pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO: Editorial: O xadrez político das eleições de 2018, em Pernambuco: Ninguém se perde no caminho de volta. Será?
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sábado, 29 de julho de 2017

Editorial: O xadrez político das eleições de 2018, em Pernambuco: Ninguém se perde no caminho de volta. Será?


A partir da esq., o governador Geraldo Alckmin (PSDB) em Mauá (SP), ao lado do candidato Átila Jacomussi (PSB) e do vice-governador Márcio França (PSB)


José Luiz Gomes da Silva
Cientista Político
 
 
Ninguém pode afirmar que o governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin(PSDB), não seja um abnegado político em defesa de seu projeto mais ambicioso, ou seja, o de  ocupar a cadeira de Presidente da República. Nos últimos anos, Alckmin não tem medido esforços no sentido de alcançar este objetivo. Nas eleições municipais de 2016, por exemplo, estruturou uma espécie de cinturão eleitoral em zonas estratégicas do Estado de São Paulo, elegendo aliados em cidades com contingentes eleitorais superiores a um milhão de votos. Um dado absolutamente relevante para qualquer postulante ao Palácio do Planalto. Nos últimos meses, percebendo a chapa esquentar, transformou o Palácio dos Bandeirantes num comitê eleitoral, recebendo para conversar animais políticos de todos os quadrantes.

No apogeu da crise envolvendo o presidente Michel Temer, seu partido, o PSDB, chegou a cogitar da possibilidade de largar a nau governista. Alckmin percebeu, no entanto, que seria necessário realizar a manobra, mas com o cuidado de preservar o projeto presidencial do partido que, neste caso, confunde-se com ele próprio. Um dos atores mais importantes na construção de um consenso político de transição, porém, seria o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia(DEM). Rodrigo Maia emitia alguns sinais de que poderia não respeitar alguns acordos assumidos, costurando alianças que poderiam viabilizar o seu projeto de continuar como inquilino do Alvorado por um período superior ao negociado durante a crise institucional. Essa desconfiança acendeu a luz amarela no staff de Alckmin, que abandonou o entusiasmo com este projeto.

Um outro fator que preocupa o governador paulista diz respeito a uma cria política sua, o atual prefeito da cidade, João Dória Junior(PSDB). Neste momento da política nacional, o perfil do prefeito parece cativar mais os eleitores, desapontados com o processo político, comandado por velhas raposas. A princípio, esta movimentação em torno do seu nome deve ter surpreendido o próprio Dória. Hoje, no entanto, o prefeito admite concretamente a possibilidade de uma candidatura, com o apoio expressivo de aves emplumadas do próprio ninho tucano. Ainda não se sabe como eles vão se arranjar. Dória deve  sua ainda incipiente carreira política ao padrinho Alckmin. Se Alckmin vencer a briga interna, as coisas se acomodam naturalmente. Se for o contrário, aí o bicho pega. Podem apostar. As movimentações do governador, portanto, explicam-se pelas contingências políticas que atropelaram alguns calendários.

No sistema político brasileiro, as decisões tomadas pelos grêmios partidários no plano nacional, não se refletem necessariamente nas quadras estaduais. A política de alianças é um excelente exemplo do que estamos afirmando. Nos seus primórdios, quando ainda se poderia dizer que o PT era um partido disciplinado, orgânico, cujas decisões tomadas no plano nacional eram acatadas pelos diretórios estaduais, nem assim, escapou de algumas ciladas aliancistas em quadras estaduais e municipais que se contrapunham radicalmente às decisões tomadas pelo partido no plano nacional. Hoje, então, diante da decomposição ideológica dos grêmios partidários, é que os acordos fechados pela cúpula dos partidos tendem ainda mais a não se materializarem nos arranjos políticos estaduais.

Em todo caso, Geraldo Alckmin, depois de receber no Palácio Bandeirantes o presidente Michel Temer - numa espécie de política do jato, com o objetivo de apaziguar o ânimo da bancada tucana paulista que ameaçava debandar da base aliada - abriu espaço em sua agenda para conversar com as lideranças de dois grêmios partidários: o DEM e o PSB. Os democratas são velhos aliados dos tucanos, mas, no momento, cogita da possibilidade de uma aliança com os dissidentes do PSB, liderados pelo senador Fernando Bezerra Coelho, do PSB de Pernambuco. A composição do PSDB com o PSB, no entanto, traz alguns complicadores, como a relativa autonomia e aspirações dos tucanos aqui da província, como uma postulação ao Governo Estadual, nas eleições de 2018, com o hoje ministro das Cidades, Bruno Araújo, que já advertiu os lideres nacionais a respeitarem as decisões do partido na quadra estadual.

Por aqui, Bruno Araújo compõe com o grupo que denominamos de "Conspiração Macambirense', ou seja, o conjunto de forças que se articulam em torno de uma oposição ao Governo Estadual. Não se sabe ainda muito bem como eles vão se arranjar em termos de candidaturas, mas desponta como líder do grupo o senador Armando Monteiro, do PTB. Por outro lado, é inegável que alguns atores políticos que, a princípio, integram a "Conspiração", se movimentem como potenciais candidatos, como é o caso do próprio Bruno, assim como o Ministro da Educação, Mendonça Filho(DEM).

A grande questão que se impõe é que, ao fechar um acordo com os tucanos no plano nacional, os socialistas impõem alguns condições, como o apoio dos tucanos ao projeto de reeleição do governador Paulo Câmara(PSB-PE) e o apoio ao nome de Márcio França, atual vice de Alckmin, em seu projeto de tornar-se governador de São Paulo, em 2018. Essa imposição respingaria, naturalmente, numa reavaliação dos tucanos sobre o cenário das próximas eleições estaduais em Pernambuco. Num passado recente, os tucanos aqui da província compunham com o PSB. Fechado o acordo no plano nacional, eles teriam que refazer um caminho de volta ao ninho das pombinhas socialistas. Diz o adágio popular que ninguém se perde no caminho de volta. Será?  

P.S.: Contexto Político: Nas últimas eleições municipais, em função de projetos que não se coadunaram com o gestão do prefeito Geraldo Júlio(PSB), tanto o PSDB quanto o DEM lançaram candidatos à Prefeitura da Cidade do Recife. O fato acabou também respingando num estremecimento da relação que estes partidos mantinham no Governo Paulo Câmara. O governador, movido pela solidariedade ao amigo prefeito, pediu de volta os cargos que esses partidos ocupavam na máquina estadual, sinalizando para um evidente rompimento. A ruptura com estes dois partidos - aliado a alguns fatos da cena política nacional, como é o caso do impeachment da presidente Dilma Rousseff - permitiu ao PMDB do Deputado Jarbas Vasconcelos ampliar sua capilaridade no condomínio governista, mesmo ressentindo-se de uma densidade eleitoral que justifique seu status na máquina. Nas coxias, é dada como certa, uma das vagas concorrente ao Senado Federal na chapa governista a Jarbas Vasconcelos. Comenta-se que o governador, hoje, sinaliza com a volta dessas agremiações partidárias à aliança. Um outro complicador é o rumo a ser tomado pelo grupo Coelho, liderado pelo senador Fernando Bezerra Coelho, de longe, a personalidade política mais cobiçada da província na atualidade. Como se sabe, ele tem várias opções políticas, inclusive um voo solo. A romaria de políticos do PSB à festa de casamento do seu filho, Miguel Coelho, prefeito de Petrolina, é um indicador do risco de se perder o seu apoio nas próximas eleições estaduais. Superadas as questões de ordem ideológicas - que hoje definem cada vez menos os rumos dos atores políticos - depois de uma declaração do líder dos Democratas, Rodrigo Maia(DEM), no sentido de descartar um apoio do partido ao projeto presidencial dos tucanos, ampliaram-se as possibilidades de um acordo entre o grupo dissidente dos socialistas, liderados por Fernando Bezerra Coelho - e os Democratas. Numa conversa entre o ministro Fernando Filho e ACM Neto, prefeito de Salvador, falou-se abertamente sobre a dissidência na hoste socialista. O fato, naturalmente, reflete-se na política local, onde essa ala dos Coelhos já entabula conversas com outras lideranças políticas de cidades vértices do Triângulo das Bermudas, de olho nas eleições estaduais de 2018. É uma ingenuidade dos socialistas tupiniquins imaginarem que poderão conter as mágoas dos Coelhos com caravanas e canapés. A cenoura precisa ser bastante suculenta.




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