Abreu e Lima foi uma Sodoma que Deus poupou do enxofre. Escapou da ira
divina, mas permaneceu no pecado da carne. Cidade dormitório, num
passado recente, concentrava o maior número de casas de
pouca vergonha por metro quadrado do Brasil. Quando os costumes sexuais
ainda eram muito reprimidos, era ali que os jovens adolescentes
afogavam suas mágoas. Gosto muito da cidade, frequentando-a com
regularidade. Afinal, não faz muito tempo assim, Abreu e Lima era um
distrito da cidade de Paulista. Mato a saudade de minha infância na
Chácara Victor Hugo. Contingenciada pela perseguição imposta pelo Estado
Novo na década de 40, levas de evangélicos para ali se dirigiram, onde
encontraram um refúgio seguro longe do Recife. Eis que Abreu e Lima
entrou para a lei de crente e transformou os cabarés em casas de oração.
Deus seja louvado. Poucos anos depois, a cidade tornou-se na maior
densidade de população evangélica da América Latina. Talvez seja a única
cidade do país onde há uma estátua em homenagem a um pastor evangélico,
o pastor Isac, da Assembléia de Deus. Embora temente a Deus, as
falcatruas na administração pública não deixaram de existir. Os
desmandos são gritantes. Há prefeitos que ainda hoje devem explicações
aos órgãos de fiscalização e controle do Estado e da União. O município
amanheceu hoje com mais uma lavagem de roupa suja. Um ex-prefeito - que
apoiou o atual mandatário do município, um pastor evangélico - faz
acusações graves de ilícitos na sua gestão. A pergunta que os munícipes
fazem é: ué, e ele não sabia de nada? Inocente!
Nenhum comentário:
Postar um comentário