Possivelmente, o prestígio da diplomacia brasileira não é mais o mesmo no cenário mundial. Trata-se de um dos espaços públicos que também foi muito aparelhado durante o governo de Jair Bolsonaro, quando a indicação para ocupar os cargos mais relevantes do órgão passava apenas pela clivagem da afinidade política, sem considerar os critérios técnicos do indicado, algo impensável noutros tempos. Até bem pouco tempo tivemos acesso aos embates ocorridos no Itamaraty, sobretudo entre os pernambucanos Oliveira Lima e Joaquim Nabuco. Eles não se entendiam e, como consequência, quando faleceu, Oliveira Lima doou a sua espetacular biblioteca ao Governo americano. Quem acabou perdendo foi o Brasil. É mais um daqueles órgãos que, por algum motivo, talvez pela ausência das condições políticas efetivas, o Governo Lula 3 não reuniu as condições ideais de republicanizar. Vejam o nível dos integrantes do órgão naquele momento. Oliveira Lima foi um dos principais orientadores informais da carreira do sociólogo Gilberto Freyre. Joaquim Nabuco, então, dispensa maiores apresentações. Em meio à birra com Oliveira Lima, Osvaldo Aranha, outro ilustre da Semana de 22, era o interlocutor mais confiável a Joaquim Nabuco no órgão. Time de primeira.
O Instituto Rio Branco é reconhecido como a maior escola de formação de diplomatas do mundo, um legado deixado pelo Barão do Rio Branco. Uma diplomacia que sempre foi muito respeitada no mundo encontra-se hoje, infelizmente, com dificuldades de sentar à mesa com a diplomacia americana. Sugere-se que, mais uma vez, as questiúnculas políticas estão se sobrepondo ao papel primordial de um aparato diplomático. O papel é eminentemente político, irão leitores nos corrigir, mas estamos tratando aqui de política com "P" maiúsculo. A situação que o país está enfrentando é altamente delicada. Ontem ficamos sabendo que 75 mil toneladas de frutas estão retidas nos portos brasileiros aguardando embarque para os Estados Unidos. Podem estragar, caso não haja uma solução para o impasse.
E isso é apenas uma parte dos problemas, poque já se fala em novas medidas, como a questão do bloqueio do GPS, quando se sabe que o brasil não tem autonomia nesta tecnologia e isso representaria um verdadeiro caos para as comunicações no país, a começar pelas transações bancárias com PIX, o transporte de passageiros pelo Uber, as entregas do Ifood, o agronegócio, as transmissões energéticas, os voos das companhias aéreas, as operações militares, entre outros. Enquanto países como a Rússia, a China possuem autonomia em relação a esta tecnologia, o Brasil depende essencialmente desta empresa americana. Vamos deixar as bravatas de lado e negociar.

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