A Rede Record nunca teve uma tradição muito forte na realização de debates entre candidatos presidenciais. Penso ser a Band a emissora mais bem conceituada no assunto, posto que a emissora do plim plim, não raro, assume desavergonhadamente uma preferência por este ou aquele candidato. Um debate na sexta-feira, por exemplo, pode ter uma "edição' no sábado com força até mesmo para influir nos resultados de uma eleição, conforme adverte-nos alguns históricos recentes. Mas, em razão de uma série de circunstâncias específicas, o debate da Rede Record revestiu-se de uma importância singular. Ele iria refletir - como, de fato, refletiu - as intermináveis reuniões de avaliação de campanha de ambos os candidatos, notadamente a presidente Dilma Rousseff (PT), que luta pela reeleição. Do lado de lá, da direita, vem uma campanha de ódio irrefreável contra o PT. Isso faz muito mal numa campanha, mas não há mais como controlá-la, sobretudo depois das agressões do candidato Aécio Neves(PSDB) no debate da Band. As pesquisas qualitativas depois do debate indicaram o equívoco da estratégia, refletido no aumento de sua taxa de rejeição. Para completar o enredo, recebeu, de imediato, o apoio de notórios espancadores de mulheres, enquadrados na Lei Maria da Penha. Se isso significar sua derrota, azar o dele. Esta campanha raivosa já está disseminada nas ruas, com eleitores petistas sendo agredidos em praça pública, bares etc. Em todo caso, no debate da Record, o tucano foi mais comedido. Do lado da coalizão petista, duas tendências: uma que recomendava que ela pulasse no seu pescoço quando se sentisse agredida, respondendo-o na mesma moeda. Dizem que o ex-presidente Lula era partidário dessa tese. Do outro lado, aqueles que advogavam uma campanha mais propositiva, não embarcando no ardil do adversário. Pelo comportamento de Dilma no debate de ontem, essa última tese deve ter prevalecido. Arrisco a dizer que foi o melhor debate de Dilma nessas eleições. A presidente mostrou que em trabalho, realizações e propostas para governar o país. Desmascarou o receituário neoliberal do candidato Aécio Neves, sobretudo as consequências da receita de bolo de Armínio Fraga para enfrentar a alta dos preços. Quanto aos investimentos sociais, sua lembrança de que o governo tucano gastou em 08 anos o que o governo petista gasta em um mês com o Bolsa Família, só poderia mesmo ter ruborizado o candidato. Não havia como responder. Vamos torcer que parte da sociedade brasileira, até domingo próximo, recupere o bom-senso e perceba objetivamente os projetos que estão em jogo nessas eleições: um avanço das conquistas sociais com algumas correções de rumo ou um retrocesso aos anos nefastos da Era FHC.
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