pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO: Editorial: Eleições do Recife. Chamem o Przeworski.
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sexta-feira, 20 de novembro de 2020

Editorial: Eleições do Recife. Chamem o Przeworski.

Przeworski é um cientista político polonês especialista em estudos sobre a democracia. Por conseguinte, as motivações que definem o voto do eleitor está entre as suas preocupações. Até recentemente,lançou um livro muito interessante sobre os problemas enfrentados pelos regimes democráticos na atualidade, frequentemente assediados por expedientes autoritários e fascistas. Mas, interessa aqui, saber o que leva um eleitor a votar neste ou naquele candidato, consoante uma série de constrangimentos, seja de natureza pessoal, seja em relação aos fatores externos, que também podem influenciar suas decisões. Hoje o eleitor sofre uma influência forte do marketing político, das pesquisas de intenção de voto, da estratégia adotada pelos marqueteiros, dos gastos de campanha, qua variam dependendo da capacidade financeira do postulante, assim como dos apoios recebidos. Não à toa se diz que um candidato cujo partido já está na máquina administrativa possui maiores chances do que um outsider, por exemplo. Gosto muito dos exemplos. Dos bons exemplos, naturalmente. Przeworski cita um deles, apontando um eleitor pobre, evangélico, com projeto de implantar um pequeno negócio. Dentre essas condições, qual aquela que seria determinante para a sua escolha deste ou daquele candidato? Seria ele um pobre de "direita", votando num candidato completamente descompromissado de sua condição social? Seguiria as orientações do pastor de sua igreja, o que, aliás, possui um poder indutor nada desprezível? Ou apostaria naquele candidato que acenasse para um crédito para ele abrir seu pequeno negócio? Isso vem a propósito de um fato intrigante que está ocorrendo neste segundo turno das eleições do Recife. O que estaria levando parte do eleitorado de Mendonça Filho(DEM) ou da delegada Patrícia(PODEMOS)a esta tendência de votar em Marília Arraes, do Partido dos Trabalhadores. Confesso que, por algumas razões, creditava ao candidato João Campos, do PSB, maiores possibilidades de herdar esses votos. O PSB está na máquina do Estado há um bom tempo, alinhavou-se com forças políticas conservadoras para disputar as eleições desde o primeiro momento,e, em tese, para este eleitorado citado, seria um partido político mais confiável. Hoje,sobretudo pelas razões expostas no editorial do dia de ontem, é, no mínimo, duvidoso afirmar que o PSB é um partido de esquerda, embora essa condição possa ser creditada nos seus primórdios, quando contou com atores políticos identificados com este perfil. O PT, por seu turno, é um partido estigmatizado. Não entramos aqui nem na seara ideológica, mas o partido passou até recentemente por um processo de assassinato de reputação e a gente sabe que não se constitui numa tarefa das mais simples a recomposição de uma imagem. Certamente, depois dessas eleições,ao se confirmarem o que as pesquisas estão indicando, deveremos ter algumas lives de cientistas políticos e analistas sociais para tentar entender um pouco a motivação de um eleitorado - tradicional, conservador e refretário ao PT - migrar para sufragar o nome de Marília Arraes nas urnas. Há algo mais determinante, neste horizonte, do que a rejeição ao PT. Uma grande insatisfação com a gestão atual, que já completa dois mandatos? O peso de uma condução não necesariamente republicana da máquina? Equívocos na estratégia de campanha? A mocidade e a inexperiência do candidato socialista, que talvez não esteja conseguindo passar confiança à população? Hoje, pelas redes sociais, um internauta estava levantando a tese da ingratidão. De fato, o PT foi um dos grandes suportes políticos e financeiro para o êxito da gestão do ex-governador Eduardo Campos. Mas esse legado foi solenemente rejeitado pelo PSB, sobretudo neste momento de disputa. Marília, por sua vez, foi atacada duramente, inclusive em sua honra, ao deixar as hostes socialista. Este fato estaria repercutindo, agora, no resultado das pesquisas, que a aponta na dianteira da disputa, num indicador de solidariedade da população? Na época de Eduardo Campos, o PSB tinha um guru argentino especialista em pesquisas qualitativas. Eis aqui um excelente instrumento científico para se chegar a alguma conclusão sobre esse fenômeno.

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