Meus abusados leitores eduardianos reclamam porque não esqueço de Eduardo Campos. Gostaria muito que, uma vez falecido, ele descanse em paz, como todo bom morto. Infelizmente, neste caso isso não é possível. A revista paulistana CARTA CAPITAL, dessa semana, publicou uma notícia do além: segundo o periódico de São Paulo o ilustre falecido de Pernambuco e ex-candidato à Presidência da República pelo PSB teria doado a Marina Silva a singela importância de 2.500.000,00 reais, para a campanha dela, DEPOIS DE MORTO! ou seja, no dia seguinte ao acidente aéreo que o vitimou. Como se vê, é difícil esquecer um falecido assim, que, mesmo depois de morto, ainda continuou operando, agindo, interferindo no rumo das eleições presidenciais. Seria o caso de a Justiça Eleitoral e o Ministério Público Eleitoral perguntar pelo endereço do Centro Espírita (e o nome do médium) onde foi feita essa "doação". Ao que sabe, os mortos não podem votar, nem serem votados e nem doarem dinheiro para campanha eleitoral. Caso não previsto pela legislação atinente aos candidatos vivos. Ainda não há uma legislação eleitoral para candidatos mortos. Embora eles ajam por aí, com a conivência explícita dos familiares e correligionários.
E por falar em doação para a campanha eleitoral, os comunicadores do sistema JC vieram me indagar sobre a revelação do ex-diretor da Petrobras sobre o pagamento regular de propinas aos políticos e governadores da base aliado do governo federal, incluindo aí, nada mais nada menos, do que o falecido. Está vendo por que a gente não consegue esquecer o nome dele? - Perguntaram qual a influência que essas revelações poderiam ter sobre os rumos da eleição presidencial.
Primeiro, o aumento do ressentimento da opinião pública contra a política, os partidos e os candidatos.
Segundo, o aumento do desgaste político da imagem do Governo Federal. Afinal, o principal responsável pela moralidade da administração pública na país é o Presidente. Ele é que nomeia e demite os seus assessores.
Terceiro, o financiamento da campanha do PSB. Afinal de contas: de que fonte abundante e generosa jorra tanto dinheiro para financiar a campanha da candidata do PSB? - do Céu? do Pastor Silas Malafaia? da Assembléia de Deus? -
Existem muitas perguntas sem respostas em torno dos doadores (deste e do outro mundo) da campanha de Marina Silva à Presidência da República. Como ela costuma posar de vestal, pura, renovada, na propaganda eleitoral do PSB, seria muito bom, necessário e oportuno que ela começasse a se explicar quem são os financiadores de sua campanha, o que eles querem, o que foi prometido (em nome de Deus) a eles.
Amém.
Michel Zaidan Filho é filósofo, historiador e professor da Universidade Federal de Pernambuco.
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