Há alguns anos atrás, quando queríamos nos referir à crise de governabilidade no país, recorríamos sempre ao conceito de presidencialismo de coalizão, um conceito atribuído ao historiador e cientista político Luiz Felipe de Alencastro. Cabe a Alencastro, quando pouco, a popularização do conceito no país. Ao longo do tempo, o conceito deixou de dar conta da complexidade - e também das dificuldades - em se tornou a relação entre o Executivo e o Legislativo no país. Temos qualquer coisa, menos um presidencialismo de coalizão, onde, mesmo aos trancos e barrancos, ainda era possível construir alguma possibilidade de governabilidade, por vezes, quando do mensalão, por exemplo, de forma pouco republicana. Hoje, não mais. Se por, por um lado, o parlamento ganhou mais autonomia e relação ao orçamento, por outro lado, sua capacidade de legislar ficou comprometida.
A declaração recente do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, onde ele afirma que precisa recorrer ao STF se deseja governar é um atestado da falência do modelo de gestão governamental no país. É o próprio Supremo Tribunal Federal que tem esboçado, através de discursos dos seus membros, a necessidade de se encontrar uma outra alternativa de governo, como propôs recentemente o Ministro Gilmar Mendes, durante encontro em Lisboa, Portugal, onde aventou a proposta de um semipresidencialismo. A corda está muito esticada entre os Três Poderes da República. Na medida em que o Judiciário atende aos pleitos do Executivo, amplia as arestas junto ao Poder Legislativo, para alguns esvaziados, sempre que as suas decisões soberanas são revogadas. Nenhum poder pode ser muleta do outro. Cada qual no seu quadrado.
Revoltado com a revogação do decreto do aumento do IOF pela Câmara dos Deputados e o Senado Federal, o Governo Lula 3 antecipou uma campanha publicitária que estava prevista para dar suporte de opinião pública em relação a isenção de imposto de renda para quem ganha até cinco salários mínimos. A campanha, literalmente, tirou o PT das cordas nas redes sociais, injetando um fôlego novo na militância, que já ganhou entusiasmo para convocar uma mobilização para Paulista, assim como fazem, com regularidade, os bolsonaristas. Curioso é que a campanha é do marqueteiro Otávio Antunes e não da Secom, como se poderia imaginar a princípio.

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