pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO: Editorial: As violências contra Marielle Franco
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segunda-feira, 19 de março de 2018

Editorial: As violências contra Marielle Franco


 
 
 CONTEXTO POLÍTICO
 
Há poucos dias publicamos por aqui um desenho do carturnista Renato Aroeira, onde ele explica para os leitores o tipo de violência do qual foi vítima a vereadora Marielle Franco e o seu motorista, Anderson Gomes. A caricatura é também uma forma do chargista homenageá-la. Como observa Aroeira, a violência atinge a todos nós, com índices talvez nunca registrados no país, um fenômeno que se alastra para muito além das fronteiras do Estado de Sítio(Ops! Rio de Janeiro). A ativista política, no entanto, foi vítima de todas as violências, mas tombou, em especial, vítima de uma violência “planejada”com “método”, “treinamento” e “objetivo”. Há aqui, no caso de Marielle, um razoável entendimento sobre o emprego da violência para solucionar conflitos políticos. Em espaços democráticos - sob a égide do Estado de Direito e, portanto, menos "turvos" - há canais para dirimir tais conflitos. Em Estados de Exceção... 

Não há, até aqui, indícios suficientes para tirarmos alguma conclusão, mas já se sabe, por exemplo, que as balas que a mataram foram subtraídas de lotes negociados para a Policia Federal, muito difíceis de serem rastreados, posto que desviados desde 2006, e identificados com a morte de outras tantas pessoas, sempre associados à crimes de execução. O crime contra a vereadora Marielle Franco foi rigorosamente planejado, com o objetivo de dificultar enormemente a sua elucidação. Um dos possíveis carros utilizados pelos criminosos foi encontrado no Estado de Minas Gerais. Quem acompanhou as investigações em torno da chacina de Osasco, sabe, por exemplo, que a identificação dos cartuchos pouco ajudou na elucidação daquele crime. No caso de Marielle, creio que também não possa ajudar muito, embora a Polícia Federal tenha acionado o seu melhor perito em impressões digitais, com o propósito de identificar alguma pista nas impressões digitais encontradas nos cartuchos. 

Sobre o crime, por enquanto, é o que se tem, além das justas homenagens recebidas pela ex-vereadora em todo o país e também no exterior. Mas, apesar da dor da família e do sentimento dos brasileiros com a sua morte prematura - um dano para o avanço das lutas sociais e da própria democracia no país - Marielle Franco passou a ser vítima de um outro tipo de violência - talvez simbólica, não sou especialista no assunto - através das redes sociais, com o propósito de denegrir a sua imagem. Aliás, denegrir a imagem dos adversários tornou-se recorrente nos país pós-golpe institucional de 2016. Não vou aqui perder tempo com as infâmias dirigidas à ex-vereadora, que chegam ao cúmulo de ligá-la ao Comando Vermelho. O que espanta, neste caso, é que, mais uma vez, como observa o chargista Aroeira, Marielle não é vitima de algum fofoqueiro de turno, mas de agentes diretamente ligados ao aparelho de Estado. Espantoso, não? Todos nós sabemos que a injúria, a calúnia e a difamação integram o arsenal utilizado para “desacreditar” os agentes sociais que se colocam como denunciantes de arbítrios ou falcatruas cometidas pelo poder público, por vezes. em parcerias com agentes privados. Hoje isso tem um nome pomposo: Fakes New, mas, a rigor, trata-se aqui das mesmas campanhas de disseminação do ódio, como um dos componente da engrenagem golpista do golpe institucional de 2016.

O país seria levado a esta situação em razão do ódio disseminado por setores da mídia, movida por um conjunto de interesses escusos, de caráter anti-democrático,e, porque não dizê-lo, anti-petista, já que o inimigo que precisava ser combatido, naquele momento, atendia pelo nome de Luiz Inácio Lula da Silva. A corporificação desse ódio, por consequência, atingiria igualmente os grupos sociais identificados com o petismo; aqueles para os quais as políticas públicas de corte inclusivo da era Lula foram dirigidas e a militância política identificada com essas bandeiras - mesmo que de outro partido - como foi o caso de Marielle Franco. Com Marielle, chegamos àquele cabo de guerra decisivo. Ou a onda autoritária arrefece ou embrutece de uma vez, como o episódio envolvendo o senhor Alfredinho, do Bar Bitbip, "conduzido" a uma delegacia tão somente por prestar uma homenagem a Marielle Franco.  

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