Uma passada de olhos pelas redes sociais do Governo e já é possível observar as digitais do marqueteiro Sidônio Palmeira, homem forte da comunicação institucional do Planalto, nas inserções ali divulgadas. Sidônio tem uma missão complicada pela frente, ou seja, a de reverter uma situação de revés que o Governo enfrenta nas redes sociais, hegemonizadas pela oposição, principalmente a bolsonarista. O time recebeu o reforço - em caráter de empréstimo temporário, conforme insinua uma revista de circulação semanal - da equipe de mídia do político pernambucano, prefeito do Recife, João Campos. Entre os políticos afinados com o Planalto, certamente João é aquele que conta com maior desenvoltura nas mídias sociais.
Salvo melhor juízo, antes mesmo de assumir o cargo, Sidônio já havia demonstrado interesse em conhecer melhor as estratégias utilizadas pelo socialista. Hoje, dia 29, há um espaço enorme ocupado pelo presidente Lula em relação a um momento pretérito, quando ele esteve numa comunidade quilombola do Maranhão, concedendo titulação de posse das terras ocupadas. Seu Jerônimo já é uma pessoa idosa, mora numa casa de pau a pique, numa condição de dificuldades financeiras. Lula aproveita o momento para tornar-se companheiro do seu Jerônimo, informar que já morou numa casa assim em outros tempos. Tudo isso faz parte de uma narrativa que o marqueteiro sugere que pretende explorar daqui para frente, talvez com o objetivo de estancar a sangria que o petista enfrenta neste momento, traduzida na queda de seus índices de popularidade no Nordeste e entre a população mais pobre, o que se constitui numa tragédia política, uma vez que esta região e esse segmento do eleitorado, historicamente, sempre esteve mais próximo do petismo.
Existem muitas Alcântaras. Esta é a Alcântara de Seu Jerônimo, negro, possivelmente de família de escravizados, refugiado nas matas da ilha, organizados em comunidades quilombolas, enfrentando os capitães do mato de ontem e os jagunços de hoje. Conhecemos a cidade\ilha por duas ocasiões, sempre em missões funcionais. Ali travamos contatos com comunidades quilombolas, conhecemos os impactos ambientais e políticos produzidos pela instalação da Base de Lançamento de Foguetes, as agruras vividas pela pessoal das agrovilas, depois de transferidas de suas terras originárias. Ali também existia no passado uma Alcântara de uma elite produtora de cana-de-açúcar, que explorava o trabalho escravo, que construiu edificações opulentas, com eira, beira e tribeiras para receber o imperador Dom Pedro II, que nunca apareceu na cidade.
É a uma ilha marcada pela presença forte de rituais de religiões de matriz africana, de referências históricas importantes e ainda preservadas, como um dos poucos pelourinho tradicional, utilizado para açoitar os negros rebeldes no passado. Mas, enfim, a despeito da lula permanente entre capital e trabalho na ilha, as lembranças são boas, principalmente as gastronômicas. Ali comemos um inesquecível arroz de cuxá, feito com arroz, vinagreira, camarão seco e farinha de mandioca seca. Uma delícia, principalmente quando acompanhado de um suco de cupuaçu.
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