José Luiz Gomes: O nó-górdio da Segurança Pública no Estado.
Há duas semanas atrás, o professor Michel Zaidan Filho publicou um
artigo no blog do Jamildo - também reproduzido no nosso blog - sobre a
situação da segurança pública no Estado de Pernambuco. Aliás, os últimos
artigos do professor, sempre rechaçados e agredidos pelos ghost writer
dos governantes de plantão - ou de ocasião - tem sido sobre a
questão da violação das garantias fundamentais e constitucionais dos
cidadãos. Reiteradas vezes, inclusive em artigos publicados em sites
nacionais, também venho se debruçando sobre essa questão, advertindo
sobre a necessidade do Governo não perder o controle da situação,
extrapolando para violação de direitos e adotando procedimentos
característicos de Estado de Exceção ou de Sítio, algo que já vem se
prenunciando. O controle da ações do aparato de segurança pública
trata-se de uma engenharia institucional bastante complexa. Muito
facilmente os governantes podem perder o controle dessas ações. Se
tomarmos como exemplo duas polícias essencialmente corporativas - caso
do Rio de Janeiro e São Paulo - fica bastante evidenciado o que estamos
afirmando. Em São Paulo, até recententemente, o governador Geraldo
Alckmin demitiu seu secretário de Segurança Pública. Contingenciado pelo
ofício de estudar essas questões, procurei todas as informações
possíveis envolveno o fato. De antemão gostaria de reafirmar que não
nutro a menor simpatia pelos tucanos, mas, no caso específico, pelo que
pude apurar, a conduta do secretário era irrepreensível. Durante sua
gestão, afastou aproximadamente 300 policiais envolvidos em atitudes não
condizentes com a função. Pois bem. Chegou a ser grampeado e filmado
pelos próprios integrantes da corporação. No Rio de Janeiro, José
Mariano Beltrame mantém-se no cargo já faz algum tempo. Possui um
"poder paralelo" que incomoda o próprio chefe, o governador Sérgio
Cabral. Pois bem. Possui uma gruarda-pessoal de sua estrita confiança e
já sobreviveu à inúmeras escaramuças preparadas pela corporação. A
questão da segurança pública assimiu uma importância tão capital, que não
se demite um secretário sem que se instale uma crise no Governo. Hoje
um pouco menos, mas há alguns anos atrás, consoante os humores de quem
ocupasse a cadeira de governador no Campo das Princesas, já se sabia os
grupos em queda ou ascendência na Secretaria de Segurança Pública do
Estado. Existiam os "Delegados de Arraes" e aqueles pefelistas, ou seja,
alguns deles vinculados aos períodos sombrios da Ditatura Militar. Os
crescentes concursos e profissionalização da corporação mudaram isso
substantivamente. No que concerne à chamada segurança funcional, ou
seja, aquela violência inerente aos arranjos produtivos nos parâmetros
de um sistema capitalista - roubo, assaltos, assassinatos - uma
violência necessária para manter os privilégios da burguesia, o Estado
possui um programa, o Pacto pela Vida, bastante elogiado, não apenas
pelos resultados alcançados, mas pelo absuluto descontrole dessa área
vital, a violência, na maioria dos Estados da Federação, hoje num crescente constante
na Região Nordeste. Comenta-se que o governador Eduardo Campos, monitora
sistematicamente o seu Governo, exigindo dos subordinados os resultados
das metas traçados em seus planejamentos. Havia um chefe de Polícia
Civil, inclusive, que observava nessa atitude um dos fatores decisivos
para o êxito do Programa. O Pacto pela Vida é apontado como um
carro-chefe do seu Governo. Um cartão de visita e uma das credenciais
para seu projeto presidencial. Não pode errar nessa área. Além das
chuvas, junho trouxe as manifestações de rua, exigindo uma nova agenda
de governança e questionando, entre outros itens, os desvios de recursos
e o moribundo sistema de representação política. Com isso, veio a
"violência desfuncional", essa cujo nome provoca urticária no capital e
forças descomunais são mobilizadas para combatê-la, com o apoio preciso
da grande mídia, assunto já tratado em nossos artigos anteriores. Nesse
caso em particular, não sabemos exatamente o que foi que houve, mas nos
parece que o senhor governador delegou demais a missão de seu
enfrentamento aos seus subordinados e eles, por sua, parecem ter perdido
o controle da situação. Seria muito interessante que ele retomasse
essas rédeas, sob pena de ver cair em seu colo todas as consequências,
como ocorreu no Rio de Janeiro. A punição aplicada aos policiais que
atuaram nas prisões de estudantes no Derby é uma evidência de que a
Corregedoria encontrou indícios fortes de excessos nas ações.
Timidamente a OAB vem se pronunciando sobre o assunto e a gurizada está
organizada em seus DCE´s, convocando a sociedade civil organizada para
contestarem, em organismos internacionais, as medidas de segurança que
estão sendo adotadas pelo Estado. O poder das redes sociais, por sua
vez, vem fazendo uma grande diferença nesse contexto, atuando como um
verdadeiro fiscal do poder público. Seria de bom aviltre que o
governador dessa uma pausa nessas suas articulações à direita para uma
provável candidatura presidencial e cuidasse melhor do que vem ocorrendo
na província, que podem solalar suas pretensões. Pay attention, Dudu.
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