pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO.
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domingo, 18 de maio de 2014

Repórteres da grande mídia combinam pauta contra Lula

Não é fácil cobrir política no Brasil, segundo repórter de um dos grandes veículos de mídia que cobriram a palestra que o ex-presidente Lula deu a centenas de blogueiros na última sexta-feira. Informações que tal repórter me deu sem saber com quem falava serão úteis para a compreensão da manchete sobre o evento que ganhou as capas dos grandes jornais de sábado (17/05).
A grande imprensa compareceu em peso ao hotel Braston, no centro velho de São Paulo, onde está acontecendo o 4º Encontro Nacional de Blogueiros e Ativistas Digitais. Havia repórteres de vários grandes meios de comunicação – O Globo, Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo, G1, UOL, Terra, IG… Só não foi visto repórter da Veja.
O corredor que dá acesso ao salão de convenções na sobreloja do hotel estava intransitável. Por ali, misturavam-se os participantes do evento e a imprensa. Esta, porém, tinha uma porta de acesso exclusiva ao salão, que desembocava em um cercadinho feito para os repórteres.
Salvo um ou dois incidentes entre blogueiros menos pacientes com as manipulações midiáticas e repórteres, a imprensa foi bem recebida. Porém, esses “operários da notícia” estavam tensos e este blogueiro descobriu que não era por medo do público que ali estava, mas devido à pressão que um desses “operários” – que, por razões óbvias, não será identificado – insinuaria que todo repórter de política sofre quando tem que cobrir Lula.
Para extrair sinceridade de um dos membros da imprensa que ali estavam, a solução foi este que escreve dissimular a razão de sua presença no local fingindo que participava de outro evento no salão de convenções contíguo àquele em que Lula palestraria. Travou-se, então, o seguinte diálogo com um dos repórteres:
Blogueiro — O que está acontecendo aí?
Repórter – O Lula vem falar.
Blogueiro – Quem é toda essa gente?
Repórter – São blogueiros aliados do PT; Lula vem falar pra eles.
Blogueiro – Lula é sempre notícia, né?
Repórter – Notícia cabeluda. Dá um trabalho danado.
Blogueiro – Por quê?
Repórter – A gente tem que achar a “pauta certa”…
(…)
Infira você, leitor, qual é a “pauta certa”.
A palestra em questão foi excelente. Lula estava inspirado, como sempre. Enquanto encantava a plateia com suas tiradas engraçadas, fiquei pensando o que a imprensa poderia encontrar para comprometê-lo. A presença maciça de repórteres em mais um encontro do ex-presidente com blogueiros certamente se destinava a encontrar algo que pudesse servir para a mídia tentar desgastá-lo publicamente.
Ao fim da fala de Lula, achei que ele não oferecera matéria-prima para que os robôs teleguiados pela grande mídia pudessem usar. E não havia mesmo. Por isso, foi preciso inventar.
Após Lula falar, participantes do Encontro de Blogueiros relataram uma cena inusitada presenciada por vários deles: repórteres de vários veículos distintos reuniram-se para discutir que pauta comum todos entregariam às suas respectivas redações.
Um repórter sugeria distorcer, omitir ou destacar este ponto, outro contestava aquela ideia e dava outra. Alguns dos blogueiros que presenciaram a cena aproximaram-se do grupo de repórteres inquirindo-os sobre se era comum fazerem aquilo, reunirem-se e combinarem o que iriam divulgar sobre o que haviam presenciado.
A interpelação dispersou os repórteres, que foram se reunir em outra parte. O resultado dessa reunião, porém, começou a ser visto no mesmo dia nos portais G1, UOL etc., e ganhou maior repercussão nos jornais de sábado (17). Abaixo, uma das manchetes principais de primeira página que decorreram de uma distorção criminosa da fala do ex-presidente.
Chega a ser inacreditável que a mídia tenha pinçado e distorcido uma frase de Lula dessa forma. O ex-presidente disse o seguinte:
Nós nunca reclamamos de ir a pé (ao estádio). Vai a pé, vai descalço, vai de bicicleta, vai de jumento, vai de qualquer coisa. A gente está preocupado? Ah não, porque agora tem que ter metrô até dentro do estádio. Que babaquice que é essa?
O que Lula disse foi que, no Brasil, nunca ninguém pediu que estações de metrô fossem construídas dentro de estádios de futebol e que agora estavam cobrando alguma coisa que nunca foi pedida no Brasil. E emendou dizendo que brasileiro, para ver futebol, não mede esforços.
As palavras do ex-presidente, da forma como foram expostas, dão a entender que ele acha que o povo não merece ter estação de metrô dentro de estádio de futebol, o que seria não só uma “babaquice”, mas um desperdício de recursos públicos, pois o povo não vai a estádios todo dia, mas usa metrô todo dia e por certo os locais para construir estações devem ser mais adequados.
Pode-se construir estação de metrô em um hospital, em shoppings e em terminais rodoviários ou de trens porque são locais de grande afluxo diário de pessoas, mas não faz sentido construir dentro de um estádio de futebol. Durante a Copa até seria útil, mas e depois?
O que fica desse episódio é a confirmação de um procedimento da velha mídia que todo mundo conhece, mas que nem todos devem se lembrar. Em 2006, por exemplo, quando foi apreendido o dinheiro dos “aloprados”, aconteceu a mesma coisa – repórteres e policiais armaram um cenário com o dinheiro apreendido que fez seu volume físico parecer maior.
Infelizmente, mais uma vez se confirma que a luta para agradar as chefias leva jovens repórteres a praticar toda sorte de trapaças com a notícia. E que esta é “tratada” para dizer aquilo que os patrões desses jovens querem que seja dito, obviamente em prejuízo do direito do público a receber fatos em vez de versões e interpretações subjetivas como essa de que trata o post.
*
Palestra no 4º Encontro Nacional de Blogueiros e Ativistas Digitais

Lula, Alexandre Padilha e Fernando Haddad com blogueiros em Sã Paulo (16/05/2014)

Foi um grande prazer palestrar ao lado dos blogueiros Iroel Sánchez, de Cuba, e de Osvaldo León, do Equador. Abaixo, resumo da palestra “A mídia na América Latina”, que proferi na sexta-feira para centenas de blogueiros e ativistas digitais no hotel Braston, em São Paulo.

“Boa tarde, blogueiros e ativistas digitais.
Quiero saludar a los compañeros de Cuba, Iroel Sánchez, y de Ecuador, Osvaldo León. Es muy placentero tenerlos en nuestro país y saber de sus experiencias y de la realidad sobre los medios de otras partes de nuestra Latino América.
Cabe-me a missão de compor o lado brasileiro desta mesa amparado pelas viagens de negócios que faço pela América Latina há cerca de duas décadas e relatar o que vi em relação à mídia da região.
Seja nos periódicos argentinos Clarín ou La Nación, seja nos bolivianos El Deber ou El Mundo, seja nos chilenos El Mercúrio ou La Tercera, seja nos brasileiros Folha de São Paulo ou Globo, seja nos equatorianos Últimas Notícias ou El Comercio, seja nos venezuelanos El Universal ou El Nacional, seja nas grandes redes de TV, enfim, em qualquer braço dos grandes impérios de mídia que há muito dominaram a comunicação nesta parte do mundo o que se vê é sempre a mesma coisa.
Da Argentina ao Brasil, passando por Uruguai e Paraguai, os grupos de mídia (quase sempre dominados por uma família) ajudaram a implantar ditaduras ferozes que cometeram toda sorte de crimes que se possa imaginar. Mas não é só.
A mídia latino-americana, sob o guarda-chuva da infame Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), atua em conjunto, como em uma sinfonia, para defender a desigualdade social que mantém quase meio bilhão de pessoas vivendo em sociedades que priorizam os interesses de poucos em prejuízo da grande maioria.
Um exemplo dessa sinfonia macabra que reúne a mídia latino-americana sob um mesmo guarda-chuva antidemocrático foi visto em 2007. Naquele ano, uma manifestação reuniu 40 lideranças dos movimentos sociais em São Paulo para protestar contra a presença em nosso país do dono da RCTV venezuelana, Marcel Granier.
O magnata dono do veículo que mais atuou no golpe de Estado tentado pela direita na Venezuela em 2002 foi convidado pelos donos da mídia brasileira. Granier palestrou no Hotel Meliá Mofarrej em um “ato em defesa da liberdade de imprensa”, organizado por diversas entidades dos magnatas da comunicação. Impedidos “democraticamente” de entrar no recinto, os manifestantes protestaram no hall e em frente ao hotel.
Pior do que isso é olhar, por exemplo, para um império de mídia como o Grupo de Diários América, dono de outros jornais de países sul-americanos como El Nacional, da Venezuela, El Tiempo, da Colômbia, El Mercúrio, do Chile, e La Nación, da Argentina.
É uma afronta à democracia desses países que um mesmo grupo estrangeiro controle veículos de comunicação em vários países simultaneamente.
Em certo aspecto, aliás, o que posso testemunhar do que vi ao longo de dezenas de viagens a Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, México, Panamá, Paraguai, Uruguai e Venezuela é que nesses países a mídia ainda é pior, mais desonesta, mais antidemocrática do que a que temos hoje no Brasil, talvez por em vários desses países estar encontrando resistência maior do que a que encontra em nosso país.
Nesse aspecto, sobressai a Venezuela. Se, no Brasil, achamos que a mídia é ruim, antidemocrática, capaz de toda sorte de manipulações, os grupos de mídia venezuelanos são controlados por criminosos. Ainda são. Bandidos que com suas ações nefastas causaram incontáveis mortes estimulando manifestações que sabiam no que terminariam.
Há muito material disponível na internet sobre as atrocidades da mídia Venezuelana e não só em 2002, quando se viu mais um golpe de Estado midiático na América Latina. Com a diferença de que foi no século XXI. Mas, para encerrar minha participação neste debate, sugiro a quem não conhece que assista ao documentário Puente Llaguno.
Trata-se de uma ponte em Caracas em que ocorreu um massacre de cidadãos que tentavam impedir a tentativa de golpe de Estado de 2002 na Venezuela. Apesar de os manifestantes pró Hugo Chávez terem sido cercados e fuzilados naquela ponte por franco-atiradores, com ciência de veículos de comunicação como a RCTV, a mídia, enquanto o golpe se desenrolava, invertia os fatos.
A mídia latino-americana ainda é um Kraken, espécie de polvo gigante que ameaçava navios, segundo o folclore nórdico. Seus tentáculos espalham-se por toda região, controlados por uma só cabeça, uma cabeça ianque, com interesses ianques, com métodos ianques. Nosso papel, aqui, é cortar os tentáculos dessa monstruosidade.
Muito obrigado pela atenção”
(Publicado originalmente no blog da cidadania)

sábado, 17 de maio de 2014

IBOPE sem surpresas? Com 43% Dilma venceria no primeiro turno.


Hoje foi divulgada mais uma pesquisa de intenções de voto, desta vez realizada pelo Instituto IBOPE. Trata-se da primeira pesquisa realizada pelo Instituto em 2014. Não há surpresas em relação à pesquisa realizada em novembro de 2013, ou seja, a presidente Dilma Rousseff(PT) apresenta uma folgada dianteira em relação aos demais concorrentes, Aécio Neves(PSDB) e Eduardo Campos(PSB). Outro dia, em conversa mantida no blog, comentávamos sobre o timing de cada candidato. Apesar de não gostar de povo, o que mantém Aécio Neves no jogo - em algumas pesquisas até mesmo levantando a possibilidade de um segundo turno -, certamente, é o apoio de fortes setores conservadores que se contrapõem ao Governo de coalização petista. Entram aqui setores da mídia, grande empresariado etc. O PSDB perdeu o timing e nunca mais o encontrou. Representa um passado que o eleitor comum não deseja que volte. Também não é confiável para realizar as mudanças de rumo que o eleitorado aponta como necessárias. Eduardo Campos, como já afirmamos em outra oportunidade - ocasião em que um coelho lançou suas garras contra mim - meteu-se numa enrascada. Não consegue construir um discurso convincente e, quanto mais ataca Dilma, apenas facilita a vida de Aécio na eventualidade de um segundo turno. Hoje já se pergunta para onde deve pender o seu pêndulo, considerando-se essa possibilidade. Hoje nos parece ser seu grande objetivo, ou seja, vender o seu passe em troca de uma possível participação no governo eleito. Nos estritos limites do jogo da competição eleitoral, caso essa situação se materialize até outubro, apesar das animosidades, o vitelo está sendo cevado no Planalto para receber o "Galeguinho" pródigo. Dilma enfrenta algumas dificuldades pontuais - sobretudo no quesito econômico - mas o eleitorado deposita nela uma confiança e uma credibilidade que os outros dois candidatos não possuem. Se as eleições fossem hoje, venceria no primeiro turno com 43% dos votos. Aécio ficaria com 15% e Eduardo Campos 7%.

Nota do Editor. Na realidade, trata-se de uma pesquisa de março de 2014. Peço perdão pelo equívoco.

Autor de reportagem de Veja contra Gushiken é contratado da Secom

publicado em 13 de maio de 2014 às 12:35


por Conceição Lemes
Em 13 de setembro de 2013, o Partido dos Trabalhadores perdeu uma de suas figuras históricas e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, um amigo querido e companheiro de mais de 30 anos de luta sindical e política: Luiz Gushiken.
Ele participou da fundação do PT, foi seu presidente, três vezes deputado federal e ministro-chefe da Secretaria de Comunicação da Presidência da República (Secom-PR) até julho de 2005.
Naquele momento, em meio às denúncias do mensalão, deixou o cargo.
Mas já no começo do julgamento da  Ação Penal 470 (AP 470), o próprio Ministério Público Federal (MPF) pediu a exclusão do nome de Gushiken do processo. A defesa do ex-ministro, no entanto, pediu para que o nome de Gushiken fosse mantido, para que sua inocência fosse provada e publicada pela Justiça.
A matéria que começou a assassinar a reputação de Gushiken e a derrubá-lo da Secom foi publicada emVeja, edição de 6 de julho de 2005: Ação entre amigos, do repórter Ronaldo França (na íntegra ao final).


Quase nove anos já se passaram.
Quem diria o mesmo Ronaldo, cuja reportagem deu início à queda de Gushiken, está trabalhando desde o final de fevereiro na própria Secom.
No expediente  da Secretaria, aparece como secretário adjunto de imprensa. Em outra área do portal, é apresentado como assessor especial da Secretaria Executiva.

Segundo informação da Secom ao Viomundo, ele foi contratado para cuidar, até julho deste ano, das ações do governo para a Copa do Mundo.
A Copa do Mundo, todos nós sabemos, é uma das prioridades do governo da presidenta Dilma Rousseff.
Daí uma pergunta óbvia: como alguém que disse que o PT “sucumbiu à praga do patrimonialismo que sufoca o Estado brasileiro” pode agora defender um governo do PT  justamente no local que  ajudou a detonar?
Independentemente da duração do trabalho e da qualificação do jornalista, essa contratação é estranha.
É mais do que um deboche. É um desrespeito à memória de Gushiken. É  tapa na cara da família. É bola nas costas da militância, que sua a camisa e amassa barro. E um emblema de como Dilma, a direção do  PT e o governo lidam com a Comunicação e estão reféns da mídia tradicional.
*****
Ação entre amigos
Ronaldo França
No fim de 2002, no momento em que se preparava para assumir um cargo no ministério do recém-eleito presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o hoje ministro da Secretaria de Comunicação de Governo e Gestão Estratégica, Luiz Gushiken, fez uma transição particular.
Vendeu sua participação na empresa Gushiken e Associados, especializada em consultoria previdenciária, a dois antigos colaboradores, Wanderley José de Freitas e Augusto Tadeu Ferrari. A companhia mudou de nome e passou a se chamar Globalprev Consultores Associados.
A mudança foi concretizada em 6 de dezembro de 2002, conforme contrato arquivado na Junta Comercial de São Paulo. Era a reta final da troca de governo. A partir de então, a Globalprev começou a viver uma história de sucesso sem igual em sua história. Já em 2003, passou a fechar contratos com fundos de pensão de estatais, desbancando alguns dos mais tradicionais concorrentes do mercado.
A empresa aportou na Previ, na Petros, na Portus, na Capaf e no Cifrão. São, respectivamente, os fundos de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, da Petrobras, da extinta Portobrás, do Banco da Amazônia e da Casa da Moeda. Juntos, detêm um patrimônio de 96 bilhões de reais.
Os contratos da Globalprev chamam atenção porque os fundos de pensão são justamente uma área sob forte influência do ministro Luiz Gushiken. Formado em administração de empresas, foi um deputado federal atuante no setor.
Participou ativamente da CPI sobre o assunto e de todas as discussões sobre regulamentação dessa área nos últimos anos. Era, por assim dizer, o especialista do PT no assunto. Formado o governo, fez as indicações para os postos-chave. Esteve por trás da nomeação de alguns presidentes de fundos, como Wagner Pinheiro, na Petros, e Sérgio Rosa, na Previ.
Gushiken também exercitou sua influência para nomear o titular da Secretaria de Previdência Complementar, do Ministério da Previdência Social, Adacir Reis, que foi assessor de seu gabinete no Congresso.
Apesar de sua influência no setor, quando ainda estava à frente da empresa, Gushiken não tinha tantos clientes quanto seus sucessores conquistaram.
Os fundos de pensão para os quais trabalhava se limitavam ao do Banrisul, o banco estadual do Rio Grande do Sul, onde, por sinal, o governo era petista, e ao da Coelba, companhia elétrica da Bahia. Seu mercado estava principalmente nos sindicatos e em prefeituras, por todo o Brasil. Seu carro-chefe eram cursos com o objetivo de explicar aos trabalhadores a regulamentação e a estrutura dos fundos.
A virada se deu no começo de 2003. A empresa foi contratada pela Petros, o fundo de pensão dos funcionários da Petrobras, o segundo maior do país, com patrimônio de 25 bilhões de reais. O contrato de consultoria atuarial (investigação e aconselhamento em problemas relacionados com o cálculo do valor dos seguros) vigorou por dois anos e foi renovado neste ano, sem concorrência, o que é permitido pelo estatuto da Petros. Além desse, a Globalprev conquistou outros dois negócios na Petros.
Um deles está sendo argüido pelo Conselho Fiscal do fundo. Trata-se do contrato no qual a Globalprev figura como subcontratada da Trevisan Associados. O processo de contratação está sendo questionado porque, das três empresas que se qualificaram para concorrer, apenas uma, a Trevisan, aceitou realizar todos os cinco serviços solicitados.
As outras duas ou não se interessaram por todos os serviços requeridos, ou não apresentaram proposta. Assim que venceu a concorrência, a Trevisan subcontratou a Globalprev. Há quase dois anos o Conselho Fiscal solicita os documentos para analisar o processo, o que só deverá ocorrer agora, neste mês.
Não foi só. Em parceria com as empresas PricewaterhouseCoopers e Kiman Solutions, a Globalprev foi contratada pela Petros para gestão do fundo de pensão dos funcionários da Sanasa, a companhia de saneamento do município de Campinas.
Há indícios de favorecimento no ofício em que o secretário-geral da Petros, Newton Carneiro da Cunha, indicado por Gushiken, propõe a contratação do grupo de empresas integrado pela Globalprev. Ele defende a contratação sem tomada de preços em virtude de “notória especialização” da parceria formada pelas três companhias. “Notória especialização”?
Essa é a primeira vez que a Globalprev participará da gestão de um plano como esses, segundo afirmou a VEJA o sócio Tadeu Ferrari. “É um projeto piloto, coisa pequena, mas que pode se transformar num bom produto para nós”, diz.
Outras empresas do ramo, inclusive multinacionais, já prestam esse tipo de serviço, mas a Globalprev estará entrando agora no ramo. É difícil entender que uma companhia que nunca executou uma tarefa específica como gerir um fundo de pensão possa ter notória especialização.
Na Previ, o maior fundo de pensão do país, com patrimônio de 70 bilhões de reais, a empresa que foi de Gushiken ganhou terreno. Passou a ministrar cursos sobre o funcionamento de fundos de pensão aos funcionários.
Na semana passada, descobriu-se que, após a mudança de governo, a publicidade estatal nas revistas editadas pela firma do cunhado de Gushiken, Luís Leonel, mais que dobrou.
O ministro afirma que nada tem a ver com o assunto. “Nunca recebi ou dei encaminhamento a nenhuma solicitação envolvendo os interesses da Editora Ponto de Vista”, esclareceu, em nota à imprensa. Gushiken disse também que jamais intercedeu junto aos fundos de pensão em favor da Globalprev ou de seus sócios.
Pode ser que o crescimento das empresas de alguma forma ligadas ao ministro seja fruto da proximidade natural de seus parentes ou antigos colaboradores com os homens que hoje ocupam postos com poder de decisão sobre publicidade ou comandam grandes fundos de pensão.
Afinal, eram próximos antes e freqüentavam os mesmos ambientes. Além disso, é praxe no país que os grupos políticos que chegam ao poder sejam generosos com seus aliados, incluindo aí amigos e parentes. Angustiante é a constatação de que o PT, depois de passar anos na oposição combatendo essa prática, sucumbiu à praga do patrimonialismo que sufoca o Estado brasileiro.

(Publicado originalmente no site Viomundo)

sexta-feira, 16 de maio de 2014

João Lyra Neto: A estrela sobe.


Machado de Assis usa uma expressão muito engraçada num dos seus livros, salvo engano - como era costume do bruxo - ao citar um outro autor de sua cabeceira.: "Aos vencedores, as batatas"". Não se pode dizer que o atual governador, João Lyra Neto, seja um vencedor, dentro dos limites impostos pela realpolitik. Foi literalmente "fritado" nos estertores da cozinha do Palácio do Campo das Princesas. Teve seu nome preterido em favor do ex-secretário da Fazenda Estadual, Paulo Câmara. Faltou até mesmo diplomacia na condução do processo. Lyra foi apenas comunicado que não seria o escolhido. Como era natural, houve um  estranhamento, dizem, superado em razão das circunstâncias. Assumiu o Governo com um monte de bombas prestes a explodir em seu colo. A primeira delas, a greve da Polícia Militar, ele desarmou muito bem. Dialogou, tomou medidas rápidas, resolveu o problema. Só leio elogios sobre a sua postura durante o período. Com trânsito fácil junto ao Palácio do Planalto, seu pedido de socorro foi prontamente atendido pela presidente Dilma Rousseff. Não sabemos o que virá pela frente, mas algumas categorias de servidores e da iniciativa privada encontram-se em equilíbrio instável, com um alto grau de insatisfação. Entre eles, rodoviários, policiais civis, professores, profissionais de saúde, entre outros. Há alguns setores do PSB que cogitam a possibilidade de substituição do nome de Paulo Câmara, caso ele não se credencie como um candidato competitivo. Neste caso, sobe a estrela do atual governador João Lyra Neto. Traquejo, caneta, capilaridade, bom trânsito. Credenciais não lhes faltam.

Zygmunt Bauman: de Londres para Abreu e Lima.




Ainda muitas inquietações pelas redes sociais sobre os episódios de saques e arrombamentos de lojas que ocorreram na cidade de Abreu e Lima, durante a greve da Polícia Militar. Escrevemos muito sobre o assunto, pois temos algumas ligações afetivas com o município. Até recentemente, a cidade era apenas um distrito de Paulista e conhecida como maricota, penso que em razão das muitas casas de sem-vergonhices existentes no local. Que Deus nos perdoe, Liêdo Maranhão. Feliz ou infelizmente, a cidade já se livrou do pecado da carne. Hoje é um dos maiores redutos evangélicos do Brasil. Para ser mais preciso, a maior densidade de população evangélica da América Latina. Pode ter se livrado da ira divina, mas permanece submetida ao julgo dos homens públicos negligentes e corruptos. Naquele dia fatídico, logo cedinho, a população da cidade foi acordada com uma lavagem de roupas sujas entre suas lideranças políticas. Uma birra entre o ex-prefeito e o atual, onde não faltaram acusações de malversação de recursos públicos.No dia anterior, mais um atropelamento com morte num de seus distritos, a Matinha, fato que ocorre com certa frequência. Trata-se de um trecho bastante perigoso. O Município é cortado ao meio por uma rodovia federal. Há engarrafamentos quilométricos no local. Certamente algumas medidas precisam ser tomadas pela esfera pública para preservar a integridade das pessoas que por ali transitam. Antes que condenem a população - como fez hoje uma rede de televisão, tratando-os como bandidos, de forma generalizada - quero afirmar que a sua população é constituída de gente ordeira e trabalhadora. Um dos aspectos mais importantes dos saques ali ocorridos é que podemos tirar algumas lições fundamentais para comerçarmos a entender sua complexidade, quiça, antecipando-se a outros episódios em gestação. Em termos de arrombamentos e saques, já foi possível observar, por exemplo, uma possível generalização para os municípios vizinhos e há relatos até mesmo em cidades do interior do Estado. A mudança de "agenda pública" já foi reivindicada pela população desde as manifestações de Junho de 2013. O poder público, em todos os níveis, solenemente, ignorou-as. Alguém já teve a curiosidade de checar a quantas andam os indicadores sociais de educação, saúde, habitação de nossa antiga maricota? Os governantes estão brincando com fogo. Há, na cidade, alguns indicadores que podem contribuir para essas situações de convulsão social. Há um número expressivo de pessoas morando em condições sub-humanas; é grande o comércio de entorpecentes na cidade; Assim como Goiana, ali também é registrada uma presença grande da exploração de sexual de crianças e adolescentes; apesar do forte comércio varejista e da presença de empresas de porte, é alto o índice de desempregados, portanto, sem acesso ao consumo. Em 2011 ocorreram saques e depredações em Londres. Tivemos a curiosidade de reler um texto do festejado filósofo Zygmunt Bauman sobre o assunto. Lembrei também das aulas da professora Danielle Perin Rocha Pitta, antropóloga, quando ela favava sobre a questão da  felicidade em nossa sociedade ocidental. Numa sociedade centrada na supervalorização do "ter", possivelmente as pessoas mais felizes, em tese, são aquelas que têm acesso aos bens materiais. Bauman classificou o movimento de Londres, na Inglaterra, como um "motim dos consumidores excluídos". Se acompanharmos sua linha de raciocínio, suas observações estabelecem um vínculo quase orgânico entre Londres e Abreu e Lima, nossa querida maricota. Se não, vejamos. Impõe-se como necessário uma mudança cultural, acompanhada de reformas sociais. Ao estabelecermos o vínculo entre riqueza e felicidade, esgarça-se o espírito comunitário, sobresaindo-se a inveja, a arrogância e outros adjetivos do gênero. Faz muito tempo que se deixou de comprar carro apenas para se locomover. Na realidade, trata-se de um símbolo de status e, portanto, de diferenciação. Em Abreu e Lima existe uma abismo de desigualdades sociais. O que ocorreu na cidade - mesmo considerando-se a participação de gente de bem e de crianças - foi uma explosão de frustrações acumuladas. Uma anomia proporcionada pela sociedade de consumo, aliada à ausência do poder público em mudar a agenda de suas prioridades - corrompidas e direcionadas para grupelhos - para atender às demandas legítimas da população. O brasileiro comum é um povo honesto. Não duvido nada que a população da cidade vá atender aos apelos de Dona Irene e se dirigir às Lojas da Eletroshopping para apanharem os seus carnês e efetuarem os pagamentos das prestações.

Nota do Editor: Conforme antevemos na postagem, logo nas primeiras horas da manhã de hoje, dia 16, a população da cidade, sem qualquer coação, começou a devolver os produtos saqueados durante o dia anterior.

Um raio xis dos grupos que se manifestam contra a Copa

publicado em 16 de maio de 2014 às 10:48

Ato contra uma Copa que recusa o povo
por Beatriz Macruz e Caio Castor, especial para o Viomundo
Com um nome/sigla que fazia referência às mobilizações de indignados que começaram na Espanha 15 de maio de 2011, o ato “15M – Dia Internacional de Lutas Contra a Copa”, articulado pelo Comitê Popular da Copa (articulação horizontal e apartidária de movimentos sociais, organizações, coletivos e indivíduos) teve início, em São Paulo, às 17 horas da tarde de ontem, com a saída planejada para às 18 horas, da praça do Ciclista, na Av. Paulista, em direção ao Estádio do Pacaembu. Nas outras onze cidades brasileiras eleitas para sediar jogos da Copa, os coletivos locais ligados ao Comitê também realizaram diversas mobilizações.
“A gente tem um tipo de organização que não podemos chamar de trabalho de base, preferimos dizer que é uma construção coletiva”, define Vanessa Santos, integrante do Comitê em SP, ao discorrer sobre a articulação entre os inúmeros grupos que assinam o manifesto do 15M – “Copa sem povo: tô na rua de novo”. “Não sou eu quem tem que falar sobre moradia” exemplifica, “nós fazemos uma construção junto com os movimentos de moradia, por exemplo”.
Pluralidade à esquerda
De fato, durante a concentração para o ato, era possível observar bandeiras e representantes de diversos movimentos de moradia, como o Movimento de Moradia na Região do Centro e a União de Movimentos de Moradia de SP; bem como a Escola de Samba Unidos da Lona Preta (do MST); e um punhado de organizações estudantis, tais como a ANEL, o Coletivo RUA, e muitos Centros Acadêmicos. Além disso, diversos indivíduos e coletivos autônomos, entre eles o Movimento Passe Livre e a Fanfarra do MAL.
Até mesmo os organizadores dos protestos que ficaram conhecidos como “Se não tiver direitos, não vai ter Copa” decidiram somar na mobilização do 15M. Para Rafael Padjal, que participou da construção destes atos, e também é membro do coletivo Território Livre, as mobilizações anteriores tinham, em sua maioria, pautas muito semelhantes a esta articulada pelo Comitê. “O Território Livre é o único que destoa, porque somos os únicos que pedimos o cancelamento da Copa — com a perspectiva de que seria uma demonstração de força do povo, e uma derrota para o governo”.
Rafael explica que a maioria das pautas defendidas pela frente “Não vai ter Copa” são vinculadas a direitos, como moradia, saúde, educação. “Essencialmente todos os grupos estão discutindo a mesma coisa, as diferenças são pequenas. O que separou estas duas frentes [do “Não vai ter Copa” e do Comitê] foi a vontade de ir para a rua antes, ou não; de acompanhar a juventude radicalizada que não saiu das ruas desde junho passado”, esclarece.
Para o jornalista e membro do coletivo Desentorpecendo a Razão, Pedro Nogueira, as diferenças são mais profundas: “o Comitê começa fazendo a pergunta certa: Copa para quem? Porque, na verdade, já não teve Copa, já vai ser uma Copa restrita, que não existe para a grande maioria dos brasileiros. O Comitê está junto dessas pessoas, dos removidos, junto com aqueles que estão sofrendo as maiores atrocidades por conta da Copa, e por isso conseguiu dialogar com muitos coletivos e movimentos autônomos, em uma demonstração de força do movimento popular”.
Recusa
Enquanto a noite caía e a concentração do ato atingiu seu ápice, com inúmeros grupos, palavras de ordem e baterias, parecia mesmo que a tônica e a força do 15M de fato eram a pluralidade de pautas e propostas poíticas – que se revelaram também extremamente populares; sempre à esquerda.
Neste momento, o filósofo Vladimir Safatle, que acompanhava tudo junto de grupos do PSOL (partido ao qual se filiou em setembro de 2013), comentou que a recusa da população à Copa é inacreditável: “a gente está há um mês da Copa e você não vê casa pintada, bandeira, essas coisas que você sempre via em todas as Copas, e esse ano a Copa é no Brasil, e você não vê. O povo brasileiro demonstrou uma consciência dos seus interesses absolutamente admirável.”
20 minutos
Já eram 19 horas quando o ato virou a esquina e começou a descer a Av. da Consolação e parou o tráfego desse lado da via, tocando e cantando animadamente sua recusa, contando com aproximadamente 7.000 pessoas, segundo os organizadores – ou 1.200, segundo a Polícia Militar de SP.
Menos de vinte minutos depois, três quadras abaixo pela Consolação, estouraram as primeiras bombas. A manifestação caminhava devagar, sem nem tempo de ser “violenta” ou “pacífica”, quando a Polícia tentou conter seu andamento, cercando-a pelas laterais, o que desencadeou um tumulto entre policiais e alguns manifestantes, seguido por forte repressão e correria.
Ao som das hélices de helicóptero, sob a fumaça das bombas de gases lacrimogênio e pimenta, os manifestantes tentaram retomar o ato, caminhando até a quadra seguinte, porém a repressão seguiu forte, provocando a dispersão quase completa do ato. Um grupo maior se deslocou para a Rua Augusta, e tentou subir de volta até a Paulista, onde foram recebidos por mais viaturas e balas de borracha. Um grupo menor tentou chegar até a Av. Pacaembu, seguindo o trajeto previsto originalmente, mas se dispersou no caminho. Grupos menores caminhavam a esmo na região do bairro da Bela Vista e da Praça Roosevelt, seguidos de perto por viaturas policiais. A Polícia MIlitar não informou o número de agentes participantes da ação.
Ao longe, ainda era possível ouvir o grito de ordem “não vai ter copa”. Enquanto isso, o Comitê Popular da Copa contabilizou ao menos 5 feridos por conta da repressão. Sete pessoas foram detidas para averiguação, ainda antes de o ato começar, e liberadas ao longo da noite. Em pouco tempo, já não havia mais nem sinal das viaturas e batalhões que tomaram as ruas. As pautas e a recusa, todavia, seguem as mesmas – assim como a sistemática falta de disposição ao diálogo por parte do Estado.
Ou ainda, nas palavras de Safatle, vinte minutos mais cedo: “Há um esgotamento da política, que se manifesta em várias coisas; quando a sociedade não consegue acreditar que o futuro vai ser melhor do que o presente, ela entra em um processo brutal de recusa, e a Copa apareceu como um sintoma muito forte deste processo. É preciso lembrar que desde 2011 estamos numa era de revolta, que não para mais. Essa pressão popular é fundamental, porque há uma tarefa atual: a tarefa de ultrapassarmos a democracia parlamentar, em direção à uma democracia real e direta. Como isso vai ser feito? É uma história que só começa a ser contada agora.”

(Publicado originalmente no site Viomundo)

quinta-feira, 15 de maio de 2014

Tijolaço: Eduardo Campos não tem nada a ver com o caos em Pernambuco


15 de maio de 2014 | 19:39 Autor: Fernando Brito
dudujatim
Enquanto Eduardo Campos viajava de jatinho para São Paulo, a crise que ele deixou no colo de seu vice, João Lyra Neto, explodia nas ruas do Recife e de cidades da periferia e o do interior.
Afinal, faz apenas um mês que ele deixou, depois de quase oito anos, o Governo do Estado.
Então ficamos sabendo que a situação nas forças de segurança estaduais, sobretudo a PM, era explosiva a ponto de, mesmo com uma decisão judicial, abandonarem as ruas e criarem as condições para uma onda de saques e destruição?
Enquanto o Governo Federal mandava Exército e Força Nacional de Segurança para tentar conter a explosão de violência, não daria, pelo menos, para ele estar nas rádios e tevês locais, usando o seu propalado prestígio para acalmar a população e apelar à volta à normalidade?
Se não tinha legitimidade para fazer isso, também não tinha para soltar uma nota de autolouvação a sua administração, como fez, no meio da tarde, depois que a confusão explodiu.
Embora nada justifique que uma força armada entre em greve geral e abandone completamente a defesa da população, todos sabem que a crise da PM pernambucana é antiga e mal-resolvida.
Quando o capitão-deputado Tadeu Fernandes, do PSB de Eduardo Campos, liderou a greve dos PM da Bahia contra um governo petista, Campos não lhe fez uma palavra de censura.
Agora, quando a bomba explode no seu quintal, não dá para fingir que não é com ele.
E ainda fazer o escárnio de postar foto sorridente, no jatinho,covardemente apagada depois de seu facebook.
(Publicado originalmente no site Tijolaço, escrito por Fernando Brito)

Eduardo viajando de jatinho enquanto Pernambuco vive o caos na segurança pública.

Outro dia recebi um e-mail abusado de um cidadão, que não conhecia, se queixando de nossas observações sobre a equipe que cuida da campanha presidencial do ex-governador Eduardo Campos. Agora veja se não há motivos para isso. Em meio ao caos que se instalou em Pernambuco com a greve da Polícia Militar, sua equipe de mídias sociais divulga imagem do candidato viajando num jatinho particular com sua esposa. A foto foi retirada em seguida., mas o estrago já havia sido feito. 

Abreu e Lima: O que a população não suporta mesmo é a agenda pública.


 / Foto: Hélia Scheppa/JC Imagem


Abreu e Lima nunca foi uma cidade muito tranquila. Cidade dormitório no passado, o município sempre esteve em situação de vulnerabilidade social, a despeito de um pungente comércio varejista. Os ingredientes isolados desencadeares de situações de violências, a rigor, sempre estiveram presentes na cidade. População residindo em condições precárias - não raro em áreas invadidas - um grande mercado de entorpecentes, prostituição infantil, além de unidades prisionais. Soma-se a isso um poder público municipal clientelístico e negligente quanto aos reais problemas sociais da cidade. Tudo teria começado depois de um protesto em relação a um atropelamento com morte nas imediações da Matinha, um dos principais distritos do município. Não sei o que a população reivindica para o local. Talvez uma passarela. O local já passou por algumas intervenções. Penso que no passado a situação já foi mais crítica. Pelo que conhecemos da população, podemos afirmar tratar-se de uma população ordeira e trabalhadora. Ações coletivas, no entanto, remete-nos às conhecidas teses sobre psicologia de massa. Numa única noite, saquearam diversas lojas de eletrodoméstico, caminhões de entrega da Ambev, correios etc. Vamos torcer que a situação volte à normalidade, que o poder público mude urgentemente a sua agenda, que os políticos assumam sua funções com o propósito de trabalhar para o bem-estar coletivo, imbuídos do espírito público. Logo cedinho, antes mesmo dos protestos, a população foi "presenteada" com uma briga entre o ex-prefeito e o atual, cada qual acusando o outro de desmandos na máquina pública municipal. Isso sim a população não suporta mais. Peno que estamos vivendo um momento bastante delicado. O melhor seria que esses protestos tivessem ocorrido antes, quando o país habilitou-se para realizar essa Copa.

quarta-feira, 14 de maio de 2014

Eduardo Campos "queimou" a largada

 

O ex-governador e candidato à Presidência da República, Eduardo Campos, comentam os jornais de ontem, teria passado por Pernambuco e mantido uma longa conversa com o staff de assessores que dão suporte à candidatura de Paulo Câmara ao Governo do Estado. Não poderia perder as eleições no seu Estado. Seria uma questão de honra fazer seu sucessor. O quadro, hoje, não é nada favorável e ele não poderá ajudá-lo. Essa tarefa cabe ao ex-ministro Fernando Bezerra Coelho, que vive às turras com o PSDB local. Isso não funciona. O normal seria o candidato a governador "puchar" o candidato ao Senado.Nunca o contrário. Para completar o enredo, a poucos dias do início da Copa do Mundo, as ruas dão indicativos de que voltarão a ferver. A Polícia Militar do Estado entrou em greve. Isso traz um transtorno enorme para a população, normalmente debitadas na conta do Governo. A impressão que temos é que o ex-governador queimou a largada. Será muito difícil sair dessa enrascada. Seu capital político está em franco declínio, sua candidatura patina nas pesquisas, sua gestão sob um forte bombardeio. Não apenas da oposição - é bom que se diga - mas de pessoas simples, profissionais, que passaram a manifestar suas insatisfações. Seria uma consequência inevitável. A "blindagem" obtida com uma ampla máquina de publicidade institucional ruiu como um castelo de cartas. Seu discurso "descolado" da realidade - como a afirmação recente de que não haveria filas nos hospitais públicos do Estado - completaram o serviço. Outro dia acompanhei a relação dos assessores do candidato. Uma seleção de profissionais de primeira ordem, mas que, infelizmente, ainda não foram capazes de estabelecer o timming do postulante junto ao eleitorado. A rigor, talvez nem haja essa timming. Fazer o que? Outro dia chegou a afirmar que acabaria com as práticas nefastas do presidencialismo de coalizão. O eleitor menos informado não sabe nem do que se trata. O eleitor mais informado vai procurar saber qual foi o empenho dos socialistas no sentido de esforçar-se por uma reforma política no país. O Pacto pela Vida é uma das grandes vitrines do seu Governo. Não bastassem as contradições internas que começaram a surgir, soma-se agora a greve da Polícia Militar. Lembro agora daquela greve da Polícia Militar ocorrida durante o Governo de Jarbas Vasconcelos. O então candidato a Prefeitura do Recife pela União por Pernambuco era o ex-governador Roberto Magalhães. João Paulo(PT) venceu aquelas eleições, desmanchando o projeto de 20 anos de poder da aliança. Instigado a apontar as causas de sua derrota, Roberto Magalhães foi enfático em admitir que aquela greve o teria prejudicado sensivelmente. Que bananas que nada!

O diabo visitou a cidade de Abreu e Lima esta manhã. Oremos!


Abreu e Lima foi uma Sodoma que Deus poupou do enxofre. Escapou da ira divina, mas permaneceu no pecado da carne. Cidade dormitório, num passado recente, concentrava o maior número de casas de pouca vergonha por metro quadrado do Brasil. Quando os costumes sexuais ainda eram muito reprimidos, era ali que os jovens adolescentes afogavam suas mágoas. Gosto muito da cidade, frequentando-a com regularidade. Afinal, não faz muito tempo assim, Abreu e Lima era um distrito da cidade de Paulista. Mato a saudade de minha infância na Chácara Victor Hugo. Contingenciada pela perseguição imposta pelo Estado Novo na década de 40, levas de evangélicos para ali se dirigiram, onde encontraram um refúgio seguro longe do Recife. Eis que Abreu e Lima entrou para a lei de crente e transformou os cabarés em casas de oração. Deus seja louvado. Poucos anos depois, a cidade tornou-se na maior densidade de população evangélica da América Latina. Talvez seja a única cidade do país onde há uma estátua em homenagem a um pastor evangélico, o pastor Isac, da Assembléia de Deus. Embora temente a Deus, as falcatruas na administração pública não deixaram de existir. Os desmandos são gritantes. Há prefeitos que ainda hoje devem explicações aos órgãos de fiscalização e controle do Estado e da União. O município amanheceu hoje com mais uma lavagem de roupa suja. Um ex-prefeito - que apoiou o atual mandatário do município, um pastor evangélico - faz acusações graves de ilícitos na sua gestão. A pergunta que os munícipes fazem é: ué, e ele não sabia de nada? Inocente!

TV Revolta: Abrindo a caixa-preta

Pela chacagem da pauta, parece-nos que o dia hoje promete. Greve da Polícia Militar, defenestração de Patrício Magalhães do Sindicado dos Rodoviários, desmascaramento da TV Revolta, relações promíscuas entre poder público e empreiteiras. Pior que isso só mesmo a meia dúzia de torcedores que acompanharam a vitória do Náutico na Arena Pernambuco, um empreendimento fadado ao fracasso. Uma postagem em nosso blog (http://blogdojolugue.blogspot.com/) sobre a TV Revolta vem alcançando um grande número de acessos. É a postagem mais acessada nos últimos dias em nosso modesto blog sujo, fato que até nos surpreendeu. Sempre trazendo temas polêmicos, com um forte apelo popular, a TV Revolta ganhou muitos seguidores e, naturalmente, enorme número de curtidas e compartilhamentos de suas postagens nas redes sociais. Abrindo a caixa-preta, no entanto, vai se verificar tratar-se de um grupo conservador, de direita, homofóbico, racista e anti-petista. Já chegaram até a insinuar que figurinhas carimbadas da direita brasileira estão por trás de suas postagens. Difícil precisar esse fato. Um olhar mais cuidadoso sobre o seu perfil, no entanto, dissipam todas as dúvidas sobre o seu caráter. Muito cuidado.

terça-feira, 13 de maio de 2014

Quem são os bandidos do Governo Dilma, Eduardo? Poderia citá-los?


Ofensas ninguém vai encontrar nos perfis que mantemos nas redes sociais e na blogosfera. Tratar as pessoas com civilidade e decência penso ser uma obrigação de cada um de nós. Oficialmente ainda nem iniciamos a campanha eleitoral e o clima de animosidade entre alguns candidatos já se evidencia. No dia de ontem, durante entrevista concedida na Bahia, o ex-governador de Pernambuco e candidato à Presidência da República pelo PSB, Eduardo Campos, resolveu desancar a presidente Dilma Rousseff, afirmando, ao estabelecer um contraponto entre a sua gestão e a dela - que não nomeava bandidos para o governo. Diante de uma candidatura frágil, que não consegue decolar nas pesquisas de intenções de voto e abandonada pelo grande empresariado, o socialista passou a ser mais ousado em suas falas, ousadia que, não raro, descampa para a deselegância e ofensas pessoais. Ele, que conviveu com Dilma muito tempo, já deveria conhecer sua integridade. Sabe que ela não compactua com os possíveis desmandos de alguns de seus auxiliares, indicados por sua base de sustentação política, no estrito limite imposto por um presidencialismo de coalizão. Ainda na condição de ministra de Lula, são notórias as suas indisposições com alguns companheiros de ministérios envolvidos em possíveis maracutaias com o dinheiro público. Na condição de presidente, suas ações no Ministério dos Transportes e do Trabalho foram responsáveis pelo desbaratamento de verdadeiras quadrilhas montadas para roubar o erário. No Ministério do Trabalho, até o porteiro sabia o valor da propina a ser paga para "abrir um sindicato". O "cafezinho" servido no Ministério era tão gostoso que havia deputados dando plantão sistemático no órgão. Há um partido da base aliada que, até recentemente, teve enorme dificuldade em emplacar alguém para o ministério, uma vez que a presidente havia recusado, um a um, os indicados. Eram todos fichas sujas. As declarações do pernambucano sugerem, nas entrelinhas, uma certa cumplicidade da presidente com os possíveis equívocos cometidos por membros do seu Governo. Esse discurso radical de Eduardo Campos não vem encontrando ressonância junto ao eleitorado. Soa mentiroso. De um lado, fala em aposentar as velhas raposas políticas, como naquele recado dirigido ao morubixaba José Sarney, no Maranhão. Por outro lado, posa de braços dados com Jorge Bornhausen e família, o que levou alguém, aqui mesmo pelo Face, a perguntar: Vai substituir um pelo outro? Até onde se sabe, o Governo Eduardo Campos não foi esse primor de lisura na condução da coisa pública. Longe disso. Quantos escândalos de malversação de recursos públicos ocorreram envolvendo diretamente gente do Governo Estadual? Pernambuco também teria seus "bandidos" na gestão da máquina. Faço aqui um desafio. Se ele, como sugere o blogueiro Paulo Henrique Amorim, der nome aos bois dos bandidos do Governo Dilma, citarei as figurinhas carimbadas do seu Governo pegas em ilícito. Simples assim. Penso que ele não irá citá-los porque anda de namorico com um grêmio político que é expert no assunto.

O figurino da velha política em Pernambuco


O figurino da Velha Política em Pernambuco

 

Pouco depois de ir, no final da manhã, ao gabinete do senador Armando Monteiro (PTB) e de reafirmar, com muito entusiasmo, seu apoio e de seu grupo à pré-candidatura do petebista a governador, o ex-prefeito de Moreilândia João Angelim (PTB), surpreendentemente, mudou de posição, após receber uma proposta de Paulo Câmara. Angelim andava na companhia dos vereadores Alone Pedro de Araújo (PTB) e Francisco de Souza Brito (PR).

Mas foi tudo tão rápido que não deu tempo nem de trocar de roupa.

Com aquele mesmo figurino com que chegou até Paulo Câmara, João Angelim afirmou o seguinte, no gabinete de Armando: “Nos chamaram no Palácio, mas eu voto em Armando de todo jeito. Chamaram também pra gente ir lá na agenda 40, no Araripe, e eu disse logo que não ia”.

E não foi só isso. João Angelim, de tão entusiasmado que estava com a campanha de Armando, queria logo se incorporar à equipe: “Eu quero indicar Tico Preto (Francisco de Sousa Brito) para ser coordenador da campanha no Araripe, ele conhece tudo da região, mexe com internet, pode fazer relatório”. Por fim, antes de se despedir, cobrou: “E não esqueça de mandar essas fotos porque a gente quer divulgar lá, em todos os blogs da região”. Naquele momento, Angelim estava “firme” com o petebista.

 

(Texto enviado pela assessoria de imprensa do candidato Armando Monteiro)


 

Dudu, quem é o bandido que auxilia a Dilma?

Dudu, transparência, Dudu. Os nomes, Dudu !
Saiu no Globo, na pág 5 da edição nacinal:

“(Dudu) Campos: “Não se coloca bandido para ser auxiliar no governo.”

Em Vitória da Conquista, na Bahia, Dudu atacou:

“Votamos nela, mas ela frustrou o Brasil, pois nós sempre fomos abertos ao diálogo …”

(O que é, amigo navegante, uma obra-prima de non sequitur … A Dilma frustrou o Brasil porque não dialogou com o Dudu ? E a grana que o Lulilma jogou no Governo do Dudu ? Como diz o Lula: quem ajuda os pobres em Pernambuco é a ajuda do Governo federal … – PHA)

“… Sempre pensamos no desenvolvimento econômico e respeitamos o dinheiro público; e isso começa quando não se coloca bandido para ser auxiliar do Governo …”, disse o parceiro daquela que joga pôquer.

“Bandido”, Dudu ?

Quem a Dilma colocou lá para assaltar “o dinheiro público”?

Dê os nomes, Dudu !

​Ou o Dudu começou a sentir que vai perder a eleição em Pernambuco ?

É o desespero, amigo navegante.

Dudu tirou a pele de cordeiro.

E vovô Miguel está triste !

Em tempo: a Bláblá diz que o PSDB do Arrocho Neves cheira a derrota. O que o Arrocho acha do PSB ? Ou o Arrocho não acha nada de nada – fora o salário mínimo ?

Em tempo2: o amigo navegante deve se lembrar do Senador Jarbas Vasconcelos, que subiu à tribuna para dizer que no PMDB só tinha … Pois é, o senador por Pernambuco jamais deu os nomes dos … no PMDB. Deve ser um hábito pernambucano. Jogar a pedra e não mostrar o pau.


Paulo Henrique Amorim

segunda-feira, 12 de maio de 2014

Fernando Magalhães: Qual a origem da TV Revolta?






Alguém poderia informar (sem sectarismos) a orientação e a origem da TV Revolta? A pergunta tem três razões: 1) O nome indica uma visão crítica da realidade; 2) Tem muita coisa que aparece que eu assinaria em baixo. Mas, e 3), vejo críticas incessantes ao PT (que eu também critico), mas não vejo (pelo menos até onde pude pesquisar, pois tinha muita coisa e terminei me cansando) nenhuma crítica ao PSDB nem aos governantes e parlamentares desse partido corrupto (que impede toda CPI - quando é formada - de prosseguir até o fim), nem a fascistas como Bolsonaro, o que significa esconder alguma (ou muita) coisa. Também não vi nenhuma crítica a Pineirinhos.

Fernando Magalhães, professor da UFPE, hoje, 12/05, pelo Facebook

PSDB/PSB: "Pau que dá em Chico, dá em Francisco".

Os acordos de não-agressão e apoio mútuo estabelecidos entre os candidatos Aécio Neves e Eduardo Campos é o tipo de estratégia montada no raciocínio de que tal acordo levaria as eleições presidenciais de 2014 para o segundo turno e - agora a porca torce o rabo - cada um deles se imagina em melhores condições de cruzar o rubicão do primeiro turno, disputando a final com a presidente Dilma Rousseff, naturalmente, contando com o apoio do outro. Como, pelo andar da carruagem política, as coisas estão fugindo ao controle da Rede/PSB, a relação começa a ser reavaliada. A candidatura do pernambucano Eduardo Campos vive um péssimo momento. Apontado como carta fora do baralho por especialistas, com enorme dificuldade de se afirmar como uma terceira via, percebeu que não haveria como tentar viabilizar-se mantendo os acordos com o senador mineiro. Os ataques começaram com a irmã Marina afirmando que os tucanos seriam "fregueses" de derrota do PT, insinuando nas, entrelinhas, que Eduardo Campos seria mais competitivo na disputa de um eventual segundo turno. "Aécio cheira à derrota", foram as suas palavras, dando margem a mais de uma interpretação. Depois vieram as preocupações com a situação do candidato Eduardo em regiões importantes como Sul e Sudeste, onde ele é um ilustre desconhecido. Aliás, Eduardo não vai bem nem mesmo na região Nordeste, seu reduto tradicional. Para melhorar sua performance nessas regiões, Eduardo levantou a hipótese do lançamento de uma candidatura própria em Minas Gerais, contrariando acordos mantidos anteriormente, onde estava previsto o apoio socialista ao nome indicado pelo senador Aécio Neves. Esse fato provocou um frisson na relação entre o PSDB e o PSB. Em Pernambuco, eles tiraram o time de campo em favor da candidatura do poste indicado pelo Palácio do Campo das Princesas. Quando vivo, o morubixaba Sérgio Guerra mantinha a agremiação sob rédeas curtas. O que fosse conveniente para o Palácio do Campo das Princesas, Sérgio Guerra dava um jeito entre os tucanos pernambucanos. Com a sua morte, há lideranças emergentes que não estão dispostas a rezarem na cartilha dos socialistas. Para azedar ainda mais a relação, o candidato ao Senado, Fernando Bezerra Coelho levantou a hipótese de um possível apoio a Dilma num eventual segundo turno. Foi a gota d'água que faltava. Os tucanos ameaçaram, de imediato, lançarem o nome do Deputado Estadual Daniel Coelho(PSDB) ao Senado ou ao Governo do Estado, quebrando o acordo. Afinal, como disse Bruno Araújo - liderança tucana local muito ligada ao senador mineiro - pau que dá em Chico, dá em Francisco. Não acredito mais na possibilidade do retorno do filho pródigo. Eduardo fez questão de construir uma plataforma política anti-petista. Mesmo numa circunstância em que que Dilma e Lula estivessem dispostos a matarem o seu vitelo mais gordo para recepcioná-lo no Palácio do Planalto. Afinal, não se rejeita apoio político numa disputa de segundo turno.