Nos últimos dias, as análises políticas e editoriais dos grandes jornais se concentram numa espécie debate sobre o colapso do nosso sistema político. Uma crise institucional iniciada quando da deposição da ex-presidente Dilma Rousseff, e que não emite o menor sinal de acabar, consoante o andar da carruagem política, movida por atores sabidamente suspeitos, pouco confiáveis, guiados por negociações nebulosas, de caráter pouco republicano. Os textos não são assim tão explícitos como o deste escriba, mas, em resumo apontam, sim, para uma espiral de fragilidade institucional, incapaz de conduzir o país a algum rumo minimamente desejável pela sociedade brasileira, ou seja, acordos celebrados dentro de um razoável ordenamento jurídico; consoantes regras rígidas no tocante à condução dos negócios públicos e, de preferência, sem mais os escândalos de corrupção, voltados para o atendimento das mais prementes demandas sociais. Assim como está, o sistema político não opera no sentido de construção da cidadania, mas no sentido de atender interesses fisiológicos de grupelhos encastelados no aparelho de Estado e nos três poderes, que atuam consoante o que é ditado pelas corporações, notadamente as financeiras.
O que une o pessimismo desses cronistas políticos sobre o que virá após o afastamento do presidente Michel Temer(PMDB), diante de um quadro político tão caótico? No dia de ontem, nos dedicamos a destrinchar os acordos de bastidores que estão sendo costurados no sentido de viabilizar o afastamento do presidente Michel Temer, assim como a condução do hoje presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia(DEM), à Presidência da República. Setores dos PSDB se assanham diante da expectativa de poder, traduzida na ampliação da participação no futuro condomínio governista. Por outro lado, a desenvoltura do democrata tem preocupado algumas tucanos de bico fino e emplumados, como é o caso do governador paulista Geraldo Alckmin, que suspeita das pretensões políticas de Maia. Não é para menos, uma vez que Botafogo está tão azeitado que articula, ao mesmo tempo, uma possível fusão dos Democratas com o PSB, do ex-governador Miguel Arraes. A proposta é tão indecente que voltaremos a discuti-la mais adiante, sobretudo em respeito ao saudoso governador.
Comentamos sobre este assunto no dia de ontem, mas, de fato, colocar os planos políticos para 2018, neste cenário nebuloso, talvez não seja mesmo o mais prudente. Se o governador Geraldo Alckmin(PSDB) desconfia das pretensões de Rodrigo Maia é porque essas definições estão, de fato, abertas. Ademais, neste cenário de cobras peçonhentas e lobos famintos é mesmo muito difícil prevê, com o minimo de precisão, os passos dos adversários. Desde muito tempo ficara bastante nítido que a substituição de Dilma Rousseff pelo presidente Michel Temer, e, agora tão pouco, a substituição de Temer por Rodrigo Maia não representaria a solução de alguns problemas estruturais do nosso sistema político, hoje bastante necrosado e esquizofrênico no tocante aos anseios da sociedade brasileira, conforme afirmamos.
O cenário de candidaturas para as eleições presidenciais de 2018, igualmente, também não nos sugerem muito otimismo. Não são poucos aqueles que se apresentariam ao eleitorado com uma ficha, digamos assim, não limpa. Isso, de um lado. Do outro, aventureiros que tentariam tirar vantagens do esfacelamento do sistema político, apresentando-se como "novatos", que nunca tiveram nada com tudo que aí está. Há ainda aqueles cuja plataforma reacionária e retrógrada dispensaria maiores apresentações. Como se sabe, a crise política sistêmica é um terreno propício para o surgimento de salvadores da pátria. Se o ex-presidente Lula escapar dos rolos da Operação Lava Jato, talvez até se apresente novamente ao eleitorado como alternativa, mas já com aqueles comprometimentos conhecidos, traduzidos numa nova conciliação de classes, que o deixaria sem margem de manobras para o aprofundamento das soluções dos nossos problemas políticos crônicos. Como disse, isso se ele vier a superar os rolos da Lava Jato - o que é pouco provável - além do anti-petismo que ainda está muito presente no nosso imaginário social.
P.S.: Contexto Político: Lula foi condenado pelo juiz Sérgio Moro, na ação envolvendo o tríplex do Guarujá, há 09 anos de prisão em regime fechado e 19 anos sem candidatar-se ou exercer alguma função pública. Ainda não é uma sentença definitiva, pois precisa ser apreciada, em segunda instância, pelo Tribunal Regional Federal da 4º Região, localizado em Porto Alegre. Mantida a sentença, ele torna-se inelegível.
P.S.: Contexto Político: Lula foi condenado pelo juiz Sérgio Moro, na ação envolvendo o tríplex do Guarujá, há 09 anos de prisão em regime fechado e 19 anos sem candidatar-se ou exercer alguma função pública. Ainda não é uma sentença definitiva, pois precisa ser apreciada, em segunda instância, pelo Tribunal Regional Federal da 4º Região, localizado em Porto Alegre. Mantida a sentença, ele torna-se inelegível.
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