Lições de tolerância e respeito às diferenças
Mesmo ainda bem pequenas, as crianças já começam a receber lições importantes que servem para toda a vida. E aulas de tolerância partem de duas frentes essenciais: a família e a escola
FOTOS ANDRÉ SALGADO
Quem entra na creche escola Casa da Tia Léa percebe que aquele é um local onde todos têm acolhida: pequenos com dificuldades motoras e síndromes diversas convivem harmoniosamente com o restante das crianças – e a algazarra não cede espaço à discriminação. Mãe de três alunos, Karla Ximenes conta que certa vez houve um leve preconceito com uma aluna ‘diferente’, mas que a questão foi trabalhada de forma especial, com a participação dos pais, e hoje a dificuldade ficou no passado.
Os filhos dela, inclusive, se dão muito bem com todos os amigos. É o caso de João Davi, 6. Dois colegas de classe dele têm algum tipo de deficiência, mas, para a felicidade da mamãe coruja, no ano passado, uma professora elogiou o pequeno e afirmou que ele se dava muito bem com as duas crianças.
A boa convivência entre as crianças pode ser explicada, em parte, por um projeto implantado em 2007 cuja meta é nobre: diminuir as dificuldades de relação interpessoal e fortalecer os vínculos de amizade. “O projeto Conviver atende todas as turmas do ensino fundamental I (do primeiro ao quinto ano), promovendo vivências nas salas de aula com frequência semanal, nas quais são desenvolvidas debates, discussões e dinâmicas de grupo que possibilitam a troca de experiências e construção de estratégias para uma melhor convivência consigo próprio e com o outro”, explica a vice-diretora da escola, Rafaela Sampaio.
As atividades que visam trabalhar as emoções e gerar o respeito às diferenças também fazem parte do ‘currículo’ da creche-escola Espaço Inteligente. “Desenvolvemos mensalmente o projeto nomeado de ‘Conhecendo os Sentimentos’, que tem a finalidade de aproximar as crianças dos valores vigentes da sociedade, formando pessoas emocionalmente capazes de resolver problemas”, explica a diretora, Vanêssa Queirós.
Aos seis anos, Graziela é aluna veterana da escola e se dá muito bem com todos, conta orgulhosa a mãe – a advogada Gabriela Férrer. Na escola, a menina também participou de um projeto conhecido como “Gentileza gera Gentileza”, e reforçou o uso de algumas palavrinhas mágicas como ‘por favor’ e ‘obrigado’ – que são fundamentais também no mundo infantil.
Um momento especial que representa a união das crianças, independentemente das diferenças, foi relatado ao O POVO pela supervisora-geral da escola, Gláucia Teixeira. Ela conta que no ano passado uma criança que não tinha um dos bracinhos recebeu comida e muito afeto dos próprios colegas. “As mães ficaram emocionadas”, revela.
Bom exemplo
Outra escola que incluiu a disciplina da tolerância e do respeito às diferenças no currículo dos pequenos foi a Vila, inaugurada em 1981. E em três décadas de atividades, os resultados desse trabalho têm sido animadores. A psicóloga Cândida Câmara explica que não são comuns casos de bullying no local. De acordo com ela, a presença de crianças com algum tipo de deficiência em sala de aula sempre foi bem-vinda. “Desde muito cedo, nossos alunos convivem de forma a aprender com a diferença, valorizando a presença e o potencial que cada um acrescenta ao seu grupo”, reforçou.
Outro diferencial da escola Vila é uma aula oferecida aos alunos do 6º ao 9º ano chamada ‘Desenvolvimento Humano’. Semanalmente, meninos e meninas discutem questões relacionadas ao desenvolvimento interpessoal, além de temas atuais em discussão na sociedade. “A participação da família também é de fundamental importância na construção desses valores”, enfatiza Cândida.
O quê
ENTENDA A NOTÍCIA
O combate ao bullying deve começar ainda na infância. Reforçando lições de respeito e tolerância, a parceria escola e família pode dar bons aprendizados aos pequenos.
Jornalista Rita Brito, Portal o Povo
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