pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO.
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segunda-feira, 3 de fevereiro de 2025

Editorial: Lula venceria todos os opositores se as eleições fossem hoje.



O nosso cenário político está cada dia mais confuso. Estávamos assistindo recentemente um documentário sobre o ex-governador Leonel Brizola. Estamos cada vez mais convencidos de que o político gaúcho foi o melhor presidente que nunca tivemos. Explica-se porque o sistema temia tanto o caudilho. Era um político de convicções, autênticas, daqueles que não fazem média com o status quo. Suas gestões foram marcadas pelo compromisso de oferecer educação de qualidade aos alunos que dependiam da rede pública de ensino. O arranjo político o deixou de fora do jogo. O mesmo ocorreu com o ex-governador do Ceará, Ciro Gomes, por sinal um pedetista, de passagem limpa pela vida pública, profundo conhecedor dos nossos problemas, e que também mereceria uma chance. 

Hoje o cenário está repleto de políticos oportunistas; empresários temerários - que não têm programa, mas utilizam métodos sórdidos -; representantes de grupos milicianos, financiados pelo crime organizado e até cantores, que nunca se envolveram com política antes, evidenciado que, de fato, estamos mal. Apesar dos escores preocupantes de popularidade, o presidente Lula venceria todos os concorrentes se as eleições presidenciais fossem hoje, contrariando as previsões do presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab. Vamos ser francos por aqui. O Governo Lula3 não vai bem. Ontem, em editorial, até recomendamos ao presidente passar o bastão para outro companheiro. 

Essas pesquisas precisam de uma análise mais efetiva. Se quisermos reproduzir o próprio Lula, as eleições são daqui a dois anos. Até lá muita água há de correr no rio eleitoral. Com a reforma ministerial recente o Governo Lula3 perdeu uma chance de, quem sabe, injetar sangue novo na equipe, cercando-se de pessoas competentes tecnicamente, capazes de enfrentar as turbulências que se apresentam em praticamente todas as áreas. Sidônio Palmeira assume com a missão de retirar o presidente de sua redoma, ou seja, ele vai precisar se expor cada vez mais, assumindo o protagonismo da narrativa política, hoje hegemonizada pela oposição. Em determinado momento, ele vai precisar dessas entregas para mostrar para a população. 

Editorial: A dança das cadeiras na Esplanada dos Ministérios.



O presidente deve encontrar-se hoje, dia 03, com os novos presidentes da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, e do Senado Federal, Davi Alcolumbre. Lula deverá tratar das mudanças ministeriais que estão em curso, assim como das pautas prioritárias de interesse do Governo, que deverão ser apreciadas pelo Legislativo. A dança das cadeiras ministeriais envolve um jogo eminentemente político. Pena que o Governo Lula3 perca uma chance - talvez a última- de imprimir um sangue novo e eficiente ao seu terceiro mandato, adotando o critério técnico nessas escolhas. O encaminhamento é de natureza tão política que cogita-se que os antigos dirigentes do Senado, Rodrigo Pacheco, e da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, devam ocupar espaços na Esplanada dos Ministérios, como se especulava desde o início das discussões em torno dessa reforma. 

O desenho da reforma já está montado, mas convém aguardar o anúncio oficial. O Ministério da Defesa, por exemplo, é uma dessas incógnitas, uma vez que Lula tentará convencer o pernambucano José Múcio a permanecer no cargo. Na avaliação de Lula José Múcio tem feito um bom trabalho na pasta. Trata-se de um pacificador. José Múcio, por outro lado, considera que sua missão já teria sido cumprida e pretende permanecer mais tempo com a família. Não seria uma tarefa simples encontrar alguém com o perfil de José Múcio para indicar ao cargo. O sujeito também precisa ser bem aceito pela caserna. José Múcio não tinha arestas.

Outra mudança, essa talvez mais emblemática, é a substituição de Nísia Trindade no Ministério da Saúde.  Cogita-se a indicação de Alexandre Padilha para o cargo, função que já exerceu em governo anterior. Padilha poderia ser substituído por José Guimarães, do PT do Ceará, o que deixaria o caminho livre para Edinho Silva assumir a direção nacional do PT. Gleisi Hoffmann, que defende o nome de José Guimarães para a direção do PT, deverá assumir a Secretaria Geral da Presidência. Aqui Lula sugere ter dado uma força de amigo ao companheiro Edinho Silva. Limpou o terreno. 

Charge! Renato Aroeira via Facebook.

 


domingo, 2 de fevereiro de 2025

Editorial: Quer um conselho, Lula? Vá descansar.



Declarações do próprio Lula, antes mesmo de vencer as eleições presidenciais de 2022, já indicavam que ele pretendia descansar depois de concluído este terceiro mandato. Hoje lemos uma longa matéria no portal UOL a respeito do comportamento do presidente, que já não seria o mesmo dos mandatos anteriores. Hoje Lula prefere ficar mais reservado, evitando os contatos e articulações constantes com a base política de apoio e até mesmo da oposição, fato que ocorria com maior frequência no passado. Os churrascos já foram mais regulares no passado. E olha que não é por falta de picanha. 

O morubixaba tem chegado atrasado nas narrativas, onde deixou de ser o protagonista, o que o novo homem forte da comunicação do Planalto, Sidônio Palmeira, estaria tentando corrigir. O que ocorre, segundo os observadores, é que Lula já não tem aqueles interlocutores de outros tempos, capazes de dizer algumas verdades ao líder, algo que ele pudesse refletir a respeito, quiçá, reorientando algumas ações. José Dirceu cumpria bem este papel em tempos idos. Lula costumava ouvi-lo e considerava suas ponderações. Jaques Wagner hoje ainda mantém esta ascendência sobre Lula, mas está muito aquém do que já representou Dirceu no passado. 

Assim, Lula ficou meio que isolado, tomando decisões retardadas, como esta última em relação ao Pix, onde o próprio Sidônio preferia que ele tivesse feito o pronunciamento voltando atrás na medida, algo que acabou não ocorrendo, depois dos danos produzidos pela iniciativa da oposição. Lula já está com 79 e chega um momento em que a melhor coisa a fazer e se recolher aos aposentos. Estamos vivendo um momento muito cruel, onde predomina a mentira, o ódio e a barbárie. É inominável o que ocorreu com um torcedor do Sport Clube, aqui no Recife, espancado e vandalizado pelos torcedores do Santa Cruz. Quer um conselho? Vá descansar, Lula.    

Crônicas do Cotidiano: O massacre de Cuieira.



Não é incomum escritores não se sentirem plenamente satisfeitos com suas obras. Este comportamento é até positivo, na medida em que implica conceber o ato de escrever como um processo de aperfeiçoamento permanente. Grandes nomes da literatura podem ser elencados nesta categoria, a exemplo de Ernest Hemingway, Franz Kafka, Robert Walser. Este último, internado contra a sua vontade num hospital para tratamento de pessoas com transtornos nervosos, simplesmente se recusava a escrever. Quando instigado sobre o assunto, dizia que estava ali para ser louco. Alguns sugerem que Kafka não tinha realmente a intenção de queimar os seus livros, conforme recomendara ao seu amigo e biógrafo, Max Brod.  Se fosse esta realmente a sua intenção ele mesmo se encarregaria de atirar os livros na fogueira. 

No Brasil, há o caso emblemático do alagoano Graciliano Ramos, que nunca se sentiu plenamente satisfeito com o resultado do seu primeiro romance Caetés. Num desses momentos de fúria, o velho Graça até tentou se desfazer do único original do texto, recolhido às pressas por sua esposa, Rachel que Queiroz e Jorge Amado.  Quando escrevíamos o Menino de Vila Operária, nosso primeiro romance, já no término do texto, lembramos do massacre de Cuieira, ocorrido na cidade de Igarassu, perpetrado por uma autoridade policial de Abreu e Lima, que pertencia à época ao distrito de Paulista. O Massacre de Cuieira, como ficou conhecido o episódio, é um fato emblemático sobre as atrocidades cometidas contra as comunidades quilombolas e as religiões de matriz africana em Pernambuco, duramente perseguidas durante a vigência da Ditadura do Estado Novo. 

Fizemos uma ginástica danada para retomar o assunto, inventando um jogo de futebol do nosso glorioso Monte Castelo Futebol Clube e um time de várzea local, comandado por um líder comunitário que, durante a preleção nos fez referência a História da comunidade, hoje uma comunidade ribeirinha, que sobrevive da pesca e da agricultura de subsistência. Vencemos o jogo por 2x0, com dois golaços do Nego Tom, um craque de bola, simbolicamente proveniente de família descendente de escravizados de Palmares, na Zona da Mata Sul de Pernambucana. 

Nego Tom chegou à Vila Operária esquálido, com a barriga cheia de verminoses. Tratado com as garrafadas de Seu Severino e o leite das vacas de Dona Tile, logo ele estava arrasando nas peladas de final de tarde com os moleques locais. Jogava um bolão e tornou-se o nosso centroavante, praticamente jogando pelo time todo. Orgulhava a este editor dá os passes magistrais que, na pequena área, ele transformava em gols memoráveis. Numa dessas ocasiões, num jogo simbólico sobre todos os sentidos, entre o time da Vila Operária e o time da Companhia, numa inesquecível tarde de domingo, aplicamos uma goleadas de 4x0 no time da oligarquia industrial, resolvendo o conflito de classe dentro de campo. Na segunda-feira, a Vila amanheceu em festa. Ninguém foi trabalhar. 

Barbaridades inomináveis foram praticadas contra a Comunidade de Cuieira à época, sob um regime autoritário, com absoluta licenciosidade concedidas aos guardas de esquina. O que nos fez recordar deste assunto foi uma matéria\denúncia de entidades de terreiros do estado de Pernambuco, queixando-se de violações do direito sagrado de liberdade de práticas religiosas, numa afronta à Constituição Federal. Esperamos que as denúncias sejam rigorosamente apuradas, os responsáveis identificados e punidos. 


Editorial: Cenas de selvageria em Pernambuco.



Pernambuco amanhece hoje ocupando o primeiro lugar no Trending Topics da rede X. Uma pena que não seja por um motivo que possa nos orgulhar. O ranking foi obtido pela repercussão negativa das cenas de selvageria registradas no dia de ontem, que antecederam ao clássico entre o Santa Cruz e o Sport Clube. Antes do jogo, facções organizadas de ambas as torcidas - e assim que esses grupos estão sendo tratados nos redes sociais - se enfrentaram, promovendo um espetáculo deprimente. Já suspeitávamos que nos últimos anos descemos alguns degraus na escala civilizatória. O que ocorreu no dia de ontem apenas confirmam essas nossas suspeitas. Salvo melhor juízo, um dos torcedores do time adversário, depois de brutalmente espancado, foi vandalizado. Vários deles ainda estão internados sob cuidados médicos no Hospital da Restauração. 

Ao longo desses últimos anos enfrentamos uma erosão do edifício democrático, republicano e civilizatório. Alguns apontam essa polarização política como sendo um dos fatores que podem explicar este fenômeno. Não é improvável, num ambiente onde a mentira ou fake news passou a ser utilizada como arma política e  o ódio dá suporte a essas manifestações, ou seja, os adversários ou opositores passaram a ser tratados como inimigos que devem ser exterminados física ou simbolicamente. Lá atrás o sociólogo jamaicano, Stuart Hall, já advertia que os binômios são perniciosos, uma vez que a batalha só termina quando um dos polos destrói o outro. O ambiente social e político tornou-se turvo, cinzento, nublado, suscetível a essas ocorrências. 

Um outro fato observado é que ocorreram falhas clamorosas das instituições e do aparelho de Estado. Aliás, o aparelho de Estado, ao longo desses anos, vem perdendo a sua autoridade, posto que enlameados por práticas corruptas, corrompido pelo crime organizado e pelos grupos milicianos. O Estado tem se mostrado impotente para combatê-los, em função da conivência, infelizmente cada vez mais expressiva, de seus agentes. Esse debate não se aplica apenas ao Estado de Pernambuco. É um fenômeno mais generalizado, que envolve os grandes magnatas, as big techs  e a economia da atração. O aparelho de Estado foi aprisionado por esses grupos e hoje materializam seus interesses através dos prepostos eleitos com o seu dinheiro. Mundialmente, já sentimos os efeitos dos comandos que estão sendo dados ao Tio Sam. Aquela mesa repletas de decretos inseridos nas pastas pretas é de arrepiar.  

Charge! Jean Galvão via Folha de São Paulo.

 


Charge! Renato Aroeira via Facebook.

 


sexta-feira, 31 de janeiro de 2025

Charge! Renato Aroeira via Facebook.

 


Charge! Cláudio Mor via Folha de São Paulo.

 


Editorial: Critérios políticos e não técnicos na reforma ministerial.



Estávamos a pouco analisando as eventuais mudanças que deverão ocorrer na Esplanada dos Ministérios, depois de concretizada a reforma ministerial que se avizinha no Governo Lula3. Não vamos aqui entrar nos detalhes - novamente para não melindrar -mas, a julgar pelo andar da carruagem política, estamos diante de uma reforma ministerial que tende a priorizar os critérios de acomodação política em detrimento do desempenho técnico dos ocupantes das pastas. Setores do PT já sinalizaram para Lula a necessidade de considerar essa questão, sobretudo num momento como este, de profundas dificuldades políticas, onde o Governo precisa mostrar serviços, fazer as entregas a população. Lula talvez esteja diante de sua última oportunidade de imprimir uma guinada positiva em seu Governo. 

Não há mágicas por aqui. O próprio Lula reconhece a necessidade de realizar uma colheitas de resultados satisfatórios. É preciso fazer o diagnóstico preciso da situação. O critério politico não pode ser desprezado em função dessa famigerada necessidade de apoios políticos, mesmo que temerários e fluídos, como tem sido. 37 deputados da base aliada já endossaram a assinatura do mais recente pedido de impeachment do presidente Lula. Por outro lado, é preciso negociar com os partidos a indicação de nomes que possam, efetivamente, dar uma contribuição eficiente às suas pastas. Há problemas de gestão, por exemplo, na Saúde, no Meio Ambiente. 

Por outro lado, os problemas na área de segurança pública são eminentemente políticos. A oposição resolveu cravar uma investida sem trégua para desgastar o Governo nesta área, já como projeto das eleições presidenciais de 2026. Não há motivação técnica para substituir o titular da pasta, Ricardo Lewandowski. O mais preocupante é quando se especula sobre os nomes que poderiam substituí-lo no Ministério da Justiça.  

Editorial: Quando serão mesmo as entregas de Lula?



No dia de ontem, 3o, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sob os olhares atentos do novo homem forte da comunicação do Planalto, Sidônio Palmeira, concedeu uma longa entrevista a jornalistas especialmente convidados, dentro daquilo que se convencionou chamar de entrevista controlada. Esta foi mais controlada ainda, uma vez que o formato já atende as diretrizes emanadas pela nova SECOM. A entrevista foi tão controlada que o próprio Lula, ao final, sugeriu que os jornalistas foram muito tolerantes e que deveriam tomar uma bronca de seus editores quando voltassem às redações dos jornais. Lula sugeriu que gostaria de ter sido apertado, talvez com aquelas perguntas impertinentes, difíceis de serem respondidas. 

Como ainda são recentes as declarações duras do Presidente Nacional do PSD, Gilberto Kassab, Lula aproveitou a oportuni dade para sair em defesa do seu Ministro da Fazenda Fernando Haddad, tratado como fraco pelo cacique do partido, que, aliás, em tese, é um aliado. Mesmo diante de incontestáveis dificuldades e incertezas pela frente, Lula voltou a falar sobre o momento da colheita. A colheita já foi prometida em 2024 e, a rigor, a safra não foi das melhores. Suspeitamos que elas deverão ocorrer somente em 2026, ano eleitoral, ainda com otimismo. Entramos em 2025 com enormes dificuldades políticas e econômicas para o Governo Lula3. Esbanjar otimismo faz parte do jogo, mas, intimamente, o presidente não deve desconhecer as dificuldades da safra.  

No dia de ontem, um desses grandes jornais sugerem que o núcleo duro petista está sendo fortalecido, caso se confirme mesmo a indicação do nome da presidente da legenda, Gleisi Hoffmann, para a Secretaria-Geral da Presidência, a porta de entrada do Palácio do Planalto. O cargo é uma espécie de Chefia de Gabinete, filtrando demandas, priorizando audiências, entre outras prerrogativas. É verdade. Lula tem dado indicação que de que seguirá integrado internamente àquele PT mais autêntico, raiz, orientado ideologicamente. Animal político, externamente ele pode até sinalizar noutra direção, mas, internamente convém não abandonar a companheirada forjada ainda na luta sindical.  

quinta-feira, 30 de janeiro de 2025

Editorial: O vazamento do depoimento de Mauro Cid.

 



Algumas práticas se tornaram preocupantemente recorrentes no país, como os assédios institucionalizados nas repartições públicas, sob os olhares omissos - e até incentivadores - dos gestores, que teriam, por motivações éticas e dever de ofício - impedi-los. Isso começa pelos anos de 2013, quando se inicia um processo de erosão de princípios éticos na condução da coisa pública e, lamentavelmente permaneceram sob a égide de governos de corte progressista, mas que não reuniram as condições políticas para, efetivamente, proceder sua interrupção. Não que tais fatos não ocorressem antes, mas nunca foram tão recorrentes como no período demarcado acima. O diagnóstico mais cabal de tal processo de politização ou relativização dos princípios éticos é a conclusão de que a companheirada está imune, enquanto os bolsonaristas são necessariamente culpados. 

Hoje não há dúvidas de que aqueles vazamentos de áudios seletivos com o objetivo de comprometer o Governo da Presidente Dilma Rousseff contaram, possivelmente, com a negligência - vamos usar o termo para não melindrar - de agentes do Estado. A polêmica da vez diz respeito ao vazamento do áudio de um dos depoimentos do tenente-coronel Mauro Cid, no curso de sua delação premiada. Sabe-se lá como esses áudios chegaram às redações de jornais e a uma emissora de televisão. Salvo melhor juízo, isto não está sendo investigado. O vazamento causou indignação entre os atores que são citados e, agora, é a defesa do militar que está sugerindo que o fato seja investigado. 

O próprio Mauro Cid é quem afirma que, em nenhum momento, utilizou a palavra "golpe". Coisas estranhas passaram a ocorrer no país. Único delator confesso sobre as tessituras envolvendo uma tentativa de golpe de Estado no país, não é a primeira vez  - e possivelmente não será a última - que tais depoimentos causam polêmicas. O depoimento do militar é crucial para as investigações encetadas pela Polícia Federal.  

Editorial: As verdades ditas por Gilberto Kassab.


Gilberto Kassab, Presidente Nacional do PSD, é hoje um dos atores políticos mais relevantes do cenário político nacional. Possivelmente por ocupar tal condição, quando ele fala as pessoas tendem a ouvi-lo e considerar os seus posicionamentos. Num encontro recente com empresários, o super secretário do Governo de São Paulo afirmou duas verdades sobre o terceiro Governo Lula. A primeira diz respeito à falta de comando na condução da política econômica. Teríamos um ministro da Fazenda sem autonomia, fraco, o que se constitui num grave problema. Outra verdade externada pelo Presidente Nacional do PSD é que o Governo Lula vai mal e o morubixaba petista não seria reeleito se as eleições fossem hoje. 

Essas discussões e conclusões já estão presentes em vários segmentos da legenda petista. Gilberto Kassab externa aquilo que, internamente, setores do partido já haviam diagnosticado. Conforme já antecipamos por aqui, Lula tenta se reerguer atolado num pântano de areia movediça. Os movimentos erráticos apenas agravam os seus pesadelos, como esta infeliz ideia de monitorar as movimentações com Pix. Analistas isentos já se pronunciaram de forma pessimista em relação à possibilidade de uma reação positiva do Governo. Ameaça de inflação; popularidade em queda livre; juros na estratosfera; oposição solta no picadeiro; dificuldades em áreas estratégicas, como comunicação e articulação política; perda de capilaridade política em regiões como o Nordeste e entre eleitores de estratos sociais mais fragilizados; derrotas eleitorais sucessivas, como nas eleições de 2022 e 2024. O ambiente está turvo. 

No dia de ontem um jornalista estava enaltecendo os conhecimentos políticos da raposa Gilberto Kassab. Em seu bunker político no Palácio dos Bandeirantes ele seria capaz de fazer previsões políticos para todas as praças do país, afirmando, por exemplo, quantos parlamentares este ou aquele partido seria capaz de eleger em praças como o Maranhão ou o Acre. Kassab não é de direita ou de esquerda. Adota a máxima de que não se pode estar tão próximo que não possa se afastar, assim como não se pode estar tão distante que impeça uma aproximação. Na expectativa de aguardar o momento de Tarcísio de Freitas - dizem que apenas em 2030 - ele se concentra em alavancar a candidatura do governador Ratinho Junior, do seu partido, em 2026. Se Lula sair do atoleiro em que está metido, Kassab muda de posição no tabuleiro do xadrez político. Kassab não é do tipo de político que pula no mar para o abraço dos afogados. Simples assim.  

Charge! Laerte via Folha de São Paulo

 


quarta-feira, 29 de janeiro de 2025

Crônicas do Cotidiano: A Alcântara de seu Jerônimo.


Uma passada de olhos pelas redes sociais do Governo e já é possível observar as digitais do marqueteiro Sidônio Palmeira, homem forte da comunicação institucional do Planalto, nas inserções ali divulgadas. Sidônio tem uma missão complicada pela frente, ou seja, a de reverter uma situação de revés que o Governo enfrenta nas redes sociais, hegemonizadas pela oposição, principalmente a bolsonarista. O time recebeu o reforço - em caráter de empréstimo temporário, conforme insinua uma revista de circulação semanal - da equipe de mídia do político pernambucano, prefeito do Recife, João Campos. Entre os políticos afinados com o Planalto, certamente João é aquele que conta com maior desenvoltura nas mídias sociais. 

Salvo melhor juízo, antes mesmo de assumir o cargo, Sidônio já havia demonstrado interesse em conhecer melhor as estratégias utilizadas pelo socialista. Hoje, dia 29, há um espaço enorme ocupado pelo presidente Lula em relação a um momento pretérito, quando ele esteve numa comunidade quilombola do Maranhão, concedendo titulação de posse das terras ocupadas. Seu Jerônimo já é uma pessoa idosa, mora numa casa de pau a pique, numa condição de dificuldades financeiras. Lula aproveita o momento para tornar-se companheiro do seu Jerônimo, informar que já morou numa casa assim em outros tempos. Tudo isso faz parte de uma narrativa que o marqueteiro sugere que pretende explorar daqui para frente, talvez com o objetivo de estancar a sangria que o petista enfrenta neste momento, traduzida na queda de seus índices de popularidade no Nordeste e entre a população mais pobre, o que se constitui numa tragédia política, uma vez que esta região e esse segmento do eleitorado, historicamente, sempre esteve mais próximo do petismo. 

Existem muitas Alcântaras. Esta é a Alcântara de Seu Jerônimo, negro, possivelmente de família de escravizados, refugiado nas matas da ilha, organizados em comunidades quilombolas, enfrentando os capitães do mato de ontem e os jagunços de hoje. Conhecemos a cidade\ilha por duas ocasiões, sempre em missões funcionais. Ali travamos contatos com comunidades quilombolas, conhecemos os impactos ambientais e políticos produzidos pela instalação da Base de Lançamento de Foguetes, as agruras vividas pela pessoal das agrovilas, depois de transferidas de suas terras originárias. Ali também existia no passado uma Alcântara de uma elite produtora de cana-de-açúcar, que explorava o trabalho escravo, que construiu edificações opulentas, com eira, beira e tribeiras para receber o imperador Dom Pedro II, que nunca apareceu na cidade. 

É a uma ilha marcada pela presença forte de rituais de religiões de matriz africana, de referências históricas importantes e ainda preservadas, como um dos poucos pelourinho tradicional, utilizado para açoitar os negros rebeldes no passado. Mas, enfim, a despeito da lula permanente entre capital e trabalho na ilha, as lembranças são boas, principalmente as gastronômicas. Ali comemos um inesquecível arroz de cuxá, feito com arroz, vinagreira, camarão seco e farinha de mandioca seca. Uma delícia, principalmente quando acompanhado de um suco de cupuaçu. 

Charge! Renato Aroeira via Facebook.

 


Editorial: O pedido de impeachment de Lula.


O pedido de impeachment do presidente Lula, encetado por iniciativa de um deputado do PL, já conta com 117 assinaturas. O motivo seria as eventuais manobras orçamentárias das verbas usadas no programa Pé-de-Meia, interditado pelo Tribunal de Contas da União. Os parlamentares de oposição, sob o argumento de que o orçamento do programa não havia sido aprovado previamente, asseguram que o Governo Lula3 estaria incidindo nos mesmos equívocos atribuídos a ex-presidente Dilma Rousseff, as famosas pedaladas fiscais. Embora a situação política do Governo não seja das melhores, em tese, trata-se de mais um daqueles pedidos que acabarão sendo engavetados. 

O que preocupa neste caso específico, no entanto, é a forte adesão de parlamentares de partidos da base aliada, com assento na Esplanada dos Ministérios, como o MDB, o União Brasil, o PSD, Progressistas e Republicanos. Pelo andar da carruagem política, não há arranjo político que se viabilize por aqui. O Planalto tem feito um esforço enorme para assegurar um mínimo de governabilidade. Há ministros enredados que o Governo poupa apenas para não melindrar os padrinhos dos partidos que os indicaram. A conta não bate, uma vez que 37 parlamentares desses partidos resolveram, sem qualquer constrangimento, aderir ao pedido de impeachment encampado pela oposição bolsonarista.

Estamos tratando aqui de uma governabilidade sensivelmente temerária. O conceito de presidencialismo de coalizão, antes usado para definir tal situação, hoje, nem de longe, consegue explicar esta situação. Os cientista políticos terão que se debruçarem sobre o tema com o objetivo de conceituar o que ocorre nesses dias bicudos. Se, antes, esse pedidos de impeachment não passavam de manobras protocolares, hoje, no entanto, o Governo Lula3 precisa colocar as barbas de molho, diante dessa conjuntura política adversa. Comunicação institucional deficiente, popularidade em queda livre, musculatura política da oposição, perspectivas não muito alvissareiras pela frente.  


Editorial: Uma reforma ministerial que considere o desempenho dos ministros.



Uma das grandes conclusões dos brasileiros que desaprovam o Governo Lula3, conforme checagem da pesquisa realizada pelo Instituto Quaest Genial, é que o Governo não está entregando o que prometera em campanha. A essa altura do campeonato, o próprio Lula reconhece este fato, quando admite que é preciso plantar e que a hora da colheita é daqui para frente. O Governo Lula3 está precisando mesmo de uma boa safra, capaz de reduzir o preço de alguns produtos agrícolas nas gôndolas dos supermercados; entregar obras estruturantes; ampliar as políticas públicas destinadas aos mais fragilizados socialmente, criando a marca deste terceiro Governo; aparar ou minimizar as arestas com a oposição; criar a capilaridade política necessária para tornar-se competitivo ao pleito presidencial de 2026, de preferência evitando novos deslizes, como a proposta de monitorar as operações com Pix, que deve ter produzido uma erosão de imagem e desconfianças na população.  

Como se sabe, a lista desta colheita é enorme, incapaz de ser concluída com um simples editorial. Neste momento, o Governo está envolto com enormes dificuldades. Já se prenuncia, por exemplo, eventual novo aumento de combustível, o que pode ampliar ainda mais a combustão política. Neste contexto, preocupa as movimentações em torno da reforma ministerial que deverá ser anunciada nos próximos dias. Sugere-se que a discussão está sendo conduzida de forma eminentemente política, quando os critérios técnicos precisam ser necessariamente considerados, sobretudo numa conjuntura onde a população exige o cumprimento de promessas de campanha. Há alguns ministros com desempenho sofrível, quando não enredados em problemas de irregularidades em suas pastas. 

Aos poucos, as nuvens da reforma ministerial vão se pronunciando no horizonte da Esplanada dos Ministérios. José Múcio Monteiro deve deixar o cargo, em razão de problemas pessoais. Vários nomes estão sendo cotados para substituí-lo, inclusive uma mulher, o que seria inusitado naquela pasta. Uma mulher e civil. Cátia Abreu está  entre as cotadas. Gleisi Hoffmann, que deixa a direção nacional do PT, deve assumir uma pasta palaciana, ficando mais próxima de Lula. Alexandre Padilha deve deixar a Articulação Institucional e assumir o Ministério da Saúde ou da Defesa. Em conversas com o presidente Lula, o prefeito do Recife, João Campos, que assume a direção nacional do PSB em maio, teria solicitado manter a participação do partido na Esplanada dos Ministérios.  

Charge! Pedro Vinício via Folha de São Paulo

 


terça-feira, 28 de janeiro de 2025

Editorial: O depoimento de Mauro Cid.



O jornal Folha de São Paulo divulgou um dos depoimentos do tenente-coronel Mauro Cid, no curso das investigações sobre a tentativa de golpe do 08 de janeiro. Trata-se de um fato que alcançou enorme repercussão e, pelo andar da carruagem política, vamos gastar ainda muita tinta tratando deste assunto. Na realidade, diante das contingências adversas para o militar e para seus familiares, o ex assistente de ordens da Presidência da República resolveu abrir o jogo sobre as tessituras que antecederam as manifestações golpistas do 08 de janeiro, com riqueza de detalhamento, apontando, inclusive, os fatores e personagens determinantes para a não materialização do golpe que estava sendo armado contra as instituições democráticas do país. 

O depoimento de Mauro Cid confirma, inclusive, que a não adesão do comandante do Exército à época, o general Freire Gomes, foi determinante para a inviabilização do projeto autoritário em curso, conforme outras versões que já circulavam. Embalado nesta onda midiática, um programa televisivo trouxe áudios cabulosos, supostamente travados entre os conspiradores, o que demonstra, em última análise, a fragilidade de caráter dos golpistas. Um deles adverte que ali não seria o ambiente para as pessoas que ainda preservavam os princípios éticos, o que, convenhamos os leitores, não chega a ser algo que surpreenda num grupo com tal perfil.

Os bolsonaristas citados no depoimento, alguns deles até então não arrolados nas investigações, como sempre, exploram a tese do negacionismo. Esses depoimentos, obtidos através dos acordos de delação premiada, tem sido importantes para conduzir ou orientar as investigações encetadas pela Polícia Federal sobre o assunto. Houve um momento em que, por pouco, o acordo não foi cancelado, depois que a PF verificou que alguns fatos haviam sido omitidos pelo militar. Em diálogos com o Ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, Mauro Cid conseguiu esclarecer o assunto e tudo foi contornado. 

Charge! Thiago via Jornal do Commércio.

 


Charge! Benett via Folha de São Paulo

 


Editorial: O derretimento da popularidade do Governo Lula3.

 


No dia de ontem, 27, foi divulgada uma nova pesquisa do Instituto Quaest sobre a popularidade do Governo Lula3. Pela primeira vez na série histórica de pesquisas realizadas pelo instituto tratando deste tema, o índice de desaprovação do Governo supera os índices de aprovação, ou seja, 49% desaprovavam, enquanto 47% aprovam o Governo. Um indicador bastante preocupante, suficiente para acender o alerta vermelho no Palácio do Planalto, é que a desaprovação do Governo amplia-se em regiões como o Nordeste, tradicional reduto político do PT, e entre a população de baixa renda, uma população sempre mais sensível às políticas públicas geradas pela legenda Estima-se que o Governo tenha perdido 10% percentuais apenas no Nordeste. 

O quadro, aliás, para sermos mais precisos, é sensivelmente preocupante. Já cansamos de enfatizar por aqui que o problema de avaliação positiva do Governo não diz respeito apenas a uma questão de comunicação, daí se entender que a aposta que o Governo Lula3 faz na eventualidade de, mudando o como esses índices possam ser revertidos é equivocada, constituindo-se me mais um erro estratégico. As digitais do novo homem forte da comunicação palaciana já são evidentes em alguns anúncios transmitidos pela TV aberta. Em reunião recente com seus auxiliares o presidente Lula, ao negar que seria candidato em 2026, acabou confirmando sua candidatura, até mesmo pela ausência de um nome que reúna as condições de substitui-lo entre o seu staff político mais próximo. 

O momento que o Governo Lula3 enfrenta é tão complicado que até mesmo o programa Pé-de-Meia, que se apresentava como uma eventual nova marca identitária da gestão do Governo Lula3, segundo os órgãos de fiscalização e controle, enfrenta problema com as verbas de custeio. Podemos até estarmos enganados, mas a probabilidade de uma reversão desses índices de impopularidade são remotas. As circunstâncias são muto adversas e o diagnóstico que o Governo faz da situação equivocado. Sem uma profunda autocrítica a conjuntura desfavorável não será revertida. E não se faz autocrítica decretando sigilo de informações fundamentais ao pagador de impostos. 

domingo, 19 de janeiro de 2025

Editorial: João Campos já cumpre missões nacionais pelo PSB.



No final de maio o prefeito reeleito do Recife, João Campos, deverá assumir a Presidência Nacional do PSB, em substituição a Carlos Siqueira. Até aqui nenhuma novidade, uma vez que os socialistas pernambucanos sempre ocuparam espaços relevantes na direção da legenda, em razão da força e representação que exercem em Pernambuco. Se quisermos ir além, há até razões históricas e simbólicas para esta primazia. Neste caso em particular, em razão da popularidade do prefeito, a agremiação partidária almeja um futuro promissor para o futuro presidente da legenda, preparando o terreno para alçá-lo a projetos presidenciais. Tanto Geraldo Alckmin quanto Carlos Siqueira não poupam elogios ao político pernambucano. 

Até recentemente, o prefeito entregou a gestão da cidade ao seu vice, Victor Marques, informando que iria usufruir de uns dias de recesso. Como recesso de homem público é coisa complicada, neste intervalo o prefeito já manteve encontros com Lula, onde teria sido discutido a questão de como o prefeito utiliza as suas redes sociais, comandada por um equipe que pode reforçar o time do Planalto na área. Este assunto tornou-se um ponto nevrálgico para o Planalto. Por outro lado, informes do próprio PSB asseguram que o prefeito já cumpre compromissos nacionais pela legenda, antes mesmo de assumir o cargo, o que só ocorre no final de maio. 

João Campos teria mantido encontros com a bancada federal do partido e com o Ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, com quem discutiu a presença dos socialistas no Governo durante a reforma ministerial que se prenuncia. Conforme discutíamos no dia de ontem, 18, Lula tem muitas variáveis para controlar em relação a essa reforma ministerial. Partidos querem ampliar o seu naco de poder, outros desejam entrar, alguns ministros não estão bem em suas gestões. 

Charge! Jean Galvão via Folha de São Paulo

 


sábado, 18 de janeiro de 2025

Editorial: A insustentável leveza de Fernando Haddad.



A princípio, cogita-se algumas possibilidades para Lula ter nomeado Fernando Haddad o seu Ministro da Fazenda. Possivelmente arrumar a casa no tocante à economia e, assim, fortalecê-lo para as eleições presidenciais seguintes, já que, em princípio, seu nome seria o melhor ranqueado entre os eventuais ungidos pelo morubixaba petista. Mas, a rigor, Lula iniciou o Governo navegando num terreno pantanoso, carregado de obstáculos, atolado em areia movediça, onde, quanto mais o sujeito se mexe, mas afunda. Crise institucional instaurada, inclusive com ameaça de golpe. 

Em tais circunstâncias, não podemos falar de um bom começo. Venceu uma eleição onde a oposição fez maioria parlamentar, não aceitou o resultado do jogo e fustiga o governo em todos os campos. Nas ruas, nas redes sociais, no parlamento. Em alguns casos, com o apoio de parte da mídia. Eles estão azeitadíssimos dentro e fora do país. O vídeo do Nikolas Ferreira atingiu mais de 300 milhões de visualizações. Dizem que contou com o apoio inestimável - e não subestimável - daquele tal do algoritmo de uma dessas redes sociais, que não vamos mencionarmos por aqui para não melindrar, colocando mais lenha na fogueira. Estamos mais para bombeiros do que para incendiários. O fato é que o percentual de pessoas que viram o vídeo é superior à população brasileira. 

Soube agora que se cogitam, até mesmo, eventuais mobilizações de rua já no sentido de pedir o impeachment do presidente Lula. Como a História se repete, seja como farsa ou como tragédia - até recentemente a população de São Paulo protestou contra o aumento da tarifa de transporte público, assim como ocorreu naquelas mobilizações de 2013, que começaram assim, mas foi aprisionado pelo extrema direita e culminou, três anos depois, com o afastamento da presidente Dilma Rousseff da Presidência da República. A economia é uma das áreas que não vão bem no Governo Lula3. Há outras áreas que também não vão bem, mas como dizia o economista Roberto Campos, o bolso é a parte mais sensível do ser humano. 

Haddad sofre o assédio do fogo amigo para efetivar o seu programa de ajuste fiscal, cortando gastos, o que significa briga feia com alguns segmentos da legenda; aprovou-se um pacote cheio de remendos - sempre favorecendo os mais aquinhoados, como no caso dos supersalários- e, agora, a infelicidade do anúncio de controle do Estado sobre as movimentações com Pix, o que fortaleceu a oposição e deixou a população enfurecida. Na realidade a revolta da população foi insuflada pela propagação das famigeradas fake news, um expediente amplamente utilizado pela extrema direita. O Governo voltou atrás sobre a medida, mas existe a ressaca da impopularidade, que deve ser aferida nas próximas pesquisas de avaliação de gestão. Segundo um levantamento do Instituto  Quaest, um percentual expressivo da população sequer sabe que o Governo revogou a medida, o que é muito sério. 

Num clima como este, não estranha que o ministro tenha perdido a esportiva e dito algo fora do script formal - como se diz por ali, perdeu a esportiva - suscitando as reações do outro lado. Tanto o Flávio Bolsonaro quanto o Jair Bolsonaro estão entrando na justiça contra o ministro. O desgaste é grande. Ele já anunciou que não pretende ser candidato em 2026. Não deve ter sido apenas para esfriar os ânimos e as especulações em torno do assunto. O plano inicial, que seria o de fortalecê-lo como eventual candidato presidencial do partido, no momento em que Lula pendurasse as chuteiras, sugere-se que não está dando certo. 

Editorial: O destino de Rodrigo Pacheco.



Há muito se especula acerca do destino do Presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco, que deve está deixando o cargo nos próximos dias. Em outras postagens, aventamos algumas possibilidades, mas sempre no campo das especulações, como uma indicação para o TCU, ao STF ou a retomada de sua carreira política em Minas Gerais, onde tem suas bases. Dizem até que o Palácio Tiradentes estaria entre os seus planos, ancorado na capilaridade conquistada pelo seu PSD, que ampliou sensivelmente o número de prefeituras naquele estado, assim como o apoio do PT, o que hoje torna-se cada vez menos provável, dada as movimentações da legenda nas alterosas, sempre com o propósito de construir uma alternativa própria. 

Assim, a partir dessa perspectiva, eles agem até junto ao Planalto, no sentido de não facilitar a vida do parlamentar - concedendo um ministério, por exemplo - o que poderia projetá-lo no estado. Diferentemente de Arthur Lira, sempre enigmático, Rodrigo Pacheco tem mantido uma posição que o coloca hoje como um aliado do Palácio do Planalto. Se o senador vier a ocupar um ministério, sugere-se que poderia ser o Ministério da Justiça, em substituição a Ricardo Lewandowski. Vamos ser sinceros por aqui. A esta altura do campeonato, nem o próprio Lula ainda deve ter claro as variáveis que definirão os critérios de escolhas de eventuais novos ministro. 

Os problemas começam pelo número excessivo de ministérios que já existem. Há problemas de resultados que não foram entregues por alguns ministérios; acomodação da nova correlação de forças oriundas das eleições municipais passadas; musculatura política para o embate de 2026, que será dificílimo, pelo andar da carruagem política. Na realidade, está tudo muito confuso. Segundo especula-se, o anúncio desastrado das eventuais mudanças no Pix não teria chegado à Casa Civil. Enquanto cobra um status melhor na Esplanada, o PSD trabalha para alavancar o nome de Ratinho Junior, governador do Paraná, como alternativa para as eleições presidenciais de 2026. A esta altura do campeonato, um cargo vitalício, com bom salário, sem os aperreios da política seria de bom tamanho para o aliado. 

Charge! Marília Marz via Folha de São Paulo.