Assim
como erraram no passado, criando uma cizânia interna em suas fileiras e
arrostando uma derrota, mais uma vez o Partido dos Trabalhadores, em
Pernambuco, se arrisca em uma nova derrota. Nada justifica (e nem garante) entregar
de "bandeja" uma candidatura competitiva e de oposição ao atual
sátrapa da administração estadual, em troca de nada, ou quase nada: a
desistência da candidatura do candidato mineiro do PSB às eleições estaduais de
Minas Gerais. Ou, quem sabe, a vice candidatura de Luciana Santos, pela
renúncia da candidatura de Manuela D’Avila à presidência da República. Em ambos
os casos, é trocar um bilhete premiado por uma nota falsa de 3 reais.
A
candidatura de Marília Arraes não pertence mais à Executiva Nacional do PT, nem
a Humberto Costa ou João Paulo. Menos ainda, ao triste e bizarro governador
(andor difícil de ser carregado). Pertence aos 230 delegados que votaram a
favor de sua indicação à candidata ao governo do estado. Esse partido precisa
aprender a respeitar as suas instâncias deliberativas estaduais ou municipais.
Acabar de uma vez com o expediente burocrático, administrativo, de interferir
pelo alto nas decisões coletivas de seus comitês e colegiados. Nem os partidos
comunistas - da 3a Internacional - agiam com tamanho desplante e desprezo em
relação aos seus filiados.
Acabou-se há muito tempo o famigerado
"centralismo democrático". Ou se respeita a decisão de suas
instâncias coletivas, ou esse partido está fadado a se esfacelar e amargar
derrotas. A pior delas, a interna. A prevalecer a decisão de desestimular a
candidatura aprovada na última plenária estadual, a recomendação é uma só: não
votem na chapa majoritária da aliança PSB-PT. Façam um voto
"camarão". Votem nos deputados estaduais e federais do partido, mas
degolem a chapa majoritária. Ninguém pode ser obrigado a votar nos inimigos,
nos trânsfugas, nos carreiristas do partido, em nome de uma aliança imoral, sem
princípios, como essa que está se tramando em Pernambuco, em troca da
neutralidade do PSB nacional nas eleições presidenciais.
Michel Zaidan Filho é filósofo, historiador, cientista político, professor titular da Universidade Federal de Pernambuco e coordenador do Núcleo de Estudos Eleitorais, Partidários e da Democracia - NEEPD-UFPE
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