O furto ou roubo de celulares, geralmente, não estava no escopo das atividades do crime organizado até recentemente. Era algo relacionado a marginais avulsos, que depois os utilizavam para praticar outros crimes a partir das informações obtidas com o aparelho, além de comercializá-los através das lojas clandestinas de conserto e vendas desses celulares ou peças, como aquelas existentes na Cracolândia, em São Paulo, recentemente desbaratadas pela polícia. Um processo muito semelhante à atuação de alguns ferros velhos, que acabam comercializando peças de automóveis ou motos roubadas, depois dos desmontes. Recentemente ficamos sabendo que o crime já passa a integrar o cardápio das atividades de grupos organizado em algumas praças do país. Na realidade, como eles atuam no roubo de cargas, eventualmente essas cargas podem conter carregamento de aparelhos celulares. A novidade aqui é a atuação no varejo, possibilidade que surgiu a partir do trágico latrocínio de um jovem ciclista numa rua de um bairro de São Paulo, fato que atingiu repercussão nacional.
Sob alguns aspectos, esses aparelhos, que representam alguns avanços incontestáveis de tecnologia de comunicação - há algum tempo deixaram de ser apenas isso - estão representando um verdadeiro problema para o sistema emocional e educacional dos jovens. Já existem alguns estudos sérios apontando os danos psicológicos, educacionais e sociais para a juventude. Grampeados e periciados, por outro lado, eles são hoje peças importantes em inquéritos policiais, investigações criminais e coisas do gênero. Assim, eles estão se tornando um verdadeiro tormento para os atores que estiveram no epicentro da trama golpistas mais recente ocorrida no país.
Mesmo quando as mensagens são apagadas, algumas delas permanecem e podem ser extraídas dos aparelhos, comprometendo seus autores. No curso das investigações da PF, as vozes do golpe estão jogando luzes sobre as "tratativas autoritárias" daqueles que tramavam contra as nossas instituições democráticas. Soubemos recentemente que o Estado pretende reconhecer a atitude corajosa, honrada, de respeito à Constituição dos então Comandantes do Exército e da Aeronáutica. Justo o reconhecimento. Pelas declarações do tenente-coronel Mauro Cid, no curso das investigações sobre a trama golpista, a não adesão desses dois comandantes foi de fundamental importância para a não materialização de mais uma aventura golpista no país.
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