Durante todo o período da campanha (e mesmo antes dele) discuti, com vários amigos, pelo Facebook – e, às vezes, até asperamente, à medida que não se tratava de um trabalho científico ou um artigo para revistas acadêmicas, mas de um embate político, uma luta de classes –, a respeito das várias facetas desse pleito. Declarei, desde cedo que, por uma questão de princípio (não vejo mais sentido na democracia representativa como ela se apresenta, em que somos convocados a cada quatro anos para saber quem vai nos oprimir por pais quatro), votaria nulo, o que realmente fiz. E voltaria a fazê-lo, no segundo turno, se não estivesse viajando (estarei no aeroporto de São Paulo esperando o traslado para Campos de Jordão, onde participarei do Encontro da ANPOF). E como estamos numa sociedade onde ainda predominam as liberdades individuais (evito, aqui, mencionar a palavra DEMOCRACIA, que é outra coisa), todo indivíduo tem o direito de votar no candidato que quiser. Mas, como comunista, o que me causa indignação não é aquele que vota no candidato da direita, quando sua atitude é consciente. Posso discordar, criticar, considerar o PSDB um partido de direita (aliás, foi o próprio Bresser Pereira, um dos fundadores, quem afirmou isso, ao abandonar essa legenda); posso admitir que todo aquele que defende o sistema capitalista vote em Aécio Neves, pois é um direito que lhe assiste, ou mesmo aqueles que um dia combateram nas fileiras da esquerda e, posteriormente, mudaram sua posição ao longo da história. Mas o tipo mais asqueroso, e que me causa indignação, é aquele que, dizendo-se comunista, vota na direita contrariado com as ações do partido do poder (o PT). Reconheço sua ira, e até concordo com sua revolta. Eu mesmo fui um que critiquei o governo Dilma (aliás, já o fazia desde os tempos da presidência Lula), particularmente após a vergonhosa atitude contra os manifestantes das jornadas de junho de 2013. O nosso “ato patriótico”, que criminaliza as manifestações de rua, inclusive enviando a polícia à casa de muitos manifestantes, viola todo conceito de democracia que a esquerda conhece. Mas há uma esquerda que age, em muitos casos, como a direita, e existe a direita que age como a direita em todos os casos. Então, para quem se diz comunista, ou mesmo de esquerda, há sempre um mal menor. Isso não significa apoio ou mesmo o voto nesse tipo de conduta. Há sempre a possibilidade, como já mencionei, do voto nulo. Mas aquele que se afirma e se apresenta como comunista, e mostra-se, simultaneamente, como um guardião da moral capitalista, exigindo publicamente, que o PSB apoie Aécio, não está apenas traindo sei ideal, mas compactuando com o que pior existe numa eleição, a partir do ponto de vista de quem deseja transformar a sociedade. Caminho, inclusive, percorrido pela farsante candidata do PSB que, declarando-se partidária da “Nova Política” termina por sinalizar seu apoio, no segundo turno, ao candidato da velha política, do arrocho salarial, na corrupção que se escondia com o engavetamento dos processos pelo Procurador Geral da União; que é assessorada por um liberal extremado que “detonará”, absurdamente, todas as conquistas que o atual governo, com todos os seus defeitos, ainda conseguiu conquistar, além de outras medidas como o ataque a Previdência Social e o achatamento do salário mínimo. Dessa forma, em função de um princípio democrático manterei, entre os meus contatos, aqueles que possuem uma ideologia diferente da minha, por mais que discorde. Pelo menos são honestos em suas convicções. Mas deletarei, sumariamente, da minha relação de amigos no FB, aqueles que compactuam com uma farsa em nome de uma ética que não compreende ou a entende de forma metafísica, no seu mais puro sentido kantiano. É um modo de esconder sua vergonhosa conduta aceitando o mais estreito governo neoliberal, ocultando, assim, sua face direitista e capitalista sob o pretexto de opor-se a um regime que mudou ( nesse aspecto isso é verdadeiro) seu rumo. Não sou daqueles que se encobrem com o véu da falácia divulgada pelas mais reacionárias correntes de direita e da suposta esquerda, a falsa noção de que acabou a diferença entre esquerda e direita. Concluo com um exemplo que corre nas páginas das redes sociais: a figura de uma eleitora do candidato mineiro (Ione Zukauskas) explicando porque vai votar nele: “Precisamos mudar, ou os pobres vão mandar no mundo”. ALGUÉM AINDA DUVIDA DA EXISTÊNCIA DAS IDEOLOGIAS E QUE A LUTA DE CLASSES PERMANECE EM NOSSO HORIZONTE? COMO DIZIAM MAQUIAVEL, MARX, GRAMSCI E MESMO HOBBES: QUEM QUER OS FINS QUER OS MEIOS. O RESTO É HISTÓRIA PARA A DIREITA ENGANAR OS INGÊNUOS E MAL INTENCIONADOS.
Fernando Magalhães é professor aposentado da UFPE.
Em 1989, na Europa do Leste e na Rússia, os bundas moles comunistas foram derrubados em Um Dia! Só sobraram aí no Brasil comunas caviar e coxinhas socialistas se chamando de "esquerda e de direita", com tudo que no Brasil só tem partidos comunistas como PCB, PCdoB, PPS,PSOL, PSB, PDT, PT, PSDB, PMDB e outros comunas caviar! Haja imbecilidade progressista!
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