Se a nova classe média mapeada pela Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República tivesse um rosto, ele seria de uma negra, jovem, antenada, passeando(e comprando) num Shopping Center. Quando deixou a Secretaria de Assuntos Estratégicos para retomar sua Cátedra em Harvard, o ex-ministro daquela pasta, Roberto Mangabeira Unger, estava empenhado em dois projetos: debelar o grave problema do analfabetismo, sobretudo na região Nordeste, que interditava contingentes expressivos da população de se inserirem plenamente no boom de desenvolvimento observado naquela região – o PIB cresce mais do que o do Brasil – e, por outro lado, acompanhar os passos dos calouros que estavam ingressando no ensino superior, estimulados pelas políticas públicas adotadas no Governo Lula, que expandiu, interiorizou, concedeu créditos nesta área. Escrevi um artigo sobre esse assunto. Em seu plano de ações encaminhado ao MEC, a Fundação Joaquim Nabuco também objetiva investigar o impacto desses investimentos, principalmente em cidades interioranas. Conforme já comentamos aqui no http://blogdojolugue.blogspot.com, o perfil desses alunos são de pais que não tiveram a oportunidade de fazer um curso superior, em razão de suas condições socialmente fragilizadas. Com toda a propriedade, podemos afirmar que o Governo Lula desenvolveu o maior programa de inserção de jovens entre 18 e 24 anos ao ensino superior. Jovens empobrecidos, registre-se, o que engrandece ainda mais essa política. Daquilo que nossa limitada inteligência entendeu das preocupações estratégicas de Mangabeira Unger, o professor afirmava que o Brasil estava formando uma contra-elite, ou seja, intelectualizando por mérito e não por berço, tradicional percurso da intelectualidade brasileira, que nunca foram submetidos a alguma experiência de exclusão. A contra-elite, por sua vez, no entender de Mangabeira, demonstraria mais sensibilidade para o Brasil real, aquele que ainda não se encontrou consigo mesmo, que constrói muros, ao invés de pontes. Dilma Rouseeff objetiva fazer uma série de ajustes no seu progrma de Governo que possam atender às expectativas dessa nova classe média, informações que já estão de posse dos estrategistas do Planalto, ligados a Moreira Franco. Seria bem mais interessante, Dona Dilma, que esses programas de governo estivessem ancorados no propósito de que essa classe média frequentasse mais as faculdades do que o Shopping Center. Em assim sendo, talvez se materializem as expectativas do professor Roberto Mangabeira Unger. Do contrário, as preocupações de Dilma terão um objetivo meramente instrumental e isso não é bom.
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