Há alguns anos atrás, os evangélicos exibiam como um troféu de fé um cidadão que havia entrado na cova do leão, no zoológico de Dois Irmãos, no bairro do mesmo nome, no Recife. Uma tremenda irresponsabilidade, mas, por algum motivo, ele escapou ileso. Já naquela época, o nosso leão aparentava uma longa idade e preferiu manter-se em seu aconchego, não se importando com a visita do intruso. A mesma sorte não teve um rapaz de quarenta anos de idade, que resolveu escalar a grade de proteção da jaula do leão no Parque Zoobotânico Arruda Câmara, no bairro do Roger, em João Pessoa.
Sugere-se, em princípio, que ele não estava bem psicologicamente. Apesar dos apelos do funcionários do parque, que tentaram impedi-lo, ele resolveu atirar-se na jaula, sendo devorado por uma leoa. Pessoas que estavam em sua proximidade gravaram a cena apavorante, que logo ganhou enorme repercussão nas redes sociais, o que não se constitui nenhuma surpresa nesses tempos em que até mesmo as tragédias não escapam da espetacularização. Registro aqui a boa gestão daquele espaço, com servidores abnegados e dedicados a cuidarem bem do Parque. Não houve aqui negligência institucional. Possivelmente este é o incidente mais grave ocorrido ali desde a existência do Parque. Quando líamos a noticia num dos sites da Paraíba, quase não acreditávamos em sua veracidade.
O rapaz, conhecido como Vaqueirinho, morreu no local. O Parque foi fechado e a direção emitiu uma nota em solidariedade à família enlutada. A Bica, como é conhecido o Parque Arruda Câmara, tem um excelente conceito. Trata-se de um centro especializado na reprodução do Jacaré-açu, talvez o melhor do país. Até hoje, quando estamos em João Pessoa, reservamos um tempinho para voltarmos ao local, disposto a matar as saudades dos tempos passados ali antes dos filhos crescerem. Lamentável sob todos os aspectos o incidente ocorrido.

