pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO. : Editorial: A unanimidade Lula?
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sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

Editorial: A unanimidade Lula?

 
 
 
As pesquisas qualitativas, cada vez mais, assumem uma importância significativa nas eleições. Monitorando os humores do eleitorado, os candidatos são orientados pelos seus marqueteiros - a partir dos dados dessas pesquisas - a se comportarem adequadamente, correspondendo aos anseios dos futuros eleitores. Sobretudo suas falas, atitudes, posições  são pautadas por essas pesquisas, normalmente realizadas com pequenos grupos, definidos segundo critérios bem específicos. Apesar de bem assessorado no tocante à comunicação, algumas declarações infelizes, por exemplo, tiraram do prefeito João Dória as pretensões presidenciais.Um dado divulgado pela jornalista Daniela Lima, do Painel Político do Jornal Folha de São Paulo, traz uma informação sobre um fato que estaria ocorrendo aqui no Recife, quando, a pedido de um outsider, um publicitário estaria desistindo de realizar uma pesquisa desta natureza em razão de não encontrar um eleitor que rejeitasse o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Apesar de conhecer os altos índices de popularidade do ex-presidente, parece-nos haver aqui algum exagero.
 
Lula, naturalmente, não chega ser uma unanimidade, mas a popularidade dele aqui no Estado é enorme. Para alguns analistas poderia mesmo alavancar um projeto de candidatura própria do PT, encabeçado pela neta do ex-governador Miguel Arraes, Marília Arraes. Esta hipótese já esteve mais em voga, mas arrefeceu um pouco depois que o próprio morubixaba da agremiação andou visitando, no Estado, próceres representantes do ninho socialista, como a viúva do ex-governador Eduardo Campos, Renata Campos. Soma-se a isso, o risco menor que se corre em relação ao apoio ao projeto de reeleição de Paulo Câmara(PSB), o que poderia, quem sabe, trazer o PT de volta ao parlamento, além de se negociar a composição da chapa com Humberto Costa(PT) ocupando uma das vagas em disputa ao Senado Federal. Soma-se a isso as boas articulações que correm no plano nacional entre as duas legenda. Em sua publicidade institucional, o PSB dá evidências de uma oposição ao Governo Temer(PMDB), o que sugere uma possibilidade maior dessa composição.
 
Como enfatizo nos editoriais, a retomada dessa conciliação de classes que o PT tentar reeditar - compondo com velhas e carcomidas oligarquias regionais - tem um alto custo. Um custo que impede o aprofundamento das reformas que o país precisa para avançar substantivamente na diminuição de suas desigualdades sociais e no aperfeiçoamento das instituições democráticas. Numa conjuntura política de crise institucional que atravessamos, é pouco provável que uma candidatura de Lula torne-se viável, tampouco que ele volte a gerir os destinos do país. Não se materializa um golpe institucional para se devolver o poder às forças democráticas e progressistas dois anos depois. Sua candidatura deverá ser interditada, mas o Lulismo continuará tendo um peso eleitoral expressivo, seja no plano nacional, seja no plano estadual, sobretudo se considerarmos os reflexos sociais dessa agenda regressiva de corte ultraliberal ora em curso no país.  

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