É difícil fazer alguma previsão sobre como o PMDB e o PSDB se arranjarão daqui para frente, depois do pedido de desligamento de José Serra do Ministério das Relações Exteriores, alegando motivos de saúde. É igualmente imprevisível o nível de satisfação dos tucanos em relação à divisão do butim golpista. Sempre se especulou que eles desejavam o controle da política econômica do governo, entregue a Meirelles. Embora distantes das discussões sobre a condução das políticas econômicas do governo, a rigor, sobretudo depois dessa última mexida de cadeiras nos ministérios do Governo Temer, não se pode dizer que os tucanos não foram contemporizados. Eles, que faziam questão de demonstrar uma certa equidistância do Jaburu, foram convidados ao dark room e não recusaram o convite. Mas, como dizia a raposa Magalhães Pinto, política muda como as nuvens. Se hoje estamos em céu de brigadeiro, só Deus sabe o que ocorrerá em 2018, se as regras da aparente normalidade democrática forem mantidas.
Serra, no entanto, é um caso a parte. Não tão a parte como o governador tucano de São Paulo, Geraldo Alckmin, mas um caso a parte. Embora ainda tucano, Geraldo Alckmin pavimenta seu projeto presidencial em raia própria e possui um plano "B". Caso não se viabilize pelo PSDB, suas relações são mais do que amistosas com o PSB, partido com o qual consolida uma parceria de longas datas. Serra é do tipo que briga por dentro. Foi preterido no último pleito presidencial, mas, a princípio, ainda não abandonou a ideia fixa de tornar-se presidente da República, uma aspiração que acalenta há muitos anos. Nas suas Memórias Póstumas do Brás Cubas, o escritor Machado de Assis trata deste assunto com bastante prudência. Deus te livre uma ideia fixa, leitor. Antes um argueiro, antes um trave nos olhos. Serra, infelizmente, tem a ideia fixa de tornar-se Presidente da República.
Quando o presidente Michel Temer o preteriu da área econômica e o indicou para o Ministério das Relações Exteriores, houve analista político que considerou o fato um desprestígio para o tucano paulista. Não embarcamos nessa interpretação. Por dois motivos. Primeiro, era preciso entender que ele faria o link com o Governo Americano, através do Ministério das Relações Exteriores, o quer faria dele um ator estratégico no tabuleiro do xadrez politico da consolidação do golpe institucional em curso no país. Através daquele ministério, José Serra tentaria repetir Fernando Henrique Cardoso, ou seja, depois de um estágio no Ministério das Relações Exteriores, seria convidado a assumir a condução das políticas econômicas e ai, habilitar-se melhor a suceder o presidente Michel Temer. Mas, lembrando o velho Mané Garrincha, isso seria necessário combinar com Temer, que, até onde se sabe, na condição de raposa felpuda da política, não revela os seus planos ou o faz de forma a confundir os adversários políticos. Definitivamente, Temer não é Itamar Franco.
Se, numa primeira rodada do jogo do xadrez golpista, com o propósito angariar a simpatia da "patota", Temer jurou sobre a Bíblia (perdão, evangélicos) que cumpriria um mandato tampão e vesteria o pijama, de repente, o viagra do poder pode ter mudado os seus planos. Companheiros como o peemedebista pernambucano Jarbas Vasconcelos já alertaram para essa possibilidade. Neste aspecto, entre os tucanos, quem melhor está preparado para as "eventualidades " aprontadas pela dinâmica política é o governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, que antecipa-se a tais eventualidades. Exatamente por conhecer de perto as dificuldades de "acomodação" no ninho tucano. Embora o pano de fundo apresentado por José Serra - problemas de saúde - não seja necessariamente uma cueca, sebe-se, por sua vez, que outras razões levaram José Serra a abdicar do Ministério das Relações Exteriores. Além das encrenca pessoais com a Operação Lava Jato, possivelmente a compreensão de que não chegaria à Fazenda, repetindo FHC. Temer não é Itamar Franco. Simples assim.
Se, numa primeira rodada do jogo do xadrez golpista, com o propósito angariar a simpatia da "patota", Temer jurou sobre a Bíblia (perdão, evangélicos) que cumpriria um mandato tampão e vesteria o pijama, de repente, o viagra do poder pode ter mudado os seus planos. Companheiros como o peemedebista pernambucano Jarbas Vasconcelos já alertaram para essa possibilidade. Neste aspecto, entre os tucanos, quem melhor está preparado para as "eventualidades " aprontadas pela dinâmica política é o governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, que antecipa-se a tais eventualidades. Exatamente por conhecer de perto as dificuldades de "acomodação" no ninho tucano. Embora o pano de fundo apresentado por José Serra - problemas de saúde - não seja necessariamente uma cueca, sebe-se, por sua vez, que outras razões levaram José Serra a abdicar do Ministério das Relações Exteriores. Além das encrenca pessoais com a Operação Lava Jato, possivelmente a compreensão de que não chegaria à Fazenda, repetindo FHC. Temer não é Itamar Franco. Simples assim.
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