domingo, 2 de junho de 2024
sábado, 1 de junho de 2024
Editorial: A entrevista de João Paulo ao Sistema Jornal do Commércio.
O Deputado Estadual João Paulo é o primeiro integrante do PT a se pronunciar sobre o posicionamento do prefeito João Campos, em conversa recente com o presidente Lula, no sentido de ratificar a sua decisão de não aceitar a indicação de um membro da legenda petista para compor a sua chapa de reeleição nas próximas eleições municipais, programadas para outubro. João Paulo considera deselegante a atitude tomada pelo gestor municipal, argumentando que a cúpula do partido pode até endossar o projeto de reeleição do prefeito, mas a militância, possivelmente, talvez acompanhe uma candidatura de esquerda, de perfil mais autêntico, como o de Dani Portela, da Federação PSOl\Rede.
No âmbito nacional, o ex-prefeito do Recife por dois mandatos, observa com preocupação as movimentações do prefeito João Campos com o União Brasil, principalmente quando se está em discussão o apoio do partido ao nome de Elmar Nascimento, do União Brasil, para a sucessão na Câmara dos Deputados. Elmar, como se sabe, também é o nome do atual presidente da Casa, Arthur Lira. A entrevista é longa, concedida a uma rádio do sistema, mas reproduzida pela edição impressa do Jornal. João Campos já asseumiu que os socialistas devem endossar o nome de Elmar Nasicmento para a presidência da Casa. Nesta aliança, João Paulo enxerga indícios de tessituras aliancistas desfavoráveis ao presidente Lula. Isso é verdade.
Durante a entrevista, João faz referência àquele mecânico que socorreu o motorista com o seu carro quebrado na estrada e depois voltou à sua casa para cobrar pelos serviços prestados. A interpretação é livre. Consideramos curioso que ele tenha manifestado a opinião de que o PT possa apresentar uma candidatura própria ao pleito. É sempre bom ouvir alguém do Partido dos Trabalhadores com a espertise, a sensibilidade e a sinceridade do João.
Editorial: Um exército de milicianos armados atuando no Rio de Janeiro.
Os números relativos a influência ou atuação das milícias no Rio de Janeiro são cada vez mais preocupantes. 60% do território já está sob o controle de grupos milicianos na capital e segundo o Mapa Histórico dos Grupos Armados isso representa uma população de 4,4 milhões de pessoas que residem em território sob a hegemonia desses grupos. Anda circulando na internet um vídeo com um dado ainda mais preocupante. Neste vídeo existe a informação de que, segundo avaliação da Inteligência da Polícia Civil, um exército de 56.600 homens armados defendem os interesses desses grupos milicianos com a atuação na cidade.
Quando se fala em grupos armados, neste caso, entenda-se pessoas portando armamentos pesados como os fuzis que aparecem na foto acima. É este verdadeiro exército que as políciais militar e Civil do Estado precisam enfrentar para garantir o ordenamento institucional da segurança pública. O número de homens armados a serviço dos traficantes e milicianos chega a ser próximo ao mantido por exércitos regulares, a exemplo do Exército de Portugal.
Sabe-se que esses grupos atuam como holding, com ramificações internacionais, o que talvez explique a facilidade com que tem acesso a esses armamentos pesados, que entram no país por diversos meios, inclusive sob a conivência de agentes públicos cooptados, que desviam armas regulares das unidades onde atuam. Curioso que parte desses agentes públicos, quando afastados de suas funções, acabam se integrando a esses grupos, com os quais já estabeleciam tais cumplicidades.
Pelo menos no caso do Rio, já chegamos muito perto de uma mexicanização, onde até agentes públicos formados nas forças especiais, depois de cooptados por atrativas remunerações, acabam prestando serviços aos traficantes locais. Quando se analisa a quadra política, o problema torna-se ainda mais complicado porque ali crime organizado e política se tornaram irmães siamesas. Já iríamos infocar aqui a questão dos grupos evangélicos, mas vamos deixar isso para uma outra oportunidade. É bronca demais para o sábado dos nossos leitores.
sexta-feira, 31 de maio de 2024
Editorial: PT sob nova direção em 2025. Edinho Silva é o mais cotado para assumir a presidência da legenda.
Quando Lula foi eleito presidente em 2022, especulou-se bastante sobre a possibilidade de Gleisi Hoffmann, Deputada Federal e Presidente Nacional do PT, ser indicada para ocupar um ministério no Governo. Lula tratou logo de dissuadí-la, afirmando que a desejava no comando da legenda. Agora, em 2025, o partido terá eleição para definir quem subtituirá a petista no comando da legenda. Natural que as movimentações em torno dessa eleição já estejam a todo o vapor.
O Deputado Federal José Guimarães, do PT do Ceará, líder do Governo na Câmara dos Deputados, é um dos que desejam dirigir os rumos da legenda. Há, no entanto, uma articulação muito forte nos bastidores em torno do nome do prefeito de Araraquara, Edinho Silva, apadrinhado por figuras importantes do partido, a exemplo do próprio Lula, do Ministro da Fazenda, Fernando Haddad e da eminência parda, José Dirceu, que pretende retomar sua carreira política.
Diante do perfil assumido pelo partido na atualidade e com o apoio desses padrinhos, não enxergamos a menor chance para o José Guimarães, embora o seu pleito seja legítimo, conforme sugere a própria Gleisi Hoffmann. Gleisi, aliás, entrou em rota de colisão com Zeca Dirceu, depois de assumir que o partido apoirá a candidatura do socialista Luciano Ducci para concorrer à Prefeitura de Curitiba, quando Zeca Dirceu defende um candidato próprio da legenda.
Editorial: João Campos comunica a Lula que o PT não indicará o vice em sua chapa de reeleição.
O PT encontra dificuldades em algumas praças do país. Em João Pessoa, por exemplo, tais dificuldades poderiam ser contornadas se a Executiva Nacional da legenda ratificasse uma deliberação das instâncias deliberativas do PT local no sentido de realização das prévias para a definição de um dos candidatos. Como se observa, em algumas situações, essas dificuldades foram criadas por falta de habilidade ou mesmo para atender aos caprichos de alguns caciques da legenda.
Numa eleição praticamente casada com a de 2026, dificilmente o socialista se sentiria à vontade em entregar as chaves do Palácio Capibaribe a um petista antes de desincompatibilizasse do cargo para disputar o Governo do Estado, que é o seu grande projeto político. Cantamos essa pedra em inúmeras ocasiões por aqui.
Editorial: Bancada BBB pode determinar o destino do Governo Lula 3
É curioso como até o arroz que o Governo resolveu importar, diante da tragédia que ocorreu no Rio Grande do Sul, do ponto de vista das narrativas, está sendo trabalhado pela oposição bolsonarista como uma vingança contra os produtores, em razão do conhecido apoio e identificação desses produtores rurais ao ex-presidente Jair Bolsonaro. O danado é que essas narrativas grudam como nódoa de caju em amplos segmentos sociais, produzindo seus efeitos danosos na avaliação do Governo, sempre que os pesquisadores dos institutos de pesquisa saem a campo para colherem seus dados.
Há uma manobra explícita de desgaste do Governo Lula, atuando em várias frentes. Se o tercerio Governo Lula não chegar ao seu final, boa parte dos créditoss devem ser dados a essa bancada BBB - Bala, Bíblia e Boi. O Planalto está amortecendo a pelota para saber qual o rumo que tocará a bola daqui para a frente. Como já expusemos por aquiaqui, algumas coisas podem ser feitas. Outras, simplementes, serão inúteis. Quando o Governo da ex-presidente Dilma Rousseff foi literalmente torniqueteado, em 2016, à época tivemos o apoio decisivo de uma bancada dos grilhões, formada por parlamentares que se identificavam ou defendiam os interesses de produdores rurais que mantinham em suas propriedades trabalhadores em condições análogas à escravidão.
Principalmente aqui na Região Nordeste. O governo que sucedeu Dilma reteve o quanto pôde a divulgação da lista negra do trabalho escravo, que serve como indicador para a sociedade civil boicotar seus produtos, assim como os órgãos de fiscalização tomarem as medidas legais atinentes. À época, criamos até um termo para se referir a essa bancada, sempre seguindo a sequência da letra "B". Seria a bancada do Berço de Judas.
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quinta-feira, 30 de maio de 2024
Editorial: Governo Lula diante de um grande impasse de governabilidade.
Até recentemente, aqui em Pernambuco, a governadora Raquel Lyra(PSDB), através de uma portaria publicada no Diário Oficial do Estado, assinou a demissão de uma penca de servidores de cargos de confiança, todos eles indicados pelo PL. Comenta-se nos escaninhos da política local que nem os motoristas escaparam da degola. Embora os flertes da governadora ao Governo Lula tenham se consolidado nos últimos meses, neste caso em particular, esta não teria sido a motivação maior para ela se afastar do PL,de forma tão radical, um partido que, inclusive, contribuiu para a sua eleição ao Governo do Estado.
Como se sabe, a orientação nacional do partido é no sentido de que os tucanos permanecerão em cima do muro, com projeto de se tornarem uma terceira-via, como opção ao eleitorado antipetista e antibolsonarista. No caso dessas demissões, no entanto, pesou uma atitude concreta. A governadora não estava contando com os votos desse partido durante votações importantes na Assembléia Legislativa. Recordamos desse eposódio diante do impasse que atravessa o Governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sob uma crise de governabilidade, diante das refregas das ruas e do Legislativo, onde sofreu duas derrotas fragorosas recentemente.
Na realidade, a derrota não foi do Governo Lula, mas da sociedade brasileira, conforme enfatizamos por aqui. A nefasta experiência de um governo de corte protofacista mergulhou o país numa espiral de instabilidade institucional sem precedentes e consolidou uma agenda que se contrapõe ao respeito aos direitos humanos, assim como ao ordenamento constitucional. Isso é muito complicado. Outro dia o Ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski afirmou que o Estado de São Paulo teria autonomia, mas seria aconselhável que seguisse as normas federais que estão sendo definidas sobre o uso de câmaras nos uniformes dos policiais.
O danado é que o Estado mais importante da Federação está se configurando como uma trincheira de enfrentamento a essas políticas, esgarçando o emprego de uma agenda ultraliberal, com o apoio explícito de setores conservadores da sociedade, dos meios de comunicação e do empresariado da Faria Lima. Bordões como bandido bom é bandido morto ou privatizações a qualquer custo, pelo andar da carruagem política, nesses tempos bicudos, tem animado muita gente.
Para além dessas conjectutas, em termos práticos, hoje, o Governo Lula não reuniria as mesmas condições do Governo Raquel Lyra no uso da caneta para responder aos seus auxiliares que não seguem a orientação do Governo. Tornou-se refém, na medida em que existe uma autonomia para a movimemtação das emendas parlamentares sem a rubrica do Palácio do Planalto. Mesmo quando o Governo assina essas rubricas, as respostas são insatisfatórias, como se viu nessas últimas votações sobre as Fake News e a PEC da Saidinha. Sugere-se que os partidos que ocupam ministérios na Esplanada foram aqueles mais infiéis nessas últimas votações.
Ainda em termos práticos, instaurou-se uma crise no Governo Lula 3. O Governo tem três problemas imediatos a enfrentar. Em relação a dois deles haveria algum arranjo possível: Corrigir os equívocos na condução da articulação política e dotar a gestão de projetos e políticas públicas de alcance social efetivo, atingindo os diversos estratos sociais, o que talvez possa reverter a tendência renitente de desaprovação do Governo. Parece até um descalabro, mas há quem esteja sugerindo por aqui talvez um nome do Centrão para fezer essas articulações. A outra questão, sobre a guerra de narrativas acerca de uma agenda civilitória para o país, essa, infelizmente, não há muito o que se possa fazer.O momento é realmente muito difícil.
Os evangélicos, por exemplo, que vão aos presídios com suas pregações de vida eterna, de conversão de detentos, engrossaram as fileiras daqueles que impediram a aprovação de direitos humanitários para a população carcerária do país, a terceira população carcerária do mundo, mantida em verdadeiras masmorras, sem as condições mínimas de cumprirem suas penas em condições minimamente razoáveis. Tempos confusos, meus caros leitores.
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Editorial: Datafolha confirma equilíbrio na disputa paulista.
Agora foi a vez de o Instittuo Datafolha, no dia de ontem, 29, divulgar seus números sobre aquela disputa, apresentando escores de absoluto equilíbrio, com os dois candidatos rigorosamente empatados. Na série histórica dessas pesquisas, os números indicam, até este momento, uma tendência natural de equilíbrio de forças naquale praça, indicando uma eventual polarização entre Ricardo Nunes(MDB-SP), que representa setores conservadores e bolsonaristas, e o candidato do PSOL, Guilherme Boulos, representante do campo progressitas, com o apoio ostensivo do Palácio do Planalto.
Chegamos até a produzir um texto, logo após a divulgação dos dados do Paraná Pesquisas, sugerindo um desarranjo nesse equilíbrio, talvez produzido pela entrada do empresário Pablo Marçal na disputa. De perfil igualmente conservador e antipetista, Marçal poderia mexer nesse equilíbrio, quem sabe penetrando em redutos eleitorais identificados com a candidatura de Ricardo Nunes. O nome do apresentador José Luiz Datena, cuja candidatura ainda não foi confirmada pelos tucanos, em tese, seria outro nome com potencial para mexer nas peças desse tabuleiro eleitoral.
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quarta-feira, 29 de maio de 2024
Editorial: PT terá candidatura própria em João Pessoa.
A Executiva Nacional do Partido dos Trabalhadores, reunida no último dia 27, decidiu que o partido lançará uma candidatura própria para o pleito de 2024 na capital paraibana. Sabe aquelas situações confusas, onde você toma uma decisão equivocada e não tem mais como voltar atrás? É exatamente esta a situação do PT naquele Estado. Abdicaram das prévias, que seria um processo orgânico,com o engajamento da militância, soberano, legitimador, para resolverem contratar um instituto com o objetivo de realizar uma pesquisa para se saber quem teria maiores chances na disputa, entre os Deputados Estaduais Luciano Cartaxo e Cida Ramos.
Existe, na realidade, uma ala de perfil oligárquico\burocrata que move moinhos, procura artifícios para referendar sua preferência por um dos candidatos. Não irão sacramentar tal processo sem deixar sequelas incuráveis em amplos setores da agremiação. Tudo seria mais simples se tal decisão sobre a escolha de um dos nomes fosse tomada a partir das prévias, anteriormente previstas. O candidato derrotado assumiria o compromisso de baixar as armas e apoiar o vencedor. Simples assim. Em tal processo ora proposto, não há hipótese de o partido caminhar unificado em torno do candidato escolhido.
Haveria, inclusive, no escopo da federação PT\PV\PCdoB quem optaria pelo apoio à candidatura do atual gestor do município, Cícero Lucena, do Progressistas. Cícero tem trânsito junto a um eleitorado de perfil conservador, mas abre espaço para a esquerda em seu Governo. Enquanto os setores progressistas não se decidem, o outro lado, os bolsonaristas, comemoram a formação da chapa Quero\Quero. Queiroga(PL) e Queiroz(NOVO).
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Editorial: Segundo o Paraná Pesquisas, Nunes abre ligeira vantagem sobre Boulos em São Paulo.
Crédito da Foto: Marcelo Pereira - Secom\Prefeitura de São Paulo. |
Pelo resultado obtido pelo Paraná Pesquisas, Ricardo Nunes aparece com 33,1% das intenções de voto, enquanto o psolista Guilherme Boulos desponta com 26,9%. O dado a ser comemorado pelo staff político de Ricardo Nunes é o de que o candidato, pela primeira vez, pontua à frente de Guilherme Boulos, acima da margem de erro do instituto, que é 2,6% para mais ou para menos. Num eventual segundo turno, tal diferença é ainda mais signigicativa.
O fato novo nesse levantamento é a inclusão do empresário Pablo Marçal na lista dos candidatos, uma vez que o seu nome foi referendado pelo PRTB. Ele aparece bem nos dois levantamentos, sobretudo para quem entrou na lista de candidatos pela primeira vez. O nome do Deputado Federal Kim Kataguiri(UB-SP) e o do apresentador José Luiz Datena(PSDB-SP) não aparecem porque suas candidaturas ainda estão sob análise dos seus respectivos partidos. Eis os números:
Ricardo Nunes(MDB-SP) 33,1%
Guilherme Boulos(PSOL-SP) 26,9%
Tabata Amaral (PSB-SP) 11,5%
Pablo Marçal (PRTB) 6,9%
Marina Helena (NOVO) 4,1%
Altino Prazeres(PSTU) 0,9%
Editorial: A política brasileira está doente.
Crédito da Foto: Lula Marques\AB |
A oposição festeja enormemente as supostas vitórias inflingidas ao Governo Lula, no dia de ontem, durante votações no parlamento. Mantiveram o veto do ex-presidente Jair Bolsonaro relativo a não criminalização de divulgação de fake news, assim como derrubaram o veto mínimo que o presidente Lula propôs à PEC da Saidinha, aprovando o substitutivo como fora apresentado pelo Capitão Derrite, Secretário de Segurança Pública de São Paulo, filiado ao PL. Na realidade, em ambos os casos, estamos tratando aqui de uma derrota da sociedade brasileira, que se encontra bastante enferma.
A única questão problemática que observamos em relação às fake news, aqui haveremos de concordar em alguma coisa, é sobre a eventualidade de definição de um grupo de pessoas que passarão a estabelecer o que é ou não verdade, bem ao estilo do Ministério da Verdade, descrito no livro 1984, de George Orwell. Embora a verdade hoje, nesses tempos bicudos, tenha se tornado apenas uma questão de "narrativa", ainda assim, o procedimento é perigoso.
Precisaríamos de alguns ajustes por aqui, mas se conceber que as pessoas andem por aí utilizando seus aparelhos de celulares para dispararem mentiras contra A ou B, destruindo reputações, promovendo linchamentos morais como prática política, vai uma distância enorme. Descemos alguns degraus civilizatórios nos últimos anos e será difícil recuperá-los, diante de uma quadra política como esta na qual estamos operando. Comenta-se que o Presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, quase não conseguia anunciar o resultado da votação, diante do coro dos xingamentos dos parlamentares bolsonaristas contra o presidente Lula.
terça-feira, 28 de maio de 2024
Editorial: Ronnie Lessa está mentindo?
É muito pouco provável que o ex-militar Ronnie Lessa, que cumpre pena pelo assassinato da ex-vereadora Marielle Franco e o seu motorista, Anderson Gomes, esteja mentindo em seus depoimentos no curso de uma delação premiada negociada com a Polícia Federal. Os advogados dos implicados como mandantes do crime têm até mesmo a obrigação de questionar tudo, sempre em defesa dos seus constitúidos, cumprindo, inclusive, preceitos constitucionais. A riqueza de detalhes com as quais o ex-militar se pronuncia sobre as tessituras e engendramentos criminosos que culminaram com a morte da vereadora são de uma transparência e veracidade de quem entregou os pontos e resolveu abrir o bico.
Não precisamos de detector de mentiras para verificar a espantosa tranquilidade com que ele trata deste assunto, inclusive com uma frieza digna de assassinos sem remorsos ou arrependimentos. Qualquer psiquiatra forense que estivesse em seu lar durante a entrevista concedida ao Programa Fantástico sairia do sofá convencido de que ele fala a verdade. O Lessa se manteve calado durante anos, mesmo já cumprindo pena. Estava no seu limite quando resolveu entrar nessa delação premiada.
Mas não seja por isso. Há outros tantos implicados no caso que podem confirmar a sua versão. Exceto, naturalmente, aqueles que desejam se livrar das graves acusações, assim como das punições legais previstas em lei. Fica aqui uma obsevação do Marcelo Freixo, quando ele afirma que, no Rio, polícia e política estão demasiadamente irmanados, fenômeno que igualmente começa a se verificar em São Paulo.
Editorial: Governo aposta todas as fichas políticas na manutenção do veto a PEC das "Saidinhas".
Neste quesito, por exemplo, a razão é humanitária. O país já convive com a terceira população carcerária do mundo, cujos detentos e detentas cumprem suas penas em verdadeiras masmorras, onde não são asseguradas o mínimo de respeito aos mais básicos direitos humanos. As propaladas teses de ressocialização não passam de uma grande utopia. A maioria dessa população é negra e existe um alto índice de analfabetismo entre eles.
Em ambientes assim, sem as mínimas condições sanitárias, proliferam doenças de alta transmissibilidade, a exemplo da tuberculose, recorrente entre essa população. Em alguns casos, o Estado já perdeu a sua autoridade sobre os detentos, que são mantidos sob controle apenas por lideranças do crime organizado, que administram seus negócios a partir dos próprio sistema prisional. É um quadro aterrador, matindo em tais condições até mesmo em governos de perfil progressista como este atual.
Houve uma época, no segundo Governo Lula, onde chegou a ser pensado a possibilidade de ser criada uma especialização nos cursos de Pedagogia para se enfrentar o problema do analfabetimso no sistema prisional. Não passou do papel ou do plano das intenções. Não se resolve o problema do analfabetismo nem para a população adulta livre, imaginem os senhores se tal projeto se materializaria no sistema prisional. O Governo Lula está mobilizando todo o seu capital político no sentido de manter o veto presidencial, permitindo a saidinha em circunstâncias específicas.
Apesar desse esforço político, tratado como uma questão de honra, existe amplas possibilidades de o Governo ser derrotado. Quando esteve em audiência na Câmara dos Deputados, o Ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, fez uma brilhane defesa do veto presidencial à luz dos direitos humanos. Salvo melhor juízo, chegou a adjetivar a derrubada do veto a uma postura punitivista de setores da oposição. Lewandowski teria conversado com lideranças da bancada evangélica pedindo apoio à manutenção do veto, mas sugere-se que talvez não tenha sido bem-sucedido.
Editorial: Professores universitários realizam protesto em Brasília.
Professores universitários em greve realizaram no dia de ontem, 27, um grande protesto em Brasília, mais precisamente em frente ao Ministério de Gestão e Inovação. Preocupa bastante o fato de os professores e o Governo Federal não conseguiram avançar nas negociações que envolvem a recomposição das perdas salariais dos docentes ao longo dos anos. Estima-se que mais de sessenta IFES e ITF's estejam com as suas atividades paralisadas em razão da greve, que pode até ser ampliada diante dos impasses surgidos ao longo das negociações infrutíferas.
Ocorreu um grave equívoco do Governo - apesar de sabermos de sua sensibilidade ao problema e a disposição à abertura ao diálogo - em não prevê algum tipo de recomposição para o ano de 2024. Algumas categorias já estavam sem reajustes há sete anos, com o poder de compra no limbo, corroído ao limite do tolerável. Aliás, senhores, como foi possível que gestores públicos, parlamentares e setores do judiciário permitissem que algumas categorias de servidores ficassem tanto tempo sem reajuste? Na pandemia o sacrifício exigido atingiu apenas os servidores civis, uma vez que os militares obtiveram recomposições salariais regulares,inclusive com penduricalhos que inflaram seus vencimentos.
O Governo Lula não foi o responsável por esses desmandos contra os servidores civis, tampouco as finanças públicas reuniriam as condições de equacionar o problema a curto prazo. Mas trata-se de um equívoco deixar de se propor algum tipo de reparação de perdas salariais para o servidores em 2024. Por ocasião da relatoria do orçamento, o relator raspou dinheiro de programas sociais, do Farmácia Popular, apenas para engordar os recursos destinados às emendas parlamentares, que saíram dos R$ 33 bilhões antes previstos para R$ 55 bilhões.
Para completar o enredo, ainda há quem proponha uma PEC do Quinquênio ampliando os privilégios e as distorções dentro da máquina pública, que sempre manteve algumas castas de privilegiados. Até recentemente, o vale-alimentação dos servidores do Poder Executivo não chegava a R$ 300,00 enquanto os mesmos vales dos outros poderes atingiam a cifra de R$ 1000,00. Somente agora essa distorção está sendo corrigida. Há uma luta justa dos servidores, mas, frize-se as pautas de corte meramente corporativos, em relação as quais o Governo Lula precisa ficar atento. Quando, no segundo Governo Lula, foram concedidos aumentos diferenciados aos professores universitários, não nos recordamos se eles exigiram o mesmo tratamento, por exemplo, para os servidores administrativos das IFES.
segunda-feira, 27 de maio de 2024
Editorial: PL e Novo fecham chapa para disputar a capital de João Pessoa.
Enquanto o PT permanece num dilema infindável para a definição de uma chapa com o objetivo de concorrer à Prefeitura de João Pessoa nas próximas eleições municipais, O PL de Marcelo Queiroga, ex-ministro da Saúde do Governo Bolsonaro, e o Novo, do pastor Sérgio Queiroz, fecharam uma aliança para disputar a gestão da capital dos paraibanos a partir de 2025. Não se pode dizer que o processo ocorreu sem traumas, uma vez que o próprio Jair Bolsonaro não pôs fim à contenda quando esteve naquela praça, com o objetivo de prestigiar seus apadrinhados.
Mas, a rigor, tudo caminhava para a formalização de uma aliança entre o PL e o pastor Queiroz, como representante do Novo. Queiroga, por exemplo, pediu desculpas reiteradas pelo mal-entendido que ocorreu durante a passagem do ex-presidente. Trata-se de uma chapa do tipo puro-sangue. Queiroga é um bolsonarista renhido, enquanto Queiroz representa setores evangélicos, igualmente mais identificados com o bolsonarismo. Cogitou-se, no início, de uma candidatura própria do pastor Queiroz, mas as movimentações não passaram de fogo de palha.
Cícero Lucena(Progressistas-PB) lidera as primeiras pesquisas de intenção de voto realizadas até este momento, mas o prefetio tem o apoio de grupos conservadores do eleitorado pessoense, que, em tese, poderiam migrar para uma condidatura com o perfil da chapa montada pelos bolsonaristas. Enquanto, isso, o PT continua remoendo-se num imbróglio interno, sem uma definição que poderia ser obtida com a realização das prévias, permitindo que os adversários avancem na disputa.
Editorial: Ronnie Lessa receberia 100 milhões pelo assassinato de Marielle Franco. Era um sócio e não um matador de aluguel.
Continua repercutindo os trechos do depoimento do ex-militar, Ronnie Lessa, à Polícia Federal, divulgados por uma emissora de televisão, neste domingo. Ronnie Lessa está preso e assume que disparou a arma que matou a vereadora Marielle Franco e o seu mororista, Anderson Gomes. Depois de se indignar com esses atos atrozes, talvez o dado mais importante desse depoimento seja mesmo o de entender os mecanimos das ações desse grupos milicianos, cada vez mais sofisticados, que agem no Rio de Janeiro e em outras regiões do país.
A princípio, estimava-se que o ex-policial havia prestado um serviço para o Escritório do Crime, pelo qual seria regiamente recompensado, em razão do status do alvo atingido. Neste depoimento, entretanto, o ex-policial admite que não foi convidado apenas para uma execução. Lessa se refere à formação de uma sociedade, proposta pelos mandantes do crime, onde estava em jogo uma cifra de R$ 100 milhões, além de dois loteamentos que seriam comercializados e depois passariam pela implantação de um novo grupo miliciano no local, com a exploração de uma série de serviços, integrado pelos seus comparsas no assassinato da vereadora.
No depoimento, amplamente divulgado pela imprensa, Lessa fornece detalhes sobre os encontros secretos mantidos com os mandantes em locais esmos de ruas do Rio de Janeiro, bem ao estilo de grupos mafiosos. A cada nova revelação, torna-se mais complicada a situação dos mandantes do crime da vereadora. Um deles já andou rogando até a Deus para ser ouvido por uma autoridade do STF. Curioso como o nome de Deus só é invocado nessas ocasiões.
domingo, 26 de maio de 2024
Editorial: OAB repudia ações da Polícia Militar contra estudantes em São Paulo.
Foram verificados recentemente alguns confrontos entre estudantes e integrantes da Polícia Militar de São Paulo. Num evento na Assembléia Legislativa do Estado - onde estudantes secundaristas realizaram um protesto contra as escolas cívico-militares - e um outro na USP, mais precisamente na Faculdade de Direito daquela instituição, quando os estudantes fizeram uma mobilização de prostestos contra o Governo Estadual, por ocasião de posse de uma autoridade de Estado. No caso da Assembléia Legislativa de São Paulo, alguns estudantes chegaram a ser presos, mas foram soltos algum tempo depois.
Na USP, as imagens mostram confrontos diretos entre estudantes e policiais militares. Esta se configurando em São Paulo a consolidação de uma agenda bastante preocupante, envolvendo um potencial representante do bolsonarismo para as eleições presidenciasi de 2026. Estamos muito longe ainda dessas eleições, mas a motosserra de uma agenda ultraliberal já vem produzindo seus efeitos nefastos para as nossas instituições democráticas, como a grande dificuldade do Governo do Estado em permitir a gravação em tempo real das ações policiais, consorciado a um amplo programa de privatizações e fortalecimento de escolas cívico-militares.
Na medida em que essas ações recebem a simpatia e o apoio explícito de grupos conservadores e de ultradireita de nossa sociedade, elas são ampliadas,entrando em rota de colisão com a garantia do respeito aos direitos humanos. A OAB lançou uma nota de repúdio em relação ao problema, assim como o Ministro dos Direitos Humanos, Sílvio Almeida, comentou sobre o grave equívoco em se facultar ao policial a decisão ou não de gravar suas operações.
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Editorial: Lula inaugura obra em Guarulhos sem a presença de Tarcísio.
Crédito da Foto: Ricardo Stuckert |
Outro dia comentamos por aqui sobre a batalha de Sao Bernardo, cidade onde o PT surgiu, hoje governada por um tucano, que se tornou uma questão de honra para o morubixaba petista reconquistá-la. O prefeito de Guarulhos, Guti(PSD) é amigo e aliado do governador Tarcísio de Freitas. Eleger alguém do grupo para continuar à frente da prefeitura é também uma questão de honra para o governador, que já afirmou que só se desligaria dos Republicanos quando concluísse algumas dessas missões.
O PT, por outro lado, aposta suas fichas no nome do deputado federal Alencar Santana. Guarulhos é uma dessas cidades que integram o chamado cinturão paulista, ou seja, um conjunto de cidades que possuem expressivo colégio eleitoral, tornando-se estratégicas até mesmo para as eleições presidenciais. a ausência do governador Tarcísio de Freitas ao evento, portanto, assume o status de ranhura, seja lá qual for a explicação. Soma-se a isso o fato de a obra ser oriunda ainda dos tempos em que o atual governador era Ministro da Infraestrutura do Governo Jair Bolsonaro.
sábado, 25 de maio de 2024
Editorial: Permanece o impasse entre professores universitários e o Governo Lula.
Conhecedor desse drama e envolto com um desgaste político inevitável, o Ministro da Educação, Camilo Santana, estabeleceu diversos diálogos com os setores mais afeitos a esta questão na gestão petista. Na nossa opinião, o Governo Lula não dimensionou corretamente as consequências de se estabelecer um ano em branco em termos de recomposições dos reajustes dos servidores. Um cálculo equivocado que produziu inúmeros ruídos, desencadeando o gatilho do movimento grevista de algumas categorias. Talvez tivesse sido mais ajustável diminuir as metas de recomposições para 2025 e 2026, inserindo alguma coisa em 2024.
Algumas categorias de servidores públicos ficaram sensivelmente traumatizada - esta é a palavra correta - com a granada plantada no bolso durante os anos sombrios do bolsonarismo. Sabe-se que estamos pisando num ambiente de terra arrasada, onde se impõe a reconstrução do Estado, com as contas públicas fragilizadas, mas faltou aqui um pouco de habilidade política e uma dose um pouquinho maior de sensibilidade em relação a esta questão. Gatilho grevista disparado, agora estamos diante de um impasse de proporções preocupantes.
Editorial: Pesquisas para todos os gostos.
Do lado da arena conservadora, de direita e extrema-direita, há uma penca de nomes sendo testados. Alguns deles com efetivo capital político para despontar como alternativa deste campo em 2026, a exemplo do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e Michelle Bolsonaro, ex-primeira-dama. Outros ainda não mereceriam tal status, mas estão na rinha, como o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, o de Minas Gerais, Romeu Zema, e até Ratinho Júnior, governador do Paraná.
Assim que sai uma pesquisa do Instituto, as redes sociais explodem em publicações tratando do assunto, consoante os interesses confessáveis dos seus usuários. Quem é lulista aponta que o morubixaba petista venceria hoje todos os eventuais oponentes nas eleições de 2026. Quem é Bolsonarista, comemora o fato de o ex-presidente, mesmo inelegível, aparecer numericamente à frente, dentro da margem de erro do instituto, quando confrontado com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Nesta pesquisa, Bolsonaro aparece com 38,8% das intenções de voto, enquanto Lula crava 36%.
sexta-feira, 24 de maio de 2024
Editorial: PT ainda sem definição em Recife e João Pessoa.
Recentemente, uma revista de circulação nacional publicou uma matéria sobre as candidaturas ou alianças já definidas pelo Partido dos Trabalhadores, no tocante às próximas eleições municipais. Como a Executiva Nacional, reunida no último dia 20, havia definido que tomaria alguma posição sobre o imbróglio que envolve as capitais do Recife e Joao Pessoa, ficamos atentos à materia, mas, no final, confirma-se aquilo que já supunhamos sobre o assunto, ou seja, o PT não tem um posicionamento formado sobre as duas capitais.
As dificuldades em tomar um posicionamento sobre essas duas capitais decorrem de problemas criados pelo próprio partido, como, por exemplo, abdicar de uma escolha orgânica, soberana,democrática em João Pessoa, onde foram suspensas as prévias que já estavam previstas para a definição de um nome entre os concorrentes que se habilitariam ao cargo. Um dos concorrentes desistiu e a Executiva Nacional optou por abortar o processo.
Aqui no Recife é o lenga-lenga interminável em torno de uma improvável indicação de um nome a vice que deverá compor a chapa de reeleição do prefeito João Campos(PSB-PE). Todos os movimentos do prefeito, além das especificidades dessas eleições, indicam ser impossível tal indicação, mas o impasse permanece.
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