Morar na orla de qualquer município pode ser uma referência de status social e qualidade de vida, mas em Jaboatão dos Guararapes a realidade é bem diferente. Há anos, fixar residência na beira mar da cidade virou sinônimo de preocupação e dor de cabeça. Com o avanço do mar cada vez mais agressivo, a falta de manutenção e obras de contenção definitivas, os moradores do local passaram a viver com medo e a pensar em abandonar a área.
O edital de licitação para realização das obras de engorda da praia foi lançado pela Prefeitura no último dia 9, mas as obras ainda demoram a ser iniciadas e, sem nenhuma ação de manutenção, muitos moradores têm medo do que pode ocorrer até lá. “Ocorre que a gente vai enfrentar mais um período de maré alta e essas obras não vão estar prontas até lá. Até hoje, não tivemos serviços de manutenção na proteção emergencial (muro de pedras) que foi feita no primeiro ano da atual gestão municipal”, contou o secretário da Associação de Moradores da Orla de Jaboatão (Amo Orla), José de Araújo.
Araújo ressaltou também o desperdício de dinheiro público causado pela falta de ações permanentes na orla jaboatonense. “A prefeitura acabou de iniciar uma obra emergencial na frente do hotel Dorisol, sem licitação, no valor de R$ 4 milhões. Se tivéssemos um trabalho permanente na área, esse desperdício poderia ser evitado”, explicou.
Ao percorrer os nove quilômetros da orla, a gravidade da situação é percebida principalmente no edifício Vila Alda. Moradores denunciam que em seis anos o mar já avançou cerca de 30 metros em direção à praia, derrubando cinco postes de iluminação que nunca foram recolocados no lugar ou substituídos. “Estamos convivendo com o medo e a insegurança. A água já chegou a destruir pedaços do muro do nosso prédio, sem falar que não sabemos se a fundação pode ser comprometida ao permanecer em contato com o mar”, desabafou Mário Batistella que é proprietário de um imóvel no edifício Vila Alda.
Ele destacou ainda que a falta de iluminação fez com que o local ficasse totalmente desprotegido, servindo de ponto de encontro para usuários de drogas. “Os moradores estão preocupados, inclusive, com a desvalorização dos apartamentos. Alguns querem sair, mas não encontram alguém disposto a comprar o imóvel”, disse.
O morador do edifício Príncipe do Ferrara, Almacchio Coelho, explicou que o sentimento entre a população da orla é o de abandono. “Estamos completamente esquecidos. A orla está sem manutenção, iluminação, enfim, está abandonada”, contou. Almacchio destacou ainda que os frequentadores da área estão sem acesso à praia, visto que as escadarias de madeira instaladas pela administração municipal já foram destruídas pela ação do mar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário