pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO.
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sábado, 19 de fevereiro de 2022

Editorial: As preocupações de Guilherme Boulos com um eventual crescimento de Jair Bolsonaro



Prudência e caldo de galinha - mesmo com pés e pescoço - não fazem mal a ninguém, já dizia este editor, em editorial aqui publicado. Dependendo do Instituto, há diferenças signficativas de métodos utilizados para aferir as intenções de voto do eleitorado neste ou naquele candidato. Todos, no entanto, são orientados por metodologias científicas que, resguardadas as margens de erro, acabam captando tendências corretas acerca do comportamento do eleitor. Tem repercutido bastante na imprensa e no meio político uma pesquisa realizada pelo PoderData, uma espécie de Instituto de Pesquisa do Portal Poder360, onde o presidente Jair Bolsonaro(PL) diminui a sua diferença para o candidato Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, que lidera todas as pesquisas de intenção de voto até este momento. 

De acordo com o DataPoder, a diferença entre ambos - que já foi de 14 pontos, apontada, acredito, pelo próprio Instituto em pesquisa anterior - diminuiu para 9 pontos em pouco mais de uma semana. Até recentemente, O próprio Lula admitiu para interlocutores que a eleição não estava ganha, sendo necessário ampliar o diálogo com a Faria Lima, ou seja, com os setores mais conservadores do espectro político. A tentativa de trazer o PSD para a sua campanha ainda no primeiro turno das eleições pode ser entendida como uma dessas estratégias. O danado é que Gilberto Kassab, presidente da legenda, insiste numa candidatura própria do partido. Muito sensatamente, através de suas redes sociais, o Presidente Nacional do PSOL e ativista político Guilherme Boulos, manifestou uma preocupação com um eventual crescimento da candidatura do presidente Jair Bolsonaro, principalmente entre os eleitores da preriferia, notadamente em razão da distribuição do Auxílio Brasil.

Segundo Boulos - no que concordamos - receber um auxílio emergencial de R$ 400,00 para quem está com a despensa vazia e ameaçado de ser despejado pode ter um efeito signficativo junto a este eleitorado, incapaz de entender que tal situação pode ter chegado a estes níveis em decorrência de problemas de gestão da máquina pública. Até recentemente, ouvido pela reportagem da revista Veja, o cientista político pernambucano, Antonio Lavareda, aconselhou que seriam necessários aguardarmos um trimestre para se falar numa eventual tendência. Naquele momento, entretanto, uma pesquisa do próprio IPESPE apontava que a avaliação do Governo Bolsonaro estava melhorando e a percepção sobre os rumos da política  econômica igualmente. 

São pertinentes as preocupações de Guilherme Boulos, principalmente sobre um eventual avanço do bolsonarismo justamente num segmento do eleitorado tradicionalmente identificado com o petismo, localizado, sobretudo,em regiões como o Nordeste, que sempre esteve votando em Luiz Inácio Lula da Silva(PT-SP). A mensagem do bolsonarismo pode estar chegando aos setores periféricos do eleitorado. Não desejo aqui levantar nenhuma hipótese, mas fazer uma provocação: Se, de fato, o bolsonarismo está crescendo junto ao eleitorado da periferia, o fato de esses eleitores manterem uma identificação muito forte com grupos religiosos de orientação neopentecostal também poderia estar influenciando? Pelo que aprendemos,na UFPE, com o grande professor José Carlos Wanderley, isso seria uma espécie variável interveniente. Seria como alguém afirmar que as pessoas vivem mais porque são casadas e se colocar uma variável interveniente entre os dados - do tipo qual o quantitativo desses casados praticam exercícios físicos - e depois se descobrir que era o exercício físico que estava prolongando suas vidas e não o fato de serem casados. Era uma "brincadeira' que este editor gostava de fazer em sua fase de estudante. Bons tempos!     

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2022

Os dois tempos de uma análise

 

Os dois tempos de uma análise
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(Imagem: “Fílis e Demofoonte”, 1870, de Edward Burne-Jones)

 

“Se algo como uma psicanálise da cultura atualmente prototípica fosse possível, se a absoluta dominação da economia não zombasse de cada tentativa de esclarecer a situação atual através da vida anímica das suas vítimas, e se os  próprios psicanalistas não tivessem feito um juramento de fidelidade a essa mesma situação há muito tempo, então tal investigação deveria ser capaz de mostrar como a normalidade própria ao nosso tempo é a doença.” Essa é uma passagem da Minima Moralia, de Theodor Adorno. Ela faz parte de um parágrafo cujo título é exatamente: “Saúde em direção à morte”.

A colocação de Adorno, muito bem desenvolvida por um de seus comentadores atuais mais astutos, Fabian Freyenhagen, acaba por lembrar algo que a psicanálise lutou para se tornar, ao menos em seus melhores momentos. A saber, a consciência clínica de que adaptar sujeitos a uma sociedade doente seria apenas uma forma mais cruel de adoecê-los. E podemos falar em “sociedade doente” não porque seria o caso de acreditar que estamos à procura de uma “sociedade saudável”, como se houvesse formas de vínculo social capazes de não produzir sofrimento. Falamos em “sociedade doente” porque seu funcionamento normal precisa da perpetuação daquilo que ela mesma considera “patológico”. Ela fortalece seus vínculos sociais, suas relações de poder, fazendo o que é “patológico” funcionar, fazendo-lhe produzir trabalho, valor, instituição social, afetos, vínculos.

Nesse sentido, a recusa de alguns setores da psicanálise em ser uma prática adaptativa, prática que visava o fortalecimento de instâncias psíquicas de adaptação social, era uma aposta complexa de dar àquilo que tira os sujeitos do mundo um corpo. Uma aposta difícil de sustentar. Pois era fácil que a “normalidade própria a nosso tempo” entrasse pela porta da ordem sexual, da imposição do tempo próprio ao mundo do trabalho como medida de uma “vida realizada”, da naturalização do princípio de autoridade, da norma familiar, entre tantos outros. Como disse Adorno em seu trecho: são muitas vezes os próprios psicanalistas que fazem um juramento de fidelidade a essa situação, como se eles fossem parte da própria doença, como se eles também partilhassem a naturalização dos limites, racionalidade e impossibilidades da vida social que nos faz sofrer.

Freud dissera uma vez que a cura analítica estava ligada à capacidade de amar e trabalhar. Em outro momento, mais inspirado, ele afirma que o objetivo de uma análise é “transformar a miséria neurótica em sofrimento comum”. Há de se ler as duas afirmações juntas, pois se separadas, a primeira se tornaria catastrófica. Amar e trabalhar a partir do que a sociedade capitalista entende por “amor” e “trabalho” é só empurrar sujeitos para formas de mutilação. Por isso, a segunda afirmação era importante. Ela lembrava que não se tratava de eliminar o sofrimento, porque não há sociedade que nos permita viver sem sofrimento, muito menos essa da qual fazemos parte. Imaginar que na sociedade que transforma todas as formas de ação em processo de valorização do valor, que faz até mesmo da intimidade e das redes de amizades novos espaços de produção de valor e de monetização, seria possível traçar vias singulares de atividade sem sofrimento, resistência e reação, eis algo que contraria até mesmo as leis da física.

Por isso, tratava-se de vincular a psicanálise a outra coisa, a saber, a transformação das formas de sofrimento. Sofrer de outra forma, sem que ele se esgote do teatro neurótico e suas formas de gozo e perpetuação. Pois há momentos em que o sofrimento psíquico se mostra como forma de revolta social, como a lembrança de que é melhor a doença à saúde que nos propõe. O que, para tanto, implica permitir a analisanda e o analisando tomar para si a enunciação de seu próprio sofrimento.

 

Um primeiro tempo, e depois outro

 

Há expressões muito concretas desse “tomar para si”. Ele funda um tempo próprio ao processo analítico. Isso a ponto de podermos dizer que boa parte do processo de análise consiste no ato do analisando e da analisanda tomar para si a enunciação de seu próprio sofrimento.

Como disse anteriormente, faz parte dos processos de individuação socializar sujeitos não apenas através da internalização de normas e de tipos ideias, mas sobretudo através da internalização dos “desvios” e das “doenças”. Sujeitos trazem para a análise, entre outros, toda uma gramática, produzida pela cultura, sobre a natureza de seus sofrimentos. Nunca se parte de algo como a “realidade bruta” do sofrimento. Não são apenas descrições orgânicas como: não consigo dormir, tenho dores contínuas no pescoço. São descrições de estados mentais, de afetos, de sentimentos de inadequação, muitas vezes descrições ouvidas em outras análises e terapias. Parte-se do que poderíamos chamar de “gramática social do sofrimento”. Parte-se de sujeitos que se julgam paralisados e em tempo contínuo de espera, que se julgam masoquistas em suas relações, que creem ter algo de excessivo com a maneira com que pensam em sexo, que creem amar de forma a destruir e perder tudo o que amam, que se sentem passando por uma depressão.

Mas quem sofre porque está paralisado e em tempo contínuo de espera crê necessariamente que não conseguirá viver caso continue a recusar o regime de tempo naturalizado pelo mundo social. Não apenas porque se ilude a respeito de sua possibilidade de adaptação, mas principalmente porque sabe que a inadaptação é paga de forma violenta pela sanção social. Há uma saber importante aqui. A defesa abstrata da singularidade, do “cada um tem seu tempo”, é fácil quando se tem defesas contra a brutalidade da expulsão de quem teima em medir o tempo a partir da escuta de seu próprio ritmo, principalmente quando esse ritmo parece ser mais lento do que o desejado por quem lhe circunda. Mas ela se torna impossível quando se está só nesse processo. Da mesma forma, quem se julga masoquista em suas relações sabe tacitamente que estará em situações sem defesa diante do tipo de “preservação de interesses” que faz parte da formação de qualquer “indivíduo”. O sintoma tem um conteúdo de verdade muito evidente. Pois ele indica uma impossibilidade que não é simples expressão da “incapacidade” de sujeitos, mas que é expressão de uma situação socialmente objetiva.

Isso faz com quem exista um tempo da análise no qual se trata não apenas de levar sujeitos a reconhecer as singularidades que atravessam suas formas de desejar, de agir e de utilizar a linguagem. Trata-se sobretudo de reconhecer e defendê-las, sendo que a segunda parte talvez seja a mais difícil. Isso passa por vários níveis. Um deles é livrando tais singularidades de suas determinações “patológicas”. Determinações essas que, muitas vezes, foram produzidas e reforçadas pelo próprio discurso psicanalítico.

Mas eis que há um segundo tempo dentro dos processos analíticos. Esse segundo tempo está misturado ao primeiro. Ele aparece como uma suspensão, mais ou menos rara. No entanto, este é um tempo decisivo e o adjetivo não está aí por acaso. As decisões nunca são feitas sob a forma do cálculo dos meios e fins, eles são feitas às nossas costas, de forma silenciosa, e paulatinamente reconhecemos que elas já ocorreram.

Esse tempo é o mais brutal. Ele é marcado pela confrontação com os pontos nos quais se vincula desejo e destruição. São os retornos às situações de maior desamparo, são os pontos de maior violência interna e externa, são os pontos de angústia a mais irredutível. Não há nada de patológico aqui, mas há algo de uma noção de drama que as sociedades contemporâneas têm dificuldade estrutural em lidar. “Acho que nunca fui desejada”, diz alguém em análise, mesmo diante dos encontros vários que lhe marcaram. O que não significa exatamente que nunca se foi desejada, mas que há algo, que há um lugar, uma pulsação interna que nunca foi desejada. E isso, bem, como sempre esteve escrito na última página, isso era o que realmente contava. Ser desejada em seu humor  destrutivo, em seu desespero sexualmente dispersivo, em sua passividade muda. Em seu ponto de confrontação com o que pode afinal nos decompor.

Esse tempo aparece em uma análise e muito rapidamente se fecha. Talvez seja ele que dê à análise sua particularidade. Se o processo de transferência permite sustentar tal tempo até ele reconfigurar o primeiro tempo, é possível que ele paulatinamente consiga inscrever no interior da vida o que até agora não tinha como se inscrever. Mas como disse, é possível. Alguém um dia falou da capacidade de tornar o negativo em ser. É uma colocação filosófica, eu sei, o que não significa que ela seja abstrata.

 

Vladimir Safatle é professor titular do departamento de filosofia e do instituto de psicologia da USP

(Publicado originalmente no site da Revista Cult)

Tijolinho: Anderson, enfim, decide montar o palanque de Bolsonaro no Estado


A rigor, não há nenhuma surpresa no fato de o prefeito de Jaboatão dos Guararapes, Anderson Ferreira(PL), decidir-se por concorrer ao Governo nas próximas eleições de outubro, montando o palanque do presidente Jair Bolsonaro(PL) aqui no Estado. Todas as vezes em que Anderson viajava à Brasília - para se encontrar com os caciques da legenda liberal - deixava muitas incertezas sobre o seu destino político. Afinal, num arranjo político formado por jovens prefeitos municipais que fazem oposição ao governo socialista, ele integra um conjunto de forças políticas que pretendem disputar o Governo do Estado nas próximas eleições. 

Em princípio, se pensou que se poderia construir uma candidatura de consenso entre eles, hipótese hoje completamente descartada, uma vez que temos, agora, três candidatos ao Governo do Estado pela oposição. Neste caso em particular, Anderson Ferreira estava junto com a prefeita de Caruaru, Raquel Lyra(PSDB-PE), no Movimento Levanta Pernambuco. Raquel tinhas bons planos para ele, que poderia ajudá-la bastante em seu projeto de metropolitanização, já que se trata de uma prefeita com base política no Agreste. 

Haveria, necessariamente, a imposição de alguns ajustes na relação entre ambos, ora em razão das conveniências políticas, ora em razão da formação das federações em Brasília, que impõe regras rígidas nas alianças estaduais. A despeito de sua organicidade ao bolsonarismo, Anderson era muito cobrado pelos bolsonaristas raízes em função dessa articulação com forças políticas não necessariamente convergentes com o bolsonarismo, pelo menos no Estado, posto que o bolsonarismo, no plano nacional, já engoliu  os tucanos faz algum tempo. Enfim, os ajustes foram feitos e ele já se apresenta como provável candidato ao Governo do Estado, possivelmente tendo como candidato à vaga para Senado Federal o Ministro do Turismo Gilson Machado Neto, este um dos maiores entusistas do bolsonarismo, perfeitamente alinhavado com a direita bolsonarista. Gilson Machado havia dito que Bolsonaro teria um palanque aqui no Estado. Bolsonaro, quando em visita a Pernambuco para inaugurar trechos de obras de transposição do Rio São Francisco, acenou para uma eventual candidatura ao Senado do fiel escudeito.  

Editorial: O que diz a nova pesquisa IPESPE sobre Haddad , em São Paulo.



São Paulo tornou-se um grande problema para a formação de uma federação entre o PT e o PSB. Todas as costuras políticas em torno deste assunto esbarram naquela praça, precisamente numa tomada de posição das duas legendas em torno de uma candidatura - preferencialmente de consenso - ao Governo do Estado nas próximas eleições. O PSB firmou questão em torno da candidatura do ex-governador Márcio França, enquanto o PT não abdica da candidatura do pupilo de Lula, o professor e ex-ministro da Educação, Fernando Haddad(PT-SP). A nova pesquisa de intenção de voto, realizada pelo Instituto IPESPE, põe mais lenha na fogueira das vaidades, criando ainda mais embaraços para a formação de tal federação.

Carregado por Lula e o ex-governador Geraldo Alckmin - que poderá vir a ser vice de Lula - em princípio, Haddad reúne chances efetivas de chegar ao Governo do Estado de São Paulo. O PT tem conquistas importantes naquela arena, no que concerne à capital - como a vitória de Luíza Erundina, por exemplo, uma das mais emblemáticas conquistas do partido - mas não nos ocorre de o PT ter um escore inicial ou start tão alvissareiro. Isso anima os petistas mais radicais a festejarem a hipótese de fazer barba, cabelo e bigode, ou seja, ocupar os dois palácios: o do Planalto e o dos Bandeirantes. As disputas ali são bastante acirradas, sendo, portanto, prematuro assumir uma postura do tipo "já ganhou".Se Haddad tem o padrinho Lula, o Ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, tem o capitão Jair Bolsonaro(PL), que também angaria apoios e votos para o pupilo. Ele pontua bem neste primeiro levantamento do IPESPE naquela praça: 25% das intenções de voto.

Embora os ânimos entre as duas legendas tenham sido serenados aqui no Estado de Pernambuco, lideranças das duas legendas admitem que, em tais circunstâncias, fica dificil consolidar a federação. Alguém teria que ceder e, já afirmamos por aqui, esse alguém deveria ser o PT, uma vez que os socialistas já fizeram as concessões possíveis. Desde o primeiro momento que foram iniciadas as negociações neste sentido, a candidatura de Márcio França foi apresentada como irreversível. Uma vitória de Márcio França, em São Paulo, seria muito importante para as forças do campo progressista.

Mesmo com o Presidente Nacional do PSB, Carlos Siqueira, admitindo o equívoco de o partido ter votado em favor ao impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff(PT-MG), isso não muda nada no que concerne às prerrogativas das candidaturas de Márcio França e Fernando Haddad. Acho curiosa essa declaração de Carlos Siqueira depois de tantos anos. O que ele quis dizer é que o partido foi na "onda' do impeachment. Doutor Miguel Arraes deve estar se revirando na tumba, meu caro Siqueira.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2022

Editorial: O "fenômeno" André Janones(Avante)

 


Há menos de um mês, houve aqui no Mar Hotel, em Recife, o lançamento da pré-candidatura do Deputado Federal André Janones(Avante-MG)para a Presidência da República nas próximas eleições de outubro. À época, um fato nos chamou a atenção: a ampla corbetura daquele jornal bem conhecido dos brasileiros, da emissora do plim plim, em torno do assunto. Posso até estar equivocado, mas estranhei o espaço de tempo utilizado pelo pré-candidato. Em todo caso, isso ficaria no terreno das especulações. O fato concreto que deve estar supreendendo muito brasileiros e brasileiras é a boa performance do pré-candidato nas primeiras pesquisas de intenção de voto que foram divulgadas logo em seguida ao lançamento de sua pré-candidatura, onde ele sempre aparece acima dos dois pontos percentuais. 

Numa delas, chegou a empatar com um pré-candidato como João Doria(PSDB-SP), já há algum tempo na estrada, à frente de um Estado que detém 20% do eleitorado brasileiro e de um partido com capilaridade nacional, diferentemente do Avante. As informações sobre o candidato não sugerem algo muito inusitato, exceto pelo fato de ter começado a vida como cobrador de ônibus; se apresentar como uma das miores lideranças da greve dos caminhoneiros, em 2018. Um outro dado curioso é que teria sido filiado ao PT. As demais informações - como a de que recebeu uma excelente votação para a Câmara Federal; tentou,sem sucesso, ser prefeito de sua cidade natal,Ituiutaba, MG; e ser bem relacionado nas redes sociais - se inserem no contexto de quem faz política. 

Não sei se a gente pode tratá-lo como um "fenômeno", como sugere o título deste editorial, naturalmente como um atrativo a mais para chamar o leitor para a leitura, mas, por outro lado, o fato de que, com tão pouco tempo como pré-candidato, ele já se apresente com tal escore, não deixa de ser surprendente. Há rumores de que emissários de Lula estariam entabulando conversas com o Avante, no sentido de que André Janones abandone a sua pré-candidatura. São dois pontinhos que podem fazer uma diferença enorme para Lula, sobretudo neste momento onde a candidatura do seu principal concorrente, o Presidente Jair Bolsonaro(PL),pode estar esboçando uma reação. 

O fato de ter sido filiado ao Partido dos Trabalhadores no passado, por outro lado, parece que não estaria estimulando o pré-candidato no sentido de uma reaproximação com o pré-candidato Luiz Inácio Lula da Silva(PT-SP). Não é improvável que isso ocorra, se considerarmos uma inevitável repetição da polarização da campanha presidencial desde ano, algo recorrente no cenário político brasileiro. Bons analistas políticos já consideram uma inviabilidade das chamadas pré-candidaturas da terceira via.   

Editorial: A nova pesquisa do Poder-360 indicaria uma tendência de crescimento da candidatura de Jair Bolsonaro?



Em conversas com interlocures, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva(PT-SP) tem afirmado que as eleições não estão ganhas. Na sua percepção, seria estratégico ampliar as alianças políticas com setores mais conservadores do espectro político. Na última pesquisa do Instituto IPESPE, observou-se uma ligeira melhora nos índices de aprovação do Governo Bolsonaro, além da melhora da percepção da população sobre os rumos da economia. Dados ainda muito incipiente, nada que se possa fazer grandes alardes, mas não deixam de ser signficativos, numa pesquisa. Questionado a esse respeito no contexto de uma matéria da revista Veja, o cientista político pernambucano Antônio Lavareda - como sempre muito comedido - pediu para que esperássemos um trimestre para entender se esses números significariam alguma tendência. 

É prudente a fala do cientista político pernambucano, mas, no dia de ontem, foi divulgada uma nova pesquisa de intenção de voto, realizada e financiada pelo portal Poder360, onde o presidente Jair Bolsonaro(PL) diminui a sua diferença em relação ao concorrente Luiz Inácio Lula da Silva(PT-SP). Segundo pesquisa anterior, realizada pelo mesmo portal, a diferença diminuiu 5 pontos em apenas um mês. Pela pesquisa mais recente, Lula aparece com 40% enquanto Bolsonaro crava 31%. Como diz Lavareda, ainda é cedo para se especular sobre tendências,mas, de todo modo, a conclusão é que Lula está certo em manifestar alguma preocupação, assim como o staff de campanha do presidente Jair Bolsonaro amanhecer com ânimos elevados. 

Clarissa Oliveira, colunista da revista VEJA chegou a informar que seus assessores estariam em contato com o pré-candidato do Avante, o Deputado Federal, André Janones(Avante-MG), que aparece muito bem nas pesquisas para alguém que lançou sua pré-candidatura apenas há alguns dias. Nas duas últimas pesquisas de intenção de voto, ele crava um percentual acima de 2%, o que não é pouca coisa, se considerarmos o panorama embaralhado da chamada terceira via. Janones já teria sido filiado ao PT; há bons interlocutores tentando esse diálogo; mas, nas coxias, a informação é que o candidato está bastante animado com esses índices e pretende manter a sua pré-candidatura. 

Há uma tendência, sim, que o PT aprofunde a sua relação com a Av. Farias Lima, para desespero dos grupos mais radicais, que sugerem que o candidato está numa fase tão boa que não precisaria ampliar esse diálogo. O aprofundamento da relação de Lula com os setores mais conservadores pode ser fundamental nessas eleições e, a rigor, isso já vem ocorrendo. O núcleo duro do conservadorismo já anda emitindo sinais de que podem estar cocheando o alambrado, para usarmos uma expressão do ex-governador Leonel Brizola. Essa, aliás, é uma das razões da inviabilidade da terceira via, de acordo com o jornalista Thomas Traumann.     

Tijolinho: O assassinato de Albérisson Carlos, presidente da Associação de Cabos e Soldados.



Repercute bastante nos meios políticos e militares a morte do policial militar reformado Albérisson Carlos, que presidia a Associação de Cabos e Soldados e Bombeiros Militares. Pelas características do crime, é quase certo que se conclua por uma execução, pois os assassinos já estavam à espera da vítima, quando este deixou a sede da Associação para pegar o seu carro. A hipótese de um crime político não está completamente descartada, sobretudo se entendermos os inúmeros embates enfrentados por Albérisson Carlos da Silva na condição de presidente daquela Associação, inclusive na liderança de movimentos grevistas dentro da corporação militar, onde chegou até a ser preso por insubordinação. A questão, agora, é saber quem teria interesse na morte do presidente da Associação de Cabos e Soldados e Bombeiros Militares? 

Houve uma época em que este blog mantinha uma linha editorial tratando especificamente sobre violência urbana. Dependdendo da abordagem, isso, naturalmente, implicava em alguns transtornos. Acompanhávamos, criticamente, o Pacto pela Vida com a mesma diligência do ex-governador Eduardo Campos. Por essa época, ainda não havia dimensionado as preocupações do diplomata Oliveira Lima, que aconselhava ao jovem escritor Gilberto Freyre - recém-chegado dos seus estudos na Universidade de Columbia - a não enveredar pelo caminho da crítica aqui no Estado. Violência urbana era um assunto que dominávamos um pouco, o que nos facultavam fazer algumas considerações pertinentes sobre o assunto, sempre orientado pelo interesse público, mas, quase sempre, assim não entendidas.  

Quando você se refere ao aumento da violência urbana, por exemplo, sugere-se que possamos estar criticando o trabalho das polícias civil e militar, quando, na realidade, a questão é bem mais complexa. Até recentememte, os policiais civis do Estado entraram em greve, cuja pauta de reinvidicações é bastante extensa. O não atendimento desses pleitos - que são justos- por exemplo, vão ter reflexos diretos nos resultados alcançados pelo sistema de segurança pública do Estado. Um bom exemplo disso são as condições de trabalho precário nas unidades, alertado pelo sindicato da categoria. Os sentimentos do blog ao familiares de Albérisson Carlos, esperando que o caso seja elucidado o mais breve possível.    

Editorial: Eduardo Leite salva a terceira via?



As chamadas pré-candidaturas da terceira via estão estagnadas nas pesquisas de intenção de voto realizadas até este momento. Isso não seria desesperador se houvesse algum indicativo de que tal situação pudesse ser revertida em algum momento. Não há. Ao contrário, muitos pré-candidatos já admitem renunciarem às suas pré-candidaturas, diante de tal contexto. Enquanto a candidatura do presidente Jair Bolsonaro(PL) pode estar esboçando sinais de alguma reação, o candidato Lula amplia suas articulações com o centro político, por entender que esta é a única estratégia para garantir seu favoritismo. 

As pesquisas de intenção de voto indicam uma "estabilidade" - dentro da margem de erro - da candidatura do ex-juiz da Lava-Jato, Sérgio Moro(Podemos). Sua estratégia seria angariar o apoio de um eventual eleitorado bolsonarista que se encontrava na orfandade. Pelo andar da carruagem político, no entanto, os "desviados' - para usarmos uma expressão dos evangélicos - estariam voltando ao rebanho.É diante deste contexto que o nome do governador gaúcho, Eduardo Leite(PSDB-RG), voltou a ser lembrado como uma eventual alternativa para fazer a terceira via, enfim, aparecer nas pesquisas de intenção de voto. 

Diante de tais embaraços - e da relutância do presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco(PSD-MG) em assumir sua pré-candidatura - o Presidente Nacional do PSD, Gilberto Kassab, convidou o governador para ingressar na legenda e habilitar-se como pré-candidato. Dissidentes do ninho tucano também estariam em processo de amplas negociações com Eduardo Leite, igualmente com este propósito. Esses atores políticos acreditam na possibilidade de o governador Eduardo Leite(PSDB-RG) romper esse paradigma. 

Não temos dúvidas de que Eduardo Leite seria um bom candidato. Seria bom para a democracia vê-lo participando dos debates presidenciais, pois se trata de um político jovem, com um grande potencial pela frente. No entanto, não seria possível predizer que ele seria capaz de superar a maldição da terceira via no cenário político brasileiro, historicamente marcado por tal polarização. E, por falar em polarização, Eduardo Leite atua num contexto político bastante polarizado, como é o caso do seu Estado, o Rio Grande do Sul. Ali, ou se é gremista ou se é colorado. Não há uma terceira via.   

Charge! Duke via O Tempo

 


quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022

Editorial: Formada a federação, quem será o candidato presidencial do União Brasil, o MDB e o PSDB?


A crônica política local noticia um encontro entre o Presidente Nacional do União Brasil, O Deputado Federal Luciano Bivar(PSL), e o prefeito de Petrolina, Miguel Coelho(DEM), de olho nas costuras políticas no plano nacional e, mais importante ainda, seus reflexos aqui na província, onde o jovem prefeito praticamente pode ser considerado candidato ao Governo do Estado nas próximas eleições. Foi uma espécie de reunião de "ajustes', uma vez que haveria a possibilidade de alguém estar costeando o alambrado, para usarmos uma expressão do ex-governador Leonel Brizola. 

No plano nacional, tudo caminha para a formação de uma federação entre o União Brasil, O MDB e o PSDB. Trata-se de uma federação praticamente consolidada, restando apenas alguns ajustes, pois os dois pré-candidatos das legendas PSDB, o governador João Dória(PSDB-SP) e a senadora Simone Tebet(MDB-MS), pré-candidata do MDB, renunciaram às suas pré-candidaturas em nome da indicação de um nome de consenso da federação. Nas pesquisas de intenção de voto até agora realizadas, João Dória leva uma ligeira vantagem sobre a senadora Simone Tebet,mas essa tem muito menos arestas a aparar no conjunto da federação. 

Simone é mulher, jovem, excelente parlamentar e não colecionou desafetos pelo caminho. São curiosas essas movimentações políticas. Não é improvável que os partidários do governador João Dória tenha fechado algum compromisso com os caciques dessas legendas, do tipo: quem estiver melhor nas pesquisas tera o apoio da federação. Se depender dos dissidentes tucanos, talvez haja até a possibilidade de incluir, nessa lista de eventuais pré-candidatos, o nome do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, cujo passe tem sido muito valorizado no mundo político de Brasília. 

Enquanto tais acordos são fechados em Brasília, aqui na província pernambucana os pré-candidatos ao Governo do Estado procuram se ajustar a essas novas realidades. Até bem pouco tempo, esse blog informou sobre a possibilidade de o prefeito de Petrolina, Miguel Coelho, apoiar o nome do ex-juiz da Lava Jato, Sérgio Moro(Podemos), como candidato à Presidência da República, uma vez que o União Brasil estava costurando um possível apoio ao pré-candidato. Hoje, essa hipótese está completamente descartada. Outra grande indagação diz respeito ao candidato presidencial a ser apoiado aqui pela prefeita de Caruaru, Raquel Lyra, do PSDB, que tem, na formação de seu palanque, um forte aliado do PL, partido do presidente da República.  

Editorial: Afinal, para onde caminha o governador gaúcho Eduardo Leite?


O fato de ter perdido as prévias no PSDB para o governador paulista João Dória Junior(PSDB_SP), possivelmente, causou alguns problemas para o governador gaúcho, Eduardo Leite(PSDB-RS), que deseja habilitar-se para disputar a Presidência da República nas próximas eleições. Ainda é bastante jovem, mas, como ele mesmo afirma, cavalo selado não pode passar batido. Dória até tentou, mas não há como reestabelecer os padrões de relação entre vencedores e derrotados. Há um grupo de tucanos do bico fino dissidentes, que, em sua maioria, orbita em torno de Eduardo Leite, e pretendem inserir o governador no processo sucessório, dentro das dimensões que ele conquistou no cenário político nacional. 

Há, por outro lado, frequentes namoros do PSD de Gilberto Kassab ao governador, numa perspectiva, inclusive, de que ele possa constituir-se num plano "B", como pré-candidato presidencial, caso o presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco(PSD-MG), desista da empreitada. O nome de Rodrigo Pacheco foi lançado com grandes pombas, mas a chamada terceira via parece não deslanchar. Especula-se que até mesmo o pré-candidato melhor posicionado neste ranking, o ex-juiz Sérgio Moro(Podemos) possa desistir da candidatura. 

A articulação dos dissidentes do PSDB seria no sentido de uma aproximação com o MDB, tendo como referência a pré-candidata Simone Tebet(MDB-MS). Antecipando-se a estas manobras, o grupo do PSDB que apoia o governador João Dória costura uma federação com o MDB e o União Brasil, esvaziando, assim, as tecituras dos dissidentes tucanos. O Presidente Nacional da legenda tucana, o pernambucano Bruno Araújo(PSDB-PE), terá muito trabalho pela frente, no sentido de apaziguar as coisas dentro do ninho. Já andou fazendo um apelo para que o governador gaúcho não deixe a legenda, filiando-se ao PSD de Kassab.

Difícil fazer alguma previsão sobre o destino do governador gaúcho, que contou com o apoio de muita gente boa dentro - e fora, ao que parece - do ninho tucano. Apesar do seu flerte com o bolsonarismo no passado, Eduardo Leite é um nome leve, possivelmente com um futuro muito promissor na política. Quando esteve aqui no Estado, foi muito bem recebido pela prefeita de Caruaru, Raquel Lyra(PSDB-PE), candidata ao Governo do Estado nas próximas eleições. Falar em carne para gaúcho é um tanto quanto temerário, mas não é improvável que ele tenha experimentado a chã de bode do Alto do Moura.     

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2022

Tijolinho: O bom momento político do prefeito Anderson Ferreira



Assim como as inquietações que ficaram neste encontro entre o governador capixaba, Renato Casagrande(PSB), e o ex-juiz Sérgio Moro, do Podemos, pairam dúvidas sobre os acertos e acordos estabelecidos entre o presidente nacional do PL, Valdemar da Costa Neto, e o prefeito de Jaboatão dos Guararapes, Anderson Ferreira(PL-PE). Anderson manteve um encontro recente com o presidente da legenda, em Brasília, e voltou todo ancho para a província, reconduzido ao comando da legenda no Estado e com uma carta branca renovada para estabelecer as diretrizes do partido bolsonarista nas eleições estaduais deste ano. 

Como já avaliamos antes, Anderson possui alguns trunfos políticos. Lidera uma família que possui vínculos fortes com grupos neopentecostais vinculados à base de apoio do presidente Bolsonaro; não esconde sua condição de político de perfil conservador e de oposição efetiva aos socialistas no Estado; possui uma gestão muito bem avaliada, reconhecida por organismos internacionais, como a ONU; sua gestão abriu um canal direto de negociações com o Governo Federal para o estabelecimento de convênios e projetos importantes para o município, responsável pelo aporte de recursos para obras estruturadoras. Entende-se que esteja de bem com o cacique da legenda,Valdemar da Costa Neto.  

A grande questão é o seu vínculo ao movimento Levanta Pernambuco, encabeçado no Estado, por uma prefeita tucana, Raquel Lyra(PSDB-PE), o que causa um certo desconforto entre os bolsonaristas raízes, aqueles mais chegados ao presidente Jair Bolsonaro. A rigor, do ponto de vista ideológico, não existiria um grande estranhamento aqui, uma vez que já faz algum tempo que os tucanos estabelecem um bom diáolgo com o bolsonarismo. No entanto, raposas políticas que orbitam a candidatura de Raquel Lyra já declararam que não endossam o palanque de Bolsonaro no Estado. Raquel Lyra, que, a julgar pelo desempenho nas pesquisas de intenção de voto, deverá ser a candidato ao Governo pelo movimento, por sua vez, não dá indicadores de que poderia apoiar o nome de Jair Bolsonaro à Presidência da República. Eita equação política difícil de resolver para o jovem político da família Ferreira.  

Charge! via Folha de São Paulo

 


domingo, 13 de fevereiro de 2022

Editorial: Um momento difícil para as conciliações políticas.



No mundo político, no dia de ontem, causou uma certa estranheza um encontro entre o governador capixaba, Renato Casagrande, do PSB, e o pré-candidato do Podemos à Presidência da República, o ex-juiz da Lava-Jato, Sérgio Moro. Conforme comentamos aqui, noves fora as boas regras de convivência dentro de um mundo político civilizado, há, sim, motivos para um certo estranhamento. Estranhamentos - e até aborrecimentos, registre-se - conforme já externado pela Presidente Nacional do PT, Gleisi Hoffmann, cujo partido costura a formação de uma federação com os socialistas. 

Seria necessário mais informações das coxias para compreedermos o que, de fato, teria se passado pelo cabeça de Sérgio Moro ao procurar, para conversar, justamente um governador socialista. Algumas hipóteses são plausíveis, outras nem tanto. Sérgio Moro vem esboçando um certo desconforto com a sua agremiação partidária. Já se especulou que ele, inclusive, teria sondado outros grêmios partidários. O Podemos ainda é um partido em processo de estruturação, sem capilaridade nos Estados e com pouca reserva de recursos do fundo eleitoral quando comparado à legendas como o União Brasil, o MDB, o PSL. Isso conta bastante numa eleição. 

Ele chegou a sentar à mesa com os caciques do União Brasil, a noiva mais cobiçada de Brasília, mas as conversações não prosperaram. Hoje é dada como certa uma federação entre aquela legenda e o MDB, quem sabe com o concurso dos tucanos, num projeto bastante ambicioso. No passado recente, ali pelo ano de 2016, o PSB já andou costeando o alambrado, como diria o ex-governador Leonel Brizola, o que sugere não embarcar com os dois pés nesta canoa.

Mas, independentemente de tais indisposições entre o PT e o PSB, no geral, estamos vivendo um momento de não entendimentos entre os grêmios partidários. A própria fusão entre o DEM e o PSL - dadas como favas contadas e já homologada pelo STE - ainda enfrenta problemas de conciliações entre os seus caciques. O União Brasil está em vias de fechar um acordo com o MDB, onde poderiam apoiar a pré-candidata Simene Tebet(MDB-MS) à Presidência da República, indicando o vice na chapa. Simone Tebet é uma excelente candidata, sempre muito festejada entre os diversos grêmios partidários. A dissidência tucana também deseja o seu passe.   

Charge! Jean Galvão via Folha de São Paulo

 


Drops político para reflexão: Costeando o alambrado



 "O grande Leonel Brizola, um frasista mordaz, quando queria insinuar que alguém estaria se bandeando para o outro lado - em alguns casos traindo seus princípios - dizia que ele estava costeando o alambrado, numa alusão ao comportamento do gado, que passa a se encostar demasiadamente no alambrado, quando deseja pular a cerca. Ontem, no Brasil e em Pernambuco, o comportamento de alguns políticos sugerem que a premissa do ex-governador gaúcho estaria se confirmando."

José Luiz Gomes, cientista político.   

sábado, 12 de fevereiro de 2022

Editorial: Moro encontra-se com o governador Renato Casagrande

 

Repercutiu bastante, no dia de hoje,um encontro entre o governador do Espírito Santo, Renato Casagrande, do PSB, e o ex-juiz da Lava-Jato - e hoje pré-candidato do Podemos à Presidência da República - Sérgio Moro. Traduzido por ambos como um encontro informal, dentro das regras de convivência civilizada entre um pré-candidato presidencial e um governador de Estado, o fato concreto é que muitos ruídos estão sendo produzidos em torno do assunto. Moro anda realizando um périplo pelo país, onde seria até natural que ale pudesse se encontrar com alguns governadores de Estado, que, independentemente de sua vinculação partidária a este ou àquele partido, mantivesse uma postura republicana. 

Os petistas, no entanto, que estão entabulando com o PSB uma eventual formação de uma federação, estranharam bastante o encontro. O clima, que já não andava bem entre os dois partidos, azedou de vez. Nos burburinhos da política comenta-se que o presidente da legenda socialista, Carlos Siqueira, perdeu de vez sua interlocução com o ex-ministro da Educação, Fernando Haddad(PT-SP), que disputa com Márcio França(PSB-SP), uma eventual indicação para concorrer ao Governo do Estado de São Paulo, depois da formação da federação. 

Gleisi Hoffmann, Presidente Nacional do PT, já antecipou que atitudes como as do governador capixaba seriam inadmissíveis no contexto das negociações em torno da construção de uma federação entre o PT e o PSB. Sinceramente? não conseguimos entender - salvo por mais um desses erros de avaliação - este encontro entre o pré-candidato Sérgio Moro e o governador Renato Casagrande. Sérgio Moro(Podemos) não vive um bom momento. Permanece dentro de patamares estagnados nas pesquisas de intenção de voto; anda às turras com os problemas decorrentes de seus proventos na iniciativa privada, depois de deixar a toga; Seu partido, o Podemos, não tem dinheiro tampouco estrutura para facilitar a vida como pré-candidato. 

Não menciono aqui - e já mencionando - os eventuais desgastes dos constantes convites formulados pelo pré-candidato do PDT, Ciro Gomes, para os debates. Ciro, aliás, também anda com as suas conversas pelo país, mas, a rigor, são conversas que podem ser entendidas como eventuais formação de apoios, como o encontro agendado com o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, do PSD. Ambos os partidos, PDT e PSD andam conversando. Já existe, por exemplo, um entendimento entre as duas legendas no Rio de Janeiro.  

Editorial: As dificuldades de formação da federação entre o PSB e o PT


Um levantamento do Instituto Locomotiva, comentado por Renato Meireles, no site da revista Veja, informa que apenas 1\3 dos eleitores brasileiros podem ser enquadrados entre os estridentes, radicais ou com níveis acentuados de intolerância. São eles os responsáveis pelo esgarçamento do nosso cenário político, em alguns casos, extremamente polarizado. 2\3 são moderados, de convivência civilizada, usam argumentos para defenderem suas posições e costumam falar na hora certa, ou seja, em outubro, nas urnas, de acordo com Renato Meireles. Felizmente, são esses eleitores que devem decidir o pleito presidencial. Este fato não deixa de ser alentador, em meio ao radicalismo que  tornou-se tão comum no nosso campo político nos últimos anos. 

No dia de ontem, partidos de esquerda como o PSB, o PT, o PCdoB e o PV se reuniram com o propósito de formar uma federação para disputar as próximas eleições. A reunião ocorreu num clima de azedume, uma vez que o PT sempre se posiciona de forma hegemônica nessas circunstâncias, criando muitas dificuldades para a construção de algum consenso. Não é de hoje que o partido recebe duras críticas da esquerda em relação a esta postura. Por vezes exageradas, não raro, essas críticas tem alguma procedência. 

Formalmente contornados os problemas em Pernambuco - a julgar pela clima de amenidades que circula nas redes sociais, onde os caciques da legenda aparecem nas fotos ao lado do Deputado Danilo Cabral(PSB-PE) - o maior foco de discórida está em São Paulo, onde o PSB deseja que o ex-governador Márcio França seja o candidato ao Governo do Estado. O PT, por sua vez, não abre mão da candidatura do pupilo de Lula, Fernando Haddad(PT-SP).Márcio França é um político de grandes gestos, mas, desta vez, já afirmou que não abre mão de sua candidatura, algo que foi posto para o PT desde o início do entabulamento das negociações em torno da formação de uma federação entre as legendas. 

Consideramos que, neste caso, quem deve ceder é o PT. Não dá para fazer barba, cabelo e bigode, como deseja Luiz Inácio Lula da Silva, que almeja ocupar os dois Palácios: O Palácio do Planalto e o dos Bandeirantes. O PSB já fez concessões suficientes ao PT. Entendemos que Fernando Haddad(PT-SP)é um fiel escudeiro, tem uma longa ficha de bons serviços prestados ao país, é bem preparado,mas a vez é de Márcio França(PSB-SP). As forças do campo progressista estariam muito bem representadas com ele na administração do Governo de São Paulo. 


sexta-feira, 11 de fevereiro de 2022

Editorial: Pela nova IPESPE, uma luz no fim do túnel para Bolsonaro?


Hoje, dia 11, o IPESPE divulgou uma nova rodada de pesquisa de intenção de voto. A rigor, para um observador menos atento - o que não seria o caso do cientista político pernambucano Antonio Lavareda - a pesquisa não apresentaria grandes novidades, exceto por alguns indicadores, como uma ligeira melhoria na avaliação do Governo de Jair Bolsonaro(PL), além da percepção dos eleitores sobre o rumo da economia. Apesar de ainda incipientes ou residuais, esses números podem deixar o staff de campanha do presidente em festa, uma vez que estanca uma tendência negativa que já perdurava meses. 

Ponderado como sempre, o guru das pesquisas antecipa que ainda é cedo para fazer algum tipo de projeção ou conjectura a esse respeito. Seria preciso que esses indicadores se repetissem nas próximas pesquisas, indicando alguma tendência. A pesquisa, comentada pelo articulista da revista Veja,Matheus Leitão, sugere, igualmente, uma espécie de estagnação da chamada terceira-via. Os índices de rejeição e desaprovação do Governo Bolsonaro ainda são muito altos, praticamente inviabilizando, no momento, um projeto de reeleição, mas estas somente ocorrem em outubro, tempo suficiente para atiçar as expectativas dos concorrentes. 

Nos números frios da intenção de voto, nenhuma novidade. Lula 43%; Bolsonaro 25%; Ciro Gomes 8%; Sérgio Moro 8% e João Dória 3%. O candidato do Avante, o deputado federal André Janones, que aparece com índices bons nas duas últimas pesquisas, não é citado na pesquisa do IPESPE. O governador de São Paulo, João Dória(PSDB-SP), aparece com índices insatisfatórios, ainda dentro de uma performance que não animaria nem o candidato, tampouco a sua agremiação partidária, o PSDB, que já anda em articulações com eventuais outros nomes para a disputa. Se ele deslanchar, seria a maneira mais eficente de estancar tais manobras dos tucanos ainda no ninho, mas que hoje agem como cucos.

Ciro Gomes(PDT-CE), como se sabe, nao consegue achar o seu espaço nesta disputa. Há algum estigma que ele não consegue identificar e, mais que isso, superar. Esforços não tem faltado ao candidato, registre-se, que, aliás, é um concorrente muito bem preparado. Mantém um eleitorado cativo desde outras disputas onde se apresentou como candidato, mas não consegue ultrapassar esses limites. Sérgio Moro(Podemos), por sua vez ainda às turras com as explicações sobre as remunerações recebidas depois que largou a toga. Para complicar ainda mais, o seu partido, o Podemos, não tem estrutura de campanha para oferecer ao candidato.  

Tijolinho: A corrida de obstáculos de Marília Arraes.



Nas coxias da política pernambucana surgiu a especulação de que a Deputada Federal pelo PT, Marília Arraes, seria o pivô da mais recente  discórdia ocorrida na Frente Popular de Pernambuco. Supostamente, o deputado ungido para disputar a cabeça de chapa teria afirmado que o nome da deputada do PT seria uma melhor indicação para concorrer ao Senado Federal ao seu lado, por entender que ela agrega, soma e tem densidade eleitoral. Até aqui tudo bem , não há como discordar de suas afirmações. O grande problema é que Marília tem dificuldades no PT, talvez no conjunto dos partidos que formam a Frente Popular e com a família Campos, em razão das farpas trocadas durante a campanha para a Prefeitura da Cidade do Recife, nas eleições de 2020. 

No PT, a burocracia do partido não permitiria sua viabilidade política, uma vez que o comando da legenda está em mãos de opositores da deputada. No conjunto da Frente Popular -a despeito de partidos alinhados com o presidente Jair Bolsonaro no plano nacional - convém não esquecer que membros dessas agremiações, em circunstãncias especiais - como as eleições de 2020 - emprestaram seu apoio, naquele momento, à candidata, no segundo turno daquelas eleiçoes. Pelo andar da carruagem política, hoje se entende que atores políticos do campo conservador convergiram para Marília em razão do esboço de formação de um conjunto de forças em contraposição à hegemonia socialista na gestão do Estado. 

Pelo crivo da família Campos, no entanto, ela não passaria. É neste cenário que, ontem, pelas redes sociais, começaram as especulações acerca de uma eventual mudança de partido da deputado, com o propósito de compor uma aliança com o PSOL, de olho na formação de uma chapa para disputar o Governo do Estado nas eleições de 2022. O candidato recentemente escolhido pelo PSOL para disputar o Governo do Estado, João Arnaldo, sairia como vice e o Deputado Federal Túlio Gadelha(PDT-PE) concorreria ao Senado Federal. Seja bem-vinda, Marília. Parece não haver outra alternativa no horizonte político pernambucano para transpor essa corrida de obstáculos. 

Editorial: As manobras de Dória. As manobras contra Dória.


Diante das indefinições políticas aqui na província, vamos tratar dos assuntos políticos nacionais, embora tenhamos elaborado um esboço de um editorial sobre a quadra política pernambucana, principalmente sobre o imbróglio que se tornou a definição do nome que deverá disputar o Governo do Estado pela Frente Popular. Quando existia um nome quase fechado, as negociações em torno do assunto refluíram ao estágio de zerado. O PSB, definitivamente, não vive um bom momento. Não precisamos entrar nos detalhes porque o eleitor minimamente informado sabe o que se passa nesses conclaves partidários da Frente Popular, por enquanto, sem o menor sinal de fumaça branca. E mesmo quando ela sair das chaminés do Campo das Princesas, ainda estará turvada, a julgar pelo andar da carruagem política.

No plano nacional as costuras políticas -e as manobras de bastidores, acrescento - estão a todo vapor. As contingências estão obrigando alguns definições do atores políticos que disputarão a cadeira do Palácio do Planalto nas próximas eleições de outubro. O que está ocorrendo com o governador de São Paulo, João Dória(PSDB-SP), constitui-se num bom exemplo dessa nossa assertiva. Dória não enfrenta um bom momento. Seja nas pesquisas de intenção de voto - onde ele não consegue decolar - seja nos bastidores de sua agremiação política, o PSDB, onde existem tucanos de bico fino que ainda não engoliram sua vitória nas prévias e tentam impedir sua candidatura. 

Tentarão esgotar as manobras partidárias previstas no estatuto da agremiação, mas já trabalham com a possibilidade de rearticular o nome do derrotado naquelas prévias, o governador gaúcho, Eduardo Leite(PSDB-RG). Essas articulações incluiriam negociações políticas com o MDB de Simone Tebet(MDB-MS). Sabem os leitores que, ao tratar dessa agremiação política é preciso ser bem específico. Os caciques das oligarquias regionais, por exemplo, estão praticamente fechados com a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva(PT-SP). 

Em sua trincheira paulista, João Dória tenta se defender como pode. Tenta negociar uma aliança com o MDB para esvaziar as manobras dos desafetos da legenda e, por outro lado, passou a bater forte no candidato Lula, talvez com o objetivo de atrair os holofotes - e possivelmente os eleitores anti-Lula - para ele. Antes, seu alvo principal era o presidente Jair Bolsonaro(PL), principalmente em razão do seu capital político adquirido durante a guerra das vacinas. Em relação a Lula, antes, ele apenas acenava para o seu contingente de eleitores mais fiéis, ou seja, a parcela mais empobrecida da população brasileira. Difícil predizer os resultados dessa nova estratégia dos seus marqueteiros antes dos resultados que poderão ser aferidos nas próximas rodadas de pesquisas de intenção de voto.    

Charge! Duke via O Tempo

 


Charge! Benett via Folha de São Paulo

 


quinta-feira, 10 de fevereiro de 2022

Tijolinho: A chapa da Frente Popular.

 


Aos poucos, o axioma de uma raposa da política pernambucana, Marco Maciel, que costumava enfatizar que "Quem tem tempo não tem pressa', vai ficando para trás, diante do quadro de definições políticas que estão se desenhando no horizonte. A própria dinâmica do processo político vai impondo algumas dessas decisões, como, por exemplo, a disputa acirrada que se instaurou no conjunto de partidos que integram a Frente Popular, em Pernambuco, ávidos por indicarem nomes para compor a chapa que deverá disputar as próximas eleições. 

O governador Paulo Câmara(PSB-PE) precisou de muita paciência e capacidade de diálogo para aparar as arestas e costurar os nomes que formarão a chapa. Pelo andar da carruagem política - com um forte componente de articulações no plano nacional - finalmente, nas próximas horas devem estar sendo anunciado esses nomes. A rigor sem muitas surpresas, posto que alguns deles acabam vazando para a imprensa antes do tempo. O Deputado Federal Danilo Cabral, do PSB, deve disputar o Governo do Estado. O Deputado Federal André de Paula, do PSD de Gilberto Kassab, um macielista de carteirinha, entra na disputa na condição de vice. Coube mesmo ao PT indicar a vaga ao Senado Federal e o nome indicado é o de um outro Deputado Federal, Carlos Veras, do PT, fiel escudeiro do senador Humberto Costa(PT-PE). 

Seria complicado fazer algumas considerações mais consistentes neste momento, mas é certo que os socialistas terão muitas dificuldades a superar pela frente, se desejam continuar como inquilinos do Palácio do Campo das Princesas. O desgaste de 16 anos consecutivos de gestão serão confrontados com uma safra de prefeitos novos, bem avaliados em sua respectivas gestões, com muitas chances de se contrapor a esta hegemonia, a despeito de o andor ser carregado por ninguém menos do que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva(PT-SP). 


P.S: do Contexto Político: Por incrível que possa parecer, depois de idas e vindas e intensas negociações políticas, o prego ainda não está batido, tampouco com a ponta virada. De fato, entre os nomes propostos para a composição da possível chapa, o Deputado Danilo Cabral é aquele ator político de maior densidade eleitoral, daí se entender que ele poderia ter sugerido um outro nome para concorrer ao Senado Federal, que não o do Deputado Federal Carlos Vera(PT-PE), o nome indicado pela cúpula do PT. O nome de Marília Arraes(PT-PE), certamente, agrega mais em todos os sentidos. É mulher e possui densidade eleitoral. Por outro lado, não passa na peneira do partido, tampouco receberia o sinal verde da família Campos. Por outro lado, igualmente comenta-se, que ainda existiria gestões no sentido da indicação de um outro nome como cabeça de chapa, mais afinado com o prefeito João Campos(PSB-PE) e setores do PSB local. Diante do exposto, o governador Paulo Câmara, mais uma vez, resolveu adiar o anúncio dos ungidos, tentando aparar as arestas ainda existentes.    

Editorial: Em mais uma pesquisa, Lula consolida liderança com chances de vencer no primeiro turno.


Como afirmamos num dos nossos editoriais, nos últimos dias as movimentações políticas tornaram-se intensas entre os pré-candidatos presidenciais às eleições de outubro. Isso ocorre, naturalmente, em razão de uma conjunção de fatores. Há, por exemplo, entre alguns deles, uma espécie de pelotão do "balão de ensaio" que podem ou não viabilizarem-se como candidatos presidenciais efetivos. Candidatos mesmo, por enquanto, apenas o presidente Jair Bolsonaro(PL), que concorre à reeleição, e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva(PT-SP), que pretende retomar o assento no Palácio do Planalto. 

O ex-juiz da Lava-Jato, Sérgio Moro(Podemos) ostenta uma taxa altíssima de rejeição - principalmente aqui no Nordeste - e o seu partido, o Podemos, não possui a capilaridade política que ele gostaria, facilitando a construção de palanques nos Estados. Anda tão nervoso com os constantes convites de Ciro Gomes(PDT-CE) para os debates que acabou, no dia de ontem, em visita ao Ceará, tropeçando na geografia ao identificar, naquele Estado da Federação, uma região de Agreste. Aquele Estado, depois do belo litoral, possui um castigado Sertão. 

João Dória não decola nas pesquisas e ainda conta com a artilharia pesado do "fogo amigo', ou seja, tucanos de bico fino que rejeitam sua candidatura e retomam o diálogo com o governador gaúcho, Eduardo Leite (PSDB-RS),assediado pelo PSD de Gilberto Kassab, que tenta viabilizar sua candidatura presidencial pela legenda. O próprio MDB - seria melhor especificar parte dele - teria interesse em seu passe, quem sabe para compor uma chapa com a pré-candidata oficial da legenda,a senadora Simone Tebet(MDB-MS). Não nego que poderia ser uma boa parceria. 

Em mais uma pesquisa de intenção de voto, desta vez realizada pelo Instituto Quaest\Genial, e divulgada no dia de ontem, o ex-presidente Lula consolida sua liderança e abre a possibilidade de vencer o pleito ainda no primeiro turno. Lula crava 45% das intenções de voto. Embora essa possibilidade apareça em mais de uma pesquisa, seria precipitado concluir por sua assertiva, uma vez que a campanha pretende ser pesada e estamos apenas no iníciodo jogo. Aliás, legalmente, nem no início. 

Registro aqui, como um fato novo nessas pesquisas, o bom desempenho do pré-candidato do Avante, o Deputado Federal por Minas Gerais, André Janones, cravando 2,2% das intenções de voto. Sua pré-candidatura foi lançada há bem pouco tempo, aqui no Recife. É surpreendente que ele já apareça com os mesmos percentuais do governador paulista João Dória, que governa um Estado como São Paulo e prenuncie sua candidatura desde longas datas. Outro fato curioso é que André, mesmo considerando as margens de erro desses institutos, apresenta o dobro de crescimento em relação a última pesquisa de intenção de voto divulgada.  

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2022

Tijolinho: Bolsonaristas raízes querem tirar o "aconchego" de Anderson Ferreira.


Hoje se sabe que qualquer projeto bolsonarista no Estado de Pernambuco passa pelo Ministro do Turismo, Gilson Machado Neto, um fiel escudeiro do presidente Jair Bolsonaro(PL), que faz questão de prestigiá-lo quando vem aqui na província, a exemplo do dia de ontem, onde esteve no Sertão, acompanhando inauguração de trechos de obras de transposição do Rio São Francisco. A questão é que uma das principais legendas da base governista, o PL, no Estado, é liderado por um jovem prefeito, Anderson Ferreira(PL-PE), que, antes dos arranjos do partido em Brasília - que passou a abrigar o presidente - mantinha intensas articulações políticas com o movimento Levanta Pernambuco, encabeçado pela prefeita do município de Caruaru, Raquel Lyra(PSDB-PE). 

Diante dessas incongruências, Anderson foi chamado à Brasília, mas voltou fortalecido pelo presidente nacional da legenda, Waldemar da Costa Neto, que lhes ofereceu carta branca para assumir qualquer projeto político, desde que em apoio ao projeto de reeleição do presidente Jair Bolsonaro. Mesmo diante de tais circunstâncias, Anderson Ferreira preferiu continuar no aconchego do Levanta Pernambuco, onde, em tese, poderia viabilizar sua candidatura ao Senado Federal ou até mesmo governador, caso ele apareça melhor nas pesquisas de intenção de voto.  

Ocorre que os prazos de definição estão se estreitando e Anderson Ferreira precisa tomar uma decisão com a devida urgência, sob pena de sua cabeça ser pedida pelos bolsonaristas raízes do Estado. O clima não é dos melhores. Nos seus discursos, o presidente Jair Bolsonaro faz questão de fazer referências ao nome do ministro Gilson Machado, empresário e tocador de viola nas horas vagas. O bolsonarismo no Estado tem organizado encontros onde essas questões estão aflorando. A corda está sendo esticada e Anderson Ferreira precisa decidir se puxa de vez ou solta. Não existe outra alternativa.