José Luiz Gomes da Silva
Até recentemente, as movimentações de dois atores políticos, em Brasília, acabaram em rota de colisão, uma vez que ambos disputavam os mesmos espaços, que, neste caso, podem ser traduzidos numa tentativa de arregimentar dissidentes da legenda socialista para os seus projetos políticos imediatos e futuros. Os dois atores políticos que acabaram se estranhando foram o Presidente Michel Temer(PMDB) e o Presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, dos Democratas. As coisas lá pela capital federal parecem que se acalmaram depois de uns canapés suculentos servidos nos jantares de conciliação e umas conversas ao pé-do-ouvido, onde juras eternas de fidelidade foram proferidas. Naturalmente que essas juras não podem ser levadas muito a sério nesse terreno pantanoso da política, onde a Ética das Consequências, de inspiração maquiavelina, parece ditar as regras do jogo.
Salvo melhor juízo, a expressão "Quem tem tempo não tem pressa" pode ser creditada ao ex-governador Marco Maciel, uma velha raposa da política pernambucana. Esse parece ser hoje o lema dos principais postulantes ao Palácio do Campo das Princesas, nas eleições majoritárias de 2018. Paulo Câmara(PSB), atual governador, com o projeto de continuar inquilino da sede do Governo Estadual, do outro lado, seu adversário, o senador Armando Monteiro(PTB). Se, até bem pouco tempo, Armando Monteiro fez uma visita de cortesia aos Coelhos, em Petrolina, o atual mandatário do Estado sinalizou que estará prestigiando as festividades de casamento do atual prefeito da cidade, Miguel Coelho(PSB), num gesto emblemático, como que reconhecendo a importância de manter o clã dos Coelhos sob o guarda-chuva socialista.
No atual momento político da quadra estadual, essa ala dos Coelhos assume uma importância estratégica, fortalecida por uma série de circunstâncias específicas. Notadamente, isso justifica o assédio de atores e legendas políticas, interessadas no seu passe, como é o caso do PMDB, do DEM e do próprio PTB, em certa medida. De há muito que os Coelhos estão se contentado com as "compensações" políticas. Ora com uma indicação ao ministério, ora com uma das vagas ao Senado Federal. Isso desde o período em que o PSB local atendia pelo nome do ex-governador Eduardo Campos. Outro dia, um colunista de política local comentou que o senador Fernando Bezerra Coelho estaria como o primeiro da fila, nos planos dos socialistas, a suceder Paulo Câmara, depois do segundo mandato. Quem, em sã consciência, poderia assegurar que as raposas socialistas iriam respeitar essa ordem da fila, já desrespeitada no passado? Há, ainda, como agravante, o fato de a família Coelho não ter sido contemporizada no Governo Paulo Câmara, o que deixou algumas rusgas neste grupo político do Sertão do São Francisco.
Ainda no dia de ontem, depois de participarmos de uma mesa, durante um seminário na Fundação Joaquim Nabuco, o professor Michel Zaidan nos questionou sobre se sabíamos alguma coisa sobre rumores que davam conta de uma possível retirada de candidatura do senador Armando Monteiro. Não creio. Penso que, inclusive, essa sua visita à cidade de Petrolina indica que seu nome está fortalecida no contexto daquilo que denominamos por aqui em outro momento de Conspiração Macambirense, ou seja, um núcleo político que se fortalece em torno da oposição ao Governo de Pernambuco, visando, sobretudo as eleições majoritárias de 2018. Tanto isso é verdade que o senador Armando Monteiro, logo após essa visita, continuou o seu périplo pelo sertão, adubando suas bases para colher os frutos em 2018.
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