Análise de discurso é um tema dos mais fascinantes. Há inúmeros trabalhos publicados sobre o tema e a cada ano surgem novas perspectivas de abordagens, tornando-o sempre atual, ora subsidiando trabalhos acadêmicos, ora trazendo enormes contribuições para a linguística, a psicologia, a publicidade e ciência política. Houve um tempo em que correntes de intelectuais de esquerda imaginaram – já que o problema estava na construção de um "discurso" sobre a "realidade" – mudando o discurso, nós mudaríamos a realidade. Depois se verificou que não é bem assim. Vai ficar no folclore político pernambucano um discurso bastante usado pelos opositores de João da Costa, quando do lançamento oficial da candidatura do Secretário de Governo, Maurício Rands: “déficit de diálogo”. Comenta-se que a expressão teria sido usada pelo próprio prefeito, em determinada ocasião. A situação do prefeito tornou-se complicada a partir de um certo momento e o quadro tornou-se irreversível, registrando-se, inclusive, a ausência de interlocutores propensos a esse diálogo. O senador Humberto Costa, por exemplo, manteve com o chefe do Executivo Municipal, um diálogo bastante razoável até um determinado momento. Qual teria sido a razão do afastamento entre ambos? Faltou espaço na Prefeitura para acomodar o pessoal da CNB? O grupo liderado pelo senador Armando Monteiro, leia-se PTB, tomou um caminho sem volta. Chegou um momento - quando o senador começou a trabalhar uma possível candidatura alternativa da Frente Popular - em que não haveria qualquer possibilidade de reestabelecer esse diálogo. João da Costa sinalizou positivamente até para João Paulo, que recusou peremptoriamente uma nova aproximação. O diálogo com governador serviu apenas para reforçar as teses negativas que se imputam à administração de João da Costa. A cada aproximação o governador saia convencido da necessidade de criar uma alternativa para a gestão da cidade. Afirmar que o problema de João da Costa foi unicamente de natureza política também não corresponde à realidade. Tivemos alguns entraves administrativos, como parece ser a tônica do discurso de Maurício Rands. Não sabemos o que ocorrerá com o prefeito daqui para frente, mas é quase certo que o Recife atravessará um longo e tenebroso inverno até outubro. A exceção é ele sagrar-se vitorioso numa prévia, sacudindo a militância em torno do seu nome, contingenciando o partido a apoiá-lo.
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