O debate da Record, como já se previa nessa reta final de campanha, foi um momento para os demais postulantes partirem para cima da presidente Dilma Rousseff, que lidera todas as sondagens de intenções de voto, com possibilidades de liquidar a fatura ainda no primeiro turno. O clima é tenso. Marina continua o seu processo de derretimento, ao passo em que aumentam as chances de alavancada de Aécio Neves nessa reta final da campanha, daí se entender que ele tenha usado o seu tempo para fazer duras acusações ao Governo Dilma, principalmente no que concerne ao escândalo da Petrobras. As balas de prata estão sendo usadas, como era previsto. Algumas delas, como a da revista Veja, não alcançaram grandes repercussões. Luciana Genro (PSOL), como sempre, se sai muito bem nos debates. É uma candidata muito bem preparada. Conheço amigos que votarão nela para ajudá-la a firmar-se como uma alternativa concreta de poder, o que ainda exigiria um longo percurso. Há de se ter muito cuidado ao se dirigir a ela com aquele sorriso maroto no canto dos lábios ou fazer ilações indevidas. Aécio Neves que o diga. Sofreu uma tremenda reprimenda num dos últimos debates e, desta vez, sobrou para o candidato do PV, Eduardo Jorge. Eduardo Jorge insinuou que ela havia perdido a aula de História que informava que os verdes não teriam ideologia definida, ou seja, poderia compor com a direita e com a esquerda, a depender da defesa do meio-ambiente. Logo em seguida, Luciana retrucou, informando que, na realidade, foi Eduardo Jorge quem perdeu a aula de Sociologia, onde se informa que os partidos precisam ter lado. Esse embate, na realidade, dá uma discussão bastante interessante. Segundo o filósofo político Norberto Bobbio, a agenda de defesa do meio-ambiente é uma agenda essencialmente de esquerda. A direita não teria essa preocupação com o desenvolvimento sustentável. Em tese, os verdes estariam mais à esquerda do espectro político. Apenas em tese. Em artigo recente, o sociólogo Emir Sader divaga sobre o assunto, concluindo que eles acabam se "endireitando" depois de um certo tempo. A julgar pelo que ocorre no Brasil, ele tem razão. Pela década de 80, os verdes e os comunistas eram os aliados preferenciais do PT. Sobretudo os verdes, nos anos subsequentes passaram a compor com as forças políticas mais reacionárias, inclusive aninhando-se no ninho tucano, alvo das críticas de Luciana Genro. Um caso emblemático, lembrado por um internauta, é o de Zequinha Sarney.
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