontem num podcast de um blog local, o Governo sempre soube dessa má vontade. 

O Ministro do Supremo Tribunal, Flávio Dino, mantém uma cruzada com o objetivo de construção de consensos mínimos entre os poderes, que permitam o equilíbrio, a eficácia e, principalmente, o rigor na liberação e aplicação dessas emendas, com mecanismos eficazes de prestação de conta. A má vontade é tão grande que os gestores acabam queimando reuniões convocadas. O ônus é pesado para todo o país. Excetuando-se os casos de malversação de recursos públicos, que, infelizmente são recorrentes,  há aquelas situações onde a retenção dessas emendas, pela ausência desses mecanismos de controle, estão deixando de cumprir sua finalidades republicanas, como no caso das IFES, algumas delas com enormes dificuldades. No dia de ontem, acompanhamos o vídeo com um dos reitores de uma universidade federal pernambucana alegando dificuldades financeiras, impondo a necessidade de cortes para preservar as atividades essenciais do órgão. O mais paradoxal é que o parlamento que não dá bons exemplos é o mesmo que exige cortes de verbas para educação e saúde.    

terça-feira, 8 de julho de 2025

Charge! Aroeira via Brasil 247

 


Charge! Thiago Lucas via Jornal do Commércio.

 


Editorial: Direita reage ao avanço do PT sobre narrativa entre pobres e ricos.



Geralmente, as respostas da direita são rápidas e costumam fazer um grande estrago na opinião público, como são os casos recentes do escândalo do INSS ou, mais anterior ainda, as mudanças nas regras do PIX. Hoje percebemos que já começou a circular nas redes sociais um vídeo do deputado federal Nikolas Ferreira, onde ele tenta desconstruir a narrativa encetada pela comunicação institucional do Governo Lula 3, onde aponta-se que o aumento do IOF iria atingir exatamente uma camada de privilegiados, que moram na cobertura, no andar de cima e que não querem pagar impostos. O aumento do IOF, neste caso, seria uma questão de justiça social. 

A campanha estava sendo preparada para ser lançada daqui há alguns meses, mas, diante dos aperreios do Governo, foi antecipada, ganhou as redes sociais e pode ganhar as ruas, uma vez que a militância - que dormia um sono prolongado há alguns anos - parece ter despertado. Já existem alguns analistas estabelecendo alguma comparações entre essa mobilização atual e aquelas ocorridas em junho de 2013, denominadas de Jornadas de Junho. É preciso ficar bem atento, porque foi exatamente neste momento que a extrema direita ganhou as ruas e, aquilo que começou como um protesto contra o aumento do bilhete de transporte público, culminou com o impeachment da presidente Dilma Rousseff. 

Movimentos de extrema direita assumiram o protagonismo daquelas mobilizações populares. O vídeo do Nikolas Ferriera é estranhamento longo, com várias momentos de "didatismo" utilizado, onde o deputado tenta evidenciar as eventuais contradições da narrativa encetada pelo Governo Lula 3. Hoje, igualmente, a coluna do jornalista Cláudio Humberto observa que a oposição pretende encaminhar um requerimento de convocação ao Ministro da Comunicação Institucional, Sidônio Palmeira, para que ele esclareça questões relativas ao "engajamento" de influencer com o propósito de aumentar o alcance da peça publicitária nas redes sociais.  

Editorial: Trump afirma que Bolsonaro é vítima de caça às bruxas.



Através de uma de suas redes sociais, o presidente norte-americano, Donald Trump, se manifestou em defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro, afirmando que o amigo é vitima de uma perseguição, de uma caça às bruxas. Os bolsonaristas comemoraram bastante as declarações do presidente americano, naturalmente. O presidente Lula é que não gostou nenhum pouco da opinião de Donald Trump, o que considerou uma interferência indevida sobre um assunto brasileiro, que ninguém está acima da lei, principalmente quando se atenta contra o Estado Democrático de Direito. De há muito que os bolsonaristas brasileiros provocam o presidente norte-americano no sentido de que ele seja mais contundente em relação à defesa do amigo brasileiro. 

Até recentemente, Donald Trump andou se estranhado com um dos seus principais assessores, financiadores de campanha, o empresário Elon Musk, que também anda às turras com o judiciário brasileiro no tocante às eventuais regulações das rede sociais. Na realidade, os eufemismos que estão sendo utilizados para se referir à regulação das redes sociais são muitos, mas todos convergem para o mesmo termo. São arestas que poderiam ser evitadas através da diplomacia, mas existe alguns interesses geopolíticos em jogo, como uma velha prática dos americanos em interferirem sobre o que ocorre na política no continente latino-americano. 

O presidente norte-americano, na realidade, deu mais uma oportunidade para o presidente Lula surfar na onda do nós contra eles, algo que deu um alento nas redes sociais petistas e que está sendo muito bem explorado pela comunicação institucional, algo que vem incomodando a oposição, que já pensa em convocar o marqueteiro Sidônio Palmeira para dá explicações na Câmara dos Deputados. Caso a convocação seja homologada, penso que seja a primeira vez que o Ministro da Secom será convocado. Enquanto encerrávamos este editorial, tomamos conhecimento de um vídeo do deputado Nikolas Ferreira, onde ele tenta refutar a narrativa do Governo em defesa dos mais pobres e em favor da taxação dos super ricos. Geralmente, como se sabe, esses vídeos alcançam grande repercussão. Diferentemente dos momentos anteriores, o vídeo é longo. 

segunda-feira, 7 de julho de 2025

Serraria, Brejo Paraibano. O Rota Cultural Caminhos do Frio também passa por aqui.

 


Editorial: Cida Ramos afirma que o PT quer ser protagonista na Paraíba.


Diferentemente do que ocorre em Pernambuco, quando os diferentes órgãos de imprensa já estabeleceram que, nas eleições estaduais de 2026, teremos um clássico da política, caracterizado pela disputa entre a governadora Raquel Lyra(PSD-PE) e o prefeito João Campos(PSB-PE), no estado vizinho da Paraíba as coisas estão bastante emboladas. Tem gente afirmando que já conta com o apoio de Lula; tem gente que poderia contar com o apoio de forças do campo progressista do estado, a exemplo do prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena, mas não abre mão de continuar no PP, partido que anda pulando fora da base de sustentação política do Governo Lula 3 no plano nacional. 

No dia de ontem, 07, os militantes do PT elegeram a deputada Cida Ramos para conduzir os destinos da legenda no estado pelos próximos anos, numa demonstração de sua "organicidade" desde as eleições passadas, o que parece ter sido ignorado pela cúpula do partido a nível nacional, conforme antecipamos por aqui, optando por impor uma candidatura sem qualquer chance de êxito, mas azeitada na burocracia. Em seus primeiros pronunciamentos depois de eleita, a deputada afirmou seu desejo de que o partido faça uso de sua expertise de gestão e habilite-se a apresentar postulante ao Palácio Redenção. 

A diretriz basilar é o apoio à reeleição de Lula para o quarto mandato, algo que vem animando o petista depois das últimas manifestações dos pobres contra os ricos. Alguns analistas já estão fazendo algumas comparações com essas mobilizações de rua às Jornadas de Junho, que começaram com protestos contra o aumento da tarifa de transportes e inseriram, posteriormente, uma série de pautas bem mais robustas. Não se animem muito não, porque as Jornadas de Junho, posteriormente foram incorporadas por grupos de extrema direita. Muito feliz com vitória de Cida. Parabéns, deputada. 

Editorial: Carlos Vera é o novo Presidente Estadual do PT.


Os arranjos políticos do PT no estado estão complicados. No dia de ontem, 07, muito mais do que uma vitória do deputado federal Carlos Vera, tivemos uma vitória de uma tendência do posicionamento do partido no estado. Uma tendência de composições, aliancista, bastante diferente do que estava propondo, por exemplo, a candidatura do senhor Fernando Ferro, que desejava a reafirmação identitária do partido no estado, buscando trilhar um caminho próprio,  sua autonomia, apresentando nomes para o referendo popular, menos dependente dos socialistas. Ferro tem razão. O Eduardismo subordinou o PT aos seus interesses no estado. A eleição do senador Humberto Costa, por exemplo, se deu no bojo dessa aliança. A ala que controla a executiva municipal está integrada à gestão do prefeito João Campos, que deverá disputar o Governo do Estado, em 2026. 

A tendência mais provável hoje é que a ala do senador Humberto Costa, vencedora da eleição de ontem, consolide a aliança com os socialistas, de olho numa das vagas ao Senado Federal. Talvez nunca tenhamos presenciado um arranjo tão complicado no que concerne à composição dessas chapas ao Senado Federal. Já se fala numa provável formação de uma nova federação envolvendo o MDB e o Republicanos. Faz parte de uma articulação do ex-presidente Michel Temer, que objetiva construir uma candidatura ao Palácio do Planalto, provavelmente a do governador Tarcísio de Freitas. No estado,  os dois partidos estão com João Campos, que, provavelmente deverá montar o palanque de Lula no Estado. 

Como se não bastasse a encrenca da federação União Progressista, onde o União está com João Campos e os Progressistas estão com a governadora Raquel Lyra. E ambos os partidos, no plano nacional, praticamente estão deixando a base de apoio de Lula, como afirmou recentemente Antonio Rueda, Presidente Nacional da federação. A possibilidade de a federação fechar algum acordo com o Planalto em 2026 são remotíssimas. O senador Ciro Nogueira, inclusive, vem sendo cotado para a vice na chapa de Tarcísio de Freitas. Ciro Nogueira é um dos políticos hoje que mais se identificam com o desembarque da base aliada ao Governo Lula 3. No final, nossos cumprimentos a Carlos Vera pela vitória, desejando que ele tenha a lucidez e paciência necessária para costurar as alianças do PT no próximo pleito.  A Fernando Ferro, nossas congratulações pela disputa, mantendo posições coerentes, identificadas com a sua trajetória de militância. 

Charge! Renato Aroeira via Brasil 247

 


domingo, 6 de julho de 2025

Editorial: O xadrez político das eleições estaduais de 2026 em Pernambuco: Nova federação para complicar ainda mais os arranjos políticos no estado.



Ontem comentávamos por aqui acerca de um jantar, realizado em Lisboa, em homenagem ao ex-presidente Michel Temer, por ocasião de um evento organizado pelo Ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes. Jantares e almoços com a presença do ex-presidente sempre constam no menu as articulações políticas. Desta vez não foi diferente. Esteve em jogo, conforme divulgado pela revista Carta Capital, as negociações em torno da formação de uma nova federação, desta vez envolvendo os partidos MDB e o Republicanos. Conforme afirmamos no final daquela postagem, os arranjos celebrados no plano nacional estão produzindo alguns complicadores no estado de Pernambuco, como de resto, possivelmente, em outras praças da Federação. 

A cada nova aliança formada entre essas legendas, mais os problemas se avolumam na quadra política local. Como se já não fossem suficientes os problemas produzidos pela federação entre o Podemos e o PSDB, que acabou sendo desfeita já depois dos estragos produzidos, veio a aliança formada entre Progressistas e o União Brasil, onde uma ala perfila ao lado da governadora Raquel Lyra(PSD-PE) a outra segue firme com o prefeito João Campos(PSB-PE), agora é a vez de formação de uma eventual federação entre o MDB e o Republicanos, que deve colocar mais lenha nesta fogueira de vaidades e disputas pelas duas vagas ao Senado Federal, reservadas nas eleições de outubro. 

Definições claras apenas para a disputa da cadeira do Palácio do Campo das Princesas, onde se tem como certas as candidaturas da governadora Raquel Lyra e do prefeito João Campos. Para o Senado Federal, o quadro continua completamente embolado. Concretizada a federação entre o MDB e o Republicanos, provavelmente eles trabalharão o nome de um candidato presidencial para as eleições de 2026, provavelmente Tarcísio de Freitas, hoje filiado ao Republicanos. O MDB e o Republicanos, aqui na província, estão ao lado do prefeito João Campos, do PSB,. um aliado do Planalto, que, provavelmente, deve apoiar o projeto de reeleição de Lula, hoje bastante animado depois dos resultados positivos da campanha dos pobres contra os ricos. 

Até recentemente, Raul Henry, Secretario de Articulação da Prefeitura do Recife, empreendeu todos os esforços para manter o comando da legenda sob seu controle, o que significa dizer mantê-la ao lado da base de sustentação do prefeito João Campos no estado. Filiado ao Republicanos, hoje, um dos nomes mais cotados na bolsa de apostas da disputa ao Senado Federal é o do Ministro de Portos e Aeroportos, Sílvio Costa Filho. Em declarações recentes, o senador Humberto Costa considera mais provável uma aliança com João Campos do que com Raquel Lyra. A reeleição de Humberto Costa é a prioridade número um do Planalto no estado. O PT não vai negociar, mas cobrar o apoio de Lula ao nome dele numa dessas chapas. 

Festival Caminhos do Frio.



Entre os dias 18 e 24 o Festival Caminhos do Frio chega à cidade de Bananeiras, na região do Brejo Paraibano. O comendador Arnaldo nos pediu para dar uma força aqui pelo site, mas, a rigor, nem precisava. Ana Carolina e Nando Reis estarão entre as atrações que se apresentarão na cidade, que, neste época do ano, recebe milhares de turistas para apreciar sua gastronomia, curtir seus encantos naturais, conhecer seu sítio histórico e tomar um chocolate quente sob um friozinho que pode chegar aos 12,6 graus no período, como já foi registrado numa ocasião. Localizada a 130 km da capital João Pessoa, na microrregião do Brejo Paraibano, a cidade de Bananeiras já se prepara para realizar um dos encontros do  Festival Caminhos do Frio concorridos do Estado. 

Atrativos não faltam e a cidade já conta com uma excelente infraestrutura gastronômica e de hospedagem. Bananeiras está para a Paraíba, assim com Gravatá está para Pernambuco. Neste período, no friozinho da Serra da Borborema, além das festividades, os turistas poderão saborear os melhores pratos da gastronomia rural, preparados pelos restaurantes e hotéis da cidade para o festival gastronômico, que coincide com o Circuito do Frio paraibano. Vá preparado para curtir bastante os atrativos da cidade, como as trilhas rurais, as cachoeiras, a visita aos engenhos, como o Goiamunduba, que produz a cachaça Rainha desde 1877. Neste período, a cidade fica repleta de turistas, sobretudo do Rio Grande do Norte, atraídos pelos encantos da cidade. 

As reservas nos hotéis precisam se feitas com bastante antecedência, evitando a possibilidade de transtornos. Bananeiras, no passado, já foi a maior produtora de café do estado, constituindo-se num polo exportador do produto para todo o país. Hoje, sua economia se concentra na pecuária, no turismo, nos investimentos imobiliários e na produção de bananas, produto muito bem adaptado ao clima da região. No sábado, não perca por nada a oportunidade de conhecer a feira de Solânea, que integra a programação do Festival. Para este editor, não existe nada mais fascinante do que a região do Brejo Paraibano, onde desfrutamos de bons momentos ao lado da esposa e dos filhos. 

sábado, 5 de julho de 2025

Editorial: Jantar em homenagem a Temer se transforma em articulação por nova federação.



Curiosamente, alguns ministros do Governo Lula 3, do MDB, estiveram presentes num jantar em homenagem ao ex-presidente Michel Temer. Eles vão alegar, coerentemente, que não poderiam recusar um convite formulado por um dos nomes mais proeminentes do partido. Por outro lado, há outros indicadores subjacentes. Até recentemente, rebento de uma das raposas mais cevadas do partido admitiu que, sem uma federação, o partido vai para a série "B" da política. Republicanos e MDB já conversam há algum tempo sobre a formação de uma possível federação. Pelo andar da carruagem política, a ideia inicial de Lula em propor uma chapa com aquele grêmio partidário, com o propósito de concorrer à reeleição em 2026, é algo fadado ao fracasso. 

Esse namoro com o Republicanos é mais um indicador de que o nome do atual governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, continua fortalecido na corrida às eleições presidenciais de 2026, quando se sabe que o próprio Michel Temer e Gilberto Kassab estão afinando este violino. É quase certo que MDB e Republicanos fechem um acordo em torno deste assunto, ampliando sensivelmente a representação parlamentar de ambos os partidos na Câmara e no Senado Federal. Isso, naturalmente, produzindo suas consequências em torno das políticas aliancistas nas quadras estaduais, a exemplo de Pernambuco, onde um dos nomes mais cotados para concorrer ao Senado Federal já está praticamente fechado com o prefeito João Campos, do PSB, que deverá ter o apoio de Lula para concorrer ao Palácio do Campo das Princesas.  

Até recentemente, o PSB praticamente fechou uma federação com o Cidadania. Não quis conversa com o PT, que deve permanecer com o seu cercadinho ideológico, ou seja, o PV e o PCdoB. Superada a contenda depois das audiências de conciliação no STF sobre a questão do aumento de impostos do IOF, sabe-se lá como Lula irá se comportar em relação à sua base aliada. Votaram contra o Governo na Câmara e chegaram a pedir ao STF que mantivesse a decisão tomada pela Legislativo em relação ao assunto, indicando uma absoluta dissonância de entendimento. 

Charge! Thiago Lucas via Jornal do Commércio.

 


Editorial: Começa a ganhar corpo a ideia de um semipresidencialismo no país.



Há alguns anos atrás, quando queríamos nos referir à crise de governabilidade no país, recorríamos sempre ao conceito de presidencialismo de coalizão, um conceito atribuído ao historiador e cientista político Luiz Felipe de Alencastro. Cabe a Alencastro, quando pouco, a popularização do conceito no país. Ao longo do tempo, o conceito deixou de dar conta da complexidade - e também das dificuldades - em se tornou a relação entre o Executivo e o Legislativo no país. Temos qualquer coisa, menos um presidencialismo de coalizão, onde, mesmo aos trancos e barrancos, ainda era possível construir alguma possibilidade de governabilidade, por vezes, quando do mensalão, por exemplo, de forma pouco republicana. Hoje, não mais. Se por, por um lado, o parlamento ganhou mais autonomia e relação ao orçamento, por outro lado, sua capacidade de legislar ficou comprometida. 

A declaração recente do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, onde ele afirma que precisa recorrer ao STF se deseja governar é um atestado da falência do modelo de gestão governamental no país. É o próprio Supremo Tribunal Federal que tem esboçado, através de discursos dos seus membros, a necessidade de se encontrar uma outra alternativa de governo, como propôs recentemente o Ministro Gilmar Mendes, durante encontro em Lisboa, Portugal, onde aventou a proposta de um semipresidencialismo. A corda está muito esticada entre os Três Poderes da República. Na medida em que o Judiciário atende aos pleitos do Executivo, amplia as arestas junto ao Poder Legislativo, para alguns esvaziados, sempre que as suas decisões soberanas são revogadas. Nenhum poder pode ser muleta do outro. Cada qual no seu quadrado. 

Revoltado com a revogação do decreto do aumento do IOF pela Câmara dos Deputados e o Senado Federal, o Governo Lula 3 antecipou uma campanha publicitária que estava prevista para dar suporte de opinião pública em relação a isenção de imposto de renda para quem ganha até cinco salários mínimos. A campanha, literalmente, tirou o PT das cordas nas redes sociais, injetando um fôlego novo na militância, que já ganhou entusiasmo para convocar uma mobilização para Paulista, assim como fazem, com regularidade, os bolsonaristas. Curioso é que a campanha é do marqueteiro Otávio Antunes e não da Secom, como se poderia imaginar a princípio.