pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO.
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terça-feira, 7 de novembro de 2023

Editorial: O xadrez político das eleições municipais de 2024 no Recife: Raquel Lira faz os primeiros movimentos no tabuleiro.



 Até recentemente, depois de entabular algumas conversas com caciques do PDT nacional, aventou-se a possibilidade de a governadora Raquel Lyra(PSDB-PE) estar de malas prontas para ingressar na legenda pedestista, do saudoso Leonel Brizola. Uma outra possibilidade seria a de criar as condições políticas adequadas para uma eventual viabilidade da candidatura do Deputado Federal Túlio Gadelha(Rede-PE) para as próximas eleições municipais. Aqui haveria algumas restrições impostas pela Legislação Eleitoral, assim como uma indefinição sobre, de fato, quem seria o nome ungido pelo Palácio do Campo das Princesas para disputar as próximas eleições municipais. A manobra política teria a perspectiva de trazer a governadora para a base de apoio de Lula, assim como adquirir o passe do Deputado Federal Túlio Gadelha para a legenda. As movimentações, segundo se especula, teria o sinal verde do Palácio do Planalto.  

No dia de ontem, numa posição bastante contundente, marcada por um viés ideológico e paroquial, o ex-Deputado Federal Wolney Queiroz, atual Secretário-Executivo do Ministério da Previdência Social, comandado por Carlos Lupi, descartou completamente a possibilidade de a gestora integrar a base pedetista. Há velhas feridas não cicatrizadas entre o grupo Queiroz e o grupo Lyra, produzidas ao longo das disputas políticas travadas no país de Caruaru.  Não seria de todo impossível - afinal, como advertia o ex-governador Paulo Guerra, ao observar que, neste campo não existiria as palavras 'nunca' nem "jamais' - mas vamos precisar de muita vaselina política por aqui. 

Assim como ocorreu com o PSD, o mais provável seria admitirmos que a estratégia da governadora vai no sentido de produzir mais um desfalque na base de sustentação do prefeito João Campos(PSB-PE), que deve disputar a prefeitura e emendar o bigode com a governadora nas eleições estaduais de 2026. A melhor estratégia a ser adotada, considerando-se tal raciocínio, seria a de produzir alguns danos políticos ao gestor do município ainda em 2024, evitando seu agigantamento nas eleições seguintes. Até as pedras do cais do Recife sabe qual é o grande projeto político do prefeito João Campos. 

Assim que assumiu a prefeitura, João passou um período meditando sob a massaranbuda do tempo, esperando, como diza Joaquim Francisco, o que as espumas produzidas pela batida da água sobre as pedras poderiam indicar. O ainda jovem prefeito, foi pego de surpresa com a morte do seu pai, o ex-governador Eduardo Campos. Seria até natural que passasse por tal processo, explicado à luz das teorias psicanalíticas. Como já informamos antes, tomou gosto pela política. Não é improvável que sua namorada,a deputada Federal Tabata Amaral tenha exercido alguma influência sobre isso. 

Hoje ele tem uma avenida política a pavimentar e percorrer pela frente e está disposto a fazer a caminhada. Parecia ter priorizado a periferia emsua gestão, mas os resultados também começam a ser entregues em bairros de classe mádia alta, como Boa Viagem. Sabe-se que existe uma equipe trabalhando exclusivamente no projeto de revitalização do Recife, algo que também precisa ser feito. Além das obras de infraestrutura, políticas sociais importantes, inclusive voltadas para a juventude, também estão em andamento.

Não deve incomodar a João as recentes inquietações manifestadas por um grupo de trabalho do PT, criado com o objetivo de definir as estratégias para as próximas eleições municipais. O grupo sugere que, para a aliança entre o PT e o PSB ser mantida, seria necessário o PT indicar o vice na chapa, condição que, possivelmente, não será aceita por João, que precisa do terreno limpo para as eleições de 2026. Neste caso, a espertise adquirida ao longo dos anos, dá ao prefeito as condições de como manter a situação sob controle. Ele sabe exatamente o que esse grupo do PT deseja.    

Editorial: A batalha ideológica ( e política) do ENEM



Em razão de sua importância e magnitude, o ENEM sempre atrai as polêmicas inevitáveis, contrapondo narrativas entre Governo e Oposição. Já houve um momento em que tais discussões se davam em torno de eventuais fraudes na realização do exame. As investigações mostraram que, de fato, algumas dessas possibilidades de fraudes, infelizmente, acabaram se confirmando. A espertise acumulada ao longo dos anos, por sua vez, como que blindaram essas possibilidades de fraudes. 

Desta vez ainda houve um vazamento suspeito, mas nada além disso. de qualquer forma, o INEP já acionou a Polícia Federal para as investigações de praxe. Curiosamente, agora a briga fica no campo político\ideológico. É dada como certa uma convocação do Ministro da Educação, Camilo Santana, à Comissão Permamnete de Educação e Cultura do Senado Federal, com o objetivo de se pronunciar acerca de algumas questões polêmicas do exame, como uma referência ao agronegócio, por exemplo, bastante explorada nas redes pelas hostes bolsonaristas. 

Diante da política de "demonização" infringida a Paulo Freire, encampada pelas hordas bolsonaristas, não ficaríamos surpresos se Camilo Santana seja instigado a explicar porque o educador pernambucano foi mencionado em questões da prova. O fato, em si, dimensiona o grau de obscurantismo em que estamos metidos depois do tsunami bolsonarista que assolou o país.   

Editorial: A batalha pela meta fiscal.


Se depender do Poder Legislativo, os integrantes do Governo Lula não terão um dia de paz. A Oposição parece ter chegado à conclusão de que, neste momento, a melhor maneira de enfrentar o Governo é o confronto direto. Alguns fatores podem explicar a adoção desta estratégia pela oposição: O sentimento das ruas, onde a oposição ainda conta com um capital político bastante preservado; a proximidade das eleições municipais de 2024, onde eles prometem dar a primeira estocada nos petistas e, finalmente, o próprio desgaste do Governo Lula, após esses dez meses de mandato. 

Não bastassem as questões relacionadas às incertas e temerárias articulações políticas, a questão da meta fiscal pode trazer problemas gigantescos para a gestão do terceiro Governo Lula. Como assinala a coluna do jornalista Cláudio Humberto, no dia de hoje, no limite, pode estrangular o Governo, impondo-se restrições de implementação de políticas públicas, proibição de concessão de reajustes aos servidores, além de impedir novas contratações. Legal e constitucionalmente existe, até mesmo, a possibilidade de um eventual pedido de impeachment.  

E olha que o Governo já tem um concurso em andamento. Os líderes dos Poder Legislativo, Rodrigo Pacheco e Arthur Lira já se pronunciaram sobre a necessidade de se acompanhar a Ministro Fernando Haddad na cruzada para fechar essa conta. A receita é simples, conforme ensinava a economista Tânia Bacelar: Tente gastar mais do que arrecada e você logo saberá o que significa déficit público. O indivíduo entra numa parafuseira financeira sem volta. Pede empréstimo - se ainda tiver crédito-; paga juros altos, comprometendo ainda mais o salário; refinancia o próprio empréstimo e aí não tem mais retorno. 

A economista levantava essa questão há muito anos atrás, durante uma palestra na Fundação Joaquim Nabuco, mas a premissa é a mesma e continua perene. Vinculada à UFPE, a economista trabalhou durante muitos anos na SUDENE e hoje assessora o Consórcio Nordeste, salvo melhor juízo. Numa entrevista recente, quando indagado sobre o assunto da meta fiscal, o presidente Lula desconversou. Não seria possível que Haddad tivesse feito a proposta sem antes ter combinado com o morubixaba petista.  

Editorial: Graciliano Ramos no ENEM.



O INEP recomendou à Polícia Federal que investigasse um suposto vazamento de dados envolvendo a prova do Exame Nacional de Ensino Médio, o ENEM. Pouco tempo depois que a prova de redação começou a ser aplicada, passaram a circular informações nas redes sociais sobre o teor do tema, assim como os textos-guia que tinham como objetivo orientar os alunos na elaboração da redação. Como estamos num clima de muita beligerância entre Governo e Oposição, já se cogita a possibilidade de uma audiência pública do Ministro Camilo Santana na Comissão de Educação da Câmara dos Deputados. 

O exame, depois de sucessivos reveses, vem se aprimorando ao longo dos anos, tornando-se quase imune às eventuais tentativas de fraudes, que já ocorreram no passado. O que intriga, neste caso em particular, é que os alunos não podem utilizar instrumentos eletrônicos que facultem a possibilidade de transmitir tais informações. Encerrada as provas, aí sim, começam a circular nas redes alguns temas abordados, como, por exemplo, o repertório de Jurandir, o saxofonista que interpreta o Bolero de Ravel durante o pôr do sol na praia do Jacaré, em Cabedelo, na Paraíba. Um espetáculo da natureza que atrai milhares de turistas todos os anos. É o momento em que o Rio Paraíba, dos romances de José Lins do Rego, encontra-se com o mar. 

Possivelmente, como um dos granes ícones da nossa literatura regionalista, o alagoano Graciliano Ramos deve ter aparecido por lá, mas não por esse motivo. Graciliano Ramos era muito exigente com a construção dos seus textos. Tão exigente que, em certo momento, sua esposa teria observado que, se ele continuasse cortanto o texto de Vidas Secas não iria sobrar mais nada. Caetés, seu primeiro romance, foi uma obra rejeitado pelo escritor. Sempre considerou o romance uma porcaria, mesmo com as considerações positivas de um crítico literário como Antonio Cândido. Chegou a responder ao crítico, desmerecendo a sua própria obra, minimizando as suas considerações.  

O escritor alagoano comparava o ato de escrever ao tabalho das mulheres lavadeiras dos rios alagoanos, que lavam, enxáguam, batem com as roupas nas pedras, voltam a enxaguar e somente assim se dão por satisfeitas. Ficou extenso e confuso o tema da redação do ENEM deste ano: "Desafios pra o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pelo mulher no Brasil." Certamente, o alagoano faria alguns ajustes por aqui. Não se assustem se as notas da prova de redação sejam ruins este ano.    

Charge! Benett via Folha de São Paulo

 


segunda-feira, 6 de novembro de 2023

Editorial: Paulistanos sem energia elétrica.


Pelo menos enquanto durar o Governo Tarcísio de Freitas, não se aventa a possibilidade de a sanha privatista refluir. É uma ideia fixa. A empresa estatal mais próxima da guilhotina ultraliberal é o colosso da SABESP - Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo - que apresenta bons resultados e se constitui na maior empresa de saneamento básico da Amética Latina. Nem mesmo as experiências recentes  - e traumáticas, registre-se - com trechos de linhas do metrô já privatizadas seria capaz de suscitar alguma reflexão sobre a questão. 

A antiga Companhia de Eletrificação do Estado de São Paulo - a CESP - hoje privatizada, deixou mais de 500 mil paulistas sem eletricidade depois de um acidente provocado por uma árvore que caiu e atingiu a rede elétrica. Isso aconteceu ainda no sábado, criando alguns transtornos até mesmo para a realização das provas do ENEM. Pela previsão, teremos quatro dias para solucionar o problema, o que significa que os mantimentos dos infelizes irão estragar na geladeira. 

Sempre que isso ocorre, volta ao debate a questão da melhoria da qualidade dos serviços prestados depois de uma empresa passar por um processo de privatização. Estamos tratando aqui, naturalmente, de uma grande falácia. Nem o mais renhido privatista teria hoje algum argumento para defender essa tese. Só quem ganha com o processo tem sido a iniciativa privada, que compra o patrimônio público enxuto, dando lucro, por avaliações sempre abaixo do preço de mercado. Por  vezes também os agentes públicos, mancumunadas com tais transações obscuras. A grande prejudicada é a população, como neste caso.   

Editorial: Queda de braços sobre meta fiscal tem a ver com a sucessão de Lula.


Conforme assinalamos em postagem anterior, já existe um torniquete sendo aplicado às despesas que são essenciais para a implementação de políticas públicas identitárias do Governo Lula, como, por exemplo, na área de educação, da pesquisa científica, da defesa e ampliação de direitos de comunidades originárias e quilombolas. Agora ficamos sabendo que o Governo Lula irá criar um órgão exclusivo para fiscalizar a concessão do benefício do Bolsa Família, o que, em tese, significa, objetivamente, mais corte de benefícios. Nada contra as boas intenções de práticas republicanas inseridas em tal projeto, mas, ao final e ao cabo, sabe-se o que isso representará. 

Existem treze estados da federação onde o número de beneficiários do programa superam o de trabalhadores com carteira assinada. Concretamente, sabe-se a importância de tal programa para alguns municípios brasileiros, desde de longas datas. Com a limitação de repasses e cortes regulares dos benefícios do Bolsa Família, talvez possamos entender porque estão circulando tantos vídeos nas redes sociais mostrando situaçãoes preocupantes em feiras livres e comércio pelo interior do país. 

Se depender de uma ala do Governo, a mais ideológica,  a meta fiscal é apenas uma meta, que não pode se constituir em obstáculos às políticas públicas. O Ministro da Economia, Fernando Haddad, enfrenta, neste aspecto, um fogo amigo, segundo dizem, proveniente da Casa Civil. Na raiz da questão fiscal,  está em jogo, na realidade, a sucessão de Lula em 2026. Isso se o morubixaba petista não resolver renovar o contrato de locação do Alvorada. 

Editorial: Em novas revelações, Mauro Cid confirma à Polícia Federal a existência do Gabinete do Ódio e das Milícias Digitais.



Não há mais dúvidas de que o ex-ajudante de ordens da Presidência da República, o tenente-coronel Mauro Cid, resolveu revelar tudo que sabe sobre os "rolos' que envolve o ancien régime. Em cada novo depoimento, novos fatos são revleados sobre os estertores da República das Milícias. Um fio solto amarra-se ali e este editor vai compondo o novelho desse enredo nebuloso que envolveu o aparelhamento da máquina pública durante o último governo, um enredo marcado por perseguições atrozes a todos os indivíduos que poderiam representar algum obstáculo à concretização do projeto em curso, de perfil protofascista e autoritário.  

As instituições republicanas foram comidas pelas entranhas, controlados por atores organicamente vinculados ao tal projeto, utilizando-se de suas funções públicas, remuneradas pelo erário, para vigiar, assediar e perseguir adversários políticos, através de expediente ilegais, como está sendo revelado pelas investigações da ABIN paralela. Quem dera que tal procedimento se limitasse à ABIN paralela. Hoje já é possivel concluir que tal expediente deve ter se espalhado por outras instituições de Estado. Ainda bem que o escalonamento antirrepublicano e antidemocrático foi ligeiramente interrompido. 

Nunca é demais lembrarmos aqui, entretanto, que o bolsonarismo tem estufa na sociedade brasileira. Estamos apenas no começo do seu desmonte. Hoje eles ainda estão bem representados dentro e fora do parlamento. E, para ser mais sincero, até dentro do máquina burocrático do Estado, sob o Governo Lula, como reflexo das negociações com o Centrão, em nome da governabilidade. Como diria o filósofo, dormimos o sono político que produziu o monstro e os seus tentáculos continuam ainda preservados na sociedade brasileira, seja no apoio explícito de alguns grupos sociais, seja no parlamento, seja na burocracia de Estado.  

Editorial: Mais um "erro de procedimento" da Polícia Militar de São Paulo



Circula nas redes sociais mais um daqules vídeos que logo será censurado pela própria plataforma, sob o argumento de conteúdo sensível, onde um servente de pedreiro de São Paulo, Matias Menezes Caviquiole, de 24 anos de idade, é morto depois de alvejado no peito por um agente da Polícia Militar de São Paulo. Logo em seguida, a Assessoria de Comunicação da Polícia Militar de São Paulo deve soltar uma nota, lamentando o fato e informando que estará instaurando algum inquérito interno para apurar as circunstâncias da ocorrência. Em termos de segurança pública, estamos vivendo um momento bastante delicado no país. Segundo alguns observadores, já poderíamos perfeitamente mencionar o termo "crise' ao se referir ao assunto. 

O cidadão aludido acima era pai de uma criança de dois anos, de quem tomava conta sozinho, e estava com as mãos para o alto, desarmado, completamente dominado. No jargão policial, rendido. A reação do policial, neste caso, teria sido desproporcional e desnecesária, uma vez que a situação estava sob controle. Ressalto aqui três questões preocupantes. Os altos índices de letalidade na atuação das corporações policiais militares por todo o país. Outro dia um professor de Ciência Política observou que tal fato ocorre, até mesmo, em estados controlados por forças do campo popular, de esquerda, como é o caso do estado da Bahia, de onde se conclui que as teses alardeadas de respeito aos direitos humanos não encontram ressonância na realidade obervada; Paralelamente a este fato, ocorre, igualmente, um aumento sensível do índice de policiais com problemas psicológicos, em alguns casos cometendo suicídio; outro fator preocupante, sobretudo sob a égide do bolsonarismo, foi a instrumentalização política das polícias militares nos últimos anos. 

A narrativa do "bandido bom é bandido morto" deve ter produzido um efeito extremamente danoso à tropa, sobretudo em alguns estados controlados por atores políticos ligados ao bolsonarismo, onde o lema é reproduzido por agentes públicos que teriam obrigações mais importantes a zelar. É bom que se diga que tal lema não se reproduz apenas nas "bravatas', mas, por exemplo, quando se criam dificuldades para o uso das câmaras que filmam as operações desses policiais em serviço. Desde o primeiro Governo Lula que foi elaborado um grande projeto de segurança pública para o país. Por alguma razão, tal projeto ainda se encontra engavetado.    

Editorial: O Globo publica infográfico sobre a situação do Partido Liberal nas capitais.



Ontem, dia 05, o jornal carioca O Globo publicou uma espécie de infográfico sobre a situção do Partido Liberal nas capitais brasileiras. Os projetos da sigla do ex-presidente Jair Bolsonaro são ambiciosos, mas, como aconselha as raposas políticas, numa democracia representativa, para que qualquer projeto político tenha êxito, antes é preciso combinar com o eleitorado. Não é prematuro afirmar que, hoje, as condições da oposição ao Governo Lula não são das piores, sobretudo se considerarmos as dificuldades políticas e econômicas que o Governo Lula enfrenta. 

Os problemas poderão vir a ser superados até outubro de 2024? Sim e não. Há quem sugira que o Governo Lula está metido numa espiral complicada, de difícil equacionamento, o que favorecerá, ainda mais, a renhida oposição nas eleições municipais do próximo ano. Talvez possamos admitir como possível alguma solução para o problema do déficit público até as eleições. É difícil, mas não de todo improvável, sobretudo se Lula resolver deixar de gastar mais do que arrecada e ouvir mais o seu Ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Segundo alguns interlocutores, neste caso, Lula tem dado mais ouvido ao seu Ministro da Casa Civil, Rui Costa. 

Há aqui um grande dilema, uma vez que fechar as torneiras, embora seja uma medida prudente, também fragiliza politicamente o Governo nas eleições municipais. Do ponto de vista político, mesmo com as inúmeras articulações perpetradas, o governo Lula não terá trégua da oposição. Mesmo com alguns parlamentares e indicados, pragmaticamente, ocupando espaços na máquina, as lideranças de legendas como Progresssitas, Republicanos e União Brasil desejam manter uma distância regulamentar do Governo Lula. O senador Ciro Nogueira, por exemplo, chegou a apostar que o PT não faz um únio prefeito de capital nas próximas eleições. 

O que mais nos chama a atenção nesse infográfico é uma tendência do bolsonarimso à radicalização. Em alguns momentos, a associação orgânica ao nome de Bolsonaro poderia sugerir uma eventual rejeição do eleitorado. Pelos nomes da bolsa de apostas que lideram as indicações pelo país afora, tal premissa está descartada: Alexandre Ramagem, General Girão, Abílio Brunini, Gustavo Gayer, Marcelo Queiroga, Gilson Machado Neto. Um timaço de bolsonaristas roxos. O jornal não traz nenhum informação sobre a performance desses bolsonaristas em suas respectivas praças. Salvo melhor juízo, também deixaram de trazer informações sobre a capital do Ceará, Fortaleza, onde o também bolsonarista raiz, André Fernandes, é candidatíssimo. 

Confirmando ainda mais este alinhamento incondicional ao "mito", segundo pesquisas do Instituto Paraná Pesquisas, a ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro  pode escolher o estado por onde deseja ser senadora da República. Em São Paulo, o próprio jornal especula que os caciques da legenda estariam negociando uma eventual composição de chapa com o atual gestor, Ricardo Nunes, onde a Secretária da Mulher, do Governo Tarcísio de Freitas, Sonaira Fernandes, poderia ser indicada como vice. A ideia é fortalecer ainda mais o identitarismo bolsonarista. Sonaira é aquela mesmo que afirmou que feminismo mata.  

Charge! João Montanaro via Folha de São Paulo

 


domingo, 5 de novembro de 2023

Editorial: Escola do Ceará ganha título de melhor do mundo

 


Já faz algum tempo que o estado do Ceará vem se destacando no campo educacional. Possui o melhor ensino médio do país e os seus alunos recebem medalhas em olimpíadas educacionais internacionais. Arrisco a dizer que talvez seja o ente federado com o maior número de escolas em tempo integral. Até recentemente, se constatou que o estado tem sido um dos que conseguem o melhor desempenho dos exames de um dos vestibulares mais concorridos do país, o do ITA, Instituto Tecnológico da Aeronáutica. O êxito no certame tem sido tão efetivo que, como prêmio, o estado deverá ganhar uma filial do instituto. O anúncio oficial deverá ser comunicado em breve, contando até mesmo com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. 

Em suas redes sociais, o presidente garantiu que só aguarda o retorno de suas novas viagens ao exterior para comunicar oficialmente a decisão. Como já comentamos em outras postagens, os bons resultados colhidos agora integram uma longa jornada em investimentos precisos na educação do estado, período que coincide com a chegada ao poder de um grupo político que reunia, até recentemente, partidos como o PT e o PDT. O grupo controlou o Palácio Redenção por alguns mandatos, criando as condições ideais para a implementação de tais mudanças estruturais nas políticas públicas de educação do estado. 

Agora, vem a cereja do bolo. A Escola de Ensino Médio de Tempo Integral Joaquim Bastos Gonçalves, da cidade de Carnaubal, que fica a 346 km de Fortaleza, ganhou o prêmo de Melhor Escola do Mundo, com o programa "Adote um Estudante", que consisti em atender psicologicamente os estudantes no período pos-pandemia. A iniciativa partiu de um professor de educação física, que percebeu o desconforto psicológico entre os estudantes, impondo-se a necessidade de adoção de alguma medida. Tais estudantes passaram a receber acompanhamento voluntário de psicólogos de todo o país. Parabéns à direção da escola, ao corpo de funcionários e professores e, em particular, ao professor Guilherme Barroso.  

Charge1 Jean Galvão via Folha de São Paulo

 


sábado, 4 de novembro de 2023

Editorial: O aulão de Lula para os candidatos ao ENEM.



O mundo enfrenta uma tragédia huminitária e este fato não deixa de produzir suas consequências. Hoje, repercute bastante uma declaração infeliz de um repórter da emissora do plim plim aprovando atrocidades como as que estão ocorrendo no Oriente Médio, onde a população civil sofre os horrores de uma carnificina provocada pelos bombardeios constantes a alvos civis, atingindo, inclusive, hospitais. Já existe até campanha ensinando como cancelar a assinatura da TV. Em meio a tal turbilhão, a notícia boa é que escolas brasileiras estão fazendo bonito num concurso internacial que escolhe as escolas que se destacam am alguma atividade inovadora no ensino, assim como de expressivo alcance social. 

Não é surpresa que uma escola do estado do Ceará já foi contemplado, o que deve deixar muito feliz o Ministro da Educação, Camilo Santana, assim como sua Secretaria-Executiva, Izolda Cela. Não se colhem resulados na educação da noite para o dia. A grande aliança política naquele estado, que unia PDT e PT, ao longo de gestões bem-sucedidas, foi a grande responsável por mudanças substantivas no processo educacional do estado. Uma pena que filigranas políticas internas - que poderiam ser superadas - estão pondo um fim a tal projeto, abrindo o flanco para o avanço de projetos políticos exóticos, antirrepublicanos, que vicejam no estado desde algum tempo. 

Para descontrair, só mesmo o aulão sobre a jaca, ministrado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que encontrou a fruta numa dessas andanças pelos jardins do Palácio do Alvorada. Amanhã, milhares de estudantes estarão se submetendo aos exames do ENEM. O presidente aproveitou a oportunidade para desejar boa sorte a esses estudantes. Encejamos os mesmos votos através do blog.   

Editorial: Uma pontual declaração anti-humanitária.


Qual o lado certo da História em relação ao conflito no Oriente Médio, envolvendo o Estado de Israel e o grupo radical Hamas? Possivelmente, alguém que está lendo esta postagem já pode está nos criticando por não termos adejetivado o grupo Hamas como um grupo terrorista, assim como o Governo Lula vem sendo duramente criticado pelos bolsonaristas pelas mesmas razões. Há até quem insinue que tal posicinamento do Governo Brasileiro esteja prejudicando a expatriação de brasileiros das zonas de conflito. De fato, o Hamas é um grupo terrorista e não representa, necessariamente, o melhor do interesse da causas palestina na região. A Autoridade Palestina, do ponto de vista diplomático, neste caso, é um interlocutor em melhores condições.  

Conforme já antecipamos em outras postagens, existe, claramente, uma guerra de narrativas em torno do conflito. Há, inclusive, um index com os jornalistas "queimados' por um lado ou pelo outro. Se tais discussões se mantém dentro de níveis civilizados - embora isso nem sempre seja possível - são sempre bem-vindas. O complicado é quando essas posições se configuram como algo que pode perfeitamente ser enquadrado como postura anticivilizada e anti-humanitária, como vem procedendo um conhecido jornalista da emissora do plim plim. Não é a primeira vez que o tal jornalista sobe ao topo dos trending topics twitter por divulgar coisas insanas. 

Aliás, tal emissora contribui com um número expressivo de jornalistas que podem ser enquadrados com este perfil. Alguém defender, em cadeia nacional, o bomabardeio perpetrado pelo Exército de Israel contra um comboio de ambulâncias que transportavam doentes para serem tratados num hospital no Egito é um pouco demais. Está feia a coisa porque já circula a informação de que o Governo de Israel teria conhecimento de que integrantes do Hamas estariam ocupando, como quartel-general, um hospital na Faixa de Gaza. Nem os civis doentes e internados escapam dessa carnificina humana. Que horror!  

Charge! Marília Marz via Folha de São Paulo

 


sexta-feira, 3 de novembro de 2023

Editorial: Pacheco suspende indicação de nomes para o Superior Tribunal de Justiça.




As rusgas entre os Três Poderes da República estão longe de uma trégua. Mesmo depois de aprovados, o Presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco, suspendeu o envio dos nomes dos indicados para homologação ao STJ, por suspeita de favorecimento de Daniele Teixeira. O presidente da Casa também instituiu uma comissão para investigar tais suspeitas de favorecimento perpetrada pelo Governo Luiz Inácio Lula da Silva. Neste momento, o Legislativo impõe um torniquete ao Executivo, criando embaraços para destravar pautas e até mesmo quando se trata de simples indicações de nomes para a ocupação de espaço na burocracia de Estado. 

Em tais circunstâncias, como afirmamos antes, se as coisas se mantiverem em tal diapasão, talvez Lula tenha que pedir uma indicação do Centrão para o STF. Um nome que não seja palatável pela Casa - como é o caso do Ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino - teria poucas chances de passar pela sabatina. Um momento delicado para o Governo Lula, porque, associado ao problema institucional, os problemas de natureza econômica já estão bastante evidentes, até mesmo entre os pares do Executivo, que não se entendem sobre o cumprimento da meta fiscal. 

É visível o desconforto do Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ao tratar deste assunto. Embora pessimista, do ponto de vista político, talvez tivesse sido mais prudente que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva endossasse a tese do seu pupilo sobre zerar o déficit em 2024. Setores da imprensa, sobretudo aqueles que não coadunam com o Governo, apreveitaram a deixa para alardear que que Lula gosta mesmo é de estuporar, como se diz aqui no Nordeste, quando o indivíduo gasta sem preocupações com o dia de amanhã. 
 

Charge! Jaguar via Folha de São Paulo

 


quinta-feira, 2 de novembro de 2023

Editorial: Buraco negro é um termo racista? Ou o excesso de identitarismo.



Repercute bastante uma afirmação da Ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, classificando o termo "buraco negro' como sendo um termo com conotaççoes racistas. Nada contra o identitarismo, mas todo o excesso não é bem-vindo. Tomamos um cuidado enorme aqui pelo blog para não incorrer no politicamente incorreto e tornar-se alvo dos inevitáveis patrulhamentos. Há um amigo que afirma que estamos ficando  parecidos com robôs, perdendo completamente a espontaneidade, numa busca frenética pelos termos mais corretos para se referir a determinadas situações do cotidiano. Este amigo, numa reunião de condomínio foi enxotado por utilizar o termo "samba do crioulo doido', ao se referir aos constantes problemas relativos ao elevador do prédio onde reside. 

Usar o termo "esclarecer" também não fica bem, ao sugerir que tudo que não está bem claro é remetido à raça negra. O índex dos termos politicamente incorretos é grande e só tende a aumentar, engrossando o dicionário das ofensas que poderiam ser enquedradas como de cunho racista. O termo "meia tigeja', utilizado quando desejávamos nos referir à meia pataca ou algo sem muita importância, entrou no index porque tem sua origem etimológica relacionada às minas de exploração de ouro de Vila Rica e, por conseguinte, à raça negra. Os escravos tinham uma meta de recolhimento de ouro a cumprir. Quanto não conseguiam atingir a meta, também não recebiam a refeição completa, tendo que se contentar com a meia-tigela. Neste caso, até os dicionários Aurélios precisam ser revistos.  

Outro dia precisamos fazer uma alteração num texto de um romance - que já estava no prelo - por recomendação dos editores. Não usamos o adjetivo "gordo", o que poderia ser enquadrado como  gordofobia, mas, numa digressão livre da literatura, informamos que o cidadão precisava usar os dois assentos do coletivo que utilizava. Até autores consagrados da nossa literatura estão sendo submetidos a tais intervenções em suas obras, nessa onda de um identitarismo exacerbado, que só contribui para desacreditar seus objetivos nobres iniciais.  

Editorial: As entranhas milicianas que chegaram à capital federal.



Está se tornando bastante complicado viver num país como o Brasil, onde as práticas criminosas ou delituosas estão adentrando, perigosamente, as entranhas do aparelho de Estado, em alguns casos, mancumunadas com os próprios agentes públicos. Em tais circunstâncias, os indivíduos perdem os seus referências republicanos, tornando o senso de justiça um conceito bastante abstrato. Soubemos recentemente que as Forças Armadas está empreendendo um grande esforço de investigação para entender o mecanismo que envolveu aquelas 25 metralhadoras roubadas do seu arsenal, uma operação de logística extremamente complexa. De antemão, pode-se antecipar que há algo de muito errado, que depõe contra a segurança do aparelho de Estado.  

Há uma série de publicações tratando sobre como se deu a ascensão das milícias, desde a zona leste do Rio de Janeiro até à capital federal, no bojo de um ex-governo sabidamente ligado ao crime organizado. O bolsonarismo quarda uma relação orgânica com grupos milicianos, principalmente em seu berço político, o estado do Rio de Janeiro. Há alguns anos,a revista Piauí publicou uma longa matária abordando a origem das milícias naquele estado da federação. Algo que começou como uma simples associação de moradores transformou-se num monstro que ameaça a própria estrutura do aparelho de Estado. No estado do Rio de Janeiro, o poder não está com um cidadão eleito pelo sufrágio do voto popular, mas nas mãos do crime organizado, o que se constitui numa aberração republicana. 

A carteira de negócios desses milicianos é extensa e, a cada dia, nos surpreendem mais. Além de água, aluguel, transporte, serviços de internet, surgiu a informação - ainda não confirmada, mas nada improvável - de que eles também controlam os quiosques da Barra da Tijuca, onde os médicos foram assassinados num erro de execução. A expressão: "Pague e não haverá violência"  é o exemplo mais acabado da falência das instituições em enfrentar o problema. 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que já havia informado que não editaria uma GLO, acabou voltando atrás diante das contingências impostas. Está autorizando a atuação das Forças Armadas junto a portos e aeroportos do Rio de Janeiro. Com maior ou menor proporção já se pode dizer que tais milicias estão espalhadas por todo o país, envolvendo agentes públicos que vendem, irregularmente, serviços a comerciantes entre outros clientes. Pior: na condiççao de agentes públicos, o que é mais grave, pois põem a estrutura do aparelho de estado à serviço não da sociedade, mas daqueles que poem pagar pelos seus serviços. 

A ABIN paralea talvez seja, no momento, o exemplo mais bem acabado do que signicaria a consolidação de tal projeto miliciano no âmbito federal, numa metástase que, inexoravelmente, deve ter se espalhado para outras instituições federais. Como se diz aqui no Nordeste, estamos num mato sem cachorro. Para assegurar um mínimo de governabilidade, o Governo Lula abre espaço na máquina para agentes sem espírito público, em alguns casos comprometidos até a medula com o ancien regime. Isso tem um preço: o comprometimento de políticas públicas numa ponta. Na outra, eventuais malversações de recursos públicos. 

Por outro lado, a irresponsabilidade fiscal já está produzindo seus efeitos danosos, comprometendo políticas públicas essenciais, fortalecendo o Estado em ações que realmente poderiam minimizar a violência e assegurar o respeito aos direitos humanos. É emblemático como se se observam cortes de verbas para as pesquisas, políticas em defesa de comunidades indígenas e quilombolas, recomposição salarial de servidores e afins. Para o Estado ainda resta a alternativa, não muito aconselhável, da emissão de moedas e aumento de impostos. Para o cidadão comum, o efeito disso é mais nefasto. Mais uma liderança quilombola foi assassinada, desta vez no estado do Maranhão.       

Charge! Benett via Folha de São Paulo

 


quarta-feira, 1 de novembro de 2023

Editorial: Braga Netto fica inelegível por 08 anos e o bolsonarismo aposta em Ramagem no Rio de Janeiro.


Depois do próprio Bolsonaro, agora é a vez do seu vice, Braga Netto, ficar inelegível pelos próximos oito anos. Vamos ser francos por aqui. A direita bolsonarista continua com o seu capital político preservado, algo que poderá ser inferido nas eleições municipais de 2024, onde eles estão preprando seus concorrentes às prefeituras de todo o país. Em São Paulo, deve sair com Ricardo Salles, em Fortaleza, com André Fernandes, no Recife com o ex-Ministro do Turismo, Gilson Machado, que obteve uma excelente votação para o Senado Federal nas eleições passadas. O bolsonarismo é forte em Pernambuco, mas derrotar o atual prefeito, João Campos(PSB-PE), não será tarefa fácil para ninguém. O filho do ex-governador Eduardo Campos, como se diz aqui no Nordeste, tomou gosto pela coisa. É fortíssimo candidato à reeleição.  

Para o Rio de Janeiro, um dos redutos mais emplumados do bolsonarismo, o objetivo inicial seria o nome do ex-candidato a vice na chapa presidencial governista de 2022, o general Braga Netto. No dia de ontem, o STE jogou uma pá de cal em tais aspirações, decretando a inelegilidade de Braga Netto por oito anos. Em tais circunstâncias, as coxias indicam que o staff bolsonarista estaria trabalhando o nome do Deputado Federal Alexandre Ramagem, um bolsonarista raiz. Diferentemente de São Paulo, onde o PT já bateu o martelo sobre a candidatura de Guilherme Boulos, são poucas as informações sobre o cenário governista no Rio de Janeiro. Os problemas do partido naquela praça são de longas datas. 

E, por falar em pré-candidaturas, a informação dos bastiodres de Brasília é que há setores do PT bastante preocupados com as movimentações políticas do vice, Geraldo Alckmin(PSB-SP). Dez meses depois, já seria possível cogitarmos aqui o fim da lua de mel entre o neosocialista e o PT? Não seria de todo improvável. O PSB não digeriu muito bem a minirreforma ministerial, onde o companheiro Márcio França foi apeado do Ministério de Portos e Aeroportos.    

Editorial: Ainda os grampos ilegais da ABIN paralela.



Manter um rígido controle sobre os sistemas de bisbilhotagem dos indivíduos, mesmo num regime de governo ainda democrático, numa sociedade como a nossa, é bastante complicado. Conforme vaticinava o ex-Deputado Federal Pedro Aleixo, durante os dias sombrios do AI-5, é preciso tomar bastante cuidado com o guarda da esquina, que, investido de uma farda ou de uma função sai por ai cometendo inúmeros desmandos ou infringindo normas específicas, inerentes ao cargo que ocupa, por vezes, sob a complacência dos seus superiores. No momento ainda estranha que apenas os peixes miúdos tenham sido atingidos, sendo exonerados imeditamente pela Casa Civil da Presidência da República. Ao que se sabe, a exoneração saiu de forma imediato porque, a rigor, os agentes já poderiam ter sido demitidos desde março, consoante inquérito administrativo que estava em andamento. 

Os peixes graúdos, conforme se noticia hoje pela imprensa, ocupavam o topo da hierarquia do órgão. Um deles é delegado da Polícia Federal, hoje no parlamento, ligadíssimo ao bolsonarismo. O digníssimo chegou a ser indicado à Presidência do órgão, sendo vetado pelo Supremo Tribunal Federal, alimentando as rusgas, então já existentes, entre o Executivo e o Judiciário durante o Governo Bolsonaro. Pelo andar da carruagem política, os grampos ilegais atingiram uma proporção gigantesca. Haviam milhares de pessoas grampeadas, consoantes os critérios estabelecidos pelos arapongas, bem ao estilo daquele infiltrado nos movimentos sociais de 2013, que recomendou tomar cuidado com um tal de Karl Marx, indivíduo bastante perigoso. Olha o perigo que representa esses "guardas da esquina', conforme advertia Pedro Aleixo. 

Os desdobramento virão por aí, uma vez que havia muita gente sendo grampeada, inclusive membros da Suprema Corte. Vamos aguardar os rumos das investigações encetadas pela Polícia Federal, que está responsável pelo caso. Os tentáculos de um modelo de Estado de exceção já havia atingidos vários órgãos da República. Afirmamos isso por entender, desde algum tempo, que havia algum objetivo subjetivo em ampliar a rede de instituições que passaram a compor o sistema de informações do país. Durante o Governo Bolsoanro o número desses órgãos foi ampliado sensivelmente. Fica de olho, PT.     

Charge! Leandro Assis e Triscila Oliveira

 


terça-feira, 31 de outubro de 2023

Editorial: Como zerar um déficit de 93 bilhões nas contas públicas do país?



A julgar pelos desentendimentos em torno do assunto, é fácil concluir que o próprio Governo não formou um consenso em torno do assunto. O Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sempre tão sereno, acabou perdendo a esportiva com uma repórter recentemente, depois de uma pergunta nada discreta em torno do assunto. A temperatura no Planalto está em combustão quando o assunto é zerar o déficit público. Aqui, alguns questõe precisam ser ditas: a) Ninguém é mágico e não é com alquimias que se resolve o problema. Quem gasta acima do que recebe sabe o que isso significa, como advertia a economista Tânia Bacelar, há muito anos atrás, durante uma palestra na Fundação Joaquim Nabuco; b) De boas intenções, assim como no inferno, o Planalto está cheio; c) A irresponsabilidade fiscal, infelizmente, tornou-se um expediente absolutamente necessário para manter alguns programas sociais. Fernando Haddad está corretíssimo quando acena para a necessidade de se conter tal sangria, tranquilizando o mercado. Está no seu papel.  

Por outro lado, o presidente Lula está certo ao concluir que o otimismo do seu pupilo é exagerado, diante das dificuldades de se resolver o problema em tão curto prazo. Não pe tão simples assim. Para completar o enredo nebuloso, no próximo ano teremos eleições municipais e o Centrão já está de pires na mão cobrando mais liberações de verbas para os comandados do senhor Arthur Lira. Lira trabalha para manter o controle de sua sucessão e assegurar que seus apoiadores adubem suas bases políticas nos estados. 

Há quem acredite, como é o caso do ex-candidato à presidência Ciro Gomes(PDT-CE), que será difícil fechar essa conta. É uma opinião abalizada, que não pode ser desprezada. 

Editorial: A cada novo depoimento, Mauro Cid complica a vida de Bolsonaro.



Há quem observe que o acordo firmado entre o ex-ajudante de ordens da Presidência da República, Mauro Cid, não pode ser configurado como uma delação, mas uma colaboração premiada. Independentemente das designações, o fato é que o ex-ajudante de ordens está colaborando enormemente com a Polícia Federal. Não se sabe qual será o fim desse enredo, uma vez que a defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro, sequer, tem se pronunciado em torno do assunto. A cada novo depoimento do tenente-coronel Mauro Cid, no entanto, a situaççao apenas se complica ainda mais para o ex-presidente. Como se diz aqui no Nordeste, tudo indica que o rolo é grande. Vai desde as bijouterias das Arábias até participação em tentativa de golpe de Estado, passando pela falsificação de cartões de visita. 

A última informação envolvendo esta coloboração premiada diz respeito ao fato de o ex-presidente, segundo o ajudante de ordens, ter recomendado acobertar no Palácio do Alvorado, pessoas ligadas a ele, procuradas pela Polícia Federal, como o blogueiro Osvaldo  Eustáquio. Se juntar as peças das investigações conduzidas pela Polícia Federal com as conclusões do relatório produzido pela CPMI dos Atos Antidemocráticos do 08 de janeiro, aí sim, as coisas parecem se complicar bastante para o ex-Presidente da República. Já existe, inclusive, uma deliberação do STF no sentido de juntar o relatório da CPMI às peças dos inquéritos que correm na Suprema Corte.

Como as coisas estão muito complicadas neste país, melhor nunca apostar completamente nas tomadas de decisões da PGR no sentido ratificar o indiciamento de alguns atores envolvidos nas tessituras que culminaram com os atos antidemocráticos do dia 08 de janeiro, principalmente depois que foi divulgada a informação de que setores militares estariam fazendo gestões para atenuar a participação de alguns membros da tropa naqueles episódios.   

Charge! Benett via Folha de São Paulo

 


segunda-feira, 30 de outubro de 2023

Editorial: Onde Arthur Lira e Ciro Nogueira divergem sobre o Governo Lula?



É preciso, realmente, fazer uma esforço maior para entender onde, de fato, o Presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira(PP-AL), e o senador Ciro Nogueira(PP-PI), Presidente Nacional do Progressistas, divergem sobre o Governo Lula. Se tentarmos a via ideológica, não chegaremos a lugar algum. Estaremos irremediavelmente perdidos. Enfatiza-se bastante o fato de o senador Ciro Nogueira resistir ao processo de cooptação de parlamentares ora implantado pelo staff de articulação do Governo Lula, enquanto Lira parece acenar positivamente, como quem diz: Me coopte, meu filho!. 

Na realidade, as coisas não funcionam bem assim. Quanto mais o Governo Lula cede, mas o Centrão amplia seu apetite por cargos e verbas, o que não se traduz, necessariamente, num compromisso de apoio efetivo ao Governo. Apesar dos espaços ocupados, estamos longe de afirmar que o Presidente da Câmara dos Deputados apoia o Governo Lula. Em alguns momentos, ele mesmo faz questão de deixar isso bem claro. Ciro está onde sempre esteve, afirmando que só deseja conversa com o petista em 2026, por ocasião das eleições presidenciais. 

A rigor, nenhum deles está com o Governo Lula, como poderia sugerir o canal de diálogo entre o Governo e o Presidente da Câmara dos Deputados. O que ocorre é que os arranjos políticos internos à Câmara dos Deputados impõem demandas bem mais complexas ao senhor Arthur Lira. Apostar numa oposição cerrada ao Governo Lula, por outro lado, cacifica Ciro Nogueira junto aos pares, no momento, de punhos fechados contra o Governo. Até bem pouco tempo, as únicas preocupações de Lula com a indicação do nome para o STF dizia respeito às questões de gênero e coisas assim. Hoje, ele precisa considerar a possibilidade de uma rejeição do nome pelo Centrão. Flávio Dino, por exemplo, não sobrevive à sabatina do Senado Federal. Se continuarmos assim, logo Lula irá pedir ao Centrão sugestão sobre  o nome a ser indicado para o STF.  

Editorial: O racha do PDT no estado do Ceará.

 


Está bastante complicada a situação do PDT no estado do Ceará. No plano estadual, o senador Cid Gomes(PDT-CE), juntamente com o seu grupo político, propõe um realinhamento com o PT local, do governador Elmano de Freitas(PT-CE), que passa pelo comando do diretório da legenda no estado, já de olho nas proximas eleições municipais. A manobra precisaria contar, no entanto, com o aval da ala do partido controlado pelo seu irmão, Ciro Gomes(PDT-CE). Um poço até aqui de mágoas com o PT, Ciro Gomes, candidato à Presidência da República, nas eleições presidenciais passadas, não suporta nem ouvir falar em tal hipótese. 

No último encontro promovido pela legenda no estado, os Ferreira Gomes quase foram às vias de fato, segundo divulgado pela imprensa. Foram salvos pelo gongo da turma do deixa disso. A bem da verdade, as ranhuras não são recentes. Elas se arrastam desde as eleições estaduais passadas,quando, contrariando as expectativas, o PDT lançou o nome de Roberto Cláudio para concorrer com Elmano de Freitas. A aliança entre as legendas poderiam ter sido mantidas se o PDT endossasse a candidadura de Izolda Cela, então filiada ao PDT, que contava com o sinal verde do grupo hegemônico do PT local. Cela era vice de Camilo Santana, que havia renunciado para habilitar-se como candidato ao Senado Federal. Ambos, hoje, estão abrigados no MEC. 

Ciro, literalmente, chutou o pau da barraca, inviabilizando as articulações em curso. Ao lado do capital político de Camilo Santana, com uma gestão muito bem-avaliada, a eleição de Izolda Cela era favas contadas. Diante dos novos fatos, Izolda desligou-se do PDT e o PT precisou se arranjar com o nome do então Deputado Estadual Elmano Freitas, que encontrou enormes dificuldades de se afirmar no início da campanha. Reverteu a situaççao muito em função do prestígio de Camilo Santana, que arregaçou as mangas da camisa e entrou de corpo e alma na campanha.  

Charge! João Montanaro via Folha de São Paulo