pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO: Editorial: A luta entre civilização ou barbárie chega à Guatemala
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domingo, 22 de novembro de 2020

Editorial: A luta entre civilização ou barbárie chega à Guatemala


No dia de ontem, sábado, milhares de manifestantes saíram às ruas da Guatemala para protestar contra algumas medidas aprovadas pelo congresso daquele país, que incluem cortes orçamentários para setores importantes, como saúde, educação e direitos humanos. Acintosamente, os parlamentares também aprovaram, neste mesmo momento, medidas que ampliam seus benefícios, numa profunda indiferença às dificuldades enfrentadas pela população. Num dia de congresso vazio, alguns desses manifestantes se dirigiram àquela casa legislativa e atearam fogo em suas dependências. O que acontece neste país da América Central é reflexo da adoção do receituário ultraliberal, potencialmente danoso aos interesses dos segmentos sociais mais fragilizados, perifericamente inseridos na dinâmica econômica, sem assistência à saude, com aposentadorias comprometidas, alijados do consumo de bens, submetidos às condições precárias de subsistência. Isso não fosse o bastante, o país também sofre as consequências de desastres naturais, que atingem não apenas o país, mas seu vizinho, como a Nicarágua.  

Num contexto como este - de absoluto desprezo pela democracia substantiva - a democracia política fica sensivelmente comprometida, daí esses arranjos autoritários que estão se proliferando pelo mundo, em particular no continente latino-americano, onde a democracia política sempre esteve sob constantes solavancos, vitima frequente de lideranças políticas populistas ou oligárquicas. Alejandro Giammattei foi eleito com uma plataforma política ultraliberal, alinhavado com o presidente norte-americano Donald Trump. Em seu primeiro pronunciamento após os protestos, prometeu que usará de todo o rigor legal para punir os infratores, numa demonstração inequívoco que está disposto a endurecer o regime.  

Os protestos na Guatemala juntam-se a outros tantos que estão ocorrendo no mundo, em contraposição a esta política autoritária e suicída, que depõe contra a civilização e a própria vida. A racionalidade ultraliberal é sinônimo de barbárie. Tudo indica que chegamos à fase mais cruel do capitalismo. Não por acaso, pensadores sociais mais consequentes estão formulando um conjunto de alternativas a este estágio infame, propondo uma alternativa pós-capitalista, que preserve a vida, o planeta, as sociabilidades, a sensibilidade, a subjetividade solidária, as possibilidade de convivência, pois, neste terreno pantanoso, estão sendo cevadas as sementes do fascismo, com sua plataforma racista, intolerante, mentirosa, destrutiva da alteridade. Tratamos aqui de uma patologia política, que só precisa desses "incentivos" para prosperarem.

Depois de dormir  sono político que produziu o monstro, finalmente, a humanidade parere ter se dado conta da gravidade deste momento politico que atravessamos. Um conjunto de ações insurgentes estão produzindo alguns resultados alvissareiros, como a derrota de Donald Trump nas eleições americanas; a decisão soberana do povo chileno, que, através de um plebiscito, decidiu pela formulação de uma nova constituição para o país; a vitoria de Luis Arce nas eleições bolivianas e, agora, os protestos pacíficos na Guatemala.    

    

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