pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO. : Crônica: Vilas Operárias
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sexta-feira, 3 de agosto de 2018

Crônica: Vilas Operárias

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José Luiz Gomes
 

Entender a concepção, organização e dinâmica das chamadas vilas operárias e núcleos fabris -  este último para identificar os assentamentos de operários mais afastados dos perímetros urbanos - sempre esteve entre as nossas preocupações. Desenvolvo vários projetos sobre o assunto, alguns deles já devidamente concluídos, aguardando a oportunidade de uma maior divulgação. Como as relações entre patrões e operários, nas fábricas, envolvem ralação de controle e disciplina, não é incomum encontrarmos o filósofo Michel Foucault em todos os estudos sobre o assunto. Ele aparece no trabalho de Telma de Barros Correia, Pedra, Plano e Cotidiano Operário no Sertão, assim como no trabalho de José Sérgio Lopes Leite, que estudou a vila operária mantida pela Companhia de Tecidos, localizada no município de Paulista, na região metropolitana do Recife.

Na realidade, como observa Telma de Barros Correia, as vilas operárias não são um fenômeno tipicamente brasileira ou latino americano. Elas também foram comuns nos Estados Unidos e no continente europeu. Há, igualmente, uma tendência de associá-las à indústria têxtil, o que se traduz, igualmente, num equívoco. Outras atividades produtivas também ergueram suas vilas operárias, como ferrovias e usinas, por exemplo, além de outros ramos industriais. Em todos os casos, sempre na mesma perspectiva de controle e disciplinamento da vida e das atitudes dos operários. Isso se tornava perceptível até mesmo na distribuição geográfica e na arquitetura das construções, que permitiam a vigilância constante do capitão da indústria ou dos seus vassalos. Em Paulista, por exemplo, existiam milícias armadas, não institucionalizadas,  para manter a “ordem social”.  

O inglês Robert Owen promoveu uma discreta ação de eliminação das circunstâncias que julgava corruptoras em New Lanark - afastando do local, por exemplo, pubs e mercearias - ao passo que Delmiro Gouveia adotou a prática de inspecionar as ruas de Pedra diariamente, distribuindo recriminações e multas àqueles que considerava estarem agindo irregularmente. No controle do desempenho operário no trabalho, Owen criou o monitor silencioso - um pedaço de madeira mantido junto ao trabalhador, pintado com cores diferentes conforme seu desempenho no dia anterior -, já Delmiro, ao flagrar operários cometendo faltas, repreendia-os energicamente, chegando a espancá-los e prendê-los ao “tronco” - árvores situadas em frente à fábrica - por longas horas, ainda de acordo com Telma de Barros. Portanto, instrumentos diferentes serviam a objetivos semelhantes. 

 

 

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