pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO: Editorial: O grave momento da segurança pública no Estado de Pernambuco. (e no Brasil)
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terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

Editorial: O grave momento da segurança pública no Estado de Pernambuco. (e no Brasil)

Madrugada de terror na Zona Oeste do Recife

O novo comandante da Polícia Militar, coronel Vanildo Maranhão, tomou posse ontem, dia 20, em solenidade realizada no Quartel do Derby, o quartel-general da corporação militar. Atualmente, o Governo do Estado vem adotando a seguinte estratégia: mudou os atores que comandavam a Polícia Militar e a Polícia Civil; concedeu, embora sob protestos, aumentos salariais escalonados para a PM e o Corpo de Bombeiros, aumentou o valor das gratificações por jornadas extras; e endureceu o jogo, dando provas que adotará - aliás já está adotando - medidas duras contra as lideranças do movimento, assim como policiais que adotarem práticas tidas como de insubordinação. Pelo andar da carruagem política, percebo que chegou o momento de serenar os ânimos e abaixar as armas, sem aqui entrar no mérito do pleito da categoria, que possivelmente são justos, mas o Estado, diante da grave crise de financiamento da máquina pública, não pode atender.  

No Espirito Santo já são mais de mil policiais respondendo a inquéritos, sob pena de afastamento da corporação e até prisão. Naquele Estado, não se chegou a nenhum consenso. O Estado apenas jogou com o perdão aos aquartelados ou amotinados e uma possível ponderação sobre algum reajuste - daqui a quatro meses, se as finanças da máquina permitirem. Neste sentido, mesmo entendendo que talvez as condições ideais ainda não tenham sido atingidas, em Pernambuco, não se pode dizer que não houve algum avanço. Nesses momentos bicudos, de instabilidade política e índices intoleráveis de insegurança pública, a prudência recomenda uma conciliação e não o conflito. 

Quem acompanha o nosso blog, sabe que não fazemos aqui a defesa do Governo Paulo Câmara. Sobretudo em se tratando de questões de segurança pública, um dos pontos nevrálgicos do seu governo desde o momento em que o Pacto Pela Vida começou a desandar, ali em meados do ano de 2013. Não teríamos nenhum motivo para sair em defesa dessa oligarquia política que ora governa o Estado de Pernambuco. Ocorre, no entanto, o entendimento de que segurança pública é coisa muito séria e não pode ser pensada de outra forma. A tendência a um endurecimento por parte do ente estatal no enfrentamento dessa questão foi levantada por aqui em editoriais. Salvo melhor juízo, há militares do Corpo de Bombeiros detidos, assim como lideranças das associações. Há, aqui no Estado de Pernambuco, "dispositivos" que foram instaladas deste as manifestações das Jornadas de Junho e que ainda não foram "desativados". 

Por aqueles tempos idos, Pernambuco e o Rio de Janeiro foram os Estados que adotaram medidas mais duras - e até excepcionais - no enfrentamento das mobilizações de rua organizadas pela juventude. Lembro de até artigos nossos - publicados em sites nacionais - abordando o problema. A rigor, ali começava um processo de desestabilização da normalidade democrática que culminaria com o golpe institucional que afastou a presidente Dilma Rousseff da Presidência da República. Eles até tentam disfarçar, mas o momento político é um dos mais delicados do país. Em Ciência Política, para efeito de análise, sempre costumamos dividir os militares entre moderados e linha-dura. Não vejo como deixar de enquadrar o ex-comandante da Polícia Militar, coronel Carlos D'Albuquerque como um militar moderado. 

O coronel Vanildo Maranhão, por sua vez, tem sido apresentado como um "operacional". O governador Paulo Câmara foi muito criticado por ter afastado os comandantes da Polícia Militar e da Polícia Civil justamente na semana que antecede os festejos de carnaval. De fato, não seria um bom momento se tudo estivesse correndo bem na área de segurança pública. Mas, não está. Em entrevista, ele assinalou que trocaria os comandos sempre que fossem necessários, desde que as coisas não estivessem funcionando bem na segurança pública. Como o que está ruim pode piorar ainda mais, não fosse suficiente a greve branca da PM, este mês de Janeiro foram registrados 479 homicídios no Estado, um média bastante elevada. Nunca se matou tanto no Estado de Pernambuco. Isso pra ficarmos apenas nos CVLI, aquele indicador privilegiado de monitoramento do PPV. 

Na madrugada de hoje, no bairro da Estância, Zona Oeste do Recife, ocorreu um assalto cinematográfico à empresa de Segurança Brinks, onde foram subtraídos pelos assaltantes a quantia de 60 milhões de reais. Vinte homens fortemente armados - usando fuzis Ponto 50 e AK-47 ( o russo mais eficiente) - espalharam o terror na localidade, fechando ruas, atirando na polícia, ateando fogo a veículos. O governador Paulo Câmara, que interrompeu sua agenda em São Paulo, retornou ao Estado para acompanhar de perto a situação e as medidas que estão sendo tomadas. Quatro policiais militares foram feridos, mas a informação é que todos estão bem. Às vésperas do Carnaval, a oposição ao Governo do Estado na ALEPE informou que pedirá a presença - mais uma vez - de tropas federais em Pernambuco. O uso das Forças Armadas em operações de segurança pública está sendo banalizado. Isso é um péssimo indicador, sobretudo nesse momento de instabilidade política, onde os soldados e caveirões passam a ser saudados pela população aos gritos de guerra de torcidas organizadas, como ocorreu no Espírito Santo. Como disse antes, nada sugere ampliar as divergências entre os atores em litigio. O momento é de diálogo.   

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