O INEP recomendou à Polícia Federal que investigasse um suposto vazamento de dados envolvendo a prova do Exame Nacional de Ensino Médio, o ENEM. Pouco tempo depois que a prova de redação começou a ser aplicada, passaram a circular informações nas redes sociais sobre o teor do tema, assim como os textos-guia que tinham como objetivo orientar os alunos na elaboração da redação. Como estamos num clima de muita beligerância entre Governo e Oposição, já se cogita a possibilidade de uma audiência pública do Ministro Camilo Santana na Comissão de Educação da Câmara dos Deputados.
O exame, depois de sucessivos reveses, vem se aprimorando ao longo dos anos, tornando-se quase imune às eventuais tentativas de fraudes, que já ocorreram no passado. O que intriga, neste caso em particular, é que os alunos não podem utilizar instrumentos eletrônicos que facultem a possibilidade de transmitir tais informações. Encerrada as provas, aí sim, começam a circular nas redes alguns temas abordados, como, por exemplo, o repertório de Jurandir, o saxofonista que interpreta o Bolero de Ravel durante o pôr do sol na praia do Jacaré, em Cabedelo, na Paraíba. Um espetáculo da natureza que atrai milhares de turistas todos os anos. É o momento em que o Rio Paraíba, dos romances de José Lins do Rego, encontra-se com o mar.
Possivelmente, como um dos granes ícones da nossa literatura regionalista, o alagoano Graciliano Ramos deve ter aparecido por lá, mas não por esse motivo. Graciliano Ramos era muito exigente com a construção dos seus textos. Tão exigente que, em certo momento, sua esposa teria observado que, se ele continuasse cortanto o texto de Vidas Secas não iria sobrar mais nada. Caetés, seu primeiro romance, foi uma obra rejeitado pelo escritor. Sempre considerou o romance uma porcaria, mesmo com as considerações positivas de um crítico literário como Antonio Cândido. Chegou a responder ao crítico, desmerecendo a sua própria obra, minimizando as suas considerações.
O escritor alagoano comparava o ato de escrever ao tabalho das mulheres lavadeiras dos rios alagoanos, que lavam, enxáguam, batem com as roupas nas pedras, voltam a enxaguar e somente assim se dão por satisfeitas. Ficou extenso e confuso o tema da redação do ENEM deste ano: "Desafios pra o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pelo mulher no Brasil." Certamente, o alagoano faria alguns ajustes por aqui. Não se assustem se as notas da prova de redação sejam ruins este ano.
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