terça-feira, 22 de julho de 2025
segunda-feira, 21 de julho de 2025
Editorial: Vamos negociar, Brasil!
Possivelmente, o prestígio da diplomacia brasileira não é mais o mesmo no cenário mundial. Trata-se de um dos espaços públicos que também foi muito aparelhado durante o governo de Jair Bolsonaro, quando a indicação para ocupar os cargos mais relevantes do órgão passava apenas pela clivagem da afinidade política, sem considerar os critérios técnicos do indicado, algo impensável noutros tempos. Até bem pouco tempo tivemos acesso aos embates ocorridos no Itamaraty, sobretudo entre os pernambucanos Oliveira Lima e Joaquim Nabuco. Eles não se entendiam e, como consequência, quando faleceu, Oliveira Lima doou a sua espetacular biblioteca ao Governo americano. Quem acabou perdendo foi o Brasil. É mais um daqueles órgãos que, por algum motivo, talvez pela ausência das condições políticas efetivas, o Governo Lula 3 não reuniu as condições ideais de republicanizar. Vejam o nível dos integrantes do órgão naquele momento. Oliveira Lima foi um dos principais orientadores informais da carreira do sociólogo Gilberto Freyre. Joaquim Nabuco, então, dispensa maiores apresentações. Em meio à birra com Oliveira Lima, Osvaldo Aranha, outro ilustre da Semana de 22, era o interlocutor mais confiável a Joaquim Nabuco no órgão. Time de primeira.
O Instituto Rio Branco é reconhecido como a maior escola de formação de diplomatas do mundo, um legado deixado pelo Barão do Rio Branco. Uma diplomacia que sempre foi muito respeitada no mundo encontra-se hoje, infelizmente, com dificuldades de sentar à mesa com a diplomacia americana. Sugere-se que, mais uma vez, as questiúnculas políticas estão se sobrepondo ao papel primordial de um aparato diplomático. O papel é eminentemente político, irão leitores nos corrigir, mas estamos tratando aqui de política com "P" maiúsculo. A situação que o país está enfrentando é altamente delicada. Ontem ficamos sabendo que 75 mil toneladas de frutas estão retidas nos portos brasileiros aguardando embarque para os Estados Unidos. Podem estragar, caso não haja uma solução para o impasse.
E isso é apenas uma parte dos problemas, poque já se fala em novas medidas, como a questão do bloqueio do GPS, quando se sabe que o brasil não tem autonomia nesta tecnologia e isso representaria um verdadeiro caos para as comunicações no país, a começar pelas transações bancárias com PIX, o transporte de passageiros pelo Uber, as entregas do Ifood, o agronegócio, as transmissões energéticas, os voos das companhias aéreas, as operações militares, entre outros. Enquanto países como a Rússia, a China possuem autonomia em relação a esta tecnologia, o Brasil depende essencialmente desta empresa americana. Vamos deixar as bravatas de lado e negociar.
domingo, 20 de julho de 2025
Editorial: A reação da oposição às medidas cautelares tomadas contra Jair Bolsonaro.
Cumpre aqui registrar, de imediato, conforme notícia veiculada no jornal Folha de São Paulo, um eventual recrudescimento das medidas adotadas pelos Estados Unidos contra o Brasil, o que incluiria a ampliação das taxas atuais, ou seja, de 50% para 100%. No país, parlamentares da oposição já fizeram vários pronunciamentos e concederam entrevistas a esse respeito; tentaram em vão interromper o recesso parlamentar e estão organizando manifestações de protestos em razão das medidas cautelares impostas ao ex-presidente Jair Bolsonaro. O ambiente institucional está se tornando insustentável. Em situações assim, convém precaver-se contra a onda de fake news, um expediente bastante utilizado por esses grupos de extrema direita. Já se fala, por exemplo, numa eventual greve de caminhoneiros em apoio ao ex-presidente. Esperamos que isso não passe de uma fake news.
Uma pesquisa do Instituto Quaest\Genial apontou que 59% dos brasileiros apoiaram as medidas adotadas contra o ex-presidente, enquanto 41% desaprovaram. Os simpatizantes de Lula apoiam e os partidários do ex-presidente desaprovam. É mais ou menos isso o que vem ocorrendo, o que se pode traduzir como um grandiosíssimo problema, numa espécie de cabo de guerra que não pode dá bons resultados. Estamos caminhando para aquela situação que o sociólogo jamaicano\britânico Stuart Hall advertia: um sistema muito polarizado só se define quando um dos polos destrói o outro. O Judiciário brasileiro simplesmente não pode admitir qualquer que seja a ingerência, muito menos estrangeira, à condução dos seus trabalhos.
O presidente Lula viajou para o Chile onde se reúne com outros presidentes de países do continente para discutir assuntos relacionados à defesa da democracia. Em princípio, não haveria nada agendado entre ele e o presidente norte-americano, Donald Trump. Diante do recrudescimento da crise entre os dois países, sabe-se lá se Trump abrirá sua agenda para receber o presidente brasileiro. É espantoso observar como existem órgãos de imprensa insuflando essas discórdias, quase que torcendo que os Estados Unidos adotem medidas ainda mais radicais contra o país, como se todos nós não viéssemos a arcar com tais consequências. Isso é uma irresponsabilidade.
sábado, 19 de julho de 2025
Editorial: Mais sanções dos Estados Unidos contra o Brasil.
O jornal Folha de São Paulo traz uma informação bastante preocupante para os brasileiros. Há rumores de que interlocutores do Governo dos Estados Unidos teriam informado aos partidários do ex-presidente Jair Bolsonaro que estão sendo preparadas mais medidas contra o Governo do Brasil. Embora o presidente Lula tenha considerado uma afronta as medidas tomadas contra membros de nossa Suprema Corte, o andar da carruagem política, por enquanto, sugere o caminho da negociação política, por vias diplomáticas. O próprio vice-presidente Geraldo Alckmin, cujo cacife tem crescido neste momento de crise, tem reiterado que as medidas cautelares tomadas contra o ex-presidente Jair Bolsonaro não impedirá que se chegue a um acordo com o governo americano.
Desde o início que essas medidas adotadas pelo governo americano contra o governo brasileiro são descabidas e insanas, capaz de produzir um dano irreparável para a nossa economia, o que contribui para unir o país em defesa de uma só narrativa: isso precisa ser revertido, sob pena de um desastre iminente. A julgar pela matéria do jornal, Donald Trump promete dobrar a aposta literalmente. Fala-se na estipulação de uma taxa de 100% para os produtos de exportação brasileiros, além medidas que poderão ser tomadas pela OTAN, entre outras. O descalabro parece irreversível. As mesas de negociações cumprem um papel decisivo nesses momentos, mas convém sempre ponderar sobre o comportamento dos indivíduos, principalmente quando eles ocupam um papel estratégico.
Não consideramos que estamos neste estágio, mas durante a crise dos mísseis russos instalados na ilha cubana, em 1962, colocou frente à frente dois estadistas consequentes: John Kennedy e Nikita Kruschev. Eles construíram um acordo onde se previa o respeito às zonas de influência geopolíticas dessas superpotências. Pouco tempo depois, o Governo de Cuba recebeu a presença de um representante do alto escalão da diplomacia soviética, com um recado duro ao presidente Fidel Castro. A partir daquele momento os soviéticos estariam fora de que qualquer projeto de expansão da revolução cubana pelo continente americano. Alguns historiadores até apontam este fato como determinante sobre o fracasso da aventura Guevarista na Bolívia. Mas, a lição que se aprende disso é que o jovem impetuoso Fidel Castro teria esmurrado a mesa diversas vezes, defendendo a tese que que os soviéticos não deveriam ter aceito a proposta de retirar os mísseis instalados no território cubano. Isso seria uma catástrofe e talvez não estivéssemos aqui produzindo esses editoriais. Tampouco os leitores que possam nos honrar com a leitura.
Editorial: Pen-drive: As provas de um crime?
Nos dois primeiros casos, a Polícia desconfiou da narrativa das supostas vítimas. O primeiro tratou-se de um golpe do seguro e, no segundo caso, a filha confessou a morte do pai para ficar com a herança deixada por ele. Com as encrencas que já pesam contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, sinceramente, não sabemos o que pode ter neste pen-drive que possa vir a comprometer ainda mais Jair Bolsonaro. Essa é uma dúvida hoje de muitos brasileiros, a começar pelo local onde havia sido escondido o pen-drive. Criou-se uma expectativa enorme em torno do assunto. A Polícia Federal já teria periciado o equipamento, mas mantém sigilo sobre o seu conteúdo, por razões óbvias.
Não era esse o objetivo, mas, nesses casos, os fatos estão sendo direcionados a enredos de novelas mexicanas ou aos contos de Dalton Trevisan, o vampiro de Curitiba, que passou a viver recluso em sua residência. Soubemos recentemente que a residência onde morava o escritor poderá ser transformada num centro cultural. Vamos aguardar as investigações e, possivelmente, até para evitar as especulações em torno do assunto, o teor do pen-drive será divulgado. Voltamos a insistir, no entanto, que, possivelmente, não haverá nada do que já não se saiba por ali. É exatamente isso o que tem intrigado muito gente, inclusive este editor.
Editorial: Fica mantido o recesso parlamentar.
Muito difícil gerir uma máquina pública onde não se constrói nenhum consenso sobre algumas temas nevrálgicos, como este. Na segurança pública, então, é como se propuséssemos um diálogo entre Nayib Bukele e Mahatma Gandhi. Com as medidas tomadas recentemente pelo STF contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, sugere-se que este diálogo esteja cada vez mais distante. Antes dessas medidas, os governadores de oposição haviam reavaliados seus posicionamentos em relação ao tarifaço imposto pelo Governo dos Estados Unidos ao Brasil. A medida cria dificuldades para todos os entes federados.
No que concerne à política paroquial, torna-se mais simples este posicionamento. Salvo melhor juízo, governadores como Jorginho Melo, de Santa Catarina, Romeu Zema, de Minas Gerais, Tarcísio de Freitas, de São Paulo, já se pronunciaram contra as medidas cautelares adotadas contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. Hoje, 19, já temos a informação de que o tal pen drive encontrado no banheiro da casa do ex-presidente já teria sido periciado pela Polícia Federal, embora o seu teor seja mantido em sigilo, por razões óbvias. É curioso como este pen drive vem chamando a atenção do público e da imprensa.
sexta-feira, 18 de julho de 2025
Editorial:STF adota medidas cautelares contra o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Até recentemente, durante uma entrevista concedida a CNN, o ex-presidente perdeu a calma e a entrevista precisou ser interrompida. Entende-se este momento de instabilidade emocional do ex-presidente, diante do avanço do julgamento da ação 2668 no STF, que trata de uma tentativa de golpe de Estado no país. É dada como certa uma eventual condenação dos envolvidos, entre eles o ex-presidente. Bolsonaro já chegou a afirmar que a prisão para ele seria o fim, em razão da idade, dos problemas de saúde e outros fatores, como a suposta pena que está sendo aventada, superior aos 40 anos. Em circunstâncias assim, tão adversas, não é incomum a tomada de decisões precipitadas, inconsequentes, irracionais, conduzidas pela emoção, como sugere-se que tenha ocorrido, quando o Governo dos Estados Unidos teria sido acionado para tomar medidas que pudessem constranger economicamente o Governo Brasileiro, com seus reflexos sobre o Judiciário, o que se configuraria uma afronta à soberania nacional. As medidas tomadas pelo presidente Donald Trump seriam no sentido de reverter o andamento do processo contra o ex-presidente no STF.
Conforme o despacho do Ministro Alexandre de Moraes, há um rosário de delitos cometidos em todo este processo, o mais grave deles é esta interferência absurda do Governo dos Estados Unidos contra o nosso Judiciário. É salutar saber que o nosso Executivo e o nosso Judiciário não se intimidaram em relação a esses assédios, seja através de declarações, seja através de medidas como a estipulação da taxa de 50% aos produtos de exportação brasileiros, o que vem produzindo enormes transtornos para a nossa economia. O impasse permanece. O Governo Lula criou um Gabinete de Crise no sentido de negociar uma saída através das vias diplomáticas. Enquanto isso, os contêineres de produtos de exportação brasileiros estão retidos em portos como o de SUAPE.
O momento é politicamente sensível, uma vez que envolve medidas extremas adotadas contra um ex-mandatário, o que está alcançando grandes repercussões dentro e fora do país. A primeira turma do STF homologou a decisão tomada pelo Ministro Alexandre de Moraes. O PL está em polvorosa, estão interrompendo o recesso de seus parlamentares para tomarem uma série de medidas contra as decisões em relação ao ex-presidente.
quinta-feira, 17 de julho de 2025
Editorial: Lula deve ser candidato em 2026?
As pesquisas realizadas pelo Instituto Quaest\Genial sempre produzem informações das mais importantes para conhecermos melhor o nosso ambiente político. A última pesquisa do Instituto, por exemplo, nos permitem afirmar exatamente onde o presidente Lula começa a recuperar sua popularidade, inclusive junto a nichos eleitorais da classe média e regiões tradicionalmente refratárias ao petista, a exemplo do Sudeste. É um dado dos mais alvissareiro para o petista, porque indica que o centro, sempre decisivo num pleito presidencial, começa a esmorecer a sua resistência a Lula, algo confirmado no dia de hoje, 17, quando outra pesquisa do próprio Instituto aponta que Lula venceria qualquer candidato no primeiro turno e empata com o governador Tarcísio de Freitas num eventual segundo turno.
Hoje, 17, o mesmo Quaest\Genial observa que 58% dos brasileiros não desejam que o petista seja candidato em 2026. Se cruzarmos os dados, talvez cheguemos à conclusão de que um percentual bastante expressivo deste montante, embota não deseje que Lula seja candidato, estaria disposta a votar no petista em 2026. Na realidade, para definir esta situação, nada mais elucidativo do que um adágio nordestino, onde se diz que o enterro parece ter voltado da porta do cemitério, uma vez que o morto esboçou sinais de vida. Uma conjunção de fatores controláveis por sinal, fizeram Lula desabar em sua popularidade neste terceiro mandato. Um conjunto de variáveis, desta vez absolutamente imprevisíveis, fizeram o petista voltar à ribalta.
No caso do IOF, por exemplo, a derrota do Governo foi o mote para a construção de uma narrativa que ganhou fôlego nas redes sociais, ancorada no nós contra eles, numa batalha entre pobres e ricos, construindo um discurso antipopular contra os parlamentares que votaram contra o decreto do Executivo. Mare favorável é uma coisa. O Governo que já foi acusado no passado de atentar contra o PIX, arcando com um ônus pesado, agora se coloca em sua defesa, depois de mais um posicionamento desastrado do Tio Sam.
Editorial: Lula veta o aumento do número de deputados.
Segundo uma pesquisa realizada pelo jornal Folha de São Paulo, 76% da população brasileira se mostraram contra o aumento do número de deputados, que passaria dos atuais 513 para 531, produzindo um efeito em cascata entre os entes federados, além de gerar despesas com recursos públicos que poderiam ser evitadas. O bom senso diria que seria imprudente uma proposta desta natureza, mas ela foi aprovada pela Câmara dos Deputados. Submetida à apreciação do Executivo, ontem foi divulgada a notícia informando que o presidente Lula havia vetado a medida, certamente acendendo as labaredas já existentes no que concerne à relação entre os Três Poderes da República.
Aguarda-se para as próximas horas a reação do Poder Legislativo. Na realidade, o Poder Legislativo, de antemão, já sabia da indisposição da população em reação a esta medida descabida. Teria poupado algumas dores de cabeça se os dirigentes das Casas Legislativas mantivessem uma sintonia mais efetiva com os anseio da população brasileira. Durante este debate, saíram um conjunto de matéria apontando para os custos de cada parlamentar ao país, assim como acerca dos resultados auferidos pela população do trabalhos desses parlamentares, quase sempre duvidosos. Trata-se de uma continha que não bate quando se considera os custos e benefícios.
A crise gerada pela imposição insana das tarifas de exportação de produtos brasileiros para os Estados Unidos conseguiu a proeza de unir o Parlamento em torno do Executivo, numa situação rara de armistício. Curioso que a posição de Lula em defesa dos interesses nacionais nesta questão produziu efeitos antes inesperados, como o apoio de grandes associações comerciais, reunidas no Gabinete de Crise, assim como, conforme dados da Quaest\Genial, o presidente melhora suas credenciais em redutos de classe média e classe média alta, onde seus índices de popularidade cresceram.
quarta-feira, 16 de julho de 2025
Editorial: Ministro Alexandre de Moraes decide validar decreto do IOF do Executivo.
O Ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, decide validar o decreto do Executivo que havia sido rejeitado pelo Congresso. Atendendo ao pleito do próprio Executivo e do PSOL, o ministro avaliou a questão e sugeriu uma mesa de negociação entre as partes, de onde não se produziu um consenso mínimo sobre a questão. Agora vem a decisão da Suprema Corte sobre o assunto, que deve suscitar enormes polêmicas, sobretudo junto ao Poder Legislativo. Salvo melhor juízo, o decreto havia sido suspenso até a decisão recente. O Executivo não se deu por vencido nesta questão, algo que foi bastante festejado pela Oposição. Abriu uma frente de luta jurídica, política e junto à opinião pública, numa narrativa do nós contra eles, dos pobres contra os ricos.
A estratégia tem dado certo, se julgarmos o esboço da recuperação dos índices de popularidade do Governo Lula 3 constatado pelas últimas pesquisas divulgadas, onde, finalmente, sugere-se que o petista esteja estancando a sangria. Agora, do ponto de vista estritamente da gestão, o Governo abre uma perspectiva de arrecadação de mais impostos, embora mantenha a sanha da gastança, de olho nas eleições vindouras. O controle dos gastos públicos e a estabilidade econômica, mantendo o dragão da inflação longe das gôndolas dos supermercados esbarra num núcleo da gestão que considera que essas premissas impediriam a possibilidade de uma reeleição de Lula ou de uma vitória governistas nas próximas eleições.
A despeito da tempestade, o Governo Lula 3 surfa em ondas favoráveis neste momento. Muito em razão de medidas atabalhoadas ou erros de avaliação dos adversários, a exemplo do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, que tenta se reposicionar diante dos fatos. A essa altura do campeonato político eles já deveriam saber que o presidente norte-americano, Donald Trump, é um ator político imprevisível.
Editorial: Lula, finalmente, melhora seus índices de aprovação.
Depois da tempestade, vem a bonança. Neste caso, a tempestade veio durante a bonança. Depois de uma derrota no Congresso no que concerne ao aumento da tarifa do IOF, e, agora, depois do decreto absurdo do governo americano em relação à tarifa de exportação de produtos brasileiros para aquele país. Medida política, mas com reflexos efetivos sobre a condução da economia, a decisão tomada pelo presidente norte-americano produziu um verdadeiro freio de arrumação no cenário político e econômico brasileiro. Aqueles que embarcaram em defesa da medida, como foi o caso do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, tiveram que voltar atrás, mas já era tarde demais. Hoje ele paga um ônus político pesado, quem sabe até suficiente para esfriar suas pretensões presidenciais para 2026.
A Faria Lima já deu o seu recado, pois a parte mais sensível de nossa elite econômica é sempre o bolso. Há carregamentos de pescados, crustáceos, mangas e uvas retidos no porto de SUAPE. São Paulo é um dos entes federados que mais exportam para os EUA. Em momentos de crise como este, se sobressaem figuras com larga experiência no mitiê político, como é o caso do vice-presidente Geraldo Alckmin. Há um consenso de que a guerra tarifária deve ser enfrentada não com retaliação, mas com negociação. A desenvoltura do vice-presidente, que também ocupa a pasta da Indústria e Comércio, tem sido muito elogiada neste episódio, o que o credencia, ainda mais, a pleitear mante-se na condição de vice numa eventual nova candidatura de Lula.
E, por falar em Lula, no dia de ontem, 15, saíram os resultados de duas novas pesquisas de avaliação do Governo Lula 3, realizadas pelos institutos Atlas Intel e Genial\Quaest. Em ambas as pesquisas, aguardadas como bastante ansiedade pela SECOM, Lula, finalmente, melhora seus índices de avaliação positiva e diminui sua desaprovação. Sabe-se que, internamente, o Governo já teria informações que indicavam a reversão dos índices negativos de sua popularidade. O fato é que, por motivos distintos, conforme enfatizávamos no dia de ontem, Lula volta a recuperar sua popularidade junto às camadas mais humildes e, por incrível que possa parecer, uniu, mesmo que temporariamente, o PIB em torno de uma agenda comum.
terça-feira, 15 de julho de 2025
Editorial: As duras alegações finais da PGR sobre o núcleo crucial da tentativa de golpe.
O procurador-geral da PGR, Paulo Gonet, se manteve impávido durante o julgamento dos implicados do chamado núcleo crucial da tentativa de golpe de Estado. Praticamente apenas se pronunciou quando foi solicitado pelo condutor dos trabalhos da Primeira Turma do STF, o Ministro Cristiano Zanin. Um olhar mais atento sobre o seu semblante, no entanto, pode indicar a quantas andam o seu cérebro, estabelecendo conexões entre os fatos, identificando contradições, manhas e artimanhas engendradas pelos advogados de defesa dos envolvidos. Suas intervenções foram bastante pontuais, exceto no início dos trabalhos, quando tinha que expor as conclusões da PGR.
Suas alegações finais sobre o núcleo crucial da tentativa de golpe de Estado é um bom exemplo do que estamos falando. Em 512 páginas, Gonet expõe as vísceras de mais uma tentativa de solapar as instituições democráticas no país, impondo-nos um regime de exceção de consequências sensivelmente danosas para o nosso tecido social. Como o teor dessas informações acabam chegando à imprensa de alguma forma, sabe-se por exemplo, do pedido de condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro e dos demais envolvidos neste grupo, além da minimização dos benefícios da delação premiada concedida ao ex-Ajudante de Ordem da Presidência da República, o tenente-coronel Mauro Cid.
Se tal raciocínio prevalecer, isso pode significar um grande problema para o militar. Salvo melhor juízo, se ele for preso por mais de dois anos, poderá ter problema com a sua carreira militar, abrindo-se as condições para uma eventual expulsão das Forças Armadas. Ao longo do tempo, essa delação premiada do coronel Mauro Cid foi marcada por problemas em série, que a expuseram ao crivo da Polícia Federal e do próprio STF, depois de constatadas eventuais contradições do seu teor.
Editorial: O inferno astral de Jair Bolsonaro.
No dia de ontem, 14, numa situação que já seria esperada, a Procuradoria-Geral da República, através do procurador Paulo Gonet, pediu a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro, assim como a de outros integrantes acusados na trama golpista. Durante audiência recente, o tenente-coronel Mauro Cid, confirmou informações já prestadas anteriormente, onde se conclui que o ex-presidente tinha conhecimento da minuta do golpe. O tarifaço de 50% imposto pelo Estados Unidos para os produtos de exportação brasileiros já começam a produzir seus efeitos dantescos, com toneladas de produtos de exportação retidos no porto de SUAPE. Os empresários brasileiros estão enfurecidos com esta situação.
Há rumores de que esse mau humor já teria chegado aos emissários do Centrão, com o argumento de que eles teriam perdido a paciência com o ex-presidente Jair Bolsonaro, o pivô de todos esses embaraços, uma vez que tais índices foram aplicados como retaliação do Governo Americano contra o Governo Brasileiro, em razão das encrenca jurídicas que enfrentam o ex-presidente. Não se trata de uma questão econômica, mas política. Essencialmente política. Essas tarifas se constituem hoje como um arsenal utilizado para pressionar outros países a aceitarem as cláusulas impostas pelos Estados Unidos. Sabe-se, mais recentemente, que Donald Trump também fez pressão, utilizando-se do mesmo expediente, à Rússia, que respondeu lançando mais mísseis contra a Ucrânia.
É curiosa essa engenharia política montada por esta operação desastrosa do Governo dos Estados Unidos. Internamente, Lula melhora seus índices de aprovação junto a uma camada social que já esboçava indícios de que o estaria abandonando, os mais pobres, quando se propõe a cobrar mais impostos dos mais aquinhoados. Estamos nos referindo aqui à contenda do IOF. Por outro lado, nesta briga tarifária com o Governo Americano, o petista começa a amealhar a simpatia do um grupo social antes refratário, o empresariado, desesperado com os reflexos sobre os seus negócios.
segunda-feira, 14 de julho de 2025
Editorial: Lula great again?
As derrapadas dos seus adversários podem fazer ressurgir um Lula great again. São os caminhos tortuosos da política. Num vídeo postado por sua esposa, Rosângela da Silva, o presidente Lula aparece saboreando as jabuticabas de sua residência em Brasília, assegurando que deverá presenteá-las ao presidente americano Donald Trump, quando de sua visita. Certamente o presidente Trump deverá gostar da fruta, muito apreciada entre os brasileiros. A jabuticaba é uma fruta brasileira, salvo melhor juízo, do bioma da Mata Atlântica. Esta tudo errado com esta medida americana de estipular uma exorbitante tarifa de 50% para os produtos de exportação brasileiros. Portanto é difícil assegurar se as mesas de negociações no campo diplomático poderão resolver este problema.
O que Trump deseja é impossível de ser concedido pelo Governo Brasileiro. Onde já se viu estipular uma tarifa de importação tão absurda somente para que o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro seja revertido. A situação é tão absurda que demoramos a chegar este raciocínio, mas sugere-se que seja isto mesmo, quando se considera o teor da carta e a reação de um dos membros do clã bolsonaro quando o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, sugeriu acionar a Embaixada dos Estados Unidos no país para as negociações. Trump deseja que o seu amigo brasileiro seja anistiado. Hoje, Paulo Gonet, da PGR deve apresentar as alegações finais e o julgamento procegue, sendo muito pouco provável que o ex-presidente Jair Bolsonaro escape de uma condenação.
Já estão surgindo vários problema com esta medida, como o envio de toneladas de pescados brasileiros que estão precisando voltar ao país. Os americanos são grandes importadores de nosso pescado, principalmente de produtos como camarão e lagostas. Enquanto essa sandice continuar, os marqueteiros do Planalto reelaboram suas estratégias de comunicação institucional, desta vez surfando em boas ondas. Aguarda-se para os próximos dias uma grande pesquisa de um instituto sobre a popularidade do Governo Lula 3. Não se surpreendam se tivermos uma Fênix surgida das cinzas.
domingo, 13 de julho de 2025
Editorial: Até tu, Estadão?
A defesa dos interesses nacionais, das unidades federativas sob o comando desses governadores, a defesa da democracia, da soberania nacional é o que está em jogo. Na realidade, cada um ao seu modo, o editorialista do jornal aponta que todos eles embarcaram numa espécie de canoa furada, de colorações antidemocráticas, ou seja, o espólio do bolsonarismo mais radical. Precisamos, na realidade, de uma direita com um outro perfil, mais responsável, responsiva, intransigente na defesa dos interesses nacionais, de compromissos velados com os princípios republicanos e democráticos. O jorna da família Mesquita, segundo as críticas à esquerda ao editorial, teria desembarcado do bolsonarismo. No final do texto, o jornal considera Jair Bolsonaro alguém com um perfil não assimilável a um sistema democrático.
Naquele encontro consigo mesmo, antes do sono sagrado chegar, o governador Tarcísio de Freitas deve ter chegado à conclusão sobre os enormes erros de avaliação que cometeu durante este episódio. Até com membros do clã bolsonaro que ele tentou defender andou se estranhando. Soubemos recentemente que além do PSOL, o PT também pretende acionar a justiça contra o governador paulista, alegando obstrução da ação penal que envolve os indiciados na tentativa de golpe no país. A justiça aqui poderá considerar que houve uma espécie de açodamento ou uma tempestade num copo d'água e desconsiderar as alegações do PT e do PSOL. A bronca mesmo é que a Faria Lima já havia ungido o governador como um ator político confiável ao status quo conservador para as eleições presidenciais de 2026.
Editorial: O Brasil é dos brasileiros.
Seus opositores, dentro e fora do país, na realidade, deram o mote que Lula estava esperando para voltar a surfar em índices de popularidade confortáveis e credenciar-se a uma nova candidatura, algo que, até então, parecia fadado ao esquecimento. A oposição bolsonarista aqui e seus apoiadores alhures deram a Lula uma sobrevida e salvaram o marqueteiro Sidônio Palmeira de uma grande encrenca, pois, sem tais ingredientes novos, possivelmente os índices de popularidade não seriam revertidos, a despeito de uma série de programas que estão sendo implementados ou previstos, todos com o objetivo de conquistar a simpatia de determinados segmentos do eleitorado. As colheitas e reconstrução do passado hoje abrem espaço para os pobres contra ricos e, sobretudo em defesa do nacionalismo, traduzidos em slogan do tipo O Brasil é dos Brasileiros, que, segundo fontes, poderá ser usado por todos os ministros do Governo a partir de então.
Uma colunista de um grande jornal criticou o fato de o Ministro da Comunicação Institucional, Sidônio Palmeira, priorizar seus esforços nas redes sociais. Hoje, no entanto, a batalha nas redes sugere-se que esteja mais equilibrada, impulsionada com o combustível fornecido pela direita e pela extrema direita. Até governadores de estado de oposição, que embarcaram na sandice das taxas de 50% apenas porque estava sendo proposta por um aliado, hoje se arrependem quando precisam lidar com realidade de exportação do entes federativos governados por eles, como é o caso de São Paulo. Até o agronegócio, um segmento do eleitorado refratário a Lula desde sempre, hoje está contingenciado a apoiar a defesa do interesse nacional.
Editorial: O Brasil não atinge a meta de alfabetização infantil.
O sociólogo Gilberto Freyre enfrentou algumas dificuldades em seu processo de alfabetização. Foi alfabetizado primeiro em inglês, através de um professor particular contratado pela família, e, somente depois, inteirou-se sobre a língua de Camões. Isso não o impediu de se tornar, ao longo dos anos, ao lado do poeta João Cabral de Melo Neto, seu primo, um dos maiores expoentes da língua portuguesa no mundo. Quando instigado a escreve em inglês, durante sua temporada de estudos nos Estados Unidos, afirmava sempre que não sabia dançar em inglês, o que fazia tão bem em língua portuguesa. Escreveu um dos mais emblemáticos textos sobre a interpretação do Brasil, praticamente inaugurando os estudos sobre a escravidão no país, ainda na década de 30, numa linguagem mais literária do que científica.
Curioso que essa forma de abordagem de temas crucias para o país numa linguagem literária é merecedora de rasgados elogios, de um lado, o lado dos seus admiradores, e apontada pelos seus críticos como um dos pontos fracos quando cotejada com outros trabalhos de perfil mais "científicos" sobre a interpretação do país, a partir de uma matriz teórica do marxismo, a exemplo de Jacob Gorender. Gilberto, no entanto, é uma exceção à regra. Quando o aluno comum deixa de ser alfabetizado entre a idade de 6 e 7 anos, o que corresponderia ao primeiro e segundo anos do fundamental, a coisa quebra na emenda, comprometendo os próximos ciclos de estudos. Trata-se da pedra angular da educação básica. Quem chega a essa fase e não for devidamente alfabetizado terá problemas pelo resto de sua formação.
Há alguns meses, percebíamos que o MEC parecia que não queria dialogar com este assunto espinhoso, principalmente no que concerne ao segundo ano do fundamental, recorrendo a outros indicadores, que não o SAEB, o Sistema de Avaliação da Educação Básica, para divulgar outros dados. O jornalismo do jornal O Estado de São Paulo, que publicou duas matérias longas tratando deste assunto, e o próprios servidores do INEP alegaram a necessidade de que os números do SAEB fossem divulgados. O resultado é que o MEC foi reprovado neste quesito. Não atingimos a meta de alfabetização na idade certa. O problema alegado foi a catástrofe no Rio Grande do Sul.
sábado, 12 de julho de 2025
Editorial: O boné de Tarcísio.
Ninguém, com o mínimo de bom senso, poderia embarcar na defesa de uma tarifa de 50% para exportação de produtos. Passado o calor das emoções iniciais, quando a atitude do presidente norte-americano acendeu o entusiasmo dos bolsonaristas locais, o que deve ter se seguido foi uma reflexão mais consequente acerca deste fato, antevendo-se suas consequências para o conjunto das exportações brasileiras para aquele país. O governador Tarcísio de Freitas tirou o boné, apagou uma postagem numa de suas redes sociais e, como se não fosse ainda suficiente, teria procurado a Embaixada Americana no Brasil no sentido de propor uma solução negociada em relação à essas tarifas absurdas impostas pelo governo americano aos produtos de exportação brasileiro.
Num único equívoco de avaliação política, o governador Tarcísio de Freitas forneceu uma carrada de munição a seus adversários e até aos aliados, a exemplo da família Bolsonaro que ficou profundamente insatisfeita com a sua procura à Embaixada American. O presidente Lula, numa entrevista logo em seguida, cobrou a retirada do boné do governador das redes sociais, alegando que, apesar da retirada, a população sabe qual é o lado do governador. Por outro lado, o deputado federal do PSOL, Guilherme Boulos, está solicitando a abertura de uma investigação contra o governador, argumentando que ele poderia está tentando facilitar uma eventual fuga do ex-presidente Jair Bolsonaro, quando solicitou ao STF a liberação do seu passaporte para que o ex-presidente pudesse negociar pessoalmente com o presidente Trump a redução dos índices dessas tarifas de exportação dos nossos produtos.
Erros de avaliação tem suas consequências. A direita brasileira e o governo norte-americano forneceram as condições ideais para uma sobrevida das forças do campo progressista brasileiro, que tomaram um impulso surpreendente, embaladas pela defesa dos pobres contra os ricos e pelo nacionalismo. O danado é que Trump vai precisar ceder; não muda nada em relação ao andamento do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, que deverá ser condenado; e, talvez ainda pior - para eles, claro - tirou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva das cordas.
sexta-feira, 11 de julho de 2025
Editorial: O uso das tarifas para proteger ditadores.
Antes mesmo que ele fosse contemplado com o prêmio Nobel de Economia, já acompanhávamos o trabalho do economista americano Paul Krugman, discutindo algumas de suas teses em sala de aula. Sabíamos que era apenas uma questão de tempo para que o seu trabalho fosse reconhecido ou legitimado, como preferia o sociólogo francês, Pierre Bourdieu. Não se fala noutro assunto, desde que o presidente Donald Trump resolveu comunicar ao Governo Brasileiro que estava estipulando uma tarifa de 50% para os produtos de importação brasileiros. O Jornal do Commércio de hoje, 11, traz uma importante matéria, ouvindo produtores nordestinos, que calculam que isso representaria um prejuízo de 16 bilhões mensais para os nossos produtos de exportação.
O mesmo jornal traz uma série de pronunciamentos de homens públicos, políticos, economistas, empresários, todos enfatizando a sandice de uma medida como esta. Uma loucura que nem vale a pena comentar. O Governo Lula3, juntamente com o Judiciário, ajustam a resposta ao Governo Norte Americano em relação ao assunto. Comenta-se que o Governo brasileiro poderia recorrer à Organização Mundial do Comércio, mas sabe-se, de antemão, como encontram-se fragilizados os mecanismos de arbitragem desses organismos internacionais nesses tempos bicudos que o planeta enfrenta. Este ajuste de resposta faz sentido na medida em que os assédios começaram pelo Judiciário, com a adoção de medidas contra membros de nossa Suprema Corte.
Há algumas brigas paroquiais entre membros do Executivo e governadores de oposição que resolveram encontrar algum expediente de defesa dessa proposta estapafúrdia e indecente, quando não defendendo os índices estipulados pelo governo americano, responsabilizando atitudes tomadas por Lula pelo ocorrido. É mais ou menos como se eles afirmassem: Quem mandou não ser bonzinho ou contrariar o governo americano? Agora arque com as consequências, como se isso não afetasse a todos os brasileiros. O economista pernambucano Sérgio Buarque, afirma que isso não se sustenta - também consideramos que não - e o Paul Krugman, matou a charada: trata de uma chantagem tarifária com o propósito de defender ditadores pelo mundo afora. Há que se acrescentar por aqui que, mesmo do ponto de vista das chantagens políticas, tais expedientes não deram certo. Aqui, na realidade, tem favorecido o apoio da população ao presidente Lula e tirado Sidônio Palmeira da enrascada de encontrar um mote que vingasse pelas redes sociais. Este pegou!


