As velhas chaminés da Companhia de Tecidos Paulistas foram tombadas como patrimônio histórico. Nada mais justo, se considerarmos o quanto de história da indústria têxtil no Brasil aquelas chaminés representam. Garoto de vila operária, ainda cheguei a ser acordado pelo apito da fábrica de tecidos – como diria o cancioneiro popular. Há algumas edificações – como a antiga residência dos Lundgrens, no centro da cidade – que poderiam ter um aproveitamento melhor do poder público. Não naquele sentido de “resgatar o passado”, uma vez que - como diria Durval Muniz - quem resgata são os bombeiros -, mas no sentido de reconstituir, simbolicamente, um dos períodos mais emblemáticos da nossa história, quando tínhamos um dos pólos têxteis mais importantes do país. Os estudos a esse respeito já chegaram à academia, constituindo-se dissertações de mestrado e teses de doutorado. Desde a Revolução Industrial Inglesa, as indústrias têxteis sempre foram um grande palco de circulação de idéias socialistas. Salvo algum engano, o segundo violino das idéias socialistas, Fredrich Engels, era filho de um industrial do setor. Em Camaragibe – onde teria sido erguida a primeira Vila Operária da América Latina – também há alguns fatos curiosos envolvendo o proprietário da Fábrica de Tecidos de Camaragibe, que se instalou naquela região, como uma possível “sensibilidade” às causas dos operários. Carlos Alberto de Menezes era um engenheiro civil muito fiel à Igreja Católica. O fato de ciurcularem tantas idéias socialistas pelas chaminés parece-nos ser apenas algo circunstancial. Quando Hermann Theodor Lundgren adquiriu a Fábrica Paulista ela era apenas uma produtora de sacarias para os engenhos de açúcar da região. Transformou-a num império.
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