É preciso, realmente, fazer uma esforço maior para entender onde, de fato, o Presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira(PP-AL), e o senador Ciro Nogueira(PP-PI), Presidente Nacional do Progressistas, divergem sobre o Governo Lula. Se tentarmos a via ideológica, não chegaremos a lugar algum. Estaremos irremediavelmente perdidos. Enfatiza-se bastante o fato de o senador Ciro Nogueira resistir ao processo de cooptação de parlamentares ora implantado pelo staff de articulação do Governo Lula, enquanto Lira parece acenar positivamente, como quem diz: Me coopte, meu filho!.
Na realidade, as coisas não funcionam bem assim. Quanto mais o Governo Lula cede, mas o Centrão amplia seu apetite por cargos e verbas, o que não se traduz, necessariamente, num compromisso de apoio efetivo ao Governo. Apesar dos espaços ocupados, estamos longe de afirmar que o Presidente da Câmara dos Deputados apoia o Governo Lula. Em alguns momentos, ele mesmo faz questão de deixar isso bem claro. Ciro está onde sempre esteve, afirmando que só deseja conversa com o petista em 2026, por ocasião das eleições presidenciais.
A rigor, nenhum deles está com o Governo Lula, como poderia sugerir o canal de diálogo entre o Governo e o Presidente da Câmara dos Deputados. O que ocorre é que os arranjos políticos internos à Câmara dos Deputados impõem demandas bem mais complexas ao senhor Arthur Lira. Apostar numa oposição cerrada ao Governo Lula, por outro lado, cacifica Ciro Nogueira junto aos pares, no momento, de punhos fechados contra o Governo. Até bem pouco tempo, as únicas preocupações de Lula com a indicação do nome para o STF dizia respeito às questões de gênero e coisas assim. Hoje, ele precisa considerar a possibilidade de uma rejeição do nome pelo Centrão. Flávio Dino, por exemplo, não sobrevive à sabatina do Senado Federal. Se continuarmos assim, logo Lula irá pedir ao Centrão sugestão sobre o nome a ser indicado para o STF.
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