pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO.
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terça-feira, 8 de abril de 2025

Editorial: Revoada do ninho tucano em Pernambuco.

Crédito: Divulgação PSD. 


O cenário político pernambucano, nos últimos dias, tem sido marcado por uma espécie de convulsão política, caracterizada por disputas partidárias que têm como horizonte os arranjos das eleições de 2026, hoje indicando uma polarização entre a atual governadora, Raquel Lyra(PSD), e, do outro lado, o jovem prefeito João Campos, do PSB, cuja candidatura ao Palácio do Campo das Princesas já não depende hoje apenas de sua vontade. É interessante essa questão da polarização política, alimentada sistematicamente pela mídia. A eleição de 2026 sugere-se que já está definida entre esses dois atores, não havendo espaço para nenhum outro postulante, sequer na condição de azarão. 

O mesmo fenômeno que ocorre com Lula no plano nacional, pilotando um governo com inúmeros percalços, mas resiliente eleitoralmente, sendo capaz de liderar todas as pesquisas até este momento como candidato a um novo mandato em 2026. Aqui em Pernambuco, a campanha de 2026 já está nas ruas, produzindo cenas desagradáveis, como as protagonizadas por alguns atores no sentido de manter a máquina dos partidos políticos sob o seu controle. Tivemos problemas com o PL, o União Brasil, com o MDB e, mais recentemente, com o PSDB, que praticamente decretou uma intervenção no diretório regional, entregando a legenda ao deputado estadual Álvaro Porto, presidente da Assembleia Legislativa do Estado. 

A manobra culminou com uma revoada de tucanos, ou seja, uma desfiliação em massa de prefeitos eleitos pela legenda em 2024, que agora estão pousando no PSD, de Gilberto Kassab, que fez questão de estar presente à cerimônia de filiação. Pelos cálculos da governadora, o PSD se torna o maior partido do estado, afiando as garras para as eleições vindouras. Kassab teve a preocupação de fazer o partido crescer sensivelmente na última eleição municipal, principalmente nos maiores colégios eleitorais do país, como Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro. Nem ele, que acompanha o desempenho do partido com uma lupa - seria capaz de dizer como o partido se saiu em Quebrangulo, por exemplo -  poderia antever a migração de tantos tucanos para a sua legenda no estado.  

Política tem algumas coisas curiosas. Pensou-se, em determinado momento,  na possibilidade de uma fusão entre os tucanos e o PSD, no plano nacional. Os arranjos não deram certo exatamente por questões regionais, mais precisamente consoante os interesses do deputado federal Aécio Neves, que não se sentiria confortável com a fusão nas Alterosas. Na prática, foi o que ocorreu aqui em Pernambuco. Vale aqui uma indagação: O que restou do PSDB pernambucano depois dessa revoada expressiva de prefeitos municipais? 

Charge! Renato Aroeira via Facebook.

 


Editorial: 52% dos brasileiros querem Bolsonaro preso.



Pelo andar da carruagem política e jurídica a situação do ex-presidente Jair Bolsonaro não é nada alvissareira neste momento. Ele já chegou a externar a preocupação de que gente do seu próprio entorno pode desejar sua prisão neste momento, talvez com o propósito de ocupar o vácuo político deixado por ele. Apesar de reunir sete governadores e 55 mil pessoas  na Paulista no último domingo, as movimentações no sentido de pautar o projeto de anistia esbarra em forte resistência neste momento. Hugo Motta tornou-se mais ponderado em relação ao assunto. O cabo de guerra do outro lado parece ser mais resiliente e tem resistido às pressões.

A Folha de São Paulo de hoje, dia 08, traz uma pesquisa que aponta que 52% dos brasileiros desejam a prisão do ex-presidente. Escores semelhantes de pessoas que são contra o projeto de anistia, o que indica aqui uma coerência desses números. Pessoalmente, o ex-presidente ainda não aquiesceu que uma candidatura presidencial em 2026 torna-se cada vez mais improvável. Alguns observadores de sua fala no último encontro bolsonarista da Paulista observaram  que ele pautou-se muito mais em torno de um discurso de candidato do que propriamente uma defesa do projeto de anistia. 

Outro dado interessante a ser abstraído dessa pesquisa é a intermitente polarização do nosso espectro político, cindido ao meio. Isso explica, inclusive, porque, envolto em tantas dificuldades neste terceiro mandato, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva aparece como favorito para as eleições de 2026, em condições de enfrentar todos os demais postulantes, principalmente do campo de direita ou extrema direita. Aliás, Lula hegemoniza o campo de esquerda ou progressista. Do outro lado, o mais "moldado" neste momento é o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, mas todos ainda aguardam uma sinalização do capitão, que já disse que só fará isso depois de morto.    

Charge! Benett via Folha de São Paulo.

 


segunda-feira, 7 de abril de 2025

Editorial: Líderes na Câmara não veem clima para a anistia.



Esta é uma das manchetes do jornal Folha de São Paulo, em sua edição de hoje, dia 07, pouco depois de uma intensa mobilização dos bolsonaristas na Avenida Paulista, onde a pauta se concentrou num pedido de anistia aos envolvidos na tentativa de golpe do 08 de janeiro. É curioso como o clima tem arrefecido em torno do assunto, a despeito do empenho da oposição. Hugo Motta, o Presidente da Câmara dos Deputados, já havia recomendado que os líderes não assinassem o requerimento. Pelo andar da carruagem política, a recomendação parece que está sendo acatada. Um dos principais expoentes do PT na Câmara dos Deputados, Lindbergh Farias, acredita que a pressão tem contribuído, na realidade, para ampliar as reticências de Hugo Motta em torno do assunto. De fato, houve momentos até de indelicadezas proferidas contra Motta na Paulista. 

De fato, o cabo de guerra que se formou entre Governo, STF e Oposição em torno deste assunto é de resultado pouco favorável aos bolsonaristas, como já afirmamos por aqui em outras ocasiões. Estima-se que os bolsonaristas tenham reunido algo em torno de 55 mil pessoas na Paulista. Em Copacabana, algo em torno de 18 mil, embora haja controvérsias em torno desses números. Independentemente dessas controvérsias, não há, efetivamente - pelo menos por enquanto - mobilizações da sociedade em torno da aprovação do projeto de anistia. Claro que isso passa, necessariamente, por convocações como essas que estão sendo organizadas pelo bolsonarismo. Mas é cedo para afirmar que elas se ampliem daqui para frente. 

Institucionalmente, a oposição pretende adotar expedientes que possam levar Hugo Motta a pautar o projeto de anistia, independentemente das objeções em contrário. Nossa conclusão é que Hugo Motta vai acabar cedendo, cabendo ao STF a palavra final sobre o assunto, ampliando as zonas de atrito entre os Três Poderes da República. Mesmo sob pressão, há aqueles que acreditam que Hugo Motta poderá resistir, depois de dimensionar o tamanho da encrenca que uma aprovação desse projeto poderia produzir.  

Charge! Kleber Sales via Correio Braziliense.

 


Editorial: O simbolismo da camisa azul do Tarcísio de Freitas.


O país vive hoje, segunda-feira, dia 07, ainda sob os reflexos da mobilização organizada pelos bolsonaristas na Paulista. Segundo cálculos da USP - inapelavelmente rejeitados pelos bolsonaristas - estima-se um público da ordem de 50 mil pessoas. Não é um público pequeno, mas, em passado recente, os bolsonaristas já foram capazes de reunir muito mais pessoas. Tivemos alguns discursos inflamados, como foi o caso do discurso do deputado Nikolas Ferreira e do pastor Silas Malafaia. Alguns oradores, de fato, pautaram as suas falas em torno do tema da anistia, embora modulando as ponderações em torno do assunto. Os discursos mais inflamados, atingiram em cheio o atual presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, que hoje se mostra menos entusiasmado em torno do tema. 

Oito governadores de estado estiveram presentes ao encontro. Cláudio Castro, do Rio, em virtude dos problemas de calamidade pública provocados pelas fortes chuvas em algumas cidades cariocas, não compareceu ao evento. Matéria publicada no site Brasil 247 informa que, diante da previsibilidade de alguns oradores, o STF ficou atento ao discurso do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, um nome que está sendo trabalhado pelas hostes conservadores como alternativa real ao pleito presidencial de 2026. Conhecedor de suas responsabilidades institucionais, inclusive, o governador procura, neste momento, ampliar o seu diálogo com o Supremo Tribunal Federal. 

Na realidade, o que está ocorrendo é que o sistema está aferindo a temperatura e exigindo alguns exames básicos do Republicano. Apesar de insistir na candidatura em seu discurso, sabe-se que o ex-presidente Bolsonaro não tem chances de habilitar-se ao pleito em 2026. No encontro anterior, em Copacabana, até mesmo a camisa azul usada pelo governador mereceu a análise de um jornalista do Estadão. Talvez, quem sabe, ele desejasse comunicar que é de direita, mas não encampa algumas teses do bolsonarismo mais radical. Detalhe: Ele usou a mesma camisa na Paulista.  

Charge! João Montanaro via Folha de São Paulo.

 


domingo, 6 de abril de 2025

Editorial: Nova fase da operação overclean visa apadrinhados do "Rei do Lixo".



A Polícia Federal e a CGU realizam em conjunto uma operação contra fraudes, que, em princípio, já pode ser comparada às dimensões da Operação Lava Jato, aquela que é considerada a maior operação contra desvios de recursos públicos do planeta. Já entraram na quarta fase da operação, com o cumprimento de mandados em quatro estados da federação e sugere-se que estamos apenas na ponta do iceberg. O principal mentor da operação de fraudes envolvendo recursos públicos é um empresário baiano, conhecido como o Rei do Lixo, uma vez que suas empresas prestam serviços de limpeza, com contratos celebrados com órgãos públicos em todo o país. 

Esta quarta fase envolve os operadores, ou seja, os apadrinhados colocados em cargos estratégicos, com a finalidade de azeitar a burocracia, ou seja, pegar as assinaturas necessárias para a liberação dos recursos empenhados. Essa prática é relativamente comum, daí se explicar que determinados atores atuem durante tanto tempo na máquina pública, exercendo cargos comissionados, em gestões aparentemente tão distintas. É que eles sabem as senhas e onde está o azeite na cozinha, inclusive conhecendo a parte que  cabe a cada um neste latifúndio de roubalheira. Um caso curioso neste particular é que um apadrinhado do Rei do Lixo chegou a exercer o mesmo cargo na Bahia e em Belo Horizonte, ou seja, o cara foi indicado para a função em razão dessas competências

Outro dado que não surpreende mais, por outro lado, é o fato cada vez mais preocupantemente recorrente dos desvios de emendas parlamentares. Estão se tornando rotineiras as denúncias de cobrança de propinas pela liberação, ou seja, parlamentares ficando com um percentual em cima do montante da liberação dessas emendas. Justifica-se que algumas delas, destinadas às universidades públicas, estejam sendo "retidas" no Supremo Tribunal Federal, por determinação do Ministro Flávio Dino.  

Charge! Kleber Sales via Correio Braziliense.

 


Editorial: Lula venceria Bolsonaro caso as eleições fossem hoje.



O presidente Lula tem aparecido mais feliz aqui pelo blog. Geralmente, quando as matérias tratam das dificuldades que o Governo enfrenta, costumamos apresentá-lo meditativo, apreensivo, preocupado com alguma coisa. Em duas semanas, no entanto, as notícias em relação à sua popularidade e as perspectivas para as eleições de 2026 melhoraram. Sua esposa, Rosângela da Silva, teria confidenciado durante um programa televisivo que, se a saúde permitir, ele será mesmo candidato às eleições presidenciais de 2026. Os analistas se perguntam porque, diante de tantos percalços de popularidade, o presidente Lula mantém a resiliência eleitoral? 

A resposta é aparentemente simples. A centrífuga da polarização continua moendo. Mesmo diante de uma inelegibilidade praticamente irreversível, setores da direita continuam trabalhando o nome do ex-presidente Jair Bolsonaro como eventual candidato, reforçando essa polarização. Na outra margem do rio, não há alternativas a Lula no escopo do campo progressista de centro-esquerda. Em entrevista recente, o mago das pesquisas, o cientista político pernambucano, Antônio Lavareda, afirmou que Sidônio Palmeira tem motivos para soltar fogos, depois da última Datafolha que assinalou uma oscilação positiva de cinco pontos na avaliação de Lula.  

Embora o jornal seja reticente em relação a um grande otimismo do Palácio do Planalto em relação ao assunto, recomendando cautela e o aguardo de novas pesquisas indicando alguma tendência efetiva de recuperação da popularidade, Lavareda sugere que a sangria pode ter estancado. As eleições presidenciais de 2022, vencida por Lula, foram caracterizadas por essa polarização, onde a ameaça às nossas instituições democráticas - representada pela extrema direita - foram sempre invocadas pelos setores populares e progressistas representado por Lula. Tornou-se uma eleição plebiscitária. Ainda persistem os reflexos disso, daí se entender essa resiliência do presidente Lula nas pesquisas de intenção de voto, mesmo diante das dificuldades do Governo.  A estratégia de comunicação da SECOM, sob o comando de Sidônio Palmeira, também reforça essa narrativa, ao voltar a bater na tese de terra arrasada encontrada, como foi posto no último encontro. Trata-se de uma narrativa bastante surrada, mas, sabe-se lá como funciona essas coisas de gatilhos na cabeça do eleitorado. 

Charge! Jean Galvão via Folha de São Paulo.

 


sábado, 5 de abril de 2025

Charge! Kleber Sales via Correio Braziliense.

 


Editorial: Bolsonaro considera que tem gente querendo vê-lo preso ( e não são apenas os petistas).



Aqui na província, a acomodação das placas tectônicas da política estão produzindo cenas desagradáveis, que poderiam ser evitadas, como a exposição de eminentes personalidades políticas do passado, hoje doentes, já em idade avançada, que poderiam serem deixadas em paz. No plano nacional a movimentação de algumas agremiações políticas no sentido de formalizarem federações, por sua vez, acenderam o alerta amarelo nas hostes mais renhidas do bolsonarismo. Sugere não haver mais dúvidas de que as movimentações em curso poderiam já trabalhar com a hipótese de construir uma alternativa de direita ao presidente Jair Bolsonaro, que já percebeu a fumaça. 

Partidos que antes estavam tão motivados pelo projeto de anistia hoje parecem menos entusiasmados e as motivações não seriam apenas o banho maria que o presidente da Casa, Hugo Motta, tenta imprimir ao PL. O centrão parece convencido de que a situação do ex-presidente é incontornável. O União Brasil e o Progressistas ensaiam a formação de uma grande federação, com potencial de desequilibrar o jogo político tanto do projeto de reeleição do presidente Lula,  quanto em relação ao projeto de candidatura de Jair Bolsonaro. 

Ontem, dia 04, na Bahia, foi lançada a pré-candidatura do governador de Goiás, Ronaldo Caiado, à Presidência da República, ancorado nos bons índices de segurança pública que ele conseguiu imprimir no estado que governa. As pesquisas apontam que a segurança pública é o maior problema que os brasileiros enfrentam neste momento. Será, inevitavelmente, uma das grandes bandeiras de luta das eleições presidenciais de 2026. Só os ideólogos do PT parecem surdos aos reclames das ruas. Os parcos recursos que existem, diante do desmantelo das contas públicas, deveriam ser empregados com projetos e políticas públicas para esta área e não em programas populistas. 

O vice de Caiado é ACM Neto. Há controvérsias acerca do posicionamento do candidato em relação à federação do União Brasil  com o PP, comandado nacionalmente pelo senador Ciro Nogueira, ainda tido como um fiel escudeiro de Bolsonaro. A pesquisa recente do Datafolha, aquela que aponta uma ligeira melhora nos índices de aprovação de Lula, mostra também o crescimento do nome do governador Tarcísio de Freitas junto aos eleitores. A direita está jogando o cavalo selado para o governador, que hoje já não se mostra tão reticente a uma eventual candidatura como no passado. Faz todo o sentido as preocupações do ex-presidente Bolsonaro. 

Editorial: Datafolha: Lula estanca a sangria e vira o jogo?



Em meio à turbulência produzida por uma intermitente sangria de popularidade que insistia em não parar, a pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha traz, finalmente, uma boa notícia para o Planalto. Lula pode ter estancada a sangria e começa a virar o jogo de popularidade. Segundo o Instituto, a avaliação positiva de Lula melhorou cinco pontos em relação ao último levantamento do órgão, embora a reprovação ainda seja maior do que a aprovação. 38% reprovavam, enquanto 29% aprovam. Certamente, a pesquisa cai como um bálsamo no Palácio do Planalto, depois de inúmeros institutos, continuamente, apontarem para uma queda de popularidade, como dissemos no início, intermitente. 

O último encontro promovido pela SECOM com o propósito de reverter tal situação foi marcado por um grande stress, uma vez que ocorreram críticas à atuação dos ministros, que seriam, segundo o marqueteiro Sidônio Palmeira, também responsável por esses índices de desaprovação. Cortar na pela sempre produz alguns problemas. A percepção do Planalto sobre essa perda de popularidade, aliás, começou errada desde o início. Ou seja, os ideólogo da legenda, num encontro em Brasília, fizeram o diagnóstico de que todo o problema do Governo Lula 3 estava relacionada à comunicação, o que pode ser verdadeiro, mas apenas em parte. 

Quando não se faz um diagnóstico correto, a tendência é a administração de medicamentos que, certamente, também não contribuem para curar o doente. Ao contrário, em doses excessivas, pode até matá-lo, se considerarmos, por exemplo, os inúmeros deslizes verbais cometidos por Lula desde então, dentro de uma estratégia que previa o máximo de exposição. Neste último encontro, eles tiveram o cuidado de evitar de vez os improvisos, mas, mesmo assim, num descuido, Lula ainda colocou 25 milhões pessoas no estádio do Corinthians. 

Modelando a chamada otimista do editorial, afinal já expusemos tantas imagens de um Lula triste por aqui, convém registrar a ressalva prudente do próprio Instituto em relação ao assunto, chamando a atenção para o fato de ainda ser muito cedo para concluirmos por uma virada de jogo neste momento. É preciso aguardarmos as novas pesquisas, de preferência de outros institutos, para sabermos se, de fato, estamos tratando de uma tendência de reversão alcançada pelo líder petista.  

Charge! Marília Marz via Folha de São Paulo.

 


sexta-feira, 4 de abril de 2025

Editorial: MEC, finalmente, divulga o resultado do SAEB para o segundo ano.



Estávamos lendo o texto de George Orwell, onde o escritor britânico fala sobre as suas agruras passadas em Paris. O texto é ótimo, tem algumas coisas interessantes, inclusive sobre o estilo de escrita de Orwell neste texto, bem diferente dos livros que o consagraram como um grande escritor, ou seja, o distópico 1984 ou A Revolução dos Bichos.  Havíamos lido originalmente o texto ainda na adolescência, sem aquelas preocupações sobre o estilo do escritor. Relendo-o agora, pode se concluir por outros aspectos importantes, como a arquitetura do enredo, muito bem construída pelo escritor. O livro é de leitura agradável, quase como um diário, dividido em capítulos, todos pensados de forma a se constituírem quase com o mesmo número de paginas. Curiosa essa preocupação do autor. Num determinado trecho, ele que trabalhou em restaurantes, observa que os melhores pratos servidos em Paris, inevitavelmente, vêm temperados com suor e cuspe. 

O mais importante, no entanto, foi o marcador de páginas, que fazia alusão ao grande educador baiano, Anísio Teixeira. Os jornais O Estado de São Paulo e a Folha de São Paulo publicaram matérias sobre uma recusa do INEP - Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais - Anísio Teixeira - em divulgar os dados levantados pelo SAEB em relação aos índices de alfabetização do segundo ano do ensino fundamental. Ao invés disso, as autoridades do INEP\MEC argumentaram que os dados do Criança Alfabetizada, outro levantamento criado pelo próprio órgão, seriam mais consistentes e relevantes, melhor apurados, mais confiáveis, coisas assim. Argumentos infundados, uma vez que esses dados do SAEB precisariam serem divulgados, até por questões legais, uma vez que recursos públicos foram aplicados em sua realização. Segundo a matéria do Estadão, os próprios técnicos do INEP teriam alertado os dirigentes do órgão sobre essa questão.  

Os órgãos de comunicação não se conformaram com as respostas e continuaram insistindo na divulgação dos dados do segundo ano do SAEB. Esses dados foram finalmente divulgados e se constatou o seguinte: A discrepância de índices entre o Criança Alfabetizada, 56%, enquanto o SAEB aponta o escore de 49%. A diferença, segundo o professor Guilherme Lichaud, professor brasileiro da Universidade de Stanford, consultado pelo jornal, é bastante significativa. Estes indicadores sugerem as dificuldades de se atingir as metas de alfabetização na idade certa, que, conforme enfatizamos numa outra postagem, constitui-se na pedra angular da educação. Quebra-se na emenda e talvez não se conserte mais.  Agora fica evidente porque o INEP havia optado por não divulgar esses dados do SAEB, uma vez que os dados do Criança Alfabetizada são mais favoráveis. O educador baiano, um batalhador por uma educação pública de qualidade no país, com a notícia, se revirou na tumba. 

Editorial: A boca do jacaré se fecha para Lula também no Nordeste.


No dia de ontem, 03, ocorreu um evento organizado pela SECOM, dentro da estratégia do órgão no sentido de melhorar a avaliação do Governo Lula 3. As expectativas são imensas, uma vez o marqueteiro Sidônio Palmeira assumiu a direção da SECOM com o objetivo de reverter os números desfavoráveis no que concerne à avaliação do Governo. Ele está há quase três meses no cargo e os índices continuam desfavoráveis, a cada nova rodada de pesquisa realizada. Lula não falou de improviso, mas, mesmo assim, ainda cometeu uma impropriedade, quando se referiu aos 25 milhões de brasileiros que teriam saído das estatísticas de insegurança alimentar, ao informar que eles  caberiam no estádio do Corinthians. 

Como estamos reiterando por aqui há algum tempo, em casa onde a popularidade é baixa, todos reclamam e ninguém tem razão. Em sua fala, Sidônio chegou a insinuar que o problema da impopularidade do Governo Lula 3 está diretamente relacionada ao desempenho de todos os ministérios, o que, certamente, provocou um mal-estar antes das faíscas que deverão ocorrer daqui para a frente. No final, a bronca ainda teria sobrado para os jornalistas que cobriam o evento, que, ao invés de enaltecer as conquistas apresentadas, insistiam em debater os números desfavoráveis. Assanham-se, inclusive, as disputas internas da base petista, de olho nas eleições presidenciais de 2026, quando se percebe que os números sugerem um exaustão em relação a uma nova candidatura de Lula, agora desaconselhada pelos próprios eleitores ouvidos pelo Instituto Genial\Quaest.  

Segundo dizem, Fernando Haddad e Rui Costa estariam nesta disputa interna pela unção do morubixaba. O Estadão trouxe um editorial informando que o PT passa a ter problemas no seu reduto fiel, o Nordeste. A pesquisa do Genial\Quaest indica uma aproximação perigosa, já dentro da margem de erro, entre os números que aprovam o governo e os números que desaprovam o Governo na região, o que, no jargão estatístico é conhecido como a boca do jacaré que está se fechando. 

Charge! Jaguar via Folha de São Paulo.

 


quinta-feira, 3 de abril de 2025

Editorial: Tem cuco no ninho tucano.



Como diria o locutor Sílvio Luiz, de olho no lance para não perder nenhum detalhe da jogada. Como já havíamos conversado antes sobre o assunto, a política pernambucana encontra-se em plena ebulição. Há quem diga que o prefeito João Campos poderia esperar um pouco mais, antes de se projetar como candidato efetivo ao Governo do Estado nas eleições de 2026, mas a carruagem já foi posta nas ruas, motivada, inclusive, por questões partidárias, onde os socialistas locais já projetam consolidar sua hegemonia nacional sobre o PSB, bem como habilitá-lo ao Palácio do Campo das Princesas. Não há mais como recuar. 

O filho do ex-governador Eduardo Campos, já participa de encontros partidários por todo o estado, recebe adesões de prefeitos, é contemplado com o título cidadão em diversos municípios, por iniciativa de prefeitos que pretendem apoiar o seu projeto político. Uma das mais festejadas adesão foi a da prefeito de Serra Talhada, Márcia Conrado, uma liderança política de peso da região do Sertão do Pajeú. Ontem tomamos conhecimento sobre uma eventual intervenção da direção nacional tucana no diretório estadual de Pernambuco, o que provocou uma revoada de tucanos ligados à governadora Raquel Lyra. Possivelmente eles migrarão para o PSD, mas, em princípio, embora tenha deixado o ninho tucano, era objetivo da governadora manter controle sobre o diretório regional do partido no estado, quem sabe sobre o controle de sua vice, Priscila Krause. 

O Presidente da Assembleia Legislativa, Álvaro Porto, deve ficar com o controle da legenda no estado. Porto é ligado ao prefeito João Campos. Por outro lado, comenta-se sobre a possibilidade de uma fusão, a nível nacional, entre o PSDB e o Podemos, que integra a base de sustentação da governadora Raquel Lyra, ampliando a complexidade da equação política a ser resolvida. Rodrigo Pinheiro, prefeito de Caruaru, aliado da governadora, filiado ao PSDB, já informou que está deixando a legenda, no que se sugere que deve ser acompanhado por outros membros da legenda com afinidades com a governadora. Sob o signo do partido da governadora, o PSDB foi um dos grêmios políticos que mais cresceram no estado. Rodrigo Pinheiro foi eleito e reeleito pelo PSDB. Tem cuco no ninho tucano.  

Editorial: Uma pesquisa para ficar na mesa de Lula.



O Planalto tem assumido uma postura de ignorar ou se contrapor aos humores das ruas, do mercado e de alguns institutos de pesquisa sobre a avaliação do Governo Lula 3. Todos estariam enviesados por posições ideológicas ou torcida contra o desempenho do Governo. Uma pesquisa realizada entre os formadores de opinião do mercado financeiro recentemente foi tratada com desdém, quando não ridicularizada, pois, segundo uma autoridade do Governo, sequer se tratou de uma pesquisa, a começar pela amostragem e pelo perfil do público pesquisado, apenas investidores do mercado. A pesquisa não poderia ser completamente ignorada, embora procedam os argumentos apresentados. Até comentamos por aqui que seria uma pesquisa de opinião, realizada entre integrantes da Mancha Verde, onde se perguntava o que eles achavam do Corinthians.  

No caso da avaliação do Governo Lula 3, talvez nem possamos inserir aqui alguma espécie de jogo de interesse subjacente, uma vez que absolutamente todos os institutos convergem para a constatação da queda acentuada da popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva neste terceiro mandato. Do Paraná Pesquisas ao Datafolha, passando pelo Quaest\ Genial. E, por falar na última pesquisa do Quaest\Genial, que veio a público no último dia 02,  aqui temos uma pesquisa que deve ficar sobre a mesa do presidente para ser discutida com seus assessores mais próximos e staff de comunicação. A razão, neste caso, é que o instituto fez uma autópsia onde ficou evidente a gravidade da doença,  a ineficácia dos medicamentos administrados, assim como as perspectivas nada otimistas sobre a recuperação do paciente. 

O instituto fez um esmiuçamento da situação, que não só comprovou a queda de popularidade, como disse porque isso esta ocorrendo, em que estratos sociais o derretimento é mais acentuado, assim como as regiões onde a erosão se acentua. Lula está perdendo apoio em sua base tradicional de apoio, ou seja, entre os menos escolarizados, de renda não superior aos dois salários mínimos, e, ao que se sugere, também nordestinos. Num outro dia comentamos sobre o tal desmoronamento de popularidade em estados como a Bahia, que deu 76% dos votos ao presidente Lula nas eleições de 2022. A situação é sensivelmente preocupante, uma vez que a lógica de investimentos pesados em marketing ou publicidade institucional, aliada a programas ou linhas de créditos populares - de cunho eleitoreiro - não estão dando certo ou, na melhor das hipóteses,  ainda não estão dando certo. 

Lula se fechou em copas em torno de um núcleo petista mais autênticos, que está ditando das diretrizes das políticas públicas hoje no Governo. Ajuste fiscal ou controle dos gastos públicos soa como água benta atirada contra os possuídos. Manter sob controle o monstro da inflação que atormenta os brasileiros, assim como enfrentar estruturalmente o problema da segurança pública, hoje os dois problemas que mais atormentam os eleitores, deveria ser a prioridade do Governo, caso deseje chegar em outubro de 2026 em condições de competitividade. Até recentemente, o Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, esteve em Pernambuco. Padilha tem uma preocupação em zerar a fila do SUS. Vocês conseguem imaginar a repercussão positiva que este fato poderia projetar entre os eleitores? 

Charge! Laerte via Folha de São Paulo.

 


quarta-feira, 2 de abril de 2025

Charge! Kleber Sales via Correio Braziliense.

 


Editorial: Lula: A sangria de popularidade que não estanca.



Há alguns meses assumiu a Secretaria de Comunicação Institucional da Presidência da República, a SECOM, o marqueteiro baiano Sidônio Palmeira. Sidônio assumiu com a missão de reverter, segundo ele mesmo admitiu, graves problemas de comunicação do Governo Lula 3, que não era um governo ruim, mas precisa convencer a população sobre este assunto. Um pouco antes, o encontro nacional da legenda já havia feito o diagnóstico do problema de popularidade do Governo Lula 3: a comunicação. Já havíamos advertido por aqui que não se tratava apenas de um problema de comunicação, mas sugere-se que Sidônio Palmeira estava realmente convencido disso.  

Disposto a revolver o problema, a ordem passou a ser exposições sistemáticas na mídia, inclusive do presidente Lula que, durante este processo, acabou cometendo alguns deslizes verbais que não ajudaram muito nesta estratégia. Até recentemente, a SECOM realizou um encontro com os assessores de comunicação de estatais, ministérios e outros órgãos do governo. Objetivo? Consolidar tal estratégia de exposição junto a mídia, ocupando mais espaço, concedendo mais entrevistas. Por incrível que possa parecer, somente no dia de ontem, li vários pronunciamentos da Ministra do Planejamento, Simone Tebet, o que quer dizer, em princípio, que o receituário está sendo seguido. 

Por outro lado, nos escaninhos, existe a possibilidade de setores do MDB estarem preparando uma alternativa presidencial às eleições de 2026. Os arranjos políticos deste partido passam, necessariamente, por São Paulo, e, naturalmente, pela decisão de Tarcísio de Freitas em candidatar-se a mais quatro anos no Palácio Bandeirantes ou pegar o cavalo selado que as hostes conservadoras estão lhe oferecendo, numa tentativa de alçá-lo ao Planalto ainda em 2026. O apoio do governador, que ainda está filiado ao Republicanos, ao projeto de reeleição do prefeito Ricardo Nunes, condicionava o apoio do MDB a um eventual projeto de candidatura presidencial de Tarcísio de Freitas. 

Desde então, porém, a estratégia adotada não está produzindo os resultados tão esperados. O Governo Lula 3 bate em teclas antigas, com programas sociais de corte populista, eivados de possíveis irregularidades - conforme reportagem da grande mídia conservadora. O resultado não poderia ser outro. A sangria de perda de popularidade não foi estancada. Saiu hoje, dia 2, uma pesquisa do Instituto Quaest Genial, apontando que seus índices de desaprovação aumentaram. A desaprovação passou de 49% para 56%, enquanto a aprovação caiu de 47% para 41%. E esta pesquisa não foi realizada pelo mundo corporativo, numa mesa de bar, com apenas cem amigos. O Instituto Quaest ouviu 2.004 eleitores em 12o municípios, entre os dias 27 e 31 de março. A margem de erro é de dois pontos percentuais e o índice de confiabilidade de 95%.  

Editorial: A pressão da oposição sobre Hugo Motta.

Crédito da Foto: Breno Carvalho\O Globo. 


O deputado Hugo Motta foi eleito com relativa facilidade para a Presidência da Câmara Federal, a partir de compromissos assumidos com a oposição. Sem alternativas, o Governo Lula também apoiou o nome do deputado, mas sabe-se das fragilidades dessa base de apoio do Governo. A apreciação do Projeto de Lei da Anistia estava entre os acordos costurados pela oposição com o atual presidente da Câmara. Assumido o posto, Hugo Motta, naturalmente, abriu o diálogo com outros atores sobre o assunto e deve ter percebido que não há consenso em torno deste assunto. O Executivo não deseja que o projeto siga adiante, assim como o STF já afirmou, em consulta, que se trata de matéria constitucional e anistia não está prevista na Constituição. 

Isso significa dizer que, caso o PL seja aprovado na Câmara Federal, corre o risco de ser revogado pelo STF. Mal voltou de viagem do Japão, Hugo Motta passou a sofre uma pressão cerrada da oposição. Com habilidade, ele ganha tempo ouvindo as partes para reposicionar-se em torno do assunto, afinal campanha é campanha e governo é governo. A mobilização da oposição envolve obstrução da pauta, articulação interna e manifestações de rua, a exemplo desta que deverá ocorrer agora no dia 06, na Avenida Paulista. Eles estão esgotando todas as possibilidades possíveis no campo das negociações possíveis. Caso Hugo Motta não paute o PL, a oposição irá radicalizar e obstruir os trabalhos na Casa. 

Pelo andar da carruagem política, o que deve ocorrer é que, diante da pressão da oposição, Hugo Motta deve pautar o PL, que deverá ser aprovado, transferindo para o Judiciário o ônus de sua revogação. Está muito difícil a construção de algum consenso mínimo entre oposição e governo neste país. Seja qual for o desfecho dessa cabo de guerra, o que se antecipa, na realidade, é a ampliação das animosidades entre os Três Poderes da República.  

terça-feira, 1 de abril de 2025

Editorial: Tarcísio de Freitas é o nome do campo de direita às eleições presidenciais de 2026.



Praticamente todos os dias surgem pesquisas novas sobre a popularidade de Lula - ainda em queda livre - assim como sua performance quando comparado a outros nomes que poderão disputar as eleições presidenciais de 2026. A última delas é a do Instituto Paraná Pesquisas, que aponta vantagem do ex-presidente Jair Bolsonaro e de sua esposa, Michelle Bolsonaro , sobre Lula, no distrito federal. Se preparando para pacificar o PT e habilitar-se a uma candidatura a deputado federal nas próximas eleições de 2026 - algo que já preocupa alguns setores do PT, que acredita que tal candidatura poderia não ajudar uma eventual disputa de Lula à reeleição - José Dirceu tem se exposto um pouco mais e, hoje, há uma matéria onde ele afirma a necessidade de organizar as forças do campo progressista e faz um diagnóstico: o governador Tarcísio de Freitas é o nome do campo conservador para as eleições de 2026. 

Em tese, a direita está bem melhor representada neste sentido. Há, na realidade, excesso e não falta de alternativas. Jair Bolsonaro ainda não entregou os pontos em relação ao assunto; Ronaldo Caiado lança sua pré-candidatura no próximo dia 04, em evento na Bahia; Ratinho Junior já convocou uma reunião com o próprio ex-presidente Jair Bolsonaro para tratar das eleições de 2026. Ratinho Júnior tem sido estimulado pelo seu partido, o PSD. Nem precisamos informar por aqui sobre as imensas dificuldades políticas e jurídicas de viabilizar o nome de Bolsonaro para a disputa presidencial de 2026. Neste sentido, é compreensível que esteja ocorrendo tal movimentação dessas placas tectônicas entre os conservadores. Movimento que, aliás, procura construir uma plataforma política mais moderada, sem o radicalismo identificado com o bolsonarismo raiz. É curiosa essa tendência, observada inclusive no PL. 

O governador Tarcísio de Freitas tem se pronunciado de forma mais "natural" sobre uma eventual candidatura presidencial ainda em 2026. Dias desses, talvez num ato falho, um dos seus partidários lançou o nome do atual Presidente da Assembleia Legislativa, André do Prado, do PL,  ao Governo do Estado em 2026. É como se ele já soubesse que Tarcísio de Freitas não disputaria a reeleição. A centrífuga conservadora mói em torno de sua candidatura e isso é como cavalo selado. Em 2030 as nuvens são outras, como advertia a raposa mineira Magalhães Pinto. 

 

Editorial: Descalabro com a educação. Um espectro pavoroso no país.


Na semana passada produzimos um editorial aqui neste blog sobre uma matéria do jornal O Estado de São Paulo, onde era abordada uma eventual decisão do INEP, órgão executivo do Ministério da Educação, indicando que a sua direção havia deliberado não divulgar os dados do SAEB relativos ao segundo ano do fundamental, dado crucial para se aferir a quantas andam o nosso processo de alfabetização na idade certa, a pedra angular da educação básica, esteio onde se sustenta as outras fases do processo educacional. Um problema aqui será sentido em todas as fases seguintes de aprendizagem do aluno. Existem algumas atitudes que não se coadunam com um governo de perfil progressista, como é o caso do Governo Lula 3, identificado e compromissado com a educação dos jovens no país. A matéria foi muito bem elaborada pelo jornal paulista, conforme enfatizamos naquele momento. Assumimos um posicionamento equidistante, uma vez que havia os argumentos dos gestores do órgão, inclusive sobre indicadores aferidos através de outro expediente que não unicamente o SAEB. 

O jornal, no entanto, voltou a tratar deste assunto no dia de hoje, argumentando que o diretor do órgão fora alertado acerca do equívoco na omissão de não divulgar esses números. Mas, afora essa questão, que está se tornando grave, uma olhada sobre o quadro da educação no país neste momento não nos permitem muito otimismo em torno do assunto. Vejo as informações do estado vizinho, na Paraíba, onde órgãos de controle e fiscalização encontram irregularidades graves em número expressivo de creches vistoriadas; aqui em Pernambuco, o problema de uma licitação controversa em relação à contratação de merendeiras, envolvendo vultosa quantia de recursos públicos, algo denunciado por uma das empresas que participaram do processo licitatório; Não fosse isso suficiente, há ainda um processo licitatório nebuloso de aquisição de livros  sob suspeita de superfaturamento, barrado pelo TCE. 

Com as contas públicas em frangalhos, cobertor curto, o Governo Lula 3 deveria, na realidade, sanear as contas públicas, racionalizar os recursos, criar as condições ideais para evitar a volta da inflação e, no final, investir em políticas públicas estruturadoras, voltadas para áreas como educação, segurança pública, saúde. Existem alguns gargalos aqui, como o fantasma da inflação e o grave problema de segurança pública que, se não forem enfrentados corajosamente, arruínam qualquer projeto de continuar como inquilino do Alvorada. A receita do bolo, no entanto, ainda é aquela da vovó, envelhecida, superada, de décadas atrás, com ingredientes que hoje sequer existem no mercado. 

Charge! Benett via Folha de São Paulo.

 


Charge! Quinho via Estado de Minas.

 


Editorial: Estadão aponta irregularidades com o programa Pé-de-Meia.


Possivelmente marca dos programas sociais do Governo Lula 3, o Pé-de-Meia nasce sob o signo das irregularidades, o que não seria algo muito alvissareiro. O Governo tentou implementar o programa sem lastro previsto no orçamento, o que produziu uma série de inconvenientes, que poderiam ser traduzidos como pedaladas fiscais. O parlamento e órgãos de fiscalização e controle do Estado, a exemplo, do TCU apontaram os problemas. Agora, por ocasião de apreciação do orçamento pelo Legislativo, teria sido feito aqueles arranjos tira daqui coloca-se ali apenas para ajustar os recursos do programa. O país se caracteriza por dados que não são muito precisos, assim como por esperteza de agentes públicos e privados no sentido de auferirem vantagens pessoais com recursos públicos. 

É o país das malandragens, do jeitinho, do por fora. Ouso dizer que não há nenhum programa social completamente blindado em relação a essas espertezas. Pentes finos são passados em relação ao Bolsa Família com frequência, cujo Ministério do Desenvolvimento Social e Segurança Alimentar teria criado até um grupo de inteligência apenas com o propósito de identificar tais irregularidades entre os beneficiários do programa. Outro dia estourou o escândalo dos recursos do programa que estariam sendo destinados às jogatinas. Depois de muito estardalhaço em torno do assunto, chegou-se a conclusão óbvia de que o Estado não poderia ter um controle sobre o assunto. Isso depende da consciência do beneficiário que, não raro, como bom brasileiro, também gosta do jogo do bicho ou do tigrinho. De preferência onde seja servido um cafezinho, daí o drama do preço do produto nas alturas. 

Com o Minha Casa Minha Vida também já foram constatados fatos escabrosos, de agentes públicos envolvidos com créditos concedidos a pessoas que não se enquadravam nos requisitos exigidos. Recentemente a Polícia Federal desvendou um esquema milionário aqui no estado de Pernambuco, onde um servidor do INSS fazia empréstimo irregulares em nome de segurados. Agora se sabe, por exemplo, sobre aqueles descontos de empréstimos que os beneficiários alegavam não haviam realizados. O servidor era de Garanhuns e já foi afastado de suas funções. A reportagem do Estadão alcançou grande repercussão, mas, assim como a matéria da Folha, já repercutida aqui, onde trata-se de dados que não foram divulgados pelo MEC sobre avaliação do SAEB, devem ser lidas com a devida cautela. 

A matéria aponta para a distorção entre o número de beneficiários e o número de estudantes  de ensino médio existentes em algumas cidades do país, principalmente na Bahia e no Pará. Haveria casos também de pessoas beneficiárias cujas condições de renda são incompatíveis, ou seja, não atendem aos requisitos. Isso nos fez lembrar de alguns anos atrás, quando ainda se pagavam as contas nas lotéricas e estávamos na fila para pagarmos os boletos do mês, quando entrou um rapaz jovem, com uma prancha de surf nas mãos, de olhos azuis, típico surfista de classe média, de posse de um cartão do bolsa família para efetivar o saque e pegar uma onda. Nunca esquecemos do episódio e, não raro,  o invocávamos durante as nossas aulas, principalmente quando discutíamos algum texto do antropólogo Roberto DaMatta, que tentou entender porque o Brasil é o Brasil.