pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO. : Editorial: A insustentável leveza de Fernando Haddad.
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sábado, 18 de janeiro de 2025

Editorial: A insustentável leveza de Fernando Haddad.



A princípio, cogita-se algumas possibilidades para Lula ter nomeado Fernando Haddad o seu Ministro da Fazenda. Possivelmente arrumar a casa no tocante à economia e, assim, fortalecê-lo para as eleições presidenciais seguintes, já que, em princípio, seu nome seria o melhor ranqueado entre os eventuais ungidos pelo morubixaba petista. Mas, a rigor, Lula iniciou o Governo navegando num terreno pantanoso, carregado de obstáculos, atolado em areia movediça, onde, quanto mais o sujeito se mexe, mas afunda. Crise institucional instaurada, inclusive com ameaça de golpe. 

Em tais circunstâncias, não podemos falar de um bom começo. Venceu uma eleição onde a oposição fez maioria parlamentar, não aceitou o resultado do jogo e fustiga o governo em todos os campos. Nas ruas, nas redes sociais, no parlamento. Em alguns casos, com o apoio de parte da mídia. Eles estão azeitadíssimos dentro e fora do país. O vídeo do Nikolas Ferreira atingiu mais de 300 milhões de visualizações. Dizem que contou com o apoio inestimável - e não subestimável - daquele tal do algoritmo de uma dessas redes sociais, que não vamos mencionarmos por aqui para não melindrar, colocando mais lenha na fogueira. Estamos mais para bombeiros do que para incendiários. O fato é que o percentual de pessoas que viram o vídeo é superior à população brasileira. 

Soube agora que se cogitam, até mesmo, eventuais mobilizações de rua já no sentido de pedir o impeachment do presidente Lula. Como a História se repete, seja como farsa ou como tragédia - até recentemente a população de São Paulo protestou contra o aumento da tarifa de transporte público, assim como ocorreu naquelas mobilizações de 2013, que começaram assim, mas foi aprisionado pelo extrema direita e culminou, três anos depois, com o afastamento da presidente Dilma Rousseff da Presidência da República. A economia é uma das áreas que não vão bem no Governo Lula3. Há outras áreas que também não vão bem, mas como dizia o economista Roberto Campos, o bolso é a parte mais sensível do ser humano. 

Haddad sofre o assédio do fogo amigo para efetivar o seu programa de ajuste fiscal, cortando gastos, o que significa briga feia com alguns segmentos da legenda; aprovou-se um pacote cheio de remendos - sempre favorecendo os mais aquinhoados, como no caso dos supersalários- e, agora, a infelicidade do anúncio de controle do Estado sobre as movimentações com Pix, o que fortaleceu a oposição e deixou a população enfurecida. Na realidade a revolta da população foi insuflada pela propagação das famigeradas fake news, um expediente amplamente utilizado pela extrema direita. O Governo voltou atrás sobre a medida, mas existe a ressaca da impopularidade, que deve ser aferida nas próximas pesquisas de avaliação de gestão. Segundo um levantamento do Instituto  Quaest, um percentual expressivo da população sequer sabe que o Governo revogou a medida, o que é muito sério. 

Num clima como este, não estranha que o ministro tenha perdido a esportiva e dito algo fora do script formal - como se diz por ali, perdeu a esportiva - suscitando as reações do outro lado. Tanto o Flávio Bolsonaro quanto o Jair Bolsonaro estão entrando na justiça contra o ministro. O desgaste é grande. Ele já anunciou que não pretende ser candidato em 2026. Não deve ter sido apenas para esfriar os ânimos e as especulações em torno do assunto. O plano inicial, que seria o de fortalecê-lo como eventual candidato presidencial do partido, no momento em que Lula pendurasse as chuteiras, sugere-se que não está dando certo. 

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