pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO.
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domingo, 14 de abril de 2024

Editorial: Greve dos servidores pode comprometer políticas públicas estratégicas para o Governo Lula.



Todos sabemos que não se trata de uma tarefa muito simples arrumar uma casa desarrumada há algum tempo. É este o quadro de algumas categotias do Serviço Público Federal no país. Em algumas situações específicas, o quadro é ainda mais grave, uma vez que o governo anterior objetivava, deliberadamente, aplicar um torniquete em alguns órgãos, para dar vazão ao seus projetos nefastos. Esvaziar alguns órgãos públicos fazia parte dessa engrenagem perversa, como era o caso do IBAMA, do ICMbio, da Funai. 

No atual momento político, onde várias categotias de serviodores estão mobilizados por recomposições salarias devasadas ao longo do tempo, as instituições citadas acima entram ainda mais fragilizados nas chamadas mesas de negociações. No caso dos órgãos mencionados,  se impõe uma política reestruturadora, para muito além das recomposições salariais justamente reclamadas. Sob o Governo Bolsonaro, algumas instituições federais viraram ambientes de terras arrazadas, onde se instituiu todo tipo de práticas de caráter não republicanos. 

Somente para que tenhamos uma vaga ideia da dimensão do problema, havia minitro do meio ambiente acusado de tráfico de madeira ilegal; presidente de órgão como a FUNAI acusado de grilagem de terras indígenas. Explica-se o fato de a Ministra Marina Silva ter sido talvel a primeira autoridade do Governo Lula a procurar a Ministra de Gestão, Esther Dweck, no sentido de encontrar uma solução para o problema da greve dos órgãos a ela subordinados.

Os órgãos estão parados há três meses, executando apenas funções burocráticas, de acordo com o noticiário sobre o assunto. Ainda existe uma boa vontade entre os servidores e o Governo Federal. A despeito dos problemas, o Governo Lula precisa manter essa boa vontade dos servidores com o Governo - estamos tratando aqui de categorias que sempre emprestaram apoio aos governos e corte progressista - mas é preciso ficar atento aos danos, principalmente no tocante a algumas políticas públicas estratégicas, como é o caso do meio ambiente e em áreas nevrálgicas como educação, onde vários Institutos Federais já pararam as atividades, e os professores univeristários, que ameaçam fazer o mesmo. 

Para entender melhor o assunto, você precisa ler também: 

Greve dos Servidores Públicos Federais

Granada no bolso dos servidores

Editorial: Sílvio Costa Filho abre corrida para o Senado em Pernambuco.



A indicação do ministro Sílvio Costa Filho para assumir o Ministério dos Portos e Aeroportos foi bastante festejada pelos pernambucanos, pois emplacaríamos mais um nome na Esplanada dos Ministérios, o que poderia representar, como de fato representou, a execução de obras e mais recursos para o Estado.  Sílvio possui um estilo agregador, que alguns atribuem até ao de uma raposa política pernambucana, o ex-governador Marco Maciel. Dialoga com todas as tribos políticas, apesar de se identificar com segmentos mais ao centro do espectro político. 

Por motivos óbvios, a indicação não significou uma pacificação da relação entre o  presidente Lula com a legenda Republicanos, à qual Sílvio é filiado, que fez questão de enfatizar que continuaria na trincheira de oposição ao Governo, dando a entender que o novo ministro entrava no Governo por sua conta e risco. A relação dos Republicanos com o Governo Lula é tão controversa que figuras ilustres do partido, como é o caso do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, um bolsonarista convicto, já chegou a ameaçar deixar a legenda, se acomodando, talvez, no próprio PL, onde, possivelmente, se sentira mais à vontade. 

Ressalvada as questões de governança ou institucinoais, de fato essa aproximação com o Governo Lula nunca poderia ser mesmo explícita, uma vez se formata por ali, possivelmente, um foco de oposição cerrada, em condições de competir pelo Planalto nas próximas eleições presidenciais. Enquanto isso, o Ministro Sílvio Costa filho se equilibra como pode, contribuindo para ampliar a penetração do seu partido no Estado, mas com uma postura que já reconhecemos por aqui, ou seja, é, de fato, um governista, não divergindo dos rumos tomadas pelas forças governistas.

As movimentações de Sílvio Costa é uma sinalização clara de que o ministro alimenta expectativas no tocante às eleições de 2026, quando se abrem no Estado duas vagas ao Senado Federal. O arranjo institucional de tal postulação, por enquanto, ainda suscita algumas interrogações. Tanto o prefeito João Campos quanto a governadora Raquel Lyra mantém aproximações com o Governo Lula. Contrariando o próprio partido, o PSDB - que promulga uma terceira via - a governadora apeou os remanescentes do PL do seu Governo, talvez num gesto de consolidar, ainda mais, a parceria com o Governo Federal. Vamos ver como este maracatu se ajusta até as eleições de 2026. Por enquanto, o ministro faz o dever de casa.  

 

Charge! Jean Galvão via Folha de São Paulo

 


sábado, 13 de abril de 2024

Editorial: Lula minimiza indisposições entre Lira e Padilha.


O presidente Lula afirmou recentemente que o seu Ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, continuará firme como uma rocha na Esplanada dos Ministérios. Será mantido no cargo até por pirraça, ou seja, quanto mais pedirem a cabeça do ministro, mas ele será prestigiado no Governo. Nas coxias, entretanto, sabe-se que as coisas não funcionam bem assim. O Ministro da Casa Civil, Rui Costa, assume cada vez mais papel relevente neste meio de campo entre o Executivo e o Legislativo. 

Padilha é do chamado núcleo duro do petismo. Daqueles atores que, ao ser desligado do Governo, além do ônus pesado a ser pago, tal processo deveria seguir um trâmite de saída honrada, ou seja, a indicação para um outro cargo. Especula-se, nos corredores da capital federal, que Padilha poderia aceitar, por exemplo, uma indicação para o Ministério da Saúde, para desespero do alagoanao Arthur Lira. Sabe-se que o Centrão almeja este cargo há algum tempo. 

Indicar Alexandre Padilha para a pasta, numa eventual saída de Nísia Trindade do cargo, seria, certamente, algo interpretado como mais um gesto de provocação, num ambiente de egos bastante inflamados. Narrativa é algo bastante complicado, com o qual deve-se tomar todos os cuidados possíveis. Lula, por exemplo, aprovou 98% da PEC da saidinha, mas os bolsonaristas estão tratando o fato como um "veto". Um veto a ser derrubado o mais rápido possível, para, numa leitura bem matreira, impor uma nova derrota ao Governo.  

Editorial: Bolsonaro impõe coronel Mello como vice na chapa de Nunes.



Com capital político em alta, o ex-presidente Jair Bolsonaro tem exercido forte influência sobre a composição das chapas conservadoras que disputarão as próximas eleições municipais. Tem sido assim em todo o país e não seria diferente em São Paulo, quando se estabeleceu uma aliança entre o MDB e o PL, que dá sustentação ao projeto de reeleição do prefeito Ricardo Nunes. A princípio, o PL chegou a cogitar de uma candidatura própria, mas o projeto foi abortado, pois o partido já estava comprometido com Nunes, ao integrar sua gestão. 

Assim, ficou ajustado que o nome que concorreria a vice na chapa sairia do grupo ligado ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Bolsonaro fez a indicação do coronel Mello, mas, pelos motivos já elencados por aqui, o staff político do prefeito não tem demonstrado unanimidade em sua aceitação. Especulou-se que Bolsonaro poderia aceitar, de bom grado, a possibilidade de analisar um outro nome para indicação. As coisas não se ajustaram e agora vem a notícia de que o nome indicado será mesmo o do coronel Mello. 

Pelo andar da carruagem política, não existe uma segunda opção. É Mello ou Mello. Chegou-se a um estágio onde ou Nunes aceita o nome do coronel ou a relação entre o PL e o prefeito tende a azedar de vez. Nesta fase da campanha, as dificuldades de todos os candidatos são imensas. Tabata Amaral perdeu o seu marqueteiro; Guilherme Boulos foi condenado a pagar uma multa em razão de uma pesquisa divulgada; Ninguém se entende no ninho tucano.  

Editorial: Bolsonaro cumpre agenda política em Cabedelo. Visivelmente irritado.


Setores da direita paraibana moveram morinhos para retirar do páreo algumas figuras carimbadas do bolsonarismo local, como é o caso do jornalista Nilvan Ferreira, hoje pré-candidato à Prefeitura de Santa Rita, a terra dos canaviais. Nesta fase inicial de pré-campanha, de olho nas eleições municipais, sugere-se que os problemas não se restrinjam apenas aos segmentos ditos progressistas da capital paraibana, que não conseguem construir um consenso em torno de uma candidatura que os integrem num só palanque. 

Pelo andar da carruagem política, a direita bolsonarista também enfrenta sérios problemas. A manobra perpetrada contra o radialista Nilvan Ferreira, certamente, produziu alguns reflexos que poderão ser sentidos mais adiante, durante a fase de campanha oficial propriamente dita. Havia a expectativa de que o capitão pudesse deixar a capital já com a indicação do nome que deve concorrer à vice na chapa encabeçada pelo seu ex-Ministro da Saúde, Marcelo Queiroga. Algo sugere que o impasse continua. 

Bolsonaro ficou bastane aborrecido com a organização do evento de sua passagem pela capital paraibana. Por algum motivo seus apoiadores não o aguardava na chegada ao aeroporto, como é comum nessas andandças do ex-presidente. Não se sabe se por alguma proibição explícita ou se por algum equívoco dos organizadores. Bolsonaro deu bronca, principalmente no seu amigo, o pastor Sérgio Queiroz, que, diplomaticamente, minimizou a reprimenda, amorteceu a pelota no peito e lançou a bola para frente. 

Hoje, 13, Bolsonaro cumpre agenda na cidade de Cabedelo, cidade da Região Metropolitana de João Pessoa, conhecida por suas praias, seu porto, atrativos naturais, mas com altos índices de violência, em razão da presença do crime organizado. As andanças do ex-presidente sempre atraem multidões e, neste aspecto, não foi diferente na Paraíba. Ocorre de diferente, no entanto, o humor do ex-presidente. Ele nos pareceu sensivelmente irritado em sua chegada à cidade, com o objetivo de prestigiar a pré-candidatura do Deputado Estadual Walber Virgolino à Prefeitura da Cidade. Acreditamos que muito em razão dos aborrecimentos iniciais, assim que chegou à cidade.   

Charge! Marília Marz via Folha de São Paulo

 


sexta-feira, 12 de abril de 2024

Editorial: Relações truncadas entre Arthur Lira e Alexandre Padilha.


Já faz algum tempo que o Presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, e o Ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, não se entendem muito bem. Lira chegou a sugerir que o seu relaciomento com o Ministro da Casa Civil, Rui Costa, era muito mais amistoso e produtivo. Não vamos aqui entrar nos detalhes dessas birras ou amuações entre ambos, uma vez que, se analisarmos mais profundamente, o que não anda bem mesmo são as relações entre o Executivo e Legislativo, de um modo mais geral. 

Em encontro recente com jornalistas, o senhor Arthur Lira teria chamado o ministro Padilha de incompetente, tendo como pano de fundo - neste caso não é cueca - a recente votação pelo relaxamento ou manutenção da prisão preventiva do Deputado Federal carioca Chiquinho Brazão(PL-RJ), acusado de ser um dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco. Como estamos diante de uma queda de braços, segundo ainda os escaninhos da política da capital federal, Lira teria se empenhado no sentido de revogar tal prisão, ao passo em que o Governo, através de Alexandre Padilha, teria aconselhado aos parlamentares governistas a manutenção da prisão de Brazão, o que poderia ter desagradado ainda mais o Presidente da Câmara dos Deputados. 

De fato, a manutenção da prisão foi bastante comemorada pelos govenistas, que terão logo uma dor de cabeça pela frente, com os vetos impostos por Lula à chamada PEC da Saidinha. Na realidade, o Governo sancionou, mas com algumas restrições e é aqui que o problema reside, uma vez que os oposicinistas não abrem mão de praticamente nada neste sentido, exceto em situações bastante excepcionais, já previstas na PEC. A oposição, principalmente a bolsonarista mais renhida, já se prepara para impor mais uma derrota acachapante ao veto de Lula. 

Ouvido a esse respeito, o Ministro das Relações Institucionais afirmou que não iria se baixar a tal nível. Setores do Partido dos Trabalhadores saíram em sua defesa, alegando falta de decoro ao desafeto do ministro.  

Editorial: Bolsonaro é recebido por apoiadores na Paraíba.



O ex-presidente Jair Bolsonaro cumpre agenda no dia de hoje na capital paraibana, João Pessoa, e na cidade de Cabedelo, região metropolitana do Estado, onde reforça a campanha de seus correligionários, de olho no pleito municipal que se aproxima. Na capital parabiana, depois de uma grande virada de mesa onde foram apeadas figuras bolsonaristas carimbadas, o médico Marcelo Queiroga assumiu a condição de candidato a prefeito da cidade pelo PL. Embora haja uma liderança do atual gestor Cícero Lucena(PP-PB) na primeira pesquisa de intenção de voto para 2024, as forças do campo conservador e de direita estão bem arregimentadas, sobretudo em razão das fragilidades das forças do campo progressista, que não conseguem construir um consenso em torno de um candidato que possa reuní-las num só palanque. 

Há uma possibiidade de que o PSB e o PT possam referendar o nome de Cícero Lucena, do Progressistas, mas ainda existem muitas disputas internas e brigas intestinas, conforme enfatizamos por aqui. Enquando isso, o bolsonarismo faz a festa no reduto petista, tomando aquele café da manhã no famoso Mercado da Mangabeira, onde são servidas verdadeiras iguarias da culinária nordestina, paraibana em particular. O PL pode montar uma chapa puro-sangue, formada por bolsonaristas raízes para disputar o próximo pleito. 

Cícero não é bem aquele candidato que a esquerda paraibana se sentisse à vontade em apoiar. Ele tem perfil e eleitores no campo conservador, que poderiam, facilmente, migrarem para o outro lado, mediante alguns incentivos. É um risco, portanto, creditar à sua candidatura uma opção realmente segura de fazer frente ao bolsonarismo na capital de todos os paraibanos. 

 

Editorial: Esther Dweck sugere não ser possível retirar a granada do bolso dos servidores.


Naquele impulso inicial de qualquer Governo, sobretudo de um governo com o perfil do PT, tentou-se corrigir algumas injustiças cometidas pelo Governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, como o desmonte executado sobre órgãos de fomento à pesquisa, como o CNPq, Capes, cujas bolsas de estudos, além de reduzidas drasticamente, tiveram seus valores congelados, acumulando perdas absurdas ao longo dos anos. O mesmo ocorreu com a defasagem dos valores pagos para as unidades de refeição da merenda escolar, que chegavam a centavos. 

Havia casos em que as abnegadas merendeiras precisavam dividir um ovo para quatro crianças. Citamos aqui esses dois casos emblemáticos, mas, certamente, devem ter ocorrido outros tantos, onde os compromissos assumidos em campanha e a boa vantade do Governo Lula ficaram evidentes. No caso de algumas categorias de servidores públicos do Executivo, o tratamento do Governo Bolsonaro foi simplesmente atroz. A imagem de uma granada no bolso, dita por um membro do próprio Governo, em reunião ministerial, nunca foi tão realística. 

Foram anos sem qualquer recomposição salarial, acumulando-se perdas que chegaram próximas aos 60%. Somente quem escapou desse verdadeiro arrocho salarial foram os militares, que tiveram suas recomposições salariais asseguradas. A esculhambação foi tanta no período que mais de 200 mil militares foram incluídos para o recebimento do auxílio emergencial durante a epidemia da Covid-19, que foi  usada como argumento para a não concessão de qualquer reajuste. 

Salvo melhor juízo, talvez tenha sido a própria Esther Dweck, Ministra de Gestão e Inovação, quem afirmou as intenções do Governo em retirar a granada deixada pelo Governo Bolsonaro no bolso dos servidores. Sabe-se que se trata de algo que não depende apenas de boas intenções. O Governo está com as contas desarrumadas e agora tenta, a todo custo, colocar a Casa em ordem, o que também não é tão simples, pois depende de aprovação de projetos do seu interesse, missão não muito bem-sucedida em alguns casos. 

Não se esperava que essa granada pudesse ser retirada do bolso dos servidores a curto prazo. Por outro lado, manter um ano sem qualquer reajuste, 2024, sobretudo para algumas cetegorias, sugere-se que a situação talvez nunca venha a ser equacionada e a granada definitivamente desarmada. Para completar o enredo, tais servidores hoje se encontram diante do monstro da carestia de alguns itens de consumo básico, como é o caso do arroz, do feijão, dos horti-frutis. Tomate, cebola e cenoura já chegam, em alguns mercados, a valores acima de R$ 10,00 o quilo, algo sem precedentes.

Depois de um périplo pela Esplanada dos Ministérios, conversando com o pessoal da área econômica, a Ministra Esther Dweck chega à conclusão de que as categorias de servidores administrativos das universidades devem ser priorizadas no momento, sendo praticamente impossível recompor as perdas integrais que algumas categorias de servidores públicos acumularam durante o Governo anterior. 

Para entender melhor este assunto, você precisa ler também:

Greve dos servidores públicos.  

Editorial: Nova pesquisa da Quaest sobre a aprovação do Governo Lula.



Salvo por algum erro deste editor, tudo indica que os assessores de comunicação do Palácio do Planalto podem ter chegado a conclusões equivocadas acerca dos reais problemas enfrentados pelo Governo Lula, ou seja, na identificação correta sobre os reais problemas que estão minando a sua aprovação junto à população. Caso persistam nesses erros, conforme discutimos por aqui, não surpreende que a situação esteja somente piorando desde então. É preciso dá um tempo, desde que o diagnóstico esteja correto. As novas estratégias de comunicação, no entanto, sugerem que há dúvidas sobre o diagnóstico.  

Neste aspecto, o morubixaba petista tem sido bastante comportado, seguindo à risca as orientações do seu novo marqueteiro, lendo os dircursos em público para não cometer novas derrapagens verbais; Fazendo cooper matinal nas imediações do Planalto; Plantando árvores na residência quando os afazeres permitem. A nova pesquisa da Quaest, encomendada pela Genial Investimentos, saiu no dia de hoje, 11, e, dependendo para onde se olha, traz boas e más notícias para o morubixaba petista. 

A pesquisa foi realizada em redutos oposicionistas tradicionais, como os Estados de São Paulo, Minas, Goiás e Paraná, todos governandos por atores políticos de alguma forma vinculados à oposição mais radical ao Governo, que aspiram um dia concorrer à Presidência da República. Embora os índices de aprovação sejam inferiores ao de desaprovação, Lula melhorou  seus índices de tendência eleitoal nesses Estados, quando comparados às eleições presidenciais de 2023. Aqui se encerram as notícias boas para o Planalto. 

Os governadores Tarcísio de Freitas, Romeu Zema, Ronaldo Caiado e Ratinho Júnior ostentam índices de aprovação muito superiores aos do presidente Lula, o que significa dizer que decolariam bem de suas bases caso viessem a enfrentar o petista numa disputa direta pela Presidência da República. Em todos esses Estados, os escores de desaprovaçaõ de Lula são superiores aos de aprovação, o que, certamente, ainda mantém o Planalto em sinal de amarelo. 

Charge! Mor via Folha de São Paulo

 


quinta-feira, 11 de abril de 2024

Editorial: Gregória Benário assume federação na Paraíba questionando candidatura própria do PT.

 


A militante do PCdoB, Gregória Benário, assume a direção da federação Brasil da Esperança na Paraíba, formada pelo PT, PV e o PCdoB, questionando a tese de uma candidatura própria do PT para disputar a Prefeiuta de João Pessoa nas eleições municipais deste ano. Pelo seu entendimento, uma candidatura própria teria que contar com o sinal verde de todos os partidos que integram a federação e não apenas do PT. Qualquer dúvida ou impasse neste sentido deverá ser equacionado pela Federação em nível nacional, comandada pelo Ministra de Ciência e Tecnologia do Governo Lula, Luciana Santos, do PCdoB. 

Pensem os leitores num impasse complicado este que está sendo enfrentado pelas forças do campo progressista em João Pessoa. As prévias, antes previstas, foram descartadas depois que o Deputado Federal Luciano Cartaxo(PT-PB) desistiu de disputá-las, como ocorrera no Ceará. A indicação de um nome do partido para concorrer ficaria, neste caso, a cargo do GTE(Grupo de Trabalho Eleitoral), ou, para ser mais preciso, da Executiva Nacional da legenda, que se debruça sobre o impasse, não sendo improvável acompanhar o projeto de reeleição do atual gestor da cidade, Cícero Lucena(PP-PB). 

Enquanto isso, a direita bolsonarista faz a festa com a chegada do ex-presidente Jair Bolsonaro à capital, com o propósito de reforçar a candidatura do seu ex-Ministro da Saúde, Marcelo Queiroga(PL-PB), que disputa a prefeitura de João Pessoa nas próximas eleições. Bolsonaro chega amanhã, dia 12, e deve permanecer até o dia 14, quando concede entrevistas, reune-se com apoiadores e participa de eventos de rua. 

Para entender um pouco mais sobre essa polêmica: 


P.S.: Do Contexto Político: Parece não haver dúvidas de que a jovem Gregória Benário deve ter nascido num berço genuinamente de família comunista. Quem tiver essa informação e puder passar para o blog, agradecemos a gentileza.  

Editorial: Os gols de placa de Ricardo Lewandowski no Ministério da Justiça.



Não é segredo para ninguém que Ricardo Lewandowski assumiu o Ministério da Justiça num momento bastante difícil, quando os reflexos do enraizamento do crime organizado no aparelho de Estado já podem ser sentido nos índices de violência entre os entes federados, gerando uma crise sem precedentes de segurança pública. Há anos não eram cometidos tantos assassinatos como agora em Pernambuco, de acordo com dados oficiais. Um retrocesso gigantescos nos índices de CVLI, um dos indicadores utilizados para mensurar as taxas de violência numa determinada região. 

O Governo do Estado insiste em não utilizar a espertise e os avanços conquistados pelo Pacto pela Vida neste sentido. Pode ser apenas por questão de birra política. Se tem sido complicado para o Governo, no plano federal, o SUSP, aqui no Estado uma cetegoria de profissionais da área de segurança pública ameaça não aderir ao novo plano proposto, o Juntos pela Segurança. Como se isso não fosse suficiente, a oposição bolsonarista, formada, em sua maioria, por integrantes de forças militares e policiais, não dá um minuto de trégua ao Governo. Se não encontrarem alguma coisa eles inventam, como as ilações sobre a presença do ex-ministro, Flávio Dino numa favela carioca. 

É um pessoal do "babado", como se diz na gíria, atentos a qualquer falha ou deslize, mínima que seja, do Governo. Mas, nem tudo são pedras pela caminho. O cientista político Murilo Aragão, num artigo publicado na revista Veja, elenca o que ele chama de gols de placa do Ministro da Justiça Ricardo Lewandowski. O maior desses gols, sem dúvida, foi a solução do caso do assassinato da ex-vereadora Marielle Franco, algo que estava literalmente "abafado" há mais de dez anos. Em sua gestão, o caso foi solucionado, com a responsabilização dos mandantes do crime, que estão presos.  

Um impasse no início da jornada do novo ministro, mas, no final, também pode ser creditada aqui entre esses gols de placa a prisão dos fugitivos do Presídio de Segurança Máxima de Mossoró, no Rio Grande do Norte. No dia de ontem, o próprio presidente Lula fez questão de enviar mensagem de reconhecimento pelo trabalho desenvolvido pela Polícia Federal nesses casos.  

Editorial: Movimento grevista no Serviço Público Federal.


Nos últimos dias, contingenciada pela onda grevista que começa a atingir algumas categorias de servidores de diversas áreas do Serviço Público, a Ministra de Gestão e Inovação, Esther Dweck, tem realizado um périplo pelo Ministério da Fazenda e Planejamento no sentido de encontrar uma brecha no orçamento que permita conceder algum tipo de reajuste aos servidores públicos do Executivo ainda este ano. A ministra, a despeito do esforço, não tem recebido boas notícias em relação ao assunto. 

Argumenta-se que tal possibilidade estaria condicionada ao aumento de arrecadação do Governo, que deu indicadores possitivos nesses primeiros meses do ano, mas a questão maior, na realidade, é que o Governo precisa ajustar contas desarrumadas e a possibilidade de reajuste para a categoria não está prevista no orçamento, generoso em atender as demandas das chamdas emendas, mas avarento e insensível quanto às reais necessidades dos servidores públicos, que acumulam perdas consideráveis, impostas pelo Governo anterior.  

Vamos ser sinceros por aqui. Não se pode por em dúvidas o empenho da ministra Esther Dweck, que demonstra, de fato, estar interessada em resolver o problema. As mesas de negociações foram abertas num clima bastante alvissareiro, mas os avanços, desde então, foram pontuais, incipientes, longe de atender as demandas represadas ao longo de sei anos, com tendência a seguir essa linha de negociações daqui para frente, como se sugere pelo andar da carruagem, quando se volta a discutir a possibilidade de negociações por caterogias especíicas, o que, certamente, fragilizaria algumas delas, com menor poder de barganha ou menos organizadas sindicalmente. 

O diálogo de Esther Dweck parece ter sido mais promissor com a Ministra do Planejamento, Simone Tebet, que sempre dá alguma esperança de se conceder algum reajuste ainda este ano,condicianado, naturalmente, à melhoria da arrecadação. Com Fernando Haddad, no entanto, esse diálogo não avança. Ainda no dia de ontem, o ministro descartou tal possibilidade, contingenciada pela não previsibilidade orçamentária, além da premente imposição de equilibrar as contas públicas, de preferência ainda este ano. 

Assim que o Governo Lula assumiu, havia um compromisso moral e inadiável de corrigir algumas injustiças cometidas pelo Governo anterior. Algumas categorias de servidores públicos do executivo foram sensivelmente penalizadas. O Governo anterior trouxe os militares para a máquina pública, eles ocuparaem cargos de DAS, concedeu-se recomposições regulares, deixando de lado contingentes expressivos das demais categorias de servidores, cujas perdas acumuladas chegaram aos 60%.

Por razões que se tornariam claramente identificadas posteriormente, o Governo anterior afagou com mão de pelica os militares, negligenciando inúmeras categorias de servidores públicos do Executivo, sempre desfavorecida quando cotejadas aos servidores do Legislativo e do Judiciário. Não se predispondo a oferecer uma prosposta que possa, ao longo dos anos, corrigir essas injustiças, o Governo Lula acena, tão somente, no sentido de corrigir alguns benefícios como os auxílios alimentação, saúde e creche.

Para usarmos uma analogia do ex-Ministro da Economia do Governo Jair Bolsonaro, Paulo Guedes, que deixou escapar, durante uma reunião ministerial, que iria colocar uma granada no bolso dos servidores públicos, algo sugere que, em tal diapasão, o Governo Lula, infelizmente, não irá desativar ou desarmar essa granada, ativada pelas perdas acumuladas ao longo dos anos, aliada aos aumentos recentes do preço de alguns alimentos, principalmente o tradicional feijão com arroz.

Diante das circunstâncias, a tendência é a adesão cada vez mais efetiva ao movimento grevista ora em curso, afugentando um nicho eleitoral que, historicamente, sempre se identificou bastante com forças progressistas, inclusive o PT. Greve de servidores públicos significa inércia da máquina e, por consequênia óbvia, interrupção na implementação de políticas públicas estratégicas para o Governo, que já acumula índices de desaprovação preocupantes. 

Charge! Laerte via Folha de São Paulo

 


quarta-feira, 10 de abril de 2024

Editorial: Por 39 votos a favor e 25 contra, CCJ mantém prisão do Deputado Chiquinho Brazão.



Depois de uma sessão tensa e discursos inflamados, o que não poderia faltar numa discussão como a que estava em pauta, a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados, decidiu, por 39 votos a favor e 25 contra, manter a prisão do Deputado Federal Chiquinho Brazão(PL-RJ), acusado de ser um dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco e do seu motorista, Anderson Gomes. Aos poucos, está se fazendo justiça a este assassinato abjeto sob todos os aspectos, a começar por contar com a conivência deliberada de pseudos agentes do Estado, que estavam, na realidade, a serviço do crime organizado, conforme comentamos por aqui. 

O assassinato da vereadora e do seu motorista compõem um enredo macabro, somente possível em situações de degradação institucional, como ocorre no Estado do Rio de Janeiro e outros entes federados, onde os tentáculos do crime organizado ou das milícias já estão habitando confortávelmente o aparelho de Estado, dele se locupletando de diversas formas, inclusive com a eliminação  de desafetos e adversários, com a segurança de cobertura de investigações fajutas ou fraudulentas. 

O crime passou seis anos e dez dias para ser elucidado, somente sendo isto possível depois da sua federalização e sob um governo de corte republicano e popular. Mantidas as condições anteriores, possivelmente ainda continuaríamos por um bom tempo conclamando o Quem Mandou Matar Marielle? Nos últimos dias a imprensa comentou que houve uma intensa mobilização do pessoal do Centrão no sentido de revogar a prisão do deputado. Segundo dizem, essa mobilização, no final e ao cabo, teria como incentivo o enfrentamento às decisões do judiciário, o que não seria improvável, diante do clima de animosidades entre os poderes.   

Editorial: Operação Fim de Linha.



Há muito se sabe que, não apenas o Estado do Rio de Janeiro, mas outros tantos Estados federados estão "bichados", ou seja, perigosamente contaminados pelo crime organizado. A penetração é de tal monta, que hoje envolve as áreas de segurança pública, saúde, educação, transporte de passageiros, fornecimento de alimentos, entre outros. Os chefes ou integrantes dessas facções participam de licitações públicas - com conivência ou não de agentes públicos -; celebram contratos milionários com o Estado; controlam ações dessas empresas, e,  em alguns casos, são os próprios donos ou sócios majoritários, conforme demonstrado nesta última operação realizada pelo Ministério Público de São Paulo, com o apoio da banda sadia do aparelho de Estado, como é o caso do Gaeco - Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado. 

Quando a sociedade descobre que é o Estado, que  institui uma Delegacia de Homicídios, para investigar crimes de homicídios, e o próprio titular da especializada é quem planeja e ordena o cometimento ou acoberta as investigações sobre algum desse homicídio, não há mais limite. Foi justamente isso o que se sugere que possa ter ocorrido num crime de repercussão nacional recentemente esclarecido. Ou seja, se pudermos dizer de outra forma, o Estado matou as vítimas, uma vez que o crime foi praticado com o conluio de agentes públicos, que agiram consoante a estrutura facultada pelas funções exercidas na máquina.  

Até mais recentemente, uma vez que encontramos informações desse gênero cotidianamente na imprensa,  ocorreu um fato igualmente asqueroso, mais bastante emblemático sobre o caos institucional em que estamos metidos: Vários pseudo agentes do Estado, entre delegados e agentes, foram presos, pois formavam uma milícia especializada em extorsão a comerciantes. Forjavam flagrantes, atribuiam crimes inexistentes, apenas para extorquir o cidadão. Na delegacia comandada pelo delegado preso na operação havia uma espécie de "sala de extorsão" - vocês conseguem imaginar isso dentro de uma repartição do Estado? -  onde o cidadão era convidado a contribuir com as caxinhas, sob pena de imputação de delitos ou crimes inexistentes. Existia até uma quantidade de drogas no local para ser "assumida" pelo cidadão caso ele se recusasse a pagar o valor da extorsão. 

O sobrinho de um conhecido bixeiro carioca, mantinha uma folha de pagamento superior a 200 mil reais mensais, apenas com propinas ou mesadas a policiais corruptos que prestavam serviços ao contraventor. Sabe-se que isso é legalmente proibido e não ensinado nas academias de formação policial. Curioso é que a mesada correspondia ao mesmo salário que o falso agente do Estado recebia atuando em suas funções institucionais. 

A jovem policial, Vaneza Lobão, morta quando chegava em sua residência, foi assassinada, segundo suspeita a Polícia Civil, por dois subtenentes da Polícia Militar. Ela investigava justamente a atuação de policiais militares envolvidos com a milícia na região. O mais pavoroso disso é que essa gente está dentro da máquina, com toda a liberdade de atuação, portando armas, exibindo distintivos, se apresentando como policiais.   

Editorial: Caruaru: O primeiro round entre João Campos e Raquel Lyra.

 


Todo mundo sabe a importância que tem a cidade de Caruaru nas eleições estaduais em Pernambuco. A Princesa do Agreste, como a terra de Vitalino ficaria conhecida, é uma das vértices do chamado Triângulo das Bermudas, ou seja cidades que, pela sua importância estratégica, podem ditar os rumos de uma eleição no Estado. Pelo seu poder de "irradiação", a cidade não é desprezada até por candidatos presidenciais - que costumam passar por lá no período - assim como também com a cidade de Campina Grande, no Estado da Paraíba. No atual momento político, temos alguns ingredientes novos, como o fato de a governadora do Estado, Raquel Lyra(PSDB-PE), ser filha da cidade e integrar uma nucleação política tradicional naquelas terras, a família Lyra. 

A família deverá jogar todas as suas fichas politicas para não permitir uma refrega naquela praca, com a derrota do seu candidato Rodrigo Pinheiro, também tucano como a governadora. O prefeito do Recife, João Campos(PSB-PE), por outro lado, tem prestigiado o quanto pode o seu candidato a prefeito José Queiroz, integrante de um clã rival dos Lyra na cidade. Esteve presente ao lançamento de sua candidatura e deverá marcar presença durante a campanha, uma vez que se trava ali, possivelmente, o primeiro round das eleições de 2026, quando ambos poderão estar na disputa pelo Palácio do Campo das Princesas. 

Raquel, para renovar o contrato de locação por mais quatro anos, e o prefeito para dar prosseguimento ao seu grande projeto político em curso, que tentará reproduzir a trajetória política do ex-governador Eduardo Campos, o seu pai. O Instituto Opinião, contratado pelo blog do Magno Martins, apresenta, no dia de hoje, a primeira songadem de intenção de voto realizada na cidade, com relativa vantagem para o atual gestor. Os escores são os seguintes: Rodrigo Pinheiro, 32,4%; José Queiroz, 22,1% e o Delegado Lessa, que crava 12,8% das intenções de voto. 

Não conhecemos o Delagado Lessa, tampouco suas eventuais ligações com o bolsonarismo, mas é um fato que ele poderá se constituir no fiel da balança nessas eleições, caso prevaleça a polarização entre Rodrigo Pinheiro e Zé Queiroz. Curiosamente, nessas andanças pela região Nordeste, salvo mehor juízo, quando desembarcar em Pernambuco, o ex-presidente Jair Bolsonaro deverá passar pela cidade de Caruaru.  

Editorial: Centrão articula-se para revogar a prisão de Chiquinho Brazão.

 


Ingenuamente, talvez pudéssemos creditar por aqui que o fato pode estar relacionado à famosa "gota d'água", que provocou o transbordamento do copo nas relações entre os poderes Legislativo e Judiciário. Mesmo assim, não deixa de ser curioso, no entanto, o empenho do chamado Centrão no sentido de blindar o Deputado Federal Chiquinho Brazão, revogando a sua prisão em votação na Câmara dos Deputados. Por enquanto, vamos creditar o empenho na conta das velhas indisposições entre os Poderes Legislativo e Judiciário. 

Outro fato que pode estar contribuindo é esse divisor de águas chamado "Marielle Franco", que, literalmente, divide as opiniões entre governistas e oposicionistas, principalmente a oposição bolsonarista, sempre provocando embates duros em plenário. Prender Chiquinho Brazão foi uma vitória da Justiça Brasileira, mas um fato bastante festejado pelos governistas, enquanto libertá-lo seria uma questão de honra para o outro lado. Esse embate ideológico subjacente talvez explique o fato de a oposição, bolsonarista sobretudo, está se mobilizando no sentido de revogar a prisão do parlamentar. 

O que também pode estar contribuindo é a capilaridade do parlamentar junto ao grupo, ascendência possivelmente menor exercida por outros parlamentares igualmente encrencados. O Deputado Federal atua politicamente em reduto tradicional do bolsonarismo,o Rio de Janeiro, onde possui bases muito bem adubadas, e teremos eleições municipais agora no mês de outubro, ondd deve ser travado mais um desses embates renhidos entre governistas e bolsonaristas.    

Charge! Triscila Oliveira e Leandro Assis via Folha de São Paulo

 


terça-feira, 9 de abril de 2024

Editorial: Moro escapa de cassação no Tribunal Regional Eleitoral do Paraná.


É curioso como nesses  tempos de pós-verdade, as mentiras que se dizem sobre nossos inimigos podem se constituir em verdades absolutas, assim como as verdades, mesmo que desagradáveis ou incômdas, ditas sobre nossos amigos, serão sempre mentiras. Assim, para muitos brasileiros e brasileiras o senador Sérgio Moro já teria sido cassado e se tornado inelegível antes mesmo de sentar na cadeira de réu no Tribunal Regional Eleitoral do Paraná. Para esses brasileiros e brasileiras, o senador estava sendo julgado por sua atuação na Lava Jato, pelas condenações impostas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva no passado e coisas assim. 

Nada disso procede. O que estava em discussão era as eventuais vantagens auferidas pelo senador, com relação aos seus competidores, por ocasião de sua candidatura ao Senado Federal pelo Estado do Paraná, quando já estaria na estrada há algum tempo, uma vez que antes havia postulado a candidatura a Presidência da República pelo Podemos. Para seus adversários, isso seria abuso do poder econômico. Fora de propósito sugerir que o senador tenha tantado habilitar-se a Presidência da República para auferir vantagem quando se dispusesse a concorrer a senado pelo Paraná. Não vamos permitir, caros leitores e leitoras, que a bílis turve nossos neurônios.  

Uma das coidas que Moro fez de caso pensado, isto sim, foi largar sua carreira de juiz federal para assumir o cargo de Ministro da Justiça, agora sim, objetivando uma eventual indicação para a Suprema Corte, o que nós sabemos que não deu muito certo, iniciando-se ali uma espécie de rocomeço profissional, onde o ex-juiz passou pela iniciativa privada até voltar a fazer política propriamente dita. O placar está 4X2 em seu favor e falta apenas um voto.   

O xadrez político das eleições municipais de 2024 no Recife: As alternativas de João Campos. Mulheres teriam mais chances de serem indicadas a vice.


Quem for ungido na condição de candidato a vice-prefeito no projeto de reeleição do prefeito do Recife, João Campos(PSB-PE), sabe que herdará o Palácio Capibaribe a partir de 2026, quando João deverá se afastar do cargo para habilitar-se a concorrer ao Governo do Estado. No Recife, o PT sabe que não terá alguma chance de apresentar um candidato à Prefeitura, sendo a indicação a vice sua única esperança de manter-se na ribalta. Não está sendo fácil, como todos sabem. Não se trata apenas de um arranjo entre petistas e socialistas. Há outras tantas variáveis em jogo, algumas delas expostas abertamente, outras nem tanto. 

No dia de ontem, um jornal carioca aventou a hipótese de duas mulheres disputarem a preferência de João para indicação a vice em sua chapa. Conhecemos o nome de uma delas e já a tratamos por aqui. Ou seja, a sua Secretária de Infraestrutura, Marília Dantas, recentemente filiada ao MDB. Curioso que o jornal refere-se a duas muulheres e não uma mulher e um homem, que poderia ser, segundo se especula, o seu Secretário de Planejamento, Felipe Mattos, igualmente recentemente filiado ao Republicanos. 

A julgar pelo andar da carruagem política, uma coisa parece inevitável. A escolha deverá recair mesmo sobre uma mulher. Talvez convencido dessa prevalência ou inevitabilidade, até mesmo o PT - leia-se, neste caso, Humberto Costa - já trabalha o nome de uma mulher para tentar convencer João a aceitá-la. Dois outros nomes do partido podem ter queimado a largada ao se exporem, acreditando que estavam credenciados ao cargo. Alguns jornais estão sugerindo que o prefeito João Campos, neste caso, adota a mesma estratégia do prefeito Eduardo Paes, do Rio de Janeiro, ou seja, segurar o quanto pode tal decisão, dando vazão às disputas intestinais do PT. 

Na última vez que esteve no Recife, o morubixaba petista, em discurso, ao se referir a João Campos, afirmou que estava diante de um menino esperto, com grande futuro pela frente. Numa outra ocasião, o líder petista também afirmou que o prefeito teria aprendido grandes lições com o avô, Miguel Arraes, e o pai, Eduardo Campos. O pai, por algum motivo, não confiava em seu staff de perfil eminentemente político. Também era chegado às manobras diversionistas. De fato, Lula tem razão. João aprendeu algumas lições com os mentores políticos.       

Editorial: PT do Ceará dá um bom exemplo ao PT da Paraíba.



O PT nacional criou um grupo de trabalho, o GTE - Grupo de Trabalho Eleitoral - com o objetivo de definir as estratégias que deverão orientar o partido nas eleições de 2024. O grupo é comandado nacionalmente pelo senador pernambucano Humberto Costa. Difícil entender aqui como este grupo determina o que deve ser adotado nesta e naquela praça específica, uma vez que já estão definidas as praças onde a Executiva Nacional deve determinar quem será o candidato do partido, em alguns caso, como o Recife, quem deverá ocupar a vaga de vice na chapa de reeleição do prefeito João Campos(PSB-PE). 

No Ceará, por exemplo, as prévias foram possíveis, onde se escolheu o Deputado Estadual Evandro Leitão(PT-CE) para disputar as próximas eleições a prefeito da cidade de Fortaleza. Já no caso de João Pessoa, o partido bateu o martelo informando que definirá o que deve ser feito, eliminando a possibilidade de realização das prévias, depois da desistência de um dos aspirantes à disputa, o Deputado Estadual Luciano Cartaxo(PT-PB). 

Nos bastidores  informa-se que ele teria menos chance numa disputa interna, embora apareça bem na primeira pesquisa de intenção de voto realizada para as eleições de 2024. A Deputada Estadual Cida Ramos, teria maiores chances de ser a escolhida numa disputa interna, dada as suas vinculações com grupos orgânicos da legenda. Caso não haja uma definição neste sentido, o PT poderá ficar sem candidato na capital, correndo um sério risco de facilitar a vida de nomes apoiados pelo bolsonarismo, como é o caso de Marcelo Queiroga, ex-Ministro da Saúde do Governo Bolsonaro.     

Editorial: Polícia Federal inicia procedimentos para ouvir representantes do "X" no Brasil.



Possivelmente, este é um assunto que deve render muita discussões ainda, sobretudo no ambiente institucional em que o país está mergulhado, de conflito aberto e escancarado entre os Três Poderes da República. Neste clima, as escaramuças serão inevitáveis e recorrentes. Apesar da vitória de Lula em 2022, a ultra-direita não abandonou o projeto de tornar o país um laboratório para seus experimentos macabros. Vez por outra eles atiram um petardo para examinar a capacidade de resiliência e reação das forças do campo democrático e republicano.   Não vamos aqui entrar nos detalhes, mas os leitores minimamente bem-informados sabem o que está em jogo na realidade. 

Nossas instituições democráticas precisam resistir aos seus inimigos, mesmo que entrincheiradas. São curiosas essas narrativas, mas o cidadão ameaçou deixar de atuar no país, pois, mais do que dinheiro, importam os príncípos. Ora, dinheiro sempre foi o princípio, meio e fim do sul-africano. Ridículo ele vir falar em princípios, depois do golpe que ocorreu na Bolívia, onde deixou claro, através de postagem posteriormente apagada, quais são os princípios que movem o seu comportamento. 

Depois dos últimos "impulsos', na Argentina e em Portugal, algo sugere que eles estão lubrificados para tentarem fomentar o ambiente ideal para uma retomada do poder nos Estados Unidos e no Brasil. Premonitoriamente, o socíólogo Boaventura de Souza Santos advertia que eles estavam preparando o terreno para desembarcarem em sua terra natal, Portugal. Já desembarcaram na terra de Cabral, a julgar pelo resultado do último pleito. O torniquete de direita é apertado nas ruas e no Legislativo. Já anda em curso uma nova coovocação da horda, desta vez para a praia de Copacabana, no Rio de Janeiro. 

O testa de ferro da ultra-direita vai continuar o seu papel, fustigando as instituições democráticas pelo mundo, em todos oa quadrantes onde o seu capital possa ser reproduzido, em casos como o nosso, deliberadamente, negando-se a submeter-se à legislação do país e desrespeitando as instituições. É neste sentido que a Polícia Federal informa que está adotando os procedimentos cabíveis para ouvir seus representantes no país.      

segunda-feira, 8 de abril de 2024

Editorial: Centrão monta estratégia para revogar prisão de Chiquinho Brazão.


A questão da prisão preventiva do Deputado Federal Chiquinho Brazão(PL-RJ), acusado de ser o mandante do assassinato da vereadora Marielle Franco, deverá ser apreciada pela Comissão de Constituição e Justiça, sobretudo em razão da pressão exercida por partidos como o PSOL, agremiação partidária a qual a vereadora era filiada. É curioso o escudo protetor que setores da oposição, principalmente a bolsonarista, está montando em torno do deputado, com o propósito de revogar sua prisão. 

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, chegou a procurar o Ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, para tratar deste assunto. Até a forma como ele foi conduzido do Rio de Janaeiro para Brasília chegou a ser questionada. Pronunciando-se a este respeito, o diretor da Polícia Federal, Delegado Andrei Rodrigues, informou que não havia hangar para permitir que os presos desembarcassem de forma mais discreta no aeroporto de Brasília, em razão do tamanho da aeronave que os transportava. Geralmente, a Polícia Federal segue tal protocolo, mas, no caso específico, o tamanho da aeronave não permitiu tal procedimento.  

Hoje, o que se especula nos escaninhos da política na capital federal é que integrantes do Centrão poderão esvaziar a votação no sentido de revogar tal prisão, procedimento até rotineiro em alguns casos. Sabe-se que há muito existe uma grande indisposição entre os Três Poderes da República, mas, neste caso, parece haver alguns ingredientes a mais, possivelmente em razão da capilaridade política do deputado junto ao grupo.   

Editorial: Por unanimidade, Supremo Tribunal Federal rejeita a tese de poder moderador das Forças Armadas.



Bons arquivos e informações de alcovas, não raro, nos permitem formar maiores convicções sobre alguns enredos ou narrativas. Seguir sempre o que é noticiado pela imprensa nem sempre é o mais confiável, sobretudo nesses momentos bicudos que o país atravessa, onde as fofocas ou fake news se torrnaram recorrentes. Um dos melhores trabahos sobre o Regime Militar no país foi produzido por um jornalista e não por um historiador, sociólogo ou cientista político, embora encontremos bons trabahos por aqui, como resultado do empenho de abenegados pesquisadores, que superam as dificuldades encontradas num país sem memória sobre este tema.  

O que levou este jornalista a produzir um trabalho mais preciso e melhor documentado sobre o assunto foi exatamente o acesso a bons arquivos. Por incrível que possa parecer a História sobre o Período Militar no país foi melhor preservada em arquivos americanos do que propriamente brasileiros. Aqui em Pernambuco, o maior pesquisador sobre o período da Colonização Holandesa no Nordeste, José Antonio Gonçalves de Mello, primo do sociólogo Gilberto Freyre, precisou aprender holandês para ter acesso aos arquivos escritos nessa língua e ter a certeza sobre as informações encontradas em outros arquivos dentro e fora do país.  

A relação entre poder militar e poder civil no Brasil sempre foi e continuará sendo bastante complicada. Há razões históricas para tanto, mas isso não é tudo. Naqueles idos da década de 80, quando se discutia a Constituição da República Federativa do Brasil, segundo um professor de Ciência Política, quando os constituintes tentaram extipar o entulho desse famigerado artigo na Carta Constitucional, o então comandante do Exército à época chegou a afirmar que, caso ele fosse retirado, o jogo zerava. Juridicamente, e para alguns militares moderados, o tema está pacificado. Lamentavelmente, apenas juridicamente, o que não nos assegura a interdição de novos arroubos de corte intervencionista.   

domingo, 7 de abril de 2024

O xadrez político das eleições municipais de 2024 no Recife: Marília Dantas: Uma heroína de Tejucupapo como vice de João Campos?


Sinalizações na política, mesmo que pontuais, podem ser muito importantes. Um secretário prestigiado, com grande orçamento na pasta, constituindo-se numa espécie de tocador de obras, pode ser uma sinalização de algum apadrinhamento forte e perspectiva de um futuro político pela frente. Hoje, o fato de ser mulher também pode sugerir algumas inclinações, uma vez que as exigências do eleitorado sobre a representação feminina pode fazer alguma diferença no contexto de composição de uma chapa competitiva. 

Já existe uma série de pré-candidatos à Prefeitura do Recife nas próximas eleições, embora os nomes eventuais de vices não estejam ainda definidos, como é o caso de Túlio Gadelha, pela Rede Sustentabilidade; Daniel Coelho, por uma federação que reúne o PSD, o MDB, Cidadania, PSDB; E, pelo lado do bolsonarismo, o bolsonarista raiz Gilson Machado, ex-Ministro do Turismo, que aguarda com grande expectativa a presença do "mito" no Recife, possivelmente na primeira quinzena de junho, dando um impulso ao seu projeto de tornar-se prefeito do Recife. 

Neste caso, não está descartada a possibilidade de o nome a vice ser indicado pelo ex-presidente Bolsonaro, como vem ocorrendo em outras praças do país a exemplo de São Paulo e João Pessoa. Pelo lado governista, surfando numa gestão muito bem avaliada e com altos índices de popularidade, com uma reeleição dada como certa neste momento, o prefeito João Campos(PSB-PE) reluta em entregar a vice ao PT, conforme pleito desta legenda. 

Pleito, na realidade é um termo eufêmico, quando se sabe que o partido impõe condições e move moinhos para viabilizar tal indicação, condicionando, em última análise, o apoio do morubixaba petista, conforme a Presidente Nacional da legenda, Gleisi Hoffmann, que já afirmou que o Planalto só apoia em tais condições.  Até o nome da senadora Tereza Leitão chegou a ser pensada para a vaga, embora a senadora esteja ainda no início do mandato de senadora. 

Antes de viajar para o exterior, o prefeito João Campos oferece mais uma sinalização no sentido de definir, uma vez por toda, a pessoa que deverá compor sua chapa de reeleição na condição de vice. A ungida poderá ser a Secretária de Infraestrutura, Marília Dantas, que hoje filiou-se ao PSB, com ficha abonada pelo gestor. Marília vem da Zona da Mata Norte do Estado. É natural da cidade de Goiana. Não temos certeza se do distrito de Tejucupapo\São Lourenço, berço das heroínas de Tejucupapo, aquela famosa batalha onde as mulheres locais expulsaram os soldados da Companhia das Índias Ocidentais, armadas apenas com paus, pedras, pimentas e água fervente. 

A batalha se deu no contexto da Insurreição Pernambucana. Estima-se que 400 soldados tombaram mortos na batalha, embora as referências ao fato histórico relevante tenha caído no esquecimento daqueles que escreveram a (H)istória, já naqueles tempos, negligenciando o papel das mulheres no contexto da luta pela libertação da colonização holandesa. Não são as mulheres, negros ou índios os exaltados, mas os homens brancos, ligados à aristocracia açucareira, como é o caso de João Fernandes Veira e André Vidal de Negreiros. Sequer existem registros fotográficos do índio Felipe Camarão e do negro Henrique Dias. 

Ainda nos bons tempos das atividades escolares, costumávamos levar nossos alunos e alunas para conheceram a comunidade quilombola de São Lourenço, ali pertinho, onde passávamos tardes agradáveis com o pessoal da comunidade, a exemplo de José do Nascimento, o seu Jipe, Dona Lourdes, Serginho da Burra, entre outros tantos. No primeiro Governo Lula, seu Jipe tornou-se um ícone nacional depois de uma matéria da revista Época sobre o Homem Caranguejo, por ocasião do relançamento da obra do sociólogo pernambucano Josué de Castro. Essa Marília deve ter sangue de guerreira nas veias, João. Seria uma boa opção.

P.S.: Contexto Político: Marília Dantas, na realidade, filiou-se ao MDB. Embora o PT insista em ocupar a vaga de vice, ficam mantidas as demais ponderações sobre o assunto, ou seja, a Secretária de Infraestrutura desponta como um dos nomes mais prováveos a ser indicada pela próprio João para ocupar a vaga de vice em seu projeto de reeleição. Curioso que um jornal carioca fala de uma outra mulher que estaria sendo sondada para a vaga, ainda dentro da nucleação que orbita no entorno do prefeito. 

Editorial: Matéria do Estadão aproxima-se das teses de Adam Przeworski no que concerne à indução do voto e sobre o cálculo da democracia.



O cientista político polonês, Adam Przeworski, sempre aprofundou seus estudos acadêmicos em torno dos elementos que dão suporte ou sustentabilidade aos regimes democráticos. Na realidade, esta é sua grande linha de pesquisa. No início de sua carreira, escreveu um artigo emblemático acerca da indução do voto do cidadão, consoante uma série de variáveis, como o seu status social; os papéis desempenhados por ele dentro da estrutura social; suas expectativas, formulada numa equação onde estariam previstas suas ambições ou desejos pessoais e familiares; assim como as eventuais respostas ou não do aparelho de Estado a essas demandas. 

Se o cidadão tem uma microempresa; Mora num bairro periférico; Frequenta uma igreja evangélica; Não conta com  uma boa assistência de saúde; Anda  preocupado com os índices elevados de insegurança pública; Tem um filho homossexual, qual desses papéis, identidades ou condições seria mais determinante para que ele definisse seu voto neste ou naquele candidato? Ele, por exemplo, poderia inclinar-se a dá se voto a um candidato não evangélico, desde que acenasse para a abertura de melhores condições de crédito para o seu negócio? As possibilidades desse jogo aqui são inúmeras. 

A premissa aqui é a mesma, embora peçamos a permissão aos leitores e leitoras para as divagações possíveis ao apresentar o exemplo acima, não necessariamente utilizando os mesmos elementos empregados pelo cientista político polonês ao escrevê-lo, muito menos ainda com a mesma competência do autor, hoje professor da Universidade de Chicago, nos Estados Unidos.    

Hoje, 07, o jornal o Estado de São Paulo traz um artigo, concordando com o blog por aqui, onde o autor observa que essa repentina conversão do presidente Lula num crente fervoroso, com fé e propósito para abrir o mar vermelho de sua popularidade, numa estratégia discursiva de corte eminentemente orientada para atingir um eleitorado de perfil evangélico, pode não surtir efeito algum. O artigo levanta, ao mínimo, três  questãos cruciais para se chegar a tal conclusão. Vamos a elas:  

Primeiro: Existem evangélicos e evangélicos. Embora isso parece óbvio, nunca é demais repetir. Eles não formam um núcleo coeso e há, claramente, uma incongruência de pauta evidente entre o PT e alguns desses grupos evangélicos, sobretudo os mais tradicionais, possivelmente com uma identificação bem mais próxima de outros segmentos políticos, conforme é o caso do bolsonarismo. Aqui a questão é irreconciliável. Como conciliar grupos feministas favoráveis ao aborto ou defensores de direitos de grupos LGBTQIA+ e núcleos evangélicos mais tradicionais? Ou seja, as agendas não batem e não se pode servir ou ser fiel a dois senhores, conforme ensina as sagradas escrituras. 

Segundo: A erosão da popularidade de Lula é um fenômeno que envolve múltiplos fatores, não se limitando unicamente aos segmentos evangélicos do eleitorado. Portanto, uma campanha publicitária focada quase que exclusivamente neste segmento do eleitorado tende, em princípio, a não atingir os objetivos esperados, que seria evitar essa sangria nos índices de aprovação do Governo. Segundo especula-se, a ênfase neste segmento do eleitorado é tanta que o Planalto já estaria preparando uma peça publicitária com o sugestivo slogan: "Fé no Brasil". 

Terceiro: E, por fim, mais não menos importante, o que nos fez fazer menção aos textos do cientista político polonês a partir da matéria do jornal, ou seja, que os evangélicos - segundo o jornal com informações produzidas pelo próprio PT - estão mais interessados num Estado que facilite o empreendedorismo, oferte uma educação e saúde de melhor qualidade. Seria uma questão bem pragmática, orientada pela matriz econômica e não pela fé,  uma eventual indução desses votos evangélicos para este ou aquele político ou partido. Neste sentido vale a pena aqui reconhecer uma recomendação da Deputada Federal Benedita da Silva, ainda no início da campanha presidencial de 2022, o que indica que os problemas não são recentes, no sentido de que o partido focasse na pauta econômica mais geral e não segmentasse esse nicho eleitoral. 

Ainda em torno deste último item, vamos fazer aqui um registro. A economia não vai muito bem, atingindo a parte mais sensível dos cidadãos, seja evangélico ou não: o bolso. O vilão da vez é o tradicional feijão com arroz, alimentação básica dos brasileiros de todas as religiões. Sobre essa equação entre economia e política ou entre democracia substantiva e democracia política, registramos, igualmente, o discurso recente do ex-Ministro da Casa Civil do primeiro Governo Lula, José Dirceu, quando enfatiza a importância das políticas sociais para impedir a erosão dos alicerces da democracia política no país. 

Ainda para fechar essa discussão, uma observação crucial sobre aquilo que tratamos aqui como cálculo da democracia, a partir das conclusões de Adam Przeworski, quando o polonês informa que, a partir da renda per capita da população daria para se prever o desmoronamento ou não do edifício democrático. Quando maior a renda per capita da população - evangélica ou não, acrescentamos - menores são essas chances.       

Editorial: Aloízio Mercadante é cotado para substituir Prates na Petrobras.



Em princípio, o economista Aloizio Mercadante está muito bem no BNDES. O banco oferece bons salários, grandes benefícicos e sua gestão tem sido bem elogiada pelo Planalto. Aloízio, por ocasião da divisão do butim após a vitória de Lula nas últimas eleições presidenciais, foi um dos atores que melhor se posicionaram. Assumiu um banco com uma estrutura enxuta, profissional, orçamento robusto, bom ambiente de trabalho, menos suscetível aos holofotes, como a Esplanada dos Ministérios. Uma outra questão levantada à época é que, petista raiz, o economista poderia entrar em rota de colizão com Simone Tebet, Ministra do Planejamento, a quem o banco está subordinado. Aparentemente, isso não ocorreu. 

Agora começam as especulações - ou fritura mesmo, para sermos mais precisos - em relação ao atual presidente da Petrobras, Jean Paul Prates. Nenhum martelo teria sido batido no tocante a uma eventual demissão sua da estatal, mas ele estaria na marca do pênalti. Neste caso, comenta-se nos corredores de Brasília que o nome mais cotado para assumir a estatal seria o do economista Aloízio Mercadante, entre outras razões, pelo seu bom desempenho à frente do banco estatal. 

Um eventual movimento das cadeiras, segundo a coluna do jornalista Cláudio Humberto sugere, assanhou a cobiça de uma penca de ex-integrantes do Governo Dilma Rousseff, com o propósito de habilitarem-se a substituir Aloízio Mercadante no BNDES. Vamos aguardar um pouco mais, para observarmos o que dizem as espumas que estão batendo nas pedras do mundo da política na capital federal.